O grupo Therion não envolve somente música, mas também todo um plano conceitual filosófico e ocultista. A temática do Therion é sobre ocultismo em geral e LHP e Magia Draconiana em particular, especificamente no que diz respeito à Ordem Dragon Rouge, da qual fazem parte Christofer Johnsson (fundador do Therion), Thomas Karlsson (fundador da Dragon Rouge) e este autor vos escreve.
Aos interessados, algumas palavras sobre algumas letras de alguns álbuns do Therion.
As músicas:
- Kings of Edom (álbum Sitra Ahra): refere-se à estrela de 11 pontas que sempre aparece nos discos do Therion, que representa o reino qliphótico, os 11 reis que representam as 11 qliphoth da Árvore da Morte;
- Kali Yuga I, II & III (álbuns Sirius B/Sitra Ahra): a Idade Negra, a Era do Ferro, em que humanidade vive atualmente;
- The Shells Are Open (álbum Sitra Ahra): refere-se às qliphoth novamente, à abertura dos reinos qliphóticos, à iniciação qliphótica;
- Cú Chulainn (álbum Sitra Ahra): refere-se ao semideus e guerreiro celta/irlandês, sendo um arquétipo da esfera de Marte;
- Din (álbum Sitra Ahra): refere-se à esfera de Geburah, à sephira correspondente à Marte, por vezes traduzida como "julgamento", "justiça", "força";
- The Shells Are Open (álbum Sitra Ahra): refere-se à magia sexual que dá abertura à Árvore da Morte pela qlipha Lilith e através dos Túneis que ligam à esse esfera;
- Unguentum Sabbati (álbum Sitra Ahra): refere-se à feitiçaria luciferiana e à magia sexual;
- The Perennial Sophia (álbum Gothic Kabbalah): refere-se a Sabedoria (Sophia, Skekinah, Shakti) e ao poder feminino manifestados na Terra, em nosso mundo, e disponível aos buscadores/iniciados;
- The Wand of Abaris (álbum Gothic Kabbalah): refere-se ao Magista e seu Caminho e à gnosis greco-egípcia e escandinava; Abaris (o Mago) era o sacerdote do Templo de Apolo, cujo bastão era uma flecha de ouro;
- TOF –The Trinity (álbum Gothic Kabbalah): refere-se aos três deuses nórdicos: Thor, Odin e Frey;
- The Blood of Kingu (álbum Sirius B): refere-se ao deus mesopotâmico Kingu cujo sangue foi a matéria-prima para criar a humanidade;
- Son of the Sun (álbum Sirius B): refere-se ao faraó Akhenaton e fala sobre o fim do monoteísmo;
- Sirius B (álbum Sirius B): refere-se obviamente à estrela Sírius B, chamada de Po Tolo pela tribo dogon de Mali, na África;
- Dark Venus Persephone (álbum Sirius B): refere-se ao mito de Perséfone no Hades, o submundo;
- Arrow From the Sun (álbum Lemuria): refere-se novamente a Abaris, o sacerdote de Apolo, e sua flecha dourada; está relacionado também a Sagitário e ao Caminho/Túnel de Samekh/Saksaksalim;
- Abraxas (álbum Lemuria): refere-se ao deus gnóstico Abraxas, considerado o Início e o Fim, o Tudo e o Nada, e o ciclo solar de 365 dias;
- Enter Vril-Ya (álbum Deggial): refere-se aos Vril-Ya, um povo do mundo intraterreno imerso em energia Vril, segundo o escritor Bulwer Lytton;
- Deggial (álbum Deggial): refere-se ao “falso” profeta, cego do olho direito, chamado de Deggial, ou Dajjal, associado a Sorath, o espírito solar, que irá estabelecer a morte de Deus e o nascimento do homem-deus;
- Emerald Crown (álbum Deggial): refere-se à coroa de Lúcifer;
- Wine of Aluqah (álbum Vovin): refere-se ao sangue menstrual e à magia sexual;
- Clavicula Nox (álbum Vovin): refere-se ao símbolo supostamente atlante de mesmo nome (“Chave da Noite”), usado pela Dragon Rouge;
- Black Sun (álbum Vovin): refere-se a Sorath, o espírito do Sol, cujo número é 666; está associado à qlipha Thagiriron;
- Raven of Dispersion (álbum Vovin): refere-se à qlipha venusiana Arab Zaraq;
- Nightside of Eden (álbum Theli): refere-se à Árvore qliphótica e ao livro de Kenneth Grant de mesmo nome;
- To Mega Therion (álbum Theli): refere-se à qlipha Thagiriron, à magia sexual e ao Caminho/Túnel de Teth/Temphioth;
- Riders of Theli (álbum Lepaca Kliffoth): refere-se à Irmandade Draconiana; Theli é o dragão-serpente que circunda o universo, uma ‘versão’ qliphótica da serpente Ouroboros;
- Lepaca Kliffoth (álbum Lepaca Kliffoth): refere-se à abertura das qliphoth e ao ingresso na Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal;
- Evocation of Vovin (álbum Lepaca Kliffoth): refere-se à evocação do dragão das qliphoth, e ao Dragão individual, o Daemon, a Sombra, de cada um;
O álbum Secret of The Runes trata ele todo sobre os mundos e os deuses da mitologia escandinava.
