quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Bestial: bestialmente empolgante

Resenha por: Renato Sanson

Existem bandas em nosso underground que quando mencionadas sempre geram uma certa comoção e respeito, mesmo que não sigam tão ativas, mas sempre são lembradas e reverenciadas.

Com os gaúchos do Bestial não é diferente, ainda que se mantivessem extremamente ativos no começo dos anos 2000, algumas pausas geraram incertezas, até que em 2015 o novo trabalho tomou forma e nos traz o amargo e poderoso “Hellfuckdominium XXI” (3° trabalho até o momento).

Se distanciando do Black Metal lá no começo da carreira e apostando mais no Death Metal, o que caiu muito bem para a estética sonora, lembrando em alguns momentos o saudoso Angelcorpse.

Claro que o Black Metal ainda existe em sua musicalidade, mas não tão aguçado e abrindo espaço também para o Thrash, onde o casamento de estilos se mostra homogêneo e extremamente brutal e doentio.

A produção do EP ficou a cargo do já renomado Fábio Lentino e a qualidade é mais que latente. Os timbres muito bem encaixados e claros, mas sem perder o peso e agressividade.

Em termos de agressividade não teria como não mencionar a capa deste trabalho, vindo em um Digipack de luxo envernizado, mostrando toda a agonia e repudio que o Bestial expressa em suas letras contra os dogmas e religiões, impactante e sinistra!

Já se passaram cinco anos deste trabalho, que soa autentico e extremamente atual. São apenas quatro faixas (sem contar a intro) e que nos deixa com aquela sensação de, que, queremos mais, pois esse novo Bestial se consolidará ainda mais no underground nacional se manter essa pegada absurda.

 

Tracklist:

1. Bestial Introduction (intro)

2. Atomic Blazing Ejaculation

3. Lascivious Possessor

4. Rising Vengeance Flag

5. Warm and Swollen Raw Leather

 

Formação:

A. Chuckill (Vocal/Baixo)

V. Alex (Guitarra)

Ed. Storm (Guitarra)

Daniel (Bateria)


Links:

https://www.facebook.com/BESTIALOFFICIAL

https://www.youtube.com/channel/UCzdUTrGbqgbPXKN-Z2-pzkQ

 

 

domingo, 20 de dezembro de 2020

Entrevista - Casa das Máquinas: A História Continua (Testoni e Cadu)



Fechamos as entrevistas de 2020 com a segunda parte do especial com a lendária Casa das Máquinas, e entrevistamos o tecladista e compositor Mário Testoni Jr e o atual guitarrista, Cadu Moreira. Testoni esteve na banda nos anos 70,  entrando junto com Marinho Thomaz, baterista irmão do fundador Netinho,  e tiveram uma grande contribuição na evolução sonora do grupo e o direcionamento mais progressivo do segundo álbum, "Lar de Maravilhas", onde os teclados tiveram muita importância nos arranjos e direcionamento, além do fato de passarem a tocar com duas baterias.

Após o fim prematuro da banda no fim dos anos 70, depois do lançamento do disco "Casa de Rock", a banda retornou anos mais tarde, por volta de 2008, tendo membros das primeiras formações, como Testoni e Marinho e o fundador Netinho, e junto com eles diversos músicos de gabarito da cena Rock, como Andria Busic e Faiska, depois chegando a estabilizar uma formação, que contou com Marinho Thomaz (bateria), Testoni (teclados), João Luiz (vocais) Marcelo Schevano (guitarra) e Fábio César (baixo), e após essa saíde desses 3 últimos, e a entrada de novos integrantes, o grupo iniciou em 2020 a produção do novo álbum, "Brilho nos Olhos", tendo mais uma baixa, a saída de Marinho Thomaz antes de iniciar as gravações finais.

Conversamos com Testoni e Cadu, para falar sobre história, novidades e expectativas sobre a continuidade desse legado. Confira:

RtM: Conte-nos um pouco sobre esse retorno, agora com mais força, pois o Casa das Máquinas já vinha tendo alguns shows, variando bastante a formação, com muitos convidados. Esse interesse recente do público de resgatar o legado musical brasileiro, em especial o rock 70’s, foi crucial para o grupo retornar com força total?
Testoni: Bem, na verdade o Casa só não gravou nada de novo, mas estamos na estrada desde 2008 fazendo vários Shows pelo Brasil e tivemos duas formações desde essa volta, fizemos três Shows comemorativos de 40 anos de cada lançamento onde convidamos vários músicos para participarem de cada Show, inclusive o Simbas, que participou do Show de 40 anos do Casa de Rock, na verdade o Casa teve mais mudanças nos anos 70 do que agora nessa volta. Claro que sempre pensei em gravar um trabalho novo, mas não era a hora, agora sim, com essa formação conseguimos realizar o que eu pretendia desde nossa volta lá em 2010.

Formação atual: Lucas, Ivan, Geraldo, Testoni e Cadu

RtM: E como está esse sentimento de, após mais de 40 anos, voltar a fazer um álbum novo do Casa das Máquinas? Qual o principal desafio para a banda nessa nova fase?
Testoni: Nosso sentimento é como se fosse o primeiro trabalho do Casa, estamos cuidando do nosso mais “novo filho” com todo carinho e respeito que merece. Não chamaria de desafio, mas sim de um compromisso conosco mesmo e para com o público que é um seguidor do Casa.


RtM: Cadu, conte para a gente como você conheceu o Casa e sobre sua entrada na banda.
Cadu: Conheci o Casa ali pelos 17 anos, já tocava em algumas bandas, e foi uma surpresa boa quando em um desses eventos encontrei o Testoni, e conversamos, fizemos amizade e ele falou "cara um dia desses vamos fazer alguma coisa juntos". Anos depois esse dia chegou, do nada o Testoni entrou em contato comigo pra substituir o Marcelo Schevano em um Show. Quando ele saiu da banda, então fui chamado para entrar em definitivo. Tenho uma ótima relação com ele, estamos gravando inclusive no estúdio dele.

 
RtM: Contem-nos um pouco sobre o processo de composição, visto é uma nova formação, há músicos mais jovens, provavelmente trazendo uma mescla de estilos e influências. Muitos dos integrantes que apareciam como compositores principais em álbuns anteriores, como o Netinho, já não fazem parte do Casa das Máquinas. Falem-nos sobre as influências que os novos membros trouxeram.
Testoni:
Os músicos são novos no Casa, mas todos tem muita experiência e vivência musical, o único mais novo em idade é o Cadu Moreira (guitarrista), mas traz na sua mala um grande conhecimento musical, é formado em Licenciatura em Música e também já fez parte de algumas bandas, o nosso baixista é nada mais, nada menos que o Geraldo Vieira (Geraldinho), músico de um nível altíssimo que já tocou e gravou com vários nomes como, Raul Seixas, O Terço, Terreno Baldio, Kiko Zambianchi, e outros. 

