A sombra do sucesso vem sendo o melhor amigo do Edu
Falaschi. A sua carreira, com a proposta de revisitar os clássicos de sua fase
com o Angra, rendeu não só shows com ingressos esgotados, mas também dois grandes
álbuns (“Vera Cruz” e o novato “Eldorado”) e dois DVDs (“Temple Of Shadows In
Concert” e o “Vera Cruz – Live In São Paulo”) marcados na história
do Heavy Metal nacional.
Quem já teve a experiência de assisti-lo ao vivo nos
últimos 2/3 anos sabe que os shows vão muito mais além do que a própria música.
O vocalista, que não se contenta com o simples, traz uma produção visual que
nenhum artista/banda do gênero jamais fez aqui no Brasil, e não foi diferente
no último dia 27 de janeiro, proporcionando mais um mega espetáculo que ficou
marcado pela nostalgia, participações especiais e gravação de vídeoclipe.
A abertura dos portões, prevista para abrir às 20hrs, teve
um pequeno atraso de cinco minutos. O setor que teve grande recepção foi a pista
premium, que teve os ingressos esgotados faltando poucas semanas para o show. A
pista comum, que tinha poucos ingressos disponíveis, recebeu uma ótima
quantidade de pessoas também.
Não bastou somente a presença massiva do público (a maioria
vinda de longe) como também de grandes ícones do Rock e Metal nacional, entre
eles Guilherme Isnardi, vocalista de uma das bandas que fez muito sucesso nos
anos 80, Zero; Guilherme Hirose e Bill Hudson, ambos vocalista e
guitarrista da NorthTale, e do Victor Emeka, atual voz do Hibria.
Assim como nas últimas vezes, Edu e seu staff não colocaram
banda de abertura. Porém, no lobby da casa, a Santíssima Trindade, conhecida
por tocar nos principais bares de São Paulo, fez um excelente esquenta com os clássicos
do Black Sabbath, Deep Purple, Led Zeppelin e de projetos que vieram dessas
bandas, como Rainbow, Whitesnake e Dio.
A banda tem como vocalista o respeitado
Nando Fernandes (Sinistra) que, como sempre, recebeu muitos elogios pelo seu timbre
impressionante. Fernando Piu (guitarra, Virus), Fabio
Guedes (baixo) e Ivan Scartezini (bateria) completam a formação.
Edu e banda entraram no palco, às 22h05, a todo vapor com
“Live And Learn”, do EP “Hunters And Prey (2002), antecedido pelos
gritos de “Edu, Edu, Edu”. Logo de começo demos de cara com duas mudanças, a
primeira do Victor Franco, que cobriu a ausência do Roberto Barros no seu
primeiro “grande show” da carreira. Com apenas 23 anos, o ainda moleque
(ovacionado em vários momentos) tirou de letra as linhas do Kiko Loureiro e do
Roberto em apenas 20 dias.
Em vídeo, exibido no telão da casa, Barros falou que teve um
pequeno furúnculo no seu joelho, descoberto na virada do ano, causando uma
infecção séria. O guitarrista, que está internado desde o dia 2, começou o
tratamento de recuperação faltando uma semana para o show, o que descartou
qualquer possibilidade dele estar presente. Mas, felizmente, o pior já passou, e vamos torcer para que ele se recupere logo.
A segunda baixa foi da cantora Raissa Ramos, que anunciou
seu desligamento da função de backing-vocal faltando poucos dias para a
apresentação por motivos, segundo ela, pessoais. Juliana Rossi, que fez
participação no ShamAngra há pouco tempo, foi recrutada para unir forças ao
lado do gênio Fabio Caldeira, do Maestrick. De resto é a mesma formação de
sempre com os lendários Aquiles Priester (bateria), Fabio Laguna (teclados) e
os já veteranos Diogo Mafra (guitarra) e Raphael Dafras (baixo), que sempre
dispensam comentários.
O repertório focou mais nas músicas dos álbuns “Rebirth”
(2001) e “Temple Of Shadows” (2004), intercalando com algumas de sua carreira
solo, principalmente do mais recente “Eldorado”. “Acid Rain”, “Waiting
Silence”, “Millennium Sun”, “The Temple Of Hate” e entre outras pérolas do passado
deixaram os fãs enleios.
