segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Entrevista: Kamala - Sabendo Onde Ousar

Banda paulista lança 3º álbum e mostra grande amadurecimento 

Buscando dar vazão à várias veias artísticas, a banda brasileira Kamala não se prende à rótulos, embora tenha sempre sido uma referência entre a nova geração do Thrash Metal nacional, sobretudo desde o aclamado "Fractal" (2009).

Entretanto, com seu novo álbum “The Seven Deadly Chakras” (2012), os rapazes de Campinas/SP Raphael Olmos (vocal e guitarra), Andréas Dehn (guitarra), André Rudge (baixo) e Nicolas Andrade (bateria) se desarmam dos clichês do estilo, incrementando outros elementos, como a cultura oriental e até alguns efeitos eletrônicos, tudo minuciosamente construído para cair dentro da temática do disco.

Para explicar melhor essa nova fase da Kamala, ninguém mais gabaritado que Raphael, a voz da banda, que além de falar do presente, relembra fatos do passado da banda e os planos, incluindo uma turnê internacional em negociação. Confira!

Conversamos com exclusividade com o vocalista/guitarrista Raphael Olmos

Road to Metal: Olá pessoal. Agradecemos a oportunidade de bater um papo com a banda. Há planos para uma turnê européia?

Raphael: Olá galera do Road to Metal. Estamos em contatos com algumas agências e determinados a fazer acontecer uma turnê européia para o meio de 2013. Vamos ver, é uma possibilidade cada vez mais próxima, mas ainda não existe uma turnê fechada. 

RtM: A banda acabou de lançar seu novo álbum, o 3º da carreira. “The Seven Deadly Chakras” pode ser entendido como uma evolução na qualidade das composições, arte e temática em relação ao aclamado “Fractal” (2009), ou o grupo entende que segue a mesma proposta e direção do álbum anterior?

Raphael: Sempre buscamos evoluir e não repetir o álbum anterior. Claro que a “pegada” da banda se mantém e alguns elementos característicos também, mas sempre estamos a procura de novos elementos e novos direcionamentos, quando acontece de forma natural, usamos. Temos uma freqüência de lançamentos, então isso de certa forma deixa registrado essa evolução da banda. 

Bela capa dá mostra de toda a temática e arte do álbum


RtM: Ao ouvir os três álbuns do Kamala, podemos afirmar que todos soam diferentes, porém com a mesma identidade. Como funciona o processo de composição da banda? E sobre essas mudanças, elas foram propositais ou uma evolução natural da banda?

Raphael: Tudo acontece de forma bem natural. Quem pegar os três álbuns, ao escutar, sabe que é a mesma banda, porém cada álbum tem a sua característica. O primeiro mais direto, o segundo com muito peso e melodia, e o terceiro, uma soma dos dois álbuns anteriores e com novos elementos que nunca utilizamos, como eletrônicos, partes acústicas, tendo momentos bem progressivos. 

RtM: Desde o primeiro CD a banda vem sempre apresentando surpresas, buscando inovar. Neste novo CD, por exemplo, tem a faixa "Heart", que traz elementos eletrônicos. Ao nosso ver, a banda está conseguindo fazer isso de modo produtivo e tendo resultados positivos, certo? Mas vocês já chegaram a temer que pudessem receber críticas, alegando que estão seguindo tendências, ou que muitas mudanças representam falta de personalidade? Como tem sido o feedback que vocês vem recebendo?

Raphael: Claro que saberíamos que não agradaríamos a todos. O Piccoli, produtor do álbum, disse “vocês sabem que pessoal com cabeça fechada vão criticar vocês com isso certo? Mas ficou irado!” (risos). Sabíamos do risco, porém, como é de forma natural, em uma música que fala do chakra do coração, nada melhor para representar do que batidas fortes. Buscamos representar um ataque cardíaco, com um começo bem calmo e ficando cada vez mais intenso. O feedback foi muito mais positivo, do que negativo. O pessoal já sabe que não somos uma banda tradicional. Viemos de uma escola tradicional, mas buscamos fazer músicas com personalidade, aonde saibam que é o Kamala que está tocando. Nenhum desses experimentos é de forma “gratuita”, tudo tem um motivo para ser representado. Não seguimos tendências, temos influências, mas no nosso ponto de vista, ao fazer algo tradicional dos anos 80, por exemplo, é muito mais tendencioso do que tentar experimentar.

RtM: Qual o conceito por trás de "The Seven Deadly Chakras"? Repara-se nas letras que tudo gira em torno do número sete, pois vocês abordam os 7 pecados capitais e os 7 chakras. Contem-nos um pouco sobre o tema.