Nosso líder vocal é o Ivan Gonçalves, que também já participou de algumas bandas e também foi radialista da Nova Brasil e 89 FM, e completando, eu e o Marinho Thomaz (N. do R.: Entrevista feita antes da saída de Marinho, que deixou o casa antes de iniciar as gravações das últimas músicas, e foi substituído por Lucas Tagliari). Temos músicas compostas pelo Aroldo Binda, primeiro guitarrista do Casa, Kiko Zambianchi, Marcelo Schevano, também ex-guitarrista do Casa, Magrão, Eu, o Cadu, Daniel Power Blues. Todos os arranjos são meus e alguns juntos com o Cadu, estamos praticamente seguindo o que fizemos na década de setenta.


RtM: E você Cadu, que contribuições você acredita já ter trazido para o Casa das Máquinas?
Cadu: Acredito que essa dedicação, minha e também dos demais que estão na banda. Certamente eu trouxe minha identidade, coisas mais modernas, do Blues e minhas outras influências, procuro ser balanceado sempre respeitando a história da banda. Eles são um escola. Acho que o pessoal vai conseguir ver a mesma cara do Casa clássico e algumas coisas diferentes, e é difícil comparar o agora com 40 anos atrás, e acho muito bacana o que vamos apresentar nesse novo disco.


RtM: E sobre seu início na música e suas influências?
Cadu: Sou do interior de SP, na minha infância tinha mais contato com a  música sertaneja, comecei cedo cantando, meu pai e amigos tocavam na igreja, então isso também foi me incentivando a entrar na música. Aos 13 iniciei a tocar de forma autodidata, e comecei a conhecer mais coisas, já do Rock e Pop Rock. Depois tive aulas com o Guilherme de Sá (Rosa de Saron), músico e compositor fantástico, que foi muito importante na minha formação. Depois fiz faculdade de música, dei aulas, toquei em bandas de diversos estilos. Acho importante essa diversificação para a evolução, sair de sua "zona de conforto".

"O Casa das Máquinas é como uma escola"


RtM: Os 3 discos do Casa das Máquinas, variavam bastante as direções mesmo dentro de cada álbum, qual será o rumo de “Brilho nos Olhos”? Ao escutar o novo single, alguns trechos dele me pareceram mais pesados, porém rapidamente desdobrava-se num lado calmo lembrando as canções do debute. Há um rumo definido nesse novo trabalho? Ou ele revisitará todas as facetas da banda?
Testoni: Brilho nos Olhos trará uma mescla do que foi o Lar de Maravilhas e o Casa de Rock, que são estilos marcantes do Casa das Máquinas.

 
RtM: Vocês lançarão ainda mais algum single antes do álbum completo estar disponível? E ele será lançado também em formatos físicos LP e CD? Será um lançamento independente ou haverá algum selo ou gravadora envolvido?
Testoni: Lançamos A Rua, Brilho nos Olhos e Tão Down ( N. do R.: Lançado recentemente o single "Horizonte"), estamos voltando para o estúdio, como estamos com as músicas praticamente prontas, é só gravar e fechar o trabalho, acredito que ainda lançaremos mais um Single. Essa Pandemia atrapalhou toda programação, tínhamos um lançamento do CD no dia 13/06/2020 no SESC Pompeia. Será lançado em CD, Vinil e talvez K7, juntamente com a Monstro Discos.

"É como se fosse o primeiro trabalho...não chamaria de desafio, mas um compromisso conosco e com os fãs."
 
RtM: Voltando um pouco no tempo, vamos falar sobre o início da banda e os 3 álbuns. Quais as principais influências musicais que a banda tinha na época? Sendo que o primeiro álbum me parece que ainda havia uma procura de uma identidade própria.
Testoni:
É verdade, o primeiro Álbum estava indefinido, na verdade iria sair com o nome de Novos Incríveis, mas por sugestão do empresário da época foi mudado para Casa das Máquinas.

 
RtM: “Lar de Maravilhas” já traz uma banda mais “madura”, digamos assim, e creio que as influências de Rock Progressivo estavam bem latentes nesse trabalho. Gostaria que você comentasse um pouco sobre esse trabalho.
Testoni:
Com a minha entrada e do Marinho Thomaz, o Casa passou a ter uma identidade, que na época caiu para o Rock Progressivo, até porque como eu tive uma formação Erudita foi uma coisa natural e somando com o que ouvíamos na época, não deu outra, caímos no Prog.

 
RtM: Creio que uma das composições mais marcantes de “Lar de Maravilhas” é “Vou Morar no Ar”, conte-nos um pouco mais sobre essa canção, e claro, quais suas músicas preferidas desse disco?
Testoni: Eu acho que Lar de Maravilhas é a melhor música do álbum, mas a Som Livre optou por Vou Morar no Ar, que também é uma música muito boa, enfim foi a música que mais tocou e alavancou o Álbum, mas temos Astralização, Vale Verde, que são obras primas, na minha opinião.

O Casa nos anos 70

RtM: A ideia de adicionarem uma bateria extra num dos períodos do grupo, complicou mais o processo de criação das músicas? O que vocês puderam extrair disso?
Testoni: O lance da bateria foi meio casual forcado, heheheheh, o Netinho precisava de um tecladista para o segundo trabalho do Casa, me chamou e eu levei um problema junto, que se tornou uma solução o Marinho além de baterista é irmão do Netinho e para o Casa ter dois bateristas foi o tempo de uma cervejinha no Guarujá. Ao contrário que se pensou, passou a ser um atrativo pois os dois se entrosaram como uma luva e foi assim que o Casa se tornou a primeira banda no Brasil a ter dois bateristas tocando ao mesmo tempo, SENSACIONAL !!!!
 
RtM: “Casa de Rock” trouxe uma roupagem mais direta, mais Hard Rock, e sua faixa título acredito ter se transformado na música mais popular da banda. Gostaria que você falasse um pouco sobre as direções tomadas nesse disco.
Testoni: Então, o disco Casa de Rock começou a ser gravado com dois bateristas, tecladista e um guitarrista...... muito louco né? Mas foi o que aconteceu, gravamos algumas faixas com essa formação, na verdade o Pisca que era o guitarrista, gravou os baixos primeiro e depois as guitarras e violões, e em playback eu os teclados, o Simbas entrou na banda sofrendo, pois as tonalidades foram feitas para a formação que tínhamos, Aroldo e Carlinhos cantando, mas acabou dando certo, e mesmo estando altas as tonalidades o Simbas acabou dando conta do recado e ainda trouxe para gravar, a música “Stress”.
 

RtM: E sobre esse outro verdadeiro clássico/hit do Rock clássico brasileiro, “Casa de Rock”, conte-nos um pouco sobre a criação da música e a letra.
Testoni: A música já estava composta pelo Pisca e o Netinho, a letra foi feita depois pelo Catalau, e acabou virando praticamente um hino do Rock nacional.
 

RtM: A banda acabou tendo um fim prematuro no final dos anos 70, vocês sentiram muito essa decisão? Ficou aquele sentimento de que poderiam ter produzido muito mais?
Testoni: Na verdade, sempre achamos que podemos fazer mais e mais........ temos o exemplo da gravação, nada acontece por acaso e nem antes de seu tempo, acho que a parada do Casa teve que acontecer......
 