O DRAGÃO DE SITRA AHRA
Sitra Ahra, o “Outro Lado”, o “Lado Sinistro”, é o mundo primordial, o reino das trevas que precedem a luz da Criação, o reino de Shekinah, o mundo dos poderes femininos que criam, que gestam a vida na escuridão; é o útero de toda multiplicidade do universo manifestado, a fonte de toda a existência.
Em Sitra Ahra, a “deusa” Shekinah (Sofia, Shakti, Vênus) se une à Luz de seu filho e esposo Lúcifer para criar e para expandir a vida múltipla em todos os planos de existência; Sitra Ahra é, portanto, o plano primevo, o caos primordial que precede todos os outros planos do universo.
Em nível humano, Sitra Ahra é reino do subconsciente no qual a sabedoria secreta (Sofia, Shekinah) vem à consciência do indivíduo que atingiu a iluminação do Eu Superior (Lúcifer, Daemon). Tal evento só é possível com a “entrada” do “Ungido” em Sitra Ahra para “resgatar” a Sabedoria lá oculta, quer dizer, quando Lúcifer resgata sua esposa Diana (Sofia, Shekinah). “Ungido” é todo aquele que desperta o Dragão-Serpente de Sabedoria, Leviathan, Kundalini, a força psicossexual e espiritual que sobe até a cabeça e ilumina com Sabedoria a consciência.
A unção serpentina e draconiana então purifica o corpo de Adam Belial, ou seja, o ser humano encarnado se transforma fisica e fisiologicamente.
Assim, o indivíduo comum se transforma no iniciado, em Ophis-Christos, em Nachash-Messiah, ou seja, a “Serpente Ungida”, o Dragão (Vovin, em enochiano). O iniciado então se converte no filho e amante de Sofia, o verdadeiro Filósofo, assim como Lúcifer o é.
Pelo que precede, Sitra Ahra, o reino das Qliphoth, é também o reino da Besta (Mega Therion), filho e consorte de Sofia. É a Besta iniciadora, o Dragão mestre dos Mistérios das Trevas, Trevas onde a Sabedoria jaz oculta.
Em Sitra Ahra o conhecimento “proibido” e inacessível pode ser buscado e é onde a Árvore do Conhecimento cresce e dá frutos.
Simbolicamente, tal árvore do Éden possui onze frutos, onze pomos pertencentes a cada um dos reis de Edom, os reis que governam cada uma das qliphoth de Sitra Ahra (o “Outro Lado”) sob o poder de Shekinah, ou Sofia, a Sabedoria da Serpente do Éden, ou o Dragão-Serpente Lúcifer-Vênus (Abzu-Tiamat, Samael-Lilith).
Nesse ponto, é facilmente notável a aproximação linguística entre Eden e Edom, entre os onze frutos da Árvore do Conhecimento e os onze reis de Sitra Ahra, o mundo da Magia Draconiana (cujo o número é 11), a Via Noturna.
Por ser um reino de trevas criadoras cuja força principal é negativa, feminina e metafisicamente sexual, Sitra Ahra é considerado pelo monoteísmo “da luz patriarcal” como o reino “esquerdo”, sinistro e infernal. Mas isso não signifca que seja um reino maléfico como entendido comumente; afinal, os monoteístas “da luz” parecem sempre amaldiçoar as Trevas necessárias, a multiplicidade e os aspectos femininos da existência.
Mas a luz não é o bem absoluto e as trevas não são o mal absoluto; essa dicotomia absurda não existe na “vida prática” da natureza e do universo. A luz somente pode ser perceptível sobre o fundo negro das trevas essenciais das quais surge a própria luz como manifestação do universo vísivel e da vida multifacetada em tons gradativos de luz e escuridão e de muitas cores...
Adriano Camargo Monteiro é escritor de Filosofia Oculta, Draconismo e de simbologia e mitologia comparadas.
É membro de diversas Ordens (Dragon Rouge, Maçonaria, entre outras), possui diversos livros publicados pela Madras Editora e escreve também para a Revista Universo Maçônico, para o site Morte Súbita, para blog Teoria da Conspiração e é artista colaborador na Zupi, famosa revista trilíngue de arte e design.
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O Blog agradece ao autor, Adriano C. Monteiro, pela matéria e pela atenção dedicada ao nosso pedido de nos brindar com uma colaboração, esperamos que os leitores do blog gostem e aqui na matéria tem todas as informações para contatar o autor e adquirir o seu trabalho.Altamente recomendado!
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9 comentários:
Mas que baita texto. Isso sim é informação relevante. Parabéns ao Adriano e ao Caco plea iniciativa!
BELA MATÉRIA ESSA DO THERION.PARABÉNS AO BLOG E AO ADRIANO.
muito boA a matéria do Therion.fiquei ainda mais curioso sobre o assunto.Façam mais matéria do estilo!
apreciei muito a matéria Therion x ocultismo. sugiro no futuro colocar alguma letra do grupo comentada.
Ótima matéria.
Gostaria que falassem mais sobre Therion.
tour pelo blog..muito bom..trabalho sério e dedicado...gostei demais da matéria do Therion, do Soulspell, entrevista bem feitas!!quase profissionais meninos!!!!!
Adriano Monteiro é um dos escritores que mais curto atualmente.Um prazer ler uma matéria dele no Road To Metal.Parabéns aocast do blog.
Excelente matéria. O Therion é uma banda que tem muita história para ser contada. Muito bom mesmo.
muito bom alem do therion divulgar o material que é estudado na dragon rouge tras muito misterio por tras do álbum sitra ahra
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