Fala galera
que acompanha a Road To Metal, hoje vamos falar sobre a banda de Thrash Metal
de Porto Alegre, LOSNA, formada pelo trio Fernanda Gomes (Baixo e vocal),
Débora Gomes (Guitarra) e Marcelo Índio (Bateria).
Débora |
Marcelo |
Fernanda |
A Losna vem
destilando seu som amargo desde 2004. A banda propaga fúria e violência através
de riffs cortantes, baixos alucinados, bateria destrutiva e vocais urrados!
Podemos dizer que o som da banda é um Crossover de Thrash Metal, Old School
Hardcore e pitadas de Death Metal. “Procuramos extravasar de modo poético,
contundente e profano.” O terceiro álbum lançado, intitulado “Another Ophidian
Extravaganza”, conta com 11 sons ácidos.
É comum toda banda falar que seu novo
álbum é o melhor de sua carreira, em alguns casos é uma afirmação que os fãs e
mídia corroboram, mas muitas vezes isso é somente para promover o lançamento. E
no caso de “Another Ophidian Extravaganza”, que tem recebido comentários como
sendo seu melhor trabalho, qual o sentimento de vocês a respeito disso?
Consideram realmente este seu melhor, mais maduro e completo álbum?
Débora- Cada álbum tem sua peculiaridade e
marca um registro sonoro que resume bem os momentos da criação. Não
necessariamente achamos que o último seja o melhor, mas certamente nos
empolgamos com as “novidades”, então dá mais vontade de falar mais sobre ele,
de tocar suas músicas, é um apego ao “sabor do momento”...
E quanto a receptividade e a questão
de distribuição e vendas do álbum, estão tendo os resultados esperados?
Débora- É impossível falar em vendas
quando se trata de uma banda independente como a Losna. Rola algumas vendas de
álbuns em shows e através de redes sociais, mas a maioria dos CDs são
destinados à divulgação do som mesmo, nada de lucros monetários exorbitantes.
Estamos muito longe dos mercenários midiáticos “bem sucedidos”.
Nos falem um pouco mais a respeito da
arte da capa e do título do disco. Como surgiu a idéia, e quais os
significados?
Fernanda- Gostamos muito do trabalho do
Tiago Medeiros, ele transmuta graficamente o nosso som de modo muito bem
lapidado. Neste trabalho ele captou a essência demoníaca do espírito absíntico:
um misto de morte, caveirismo e liberdade, personificada no elemento central
com seu olhar ofídico. A atmosfera ao redor vem complementar com vapores e
fumaças esverdeadas os contornos libertinos da mente esquiva do personagem.
A banda Losna sempre recebeu elogios
pelo conteúdo lírico, gostaria que vocês comentassem sobre a importância disso
em um trabalho e também sobre os temas que a banda gosta de abordar em suas
letras.
Fernanda- Nas letras nós costumamos nos
inspirar no caos, refletir nosso âmago, expelir frustrações e gritar por
revolta... os temas são variados, mas o que há de comum é a violência e a
brutalidade. Em Amaro Sapore, por
exemplo, abordamos os problemas da exploração em massa, tanto dos animais que
engordam no pasto e são abatidos precocemente, quanto da mega exploração
agroindustrial que degrada o meio ambiente. Também menciona a fertilização de
campos com cadáveres humanos, a exploração do homem comum que precisa trabalhar
para viver porcamente restando-lhe apenas sonhar com maravilhas inalcançáveis
como carros esportivos de luxo, mansões e fortunas, e enquanto isso, o homem
excluído pratica forçosamente o “freeganism” comendo lixo e o ricaço “bem-nascido”
não precisa fazer nada para se manter e viver uma vida de rei. Somente um
“gangster” consegue ultrapassar os limites e mudar sua condição de vida de
pobre para magnata... Só assim existe ascensão.
Já em Serpent Egg, temos a descrição de uma
estrutura comum a muitas espécies de animais e que é o símbolo da esperança, da
transmutação, ou seja, o ovo. Essencialmente garimpado da ideia do sueco Ingmar
Bergman, esse ovo decepciona ao revelar a serpente que nasce de seu interior.
Seus olhos fendilhados, suas escamas, seu sangue frio... apocalíptico.
Animal Instinct revela um lado obscuro
de um assassino que acredita ter cometido o crime perfeito. É a sensação plena
da supremacia que brota na fera, o ato consumado e.... o prazer.
As outras
letras, cada qual com a sua temática, também são “malvadas” assim... Gostamos
bastante da Back to the Grotto, é
sobre a “involução humana” e o cérebro reptiliano...
O que a banda vem buscando para
melhorar as questões, de produção musical, promoção e divulgação da banda, e
claro, também do espaço para shows? Vejo que a Losna trabalha essas questões, e
acredito que muitas bandas passam por mais dificuldades por não encarar a
carreira mais profissionalmente, pois sem investimento é ainda mais difícil.
Fernanda- Nós contamos com a assessoria
da Débora da Metal Media, juntamente com o seu companheiro, Rodrigo Balan, que
é gente do meio underground e faz um trabalho sensacional. Sempre temos ótimos
contatos com zines e sites de pessoal engajado, como o Máquina do Metal, por
exemplo. E uma coisa vai chamando a outra... esses tempos recebemos o convite para
participar de uma coletânea do Cangaço. É assim: um “boca a boca” que funciona!
Já sobre a
questão dos espaços pra shows realmente é difícil. Mas vez por outra nos
esbarramos em algum “espartano” que organiza com esmero e dedicação, e do jeito
que dá alguma coisa e então rola um show... Realmente, não está nada fácil!
Na visão de vocês, o público Metal tem
mantido uma fidelidade, apoiando e adquirindo materiais, comparecendo aos
eventos? Vemos todos os dias produtores falando a respeito de baixo público em
eventos. Na percepção de vocês, quais seriam os grandes empecilhos que as
bandas encontram?
Débora- As criaturas levam uma vida
virtual, tudo se dá através de uma tela, vivem suas vidas dentro de uma cápsula
onde o mundo é perfeito. Penso que não saem para a rua com temor do apocalipse
ou de encararem a realidade.
Quais os planos da banda para 2016?
Débora- Já estamos compondo sons novos
para o quarto álbum da Losna, faremos uns videoclipes e shows por aí. Mas
sempre mantendo o espírito livre e alucinado!
Losna, obrigada pela entrevista, fica
aqui o espaço para sua mensagem a todos bangers e leitores da Road To Metal.
Fernanda- Sempre que puderem ter a
chance de fazer acontecer não desperdicem energias! Pratiquem suas necessidades
primitivas de seres adoradores do que há de melhor neste universo underground.
Vandalizem as regras burocráticas, quebrem os paradigmas, lutem pelo seu lugar
no oculto e se revelem mesmo que nas sombras.
Débora- Quem quiser sentir nas veias um
som amargo e visceral procure pela Losna nas redes sociais, youtube, site:
losna.com.br e nos shows da vida por aí...
Fernanda e Débora- Agradecemos a ti
Deisi, e a Road Metal por esse espaço gentilmente disponibilizado. Saudações ofídicas
e extravagantes!
Nós que
agradecemos! O próximo show da banda será no Metal Celebration VII, dia 28-05
no Centro Cultural Marcelo Breunig em Campo Bom-RS.
Entrevista
por: Deisi Wolff
Revisão/edição:
Renato Sanson