RtM: Falando sobre a questão das letras, qual era a reação do público quanto as letras transcendentais beirando a religiosidade ao lado das outras, como no primeiro disco, mais próximas da jovem guarda? Curtiam essa mistura? Parte delas perturbavam os “milicos”? Qual foi a mais problemática?
Testoni: Vivíamos numa época que se buscava liberdade política, mas também de expressão, de sonhos...... e nossas letras não falavam de política, mas sim de viagens astrais, de um mundo melhor num sentido mais espiritualista, enfim como você disse beirávamos uma religiosidade.... não tivemos grandes problemas com os militares a não ser a encheção de saco por sermos cabeludos, usarmos roupas despojadas e fumar uns baseados.
 

RtM: Alguns acontecimentos recentes, vimos pessoas contrariadas com manifestações de artistas contra questões políticas, dizendo que não é papel do artista se envolver nisso, que o Rock & Roll e Rock Pesado é somente entretenimento, como aconteceu com Roger Waters aqui no Brasil. Qual sua opinião a respeito? Afinal o Rock sempre foi algo contestador, símbolo de liberdade, rebeldia, lutar contra a opressão.
Testoni: O estigma do roqueiro sempre foi o marginalizado, independente do que a pessoa é ou faz, sempre terá o direito de se expressar em qualquer assunto ligado a sua realidade, sua vida, seu dia a dia, seus familiares. Só acho que cada um deveria cuidar do seu quintal, se formos ver a história a Inglaterra do Waters e outros já fizeram muitas falcatruas, já destruíram muitas coisas e já aniquilaram muitas pessoas........ falar dos outros sempre é fácil, deixe que nós cuidamos do nosso quintal, ou pelo menos tentemos cuidar......
 
O Casa ainda com Marinho Thomaz nas baquetas


RtM: E qual sua opinião sobre o atual cenário do Rock mundial e brasileiro? Vejo que muitas bandas veteranas retornaram, lançando bons álbuns, mas chegará o momento em que muitas vão acabar encerrando seu ciclo. Sempre teremos nomes para seguir o legado, novos fãs, mas há bandas novas que possam causar algum tipo de revolução musical, lançar músicas que atravessarão gerações? 
Testoni: O atual cenário CULTURAL é desastroso, não só no Brasil, claro que aqui é maior, por sermos um País de quinto mundo tudo é mais difícil, mais complicado, ainda bem que os dinossauros  estão na ativa e voltando, aqueles que estão ainda nesse plano, se esperamos alguma coisa mudar em relação ao Rock, a música, letras, CULTURA de um modo geral, estaremos fritos no azeite. 

Respeito o que vem acontecendo na música, é a cena atual, se é que podemos chamar de cena, mas que está difícil de aceitar isso é fato, na verdade o Rock propriamente dito, parou no meio da década de 80, virou POP ROCK e daí pegou uma ladeira e arrastou tudo para a mesma panela...... está difícil, como diz um amigo “o ouvido deveria ser igual aos olhos, poderíamos fechar, assim não ouviríamos tanta merda”.

Cadu: É complicado, a grande mídia tenta empurrar lixo, desde música a comportamento, tentam colocar essa coisa mais vazia, para que a população consuma. O que tentamos fazer é o oposto. O rock tem que voltar a ser essa música de protesto, de contracultura ele sempre viveu mais no cenário underground. Acredito que a influência dos anos 70, deveríamos conhecer mais. Principalmente para quem é do interior, as informações parecem que não chegam. 

Hoje a internet está aí, mas mesmo assim, parece que essas informações não chegam. Se não temos um meio de chegar a essa informação mais naturalmente, dificilmente alguém vai ouvir um Rock Progressivo, por exemplo. Através do Testoni, acabei me aprofundando muito mais nesse mundo, e é impressionante a riqueza da música daquela época.  E muitas dessas bandas ainda estão aí. Essa música deveria chegar a mais pessoas, provavelmente não estarão na grande midia, mas através da gente. Procuro mostrar a amigos, e eles se surpreendem, e eu mesmo também, descobrindo novas coisas.

 
RtM: E sobre a produção dos álbuns do Casa, você acredita que sempre chegaram onde vocês pretendiam?
Testoni: Acho que em cada Álbum foi alcançado o seu objetivo, tanto de produção, como de composição e execução e sonorização. Acredito que "Brilho nos Olhos" também vai alcançar.


RtM: Cadu, e sobre suas músicas favoritas da banda? Seria possível escolher algumas, as que você mais curte tocar?
Cadu: Músicas preferidas do Casa dificil escolher, são muitos sons absurdamente bons. Em um evento tocamos o Lar de Maravilhas, que é um álbum absurdo de bom, tem várias músicas excelentes, a "Lar de Maravilhas", que já inicia com aquele arranjo de violão, tem toda a parte de arranjos. E claro, temos sons como "Dr. Medo" e "Londres" do "Casa de Rock", que tem riffs excelentes, temos a contribuição de guitarristas como o Piska e o Aroldo. Inclusive temos uma música do Aroldo, que foi escrita há 30 anos, que vai entrar no novo disco.

 
"Trabalhamos sem a preocupação de fazer um hit, mas de continuar um trabalho que ficou 44 anos em um vazio." (Testoni) 

RtM: Vocês sentiram ou sentem alguma pressão para a gravação desse novo disco, essa continuidade do legado da banda? 
Testoni: Já senti sim uma pressão em gravar, existe uma cobrança própria em ter que gravar algo do mesmo nível, mas hoje não, sei que trabalhamos com seriedade e sem ter a preocupação em fazer um hit, mas sim em continuar um trabalho que ficou 44 anos num vazio.

Cadu: Claro, é só ver as pessoas que passaram pela banda, só feras, pessoas com bagagem e uma história muito forte. Costumo dizer que ainda não sou ninguém, o que vai falar o que sou são esses trabalhos que estamos fazendo. A opinião dos fãs do Casa, certamente haverá comparações, mas mesmo das mais controversas podemos tirar algo para refletir. 

Respeito as opiniões, não sou dono da verdade, procuro estudar muito, respeitar a história e claro, trazer coisas novas. A energia está sendo muito boa, e até podemos dizer que já tem um próximo engatilhado, pois a energia está tão boa que não podemos deixar dissipar. Música é muito isso, coisas que estão no ar, e a gente consegue transformar em uma melodia, uma música.

 
RtM: Obrigado pela entrevista, ficamos no aguardo desse novo trabalho, e fica o espaço para seu recado final aos leitores.
Testoni:
Um grande abraço a todos e espero que curtam o novo Álbum do Casa das Máquinas, Brilho nos Olhos.    
Cadu: Muito obrigado pelo espaço, confiram os singles que lançamos, nos acompanhe nas plataformas e redes, sempre teremos novidades e logo logo o disco vai estar disponível.

Entrevista por: Carlos Garcia e Alex Matos (Canal Rock Idol)
Fotos: Arquivo Pessoal da Banda


Dedicamos à memória dos grandes músicos que passaram pelo Casa, os quais não estão mais entre nós, deixaram um legado de clássicos do Rock brasileiro: Piska, Pique e Cargê

Confira a primeira parte do especial AQUI

Siga o Casa:

Os 4 singles do vindouro novo álbum










terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Timo Tolkki's Avalon: Trilogia Encerrada de Forma Positiva

Foram muitos altos e baixos na carreira de Timo Tolkki, principalmente pós-Stratovarius, banda com a qual Timo construiu álbuns e carreira sólida por um bom período. Não há como negar a qualidade e importância de discos como "Epidose", "Visions" (acredito que a grande obra da banda) ou "Destiny", por exemplo, que levaram a trupe finlandesa a um patamar elevado, com canções memoráveis e que são referência no Power Metal e Metal Melódico.