“Sacrifice”, a primeira do Eldorado, Edu jogou o sugestivo refrão para a plateia cantar com extrema força. “Land Ahoy”, a única do “Vera Cruz” e um dos ‘high-lights’ do álbum, teve como
destaque a participação do renomado violinista Fábio Lima e dos jatos de faísca
e de fumaça que eram ejetados na parte frontal do palco durante o épico refrão.
O palco teve os mesmos elementos da turnê passada, com os dois
soldados de seis metros de altura, dois canhões em volta da bateria e
outros itens que faz referência a uma caravela junto com as ilustrações referentes
ao trabalho mais recente, que retrata sobre o México antigo. Tais ilustrações apareceram na rápida
“Tenochtitlán”, com uma estátua asteca se inflamando atrás do Aquiles, lembrando
muito ao que a Donzela faz quando o Eddie aparece na música Iron Maiden.
Antes de mandar mais duas do “Eldorado”, Edu pediu, como de
costume, para ascender a lanterna dos celulares em “Bleeding Heart”, que virou
hit nacional graças a releitura do Calcinha Preta (em português) e da saudosa
Marilia Mendonça. Há pouco tempo, ele cantou ela para trinta mil pessoas na
gravação do novo DVD da banda de forró cearense.
Em “Señores Del Mar (Wield the Sword)” contou novamente com
a presença do Fabio Lima, que a introduziu da mesma forma como está no disco. O público puxou um maravilhoso ‘Oh, Oh, Oh’ após os versos cantados em
espanhol. A intenção, desde que foi feito o anuncio, era ter a participação do José
Andrëa, ex-Mägo de Oz, mas, infelizmente, ele anunciou que também
não poderia estar presente na véspera do show em suas redes sociais.
A tão aguardada gravação do vídeoclipe, conforme
mencionado no começo, veio na “Eldorado” (a música), tocada pela primeira vez ao vivo. E para o futuro material ficar bonito, Edu,
junto com o Aquiles, pediu para que todos aplaudissem durante as batidas que
introduz a música, que é uma das melhores da carreira solo do Edu. O gesto, rapidamente
atendido, remeteu a icônica “We Will Rock You”, do Queen.
A participação mais aguardada da noite apareceu em “Heroes
Of Sand” com o Roy Khan, ex-vocalista do Kamelot, que a cantou perfeitamente
bem. Assim que pisou no palco, Edu não poupou elogios ao cantor, que declarou ser uma de suas influencias
nos drives.
E ele, claro, não poderia deixar de cantar uma música da banda que
popularizou seu nome para o mundo, e a escolhida (mais do que certa) foi a clássica “Center of the
Universe”, a qual não cantava desde que se desligou da banda há quatorze anos.
Antes dela teve uma palinha de “Cry” para galera sentir como serão os shows do
Conception, que estará aqui no Brasil na primeira semana de março.
As derradeiras ficaram por conta das tradicionais “Spread
Your Fire”, “Rebirth” e “Nova Era”. Mas não acabou por ai! Alguns, como este
que escreve, acabou se retirando do local após a trinca. Quem ficou por mais
alguns minutinhos teve a oportunidade de ver um medley acústico entre Fabio e o
Edu com “Wish You Were Here” (Pink Floyd) e “Pegasus Fantasy” (Os Cavaleiros do
Zodíaco).
Mais uma noite e mais um show histórico em que os fãs e o
próprio Edu não vão esquecer nem tão cedo e alimentando a expectativa para a
próxima turnê, onde o vocalista irá “voltar no tempo”. Vamos aguardar pelas
novidades, que promete surpreender todos.
Texto:
Gabriel Arruda
Fotos:
Caike Scheffer
Produção/Realização:
Agência
Artística
Assessoria
de Imprensa: TRM Press
Edu
Falaschi
Live and Learn
Acid Rain
Waiting Silence
Sacrifice
Millennium Sun
Land Ahoy
The Temple of Hate
Tenochtitlán
Bleeding Heart
Señores Del Mar (Wield The Sword)
Eldorado
Heroes of Sand (feat. Roy Khan)
Cry / Center of the Universe (feat. Roy Khan)
Spread Your Fire
Rebirth
Nova Era
***Encore***
Wish You Were Here (by Pink Floyd)
Pegasus Fantasy (by Cavaleiros do Zodíaco)