Os problemas com depressão, os desentendimentos, saída da banda e altos e baixos, com projetos que não repetiram o mesmo êxito da época áurea do Stratovarius

Mas a capacidade e talento reconhecidos de Timo o levaram a assinar com um dos principais selos de Hard, Classic Rock e Metal Melódico, a Frontiers Records, produzindo então a Metal Opera "Avalon" (trilogia que tem como tema a ficção, e se passa no ano de 2055, em um planeta terra desolado por tsunamis e outros desastres), que seis anos após a primeira parte, chega ao seu derradeiro álbum.

Contando com uma ótima produção e um time de convidados de peso, a trilogia iniciou em 2013, com "The Land of New Hope" com convidados como Elize Ryd, Mike Kiske e Russel Allen. A segunda parte foi lançada em 2014, "Angels of the Apocalypse", que contou novamente com Elize e um time novo, com Fabio Lione, David DeFeis, Simone Simons, Zak Stevens e a cantora chilena Caterina Nix5.

O primeiro álbum teve boa aceitação, sem grandes novidades para o estilo, mas com boas canções, e o segundo sofreu algumas críticas mais pesadas, principalmente pela falta de músicas mais empolgantes.

"Return to Eden" (2019), álbum que fecha a trilogia, e que chega ao Brasil nessa nova parceria da Shinigami Records, agora com a Frontiers - o que é uma excelente notícia pelo catálogo atrativo da gravadora italiana - a Opera Metal de Tolkki apresenta seu melhor e mais consistente momento. Talvez o tempo, 5 anos desde o lançamento da segunda parte, favoreceu a Timo, que teve um tempo maior para criação das músicas.

O álbum tem vários acertos, como a adição de novas parcerias, a produção de Aldo Lonobile e mixagem/masterização de Federico Pennazzatto, ou seja, Timo pode se concentrar mais na parte criativa.

Anneke, trazendo brilho ao mais recente álbum de Tolkki

O time de vocalistas também foi bem escolhido, trazendo mais novidades, como Anneke Van Giersbergen, um dos grandes destaques, Mariangela Dermutas (Tristania), Todd Michael Hall (Riot), Eduard Hovinga (Mother of Sin e ex-Elegy) e Zak Stevens, que também esteve no anterior, e também possui atuação com maior destaque.

A sonoridade é voltada ao Power Metal melódico, área que Timo conhece muito bem, mas os maiores destaques são as canções de andamentos mais melodiosos e moderados, como em "Return to Eden", única em que temos mais de um dos vocalistas atuando juntos, e Zak, Todd e Mariangela se revezam, trazendo um "molho" bem especial.

Nessa mesma linha, Anneke aparece com "Hear My Call", uma das melhores do álbum, mostrando toda a capacidade da holandesa em criar belas melodias vocais, sendo capaz de deixar interessante até canções mais medianas. A holandesa também traz seu brilho para "We are the Ones".

Zak, além da já citada acima, tem mais dois números individuais, em "Miles Away", também seguindo essa linha mais cadenciada e refrão marcante, e "Wasted Dreams", cadenciada e de guitarras com bastante pegada e riff principal marcante, trechos com somente a cozinha, teclads e voz, dando aquele ar dramático. É até clichê, mas é uma boa canção, lembrando a época Visions/Destiny do Stratovarius.

Mariangela Dermutas mostra outras nuances de sua voz

Outra que me lembrou bastante essa era é "Now and Forever", com Todd nos vocais, e é outra que se destaca. Outra que se destaca é "Guiding Star", na voz de Mariangela, e é muito interessante ouvi-la em estilos diferentes do que estamos acostumados. Alternando linhas vocais suaves com outras mais altas, é um fechamento bem agradável para o álbum. Mariangela ainda aparece individualmente na balada "Godsend".

Os temas mais velozes e mais tradicionais de Power Metal melódico ficaram a cargo de Hall e Hovinga. Para o vocalista do Riot coube a abertura, com a veloz e pomposa  "Promises", e ainda  "Limits" e "Give me Hope", que tem aquela linha de melodias "felizes" e velozes. Estas duas últimas na voz de Hovinga.

Zak Stevens tem atuação destacada, com seu estilo bem pessoal de interpretar as músicas

Dá para colocar "Return to Eden" como o melhor trabalho de Timo Tolkki em muito tempo, provavelmente o melhor pós-Stratovarius, e vale dizer que bem mais interessante do que a sua ex-banda vem produzindo desde sua saída. Que os acertos aqui sejam o norte para futuros trabalhos do guitarrista, porque temos a impressão de que ele pode mais.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Timo Tolkki's Avalon 
Álbum: "Return to Eden" 2019
Estilo: Power Metal, Melodic Power Metal, Opera Metal
Produção: Aldo Lonobile
Selo: Frontiers Records/Shinigami Records

Line-up:
Timo Tolkki: Guitarras
Andrea Buratt: Baixo
Antonio Agate: Piano and Keyboards
Giulio Capone: Bateria ,Piano and Keyboards
Aldo Lonobile: Guitarras
 
Tracklist e vocalistas convidados:
Enlighten (instrumental)
Promises (Featuring Todd Michael Hall)
Return To Eden (Featuring Mariangela Demurtas, Zachary Stevens & Todd Michael Hall)
Hear My Call (Featuring Anneke Van Giersbergen)
Now and Forever (Featuring Todd Michael Hall)
Miles Away (Featuring Zachary Stevens)
Limits (Featuring Eduard Hovinga)
We Are The Ones (Featuring Anneke Van Giersbergen)
Godsend (Featuring Mariangela Demurtas)
Give Me Hope (Featuring Eduard Hovinga)
Wasted Dreams (Featuring Zachary Stevens)
Guiding Star (Featuring Mariangela Demurtas)







sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Amaranthe: Inovações Sutis e Fugindo do "Tradicional"

 


Quando o assunto é Amaranthe acho difícil alguém ser meio termo. Ou você gosta ou você odeia. Eu gosto e estava ansiosa pelo lançamento de “Manifest”, porque desde a divulgação dos primeiros singles eu criei uma expectativa de que esse álbum seria melhor do que seu antecessor, “Helix”, que para mim foi o álbum mais fraco da banda até o momento. 

Na primeira audição do álbum, até parece que não houve muita mudança sonora nesse trabalho, os vocais da Elize estão lá, os vocais masculinos limpos também estão, os guturais também, sem falar nas batidas eletrônicas marcantes desde o primeiro álbum. 

Mas ao ouvir uma segunda vez com um pouco mais de atenção, dá pra perceber os ingredientes que fizeram a diferença em “Manifest”, principalmente no que se diz respeito aos vocais masculinos, não só pela mudança de vocalista mas também porque nesse álbum eles ousaram um pouco mais. Se você gosta de músicas cativantes vai concordar comigo que “Fearless” foi uma ótima jogada para começar o álbum. Uma música rápida e com um refrão forte onde Elize Ryd, Henrik Englund Wilhelmsson e Nils Molin mostram grande entrosamento.


O ritmo diminui um pouco com “Make it Better”, com os típicos efeitos de sintetizador roubando a cena. “Scream my Name” dura apenas três minutos e três segundos, mas a energia cativante e agressiva ao mesmo tempo, me faz querer que essa música durasse muito mais. “Viral” foi um dos singles de divulgação pré-lançamento e possui um refrão grudento que faz jus ao seu título. 

Confesso que não tenho muito o que falar sobre “Adrenaline” que me soa como uma das mais previsíveis do álbum, mas não posso tirar o mérito do solo de guitarra que talvez seja o ponto mais forte dessa música.

 Em “Strong” os vocais masculinos tiram folga e dão espaço para a participação super especial de Noora Louhimo, vocalista do Battle Beast. O dueto soa muito agradável e a letra empoderadora é uma das minhas favoritas. A música “The Game” poderia facilmente ser trilha do anime sobre corridas de carro, “Initial D”, por ser animada e extremamente dançante, mas ao mesmo tempo pesada. 

Quando se fala em Amaranthe é impossível não pensar em suas lindas baladas, então aqui temos  “Crystalline” com Ryd dando um show a parte com seus vocais doces. Mas não é só isso, os vocais de Nils Molin parecem ter deixado a banda com uma cara um pouco mais Power Metal.

Eu não esperava que alguém pudesse substituir Jake E. tão bem ao ponto de aprimorar o som da banda. É difícil definir as músicas do Amaranthe sem as palavras “pesado e moderno” na mesma frase, mas o refrão de “Archangel” surpreende pois pra mim soa como um hard rock dos anos 80 só que mais pesado e acelerado. Se alguém gostaria de ver a banda sair da mesmice então ouça “BOOM!1”. Os vocais de Henrik Englund Wilhelmsson soam como em uma banda de Nu-Metal, um rap rápido e agressivo, chegando a lembrar os vocais de Jonathan Davis do Korn. 

Para mim a música “Die and Wake Up” é a que apresenta maior apelo pop nos vocais de Elize Ryd, mas a cada vez que menciono a palavra “Pop” para descrever Amaranthe não tome isso como negativo, pois se eles fossem somente uma banda Pop eles mereceriam um título de revolucionários assim como eles merecem ao serem descritos como uma banda de Metal. 

Embora a música “Do or Die” tenha sido divulgada anteriormente com a participação de Angela Gossow (ex - Arch Enemy e atual empresária da banda), na versão do álbum houve a substituição de Angela pelos membros masculinos da banda e Elize torna-se apenas uma coadjuvante.

“Manifest” é muito bom e entrou para o meu top 3 de álbuns favoritos da banda. Como eu disse anteriormente, as inovações são muito sutis, e eles mantiveram a sonoridade dos trabalhos anteriores.

Provavelmente a preocupação da banda seja maior em agradar os fãs atuais do que fisgar um novo público. Mas o principal para gostar dessa banda é ouvir com a mente aberta, pois eles estão longe de ser uma banda “tradicional”. E francamente, espero que eles nunca tentem. 

Texto: Raquel de Avelar

Banda: Amaranthe
Álbum: "Manifest" 2020
País: Suécia
Estilo: Modern Metal
Selo: Nucler Blast/Shinigami Records

Adquira o álbum na Shinigami

Site Oficial

Tracklist
1. Fearless
2. Make It Better
3. Scream My Name
4. Viral
5. Adrenaline
6. Strong (feat. Noora Louhimo)
7. The Game
8. Crystalline
9. Archangel
10. BOOM!
11. Wake Up And Die
12.  Do Or Die
13. 82nd All The Way (Bonus)
14.  Do Or Die (feat. Angela Gossow) (Bonus)
15.  Adrenalina (Acoustic) (Bonus)
16. Crystalline (Orchestral) (Bonus)    
  



domingo, 22 de novembro de 2020

Deep Purple: A Lenda Continua Produzindo Música de Qualidade


A anunciada “aposentadoria” e o que poderia ser o derradeiro álbum, “InFinite”, em 2017, felizmente não se concretizou, e a lenda Deep Purple parece que não estava pronta para parar e, em tempos que precisamos mais do que nunca motivos para sorrir, apresentou seu 21º álbum de estúdio da carreira (terceiro seguido com a produção de Bob Ezrin), “Whoosh!”, e soando superior ao seu antecessor. 

Com 13 novas músicas, trazendo uma diversidade que o faz um disco leve, interessante e que a cada audição vai crescendo. Um álbum que soa atual e traz a identidade marcante da banda, destacando o timbre inconfundível do vocalista Ian Gillan, que, se já não pode mais alcançar as mesmas notas altas e agressividade de outrora, mantém a classe e perspicácia que só os grandes ícones possuem, e claro, o impecável trabalho instrumental, sempre com muito destaque dos teclados.

“Whoosh!” não tem canções muito longas, tendo esse ar mais despretensioso, inclusive com músicas de melodias de fácil assimilação, daquelas que já prendem no ouvido, como “Nothing at All”, com absoluto destaque para a melodia principal, dividida entre a guitarra e o teclado, e o refrão memorável,  e já considero o “hit” do álbum. 

Há a simplicidade do boogie-woogie/Rockabilly de “What the What” e o Hard Rock com trechos progressivos de “The Long Way Road", com a assinatura Purple tradicional, porém soando contemporânea, com direito a solos de teclado e guitarra. Típica banda que envelheceu muito bem

O Purple também mostra malícia e suingue, como na abertura  com "Throw my Bones" e "Dancin' in my Slep". 

A banda também passeia pelos ares progressivos como em  “Power of the Moon”, que tem uma certa dramaticidade em suas melodias; e em “Man Alive”, com destacado trabalho dos teclados, Gillan vai contando a história, em uma quase narrativa, envolta em melodias que funcionam com trilha para a letra, que traz apreensão sobre o futuro da natureza e humanidade. 

Bem no finzinho, possivelmente o trecho que inspirou o título, onde Gillan termina com a frase "A man alone, washed up on the beach, just a man...whoosh."

Sobre o título do álbum, o vocalista Ian Gilan, em uma das dezenas de entrevistas recentes, deu sua explicação: “Whoosh é uma palavra onomatopaica que, quando vista por uma extremidade de um radiotelescópio, descreve a natureza transitória da humanidade na Terra; e, por outro lado, de uma perspectiva mais próxima, ilustra a carreira do Deep Purple. ” 

O Deep Purple entrega mais um trabalho digno da história destes ícones do rock pesado, diversificado, de instrumental refinado e composições agradáveis, que por muitas vezes soam quase que como uma jam, com os músicos sempre tendo seus momentos solo. Parece tudo muito simples para estes grandes músicos, e que possuem entrosamento de longos anos, essa formação está junta desde 2003.

O disco está disponível no Brasil via parceria ear Music e Shinigami Records, em formato simples e digipack duplo com DVD com o show da banda no Hellfest 2017 e mais alguns extras. Os anos passam e o Purple segue lançando material imprescindível para os fãs.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Deep Purple
Álbum: "Whoosh" 2020
Estilo: Classic Rock, Progressive Rock, Hard Rock
País: Inglaterra
Produção: Bob Ezrin
Selo: Ear Music/Shinigami Records

Tracklist
1. Throw My Bones
2. Drop the Weapon
3. We?re All the Same in the Dark
4. Nothing at All
5. No Need to Shout
6. Step by Step
7. What the What
8. The Long Way Round
9. The Power of the Moon
10. Remission Possible
11. Man Alive
12. And the Address
13. Dancing in My Sleep





sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Dune Hill: [...]um lançamento que você ficará semanas escutando e apreciando cada detalhe

Resenha por: Renato Sanson


Se em “White Sands” (14) o Dune Hill apostava forte em um Hard Rock bem melodioso, em “Song of Seikilos” (19 – segundo álbum da carreira) a tônica é bem diferente, pois o que temos aqui é uma sonoridade moderna, pesada e ousada.

A começar pelo conceito do disco, que traz como tema o amor entre duas mulheres que tentam sobreviver a enxurrada de preconceitos e críticas ao decorrer de várias épocas, expressado minuciosamente na bela arte de capa criada pelo artista Rodrigo Basto Didier.

Mas de nada disso adiantaria se a musicalidade não fosse grandiosa, e é aí que os recifenses ganham o ouvinte, pois após a bela intro que leva o nome da bolacha recitando lindamente um poema grego antigo, temos uma inundação de riffs, peso e melodias desafiadoras.

Por ser um trabalho conceitual as faixas variam as suas emoções, como em “Set Your Free” que vem para arrancar o seu pescoço ou a monstruosa e enigmática “The Mirror”, que conta a participação do eterno maestro Andre Matos.

A produção realizada por Antônio Araújo (Korzus) tirou o melhor da banda e deixou suas lacunas fortes e cheias de vida. Claro que esse exímio guitarrista – assim como produtor – não poderia ficar de fora desse grande lançamento, participando da belíssima “The Last Night”.

O Dune Hill nos apresenta um novo patamar e um lançamento que você ficará semanas escutando e apreciando cada detalhe.

 

Links:

https://open.spotify.com/artist/4TsPCSpEOGDTDwkJBpnK1Q

https://www.instagram.com/dunehilloficial/?hl=pt-br


Tracklist:

01 Song Of Seikilos

02 Dune Hill

03 Set You Free

04 Addiction

05 God’s Delivering

06 Absalom’s Blues

07 South

08 The Mirror (feat André Matos)

09 Eldorado

10 The Last Night (feat Antônio Araújo)

11 Hypnos And Thanatos

12 Ending Dawn

13 Queen’s Road


Formação:

Leonardo Trevas – vocal

Otto Notaro – bateria

Pedro Maia – baixo

Felipe Calado – guitarra

André Pontes – guitarra

domingo, 1 de novembro de 2020

Casa Das Máquinas Parte I: Era uma Vez em 1973 (Entrevista com Aroldo Santarosa)


O ano era 1973, após sofrer pressão da gravadora que queria interferir na parte criativa, o baterista Netinho resolve acabar com Os Incríveis, que que possuía uma carreira bem sucedida no cenário da Jovem Guarda, e criar uma nova banda, pois desejava trilhar outros caminhos musicais, com uma sonoridade mais elaborada e mais pesada, inspirado pelos grandes nomes que surgiam principalmente no cenário inglês, como Deep Purple, Yes e Pink Floyd

Com ele, Netinho leva o vocalista e guitarrista Aroldo Santarosa (Som Beat), e completaram a banda com o jovem guitarrista Piska (que depois fez carreira como músico e produtor, principalmente de artistas populares, introduzindo arranjos mais elaborados), o baixista Cargê (Brazilian Beatles, Roberto Carlos) e o tecladista e saxofonista Pique Riverte (então na banda de Roberto Carlos), um time de excelentes músicos.

Inicialmente, batizaram a banda de Os Novos Incríveis, mas precisavam se desvincular do passado, e durante as gravações, surgiu o nome Astral Branco, mas logo substituído pelo definitivo, Casa das Máquinas, nome que marcaria a história do Rock Pesado brasileiro, com sua mescal de Hard, Progressivo e Psicodelia.

Foram 3 álbuns, com algumas mudanças nas formações em cada um deles, "Casa das Máquinas" (74), "Lar de Maravilhas" (75) e "Casa de Rock" (76), e principalmente os dois últimos, são tidos como verdadeira pérolas do Rock Pesado nacional.

A banda acabou prematuramente em 1978, retornando em 2015 para alguns shows e após disso o Casa começou a fazer apresentações mais regulares, e agora em 2020, prepara a gravação de um novo disco, após mais de 44 anos, mas isso é assunto para a parte 2 deste especial.

Nesta primeira parte, conversamos com o grande compositor, vocalista e guitarrista José Aroldo Binda, mais conhecido como Aroldo Santarosa, parte muito importante da história do Casa, presente nos dois primeiros álbuns e um dos principais compositores e letristas do grupo, parceiro de composição de Netinho desde Os Incríveis.

Após sair do Casa das Máquinas, Aroldo seguiu carreira, formando algumas bandas e colaborando com artistas como Zé Geraldo, com quem manteve uma parceria de sucesso por muitos anos. Aroldo hoje mora nos EUA, se dedicando a compor, escrever e até construir suas próprias guitarras! Confira:

RtM: Gostaria que você falasse um pouco sobre as suas principais influências e como você iniciou na música, quando foi que você sentiu que o caminho da música era o que você queria trilhar?Aroldo Santarosa: Meu primeiro instrumento foi a voz, cantava desde os 4 anos de idade.....comecei a estudar violão clássico com 8 anos e meio, somente música clássica, mas com 16 pra 17 comecei a me interessar por guitarras.


RtM: Conte-nos um pouco do início com o Casa das Máquinas, como foi essa transição dos Os Incríveis para o Casa. Quais os principais motivos que levaram vocês a buscar novos ares no cenário musical?AS: Os Incríveis acabou e o Manito montou o Som Nosso de Cada Dia e o Netinho, eu que já tocava nos Incríveis, o Carlinhos com o Piska e chamamos o Pique pra tocar sax e teclados e ai nasceu os Novos Incríveis  que virou Casa das Máquinas ..... Tem muito detalhe que estou omitindo porque senão vira um livro  kkkkkk  mas  foi por ai o nosso caminho.


RTM: Nos dois primeiros álbuns do Casa, você aparece como um dos principais compositores, com letras profundas e que trazem muita reflexão. E acho que isso era uma característica muito marcante na banda. Gostaria que você falasse um pouco sobre suas inspirações e esse lado, digamos, "espiritualizado" nas letras.
AS: Sempre gostei de escrever, leitura sempre me acompanhou, a espiritualidade você não pede vem junto quando nasce., perguntas sobre o universo , sobre  ser humano , sobre a natureza e sobre todas as coisas que sempre fervilharam na minha cabeça, por isso eu escrevo .... amo escrever assim como tocar guitarra. 

Primeira Formação do Casa: Netinho, Cargê, Aroldo, Pique e Piska

RtM: Gostaria que você comentasse um pouco mais sobre o disco de estreia do Casa, e também sobre a música "A Natureza", que em minha opinião é uma das mais marcantes.
AS: O primeiro disco do Casa foi muito bem trabalhado, as músicas muito bem escolhidas por nós e  "A Natureza" é um resumo das minhas ligações com  o mundo que me cerca, em especial o relacionamento entre o homem e a natureza que às vezes se torna turbulento .....

 

RtM: Prosseguindo, nos conte um pouco sobre o "Lar de Maravilhas", onde vocês já mudaram um pouco a sonoridade, indo por um caminho mais progressivo.
AS: o Lar de Maravilhas marcou uma mudança na banda, saiu o Pique entrou o Marinho Testoni, entrou  o irmão do Netinho, Marinho Thomaz, e ficamos com dois bateristas, mais progressivos, as letras mais fortes, a banda mais unida.  Foi bom demais ... muito tem pra falar e muito já é sabido. 

Casa das Máquinas, formação da época do "Lar de Maravilhas"

RtM: Duas músicas que gosto muito, e com certeza estão entre as preferidas dos fãs, são "Vou Morar no Ar" e "Lar de Maravilhas", gostaria que nos falasse um pouco mais sobre elas, principalmente sobre as letras.
AS: Bom, não é difícil falar sobre as letras, mas como já disse, gosto de escrever e às vezes os caminhos da tradução estão mais nos sentimento do que na palavra em si. "Vou Morar no Ar" é sobre a continuação da vida e de como eu vejo a morte. "Lar de Maravilhas" é um lugar especial onde o sonho é seu, e você pode torná-lo real enquanto purifica o espirito.

 

RtM: Quais eram as principais dificuldades na época? Conseguir bons equipamentos de palco, divulgação, estúdios e técnicos que pudessem ser capazes de produzir o som que vocês buscavam?AS: Dificuldades sempre existiram, é o que te faz evoluir sem dúvida alguma. Bons equipamentos sempre foram uma barreira paras a evolução das bandas no Brasil, tudo era contra ... sim tivemos dificuldades como todo mundo, mas de uma certa forma conseguimos o que a gente queria no momento, a gente só queria ferramentas pra mostrar do que éramos capazes, mas o universo musical é enorme e nem sempre gira conforme a música (risos) 

RtM: E sobre a vida de músico numa banda de Rock na época? A famosa trilogia sexo, drogas e rock & roll, as longas viagens...você lembra alguma história engraçada ou marcante que gostaria de compartilhar conosco.
AS: A trilogia  Sexo, Drogas e Rock n Roll  sempre esteve exposta, na essência da intimidade de cada um de nós que habitam esse universo. Têm gente que abre as janelas e deixam entrar os olhos e ouvidos estranhos e têm outros que se cobrem com seu desejo, se trancam e se calam...... histórias muitas, muita alegria e muito som.

 

RtM: Quais os principais motivos que levaram você a deixar a banda na época?
AS: Deixei a banda pra montar outra, mas nunca brigamos ... não me lembro bem, mas quando dei conta estava fora montando outra banda, outros músicos, outro som, outro tudo..  é a vida.


Abaixo, alguns pensamentos do Aroldo, uma auto definição e o que ele pensa sobre as plataformas digitais e os caminhos da música hoje em dia. Um pouco mais deste grande músico e poeta do Classic Rock e da música brasileira.


"Nem santo e nem gênio .... E=mc 2 não é comigo e muito menos milagre.... O que eu gosto mesmo é de uma natureza livre,  de  um bom rock n' roll,  de uma verdade bem dita, de uma paz contínua e de uma guitarra bem ajustada... o resto,  deixa comigo..... Love."

"O que aconteceu com a música e quem vive dela? Algum músico sabe ou imagina a fortuna dos donos do spotify? Pode crer, é muita grana ganha em cima da nossa criatividade. Poderia escrever um textão, mas deixa pra lá, tudo está tão claro, tão moderno e também já comeram todo o bolo sozinhos mesmo. Hoje, todo esforço do seu trabalho termina num headphone de 99 centavos do Iphone."

"Não é aconselhável que alguém com teto de vidro atire pedras.... Olhe pra cima, se der pra ver a lua e as estrelas, guarde as pedras e escreva um poema sobre a hipocrisia."


Entrevista: Carlos Garcia (com colaboração de Alex Matos - Canal Rock Idol)
Fotos: Arquivo pessoal do artista
Dedicamos essas matérias/entrevistas a memória de Carlos Roberto Piazzoli (Piska), Pique Riverte e Carlos Geraldo da Silva (Cargê).






segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Malediction 666: [...]minhas influências[...]vêm claramente do Metal antigo

Entrevista por: Renato Sanson

 


Músico entrevistado: Fernando Iser (guitarra/vocal) da banda Malediction 666 de Suzano/SP.

 

Em relação ao debut, quais os pontos que você enxerga de evolução em “We, Demons”?

São oito anos que separam o debut do novo álbum, então posso dizer que sim, houve uma grande evolução tanto nas composições como produção. Como somos uma banda ativa nos palcos, procurei compor músicas que pudéssemos executar da forma mais próxima possível das gravações oficiais – pensando nos fatores execução + energia. Assumindo toda a produção do álbum, aprendi ainda mais algumas técnicas que pretendo utilizar nos próximos trabalhos.

 

O Malediction 666 se estabeleceu como duo, mas atualmente foi anunciado uma formação completa para a banda, certo?

Sim. Senti a necessidade de convocar mais um guitarrista para conseguirmos alcançar uma melhor performance nos palcos. Desta forma eu posso beber mais e dividir a responsabilidade das guitarras com ele (risos). A formação que gravou o álbum “We, Demons” sou eu Fernando Iser nas cordas e vocais e Bruno Mastemas na bateria. Durante o ano de 2019 após o lançamento do álbum, fizemos três apresentações com o baixista Fabio Falco (The Malefik – SP) e assim ele foi efetivado na banda. E agora em 2020 incorporamos Kevin Bedra (Funeral Age, Seattle – USA) na segunda guitarra. Desta forma seguimos nos preparando para as apresentações que foram canceladas após o início da pandemia.

 

Uma das coisas que chamam muito a atenção em “We, Demons” são os solos e melodias que nascem ao meio do caótico Black Metal. Quais influências predominam?

Cara, o método de composição é sempre baseado nas letras. Me envolvo completamente nos temas e tento extrair o máximo de feeling que eles me trazem. Não existe uma fórmula nem cálculo, as ideias vêm em momentos totalmente aleatórios. Mas as minhas influências como guitarrista, baixista e vocal vêm claramente do Metal antigo. Posso citar bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, Morbid Angel, Slayer, Rotting Christ, Dissection, Emperor, etc. Pois são bandas com sonoridade que circula no meu sangue e dominam minha mente há mais de 30 anos.


Fernando, além do Malediction 666 você faz parte de vários projetos, poderia nos falar um pouco deles e qual a expectativa de futuro?

Me envolvo com projetos dentro do underground desde que criei o Malediction 666 em 1997. Então, foram realizados os seguintes trabalhos:

Malediction 666, com 3 demos:

- “The Eighth Vision” de 1998

- “... the third part...” de 2002

- “Abismal Wrath” de 2006

-  a coletânea de 10 anos “Ten years of Blasphemy” de 2007.

 

Três álbuns oficiais:

- “Innoculation” de 2010

- “The First 20 years” de 2017

- “We, Demons” de 2019.


Ainda em 2019, participamos do Tributo a horda Bestymator com um hino negro feito por mim, intitulado “Hail to the Black Goats” e do tributo brasileiro ao Bathory com uma versão para “Reaper”.

Sou membro fundador, guitarrista e vocal.

No início de 2000, criei a horda Shantak ao lado de guerreiros da capital e gravamos a demo ensaio em 2002. Gravei as guitarras. Esta horda se findou em 2006.

Ainda em 2000, lancei duas edições do Zine “The Darkness”, que contou com entrevistas de várias hordas que lançaram materiais na época e anos anteriores.

Também organizei os festivais “The Mystical Meeting” aqui na cidade de Suzano, onde tivemos apresentações de hordas como Mausoleum, Unholy Flames, Goat Prayers, Empire of Souls, Devilish, Abolish, entre outras.

Em 2003, entrei para o exército do Kaziklu Bey, onde gravei as cordas em “Sob o Julgo do Martelo da Morte” em 2005 e “Contos da Empalação” em 2012. Gravei também o baixo no relançamento da demo “War Black Metal” em 2008. Esta horda findou-se com a morte de Carpathian Tepes em 2013.

Em 2006 entrei para o Obscure Mind, fazendo o baixo em vários shows da horda. Não chegamos a gravar com esta formação, apenas ensaios. Esta horda encerrou suas atividades.

Em 2008 criamos o Morte Negra com a mesma formação do Malediction 666, visando fazer hinos negros voltados ao Black Metal tradicional – diferentemente do Malediction, que tem uma sonoridade Death/Black Metal – cantada em português. Lançamos “Metal Negro Ortodoxo” em 2009 e “Que a Desgraça Caia Sobre a Humanidade” em 2013. Meu posto é o de compositor, letrista, guitarrista e vocal. Hoje em dia estou sozinho na horda, e recentemente participamos do tributo ao Kaziklu Bey.

Em 2009 entrei para a horda Torqverem, e me tornei o baixista participando da tour com o Horna em 2011 e Pátria em 2014. Atualmente a horda se encontra conspirando um novo ataque.

Em 2010 criei meu projeto Lalssu, com músicas que não se encaixavam em nenhuma das outras hordas, pela proposta diferente. Gravei todos os instrumentos no CDR Demo “Skepseis” e lancei em 2012. Em 2016 foi lançado o álbum “The Death of a Star” e no final do último mês de Setembro foi lançado o álbum “The Elements”.

2010 também foi o ano em que entrei para o Exterminatorium, gravando o baixo na demo “Preludium of Armageddom”. No momento a horda se encontra em stand by, compondo novas músicas.

Em 2011 fui convidado a participar das hordas Iron Woods e Blackwar de Taubaté, e assumi o posto de backing vocal e guitarrista das mesmas. Com o Iron Woods, participei das gravações do álbum “Iron Woods” e do EP “Death Hail and Glory” em 2013, do álbum “Gods and Men” em 2016 e do Split com a horda Hecate, com previsão de lançamento ainda para este ano.

Ainda em 2011 entrei para o Evils Attack, e finalizamos a terceira demo em 2014, intitulada “Devassas Deveras”, onde gravei as guitarras. A horda segue divulgando o trabalho, e recentemente também participou do tributo ao Kaziklu Bey.

Em 2013 fui convidado a integrar a horda colombiana Nebiros, participando dos shows que fizeram no Brasil no mês de março. Tocamos no sudeste e nordeste.

Ainda em 2013 fui convidado a integrar o Devilish como guitarrista e vocal e fiquei na horda por um ano, lançando o DVD Live in Atibaia em 2014. Sai da horda em 2015.

Em 2014, formei o Herege ao lado dos guerreiros sobreviventes do Kaziklu Bey, com o posto de guitarrista e vocal. Em 2015 lançamos o CDR “Satanic War Metal”, que posteriormente foi lançado em tape após uma apresentação em SP Capital. Devido à problemas físicos com o baterista Parsifal, a horda está em stand-by, aguardando o retorno ás atividades.

Em 2017 integrei a horda Fenrir de Cerquilho/SP, e estamos aguardando a prensagem do primeiro álbum que sairá ainda neste ano, intitulado “Condessa Sangrenta”.

Em 2018, apoiei dois eventos de retorno da horda Necrosound como guitarrista.

Ainda em 2018, formei o Mávra, horda de Occult Metal que em breve disponibilizará o primeiro material.

Neste ano de 2020 fui convidado para apresentar algumas bandas gregas na Dark Radio Brasil, e tenho um programa mensal chamado “Hellenic Metal Attack - De Alfa a Ômega”, onde apresento bandas gregas e brasileiras em ordem alfabética.

Aproveitando a era digital, disponibilizei o álbum “We, Demons” do Malediction 666 no Spotify, eis o acesso: https://open.spotify.com/artist/07UKvD8vnTasySNhoXdnge?si=bUn5l_ivQxeXLU7uQ4hgvg.

Em breve espero contribuir ainda mais para o necrounderground nacional trazendo mais trabalho para a apreciação dos irmãos e irmãs profanos.

 


Teremos um novo álbum da Malediction 666 para 2021?

Espero que sim!!! Pois esta é a formação mais comprometida que a banda já teve, e estão surgindo ótimas idéias para novas composições. Espero que continuemos nesse ritmo e possamos gravar em breve. Mas como somos uma banda totalmente independente, existem fatores que podem levar tal lançamento a um certo atraso. Empenho e dedicação não irão faltar.

 

“We, Demons” conta com duas ilustres participações, as lendas: Stephan Necroabyssious (Varathron) e Sakis Tolis (Rotting Christ). Como surgiu estes contatos e oportunidade?

Tenho contato com ambos desde os anos 90, e já havíamos conversado sobre a possibilidade de gravarmos juntos. Então aconteceu. Sempre conto com participações de amigos nos trabalhos do Malediction 666, com exceção da primeira demo onde precisávamos mostrar nossa cara feia para o mundo.

 


Em um ano tomado pelo caos, o que você indicaria aos leitores do Road To Metal em volta da literatura e música para consumirem sem moderação?

Indico toda forma de subversão cultural e anticristã possível, com destaque para as bandas e autores brasileiros. Pois aqui sofremos uma repressão que tende a aumentar ainda mais com esse fanatismo desenfreado e inconsequente que tem atrasado a evolução cultural do nosso país. Somos Resistência e assim será até nosso último suspiro!

Obrigado Renato pela oportunidade, e Salve As Artes Negras!!!

 

Links:

Streaminghttps://open.spotify.com/artist/07UKvD8vnTasySNhoXdnge?si=bUn5l_ivQxeXLU7uQ4hgvg

 

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