Raphael: Percebemos que tudo em nossa volta, girava em torno do número sete. As músicas começaram a ser escritas quando a banda tinha sete anos, todos os membros da banda tinham o primeiro nome com sete letras, e por ai vai...(risos). A partir disso, começamos a ir atrás do número sete na história da humanidade. Os temas ligados ao número sete que mais chamaram nossa atenção foram os sete pecados capitas e os sete chakras do corpo humano. Fizemos a ligação dos dois temas, pois um é do lado ocidental e o outro do oriental, algo que sempre trabalhamos na nossa sonoridade. Depois de estudar bastante esses dois temas, fizemos a ligação que o lado do chakras busca equilíbrio e o outro lado, dos pecados capitais, provoca o desequilíbrio.

Banda tem recebido ótimas críticas a cada álbum

RtM: A arte da capa e do encarte de  "The Seven Deadly Chakras" é realmente muito bela e se conecta com as temáticas abordadas nas letras. Como surgiu a ideia de criação de ambas? 

Raphael: Obrigado! A bela arte da capa e do encarte, é tudo culpa do Luiz Moura, guitarrista do Thriven (que também cuidou das artes dos dois álbuns anteriores), do fotógrafo Humberto de Castro e do visual fantástico da Bruna Vieira. A capa retrata um conflito interno, uma explosão de energias dentro de uma pessoa, causada por esses conflitos, entre os chakras e os pecados. O encarte tem um total de 24 páginas e como disse na pergunta, a arte se conectou perfeitamente com o tema tratado.

RtM: Ainda sobre o cuidado com a arte do disco, de quem partiu a ideia de contar com a atriz pornô Bruna Vieira como modelo e como foi desenvolver um trabalho de esmero para além apenas da sonoridade, embelezando o conjunto todo da obra?

Raphael: Somos uma banda em que todos são muito ligados a arte, admiramos muito nos preocupamos muito também com o aspecto visual, onde somado com as músicas, tudo fica mais intenso e mais climático. Quando definimos o tema do álbum, definimos que precisaríamos de um corpo nu para representar da melhor forma possível o conceito. E chegamos na Bruna Vieira, através de uma parceria com a Xplastic, onde uma música nossa foi trilha sonora de uma cena com ela atuando. A partir daí, mantemos o contato e quando fechamos a idéia, saberíamos que ela seria a pessoa ideal para ser a modelo da arte. Pois ela tem um visual muito forte e também por trabalhar de forma muito natural o nu. Apresentamos o projeto para ela, e ela topou na hora. Ficou uma obra de arte sensacional mesmo, todo mundo comenta da beleza da capa e do encarte!

Banda apresentou-se na Expomusic 2012, em São Paulo/SP

RtM: Mais uma vez a produção ficou a cargo do Ricardo Piccoli. Gostaríamos que vocês falassem sobre a importância do Ricardo para o Kamala, sendo que o mesmo chegou até a assumir o posto de baixista da banda em determinado momento. 

Raphael: O Piccoli foi o produtor dos nossos três álbuns. Foi a primeira pessoa de fato na nossa carreira que enxergou o potencial no Kamala e começou a lapidar. Com muitos anos trabalhando juntos, nos tornamos além de parceiros profissionais, uma amizade muito próxima mesmo, coisa de família. Então, o Piccoli é o quinto membro do Kamala (risos). Até quando ficamos sem baixista, ele se tornou o quarto membro. Mas como nos avisou, que um ano depois iria mudar para a Europa, começamos a procurar um novo baixista. Encontramos o André Rudge que gravou o álbum, mas fizemos questão de registrar uma música com o Piccoli tocando no novo álbum, que é a faixa “Lust”, onde ele destrói com muitos slaps! Pouco antes do lançamento do “The Seven Deadly Chakras”, percebemos que o André não era a pessoa certa para continuar trabalhando, e ai comunicamos à ele, que seguiríamos caminhos diferentes. Agora contamos com o Diego Valente como baixista, e com certeza a formação atual é a melhor formação que a banda já teve.




RtM: São anos de carreira, três discos, shows pelo Brasil. O que a banda está almejando para o restante de 2012 e os próximos anos? Poderemos contar com a banda em shows em mais regiões do Brasil, sobretudo aqui na região sul, que tem acompanhado ávidos por apresentações da Kamala por aqui?

Raphael: Para 2012 e 2013, vamos continuar marcando shows intensamente no Brasil e esperamos que aconteça a tour na Europa. Tocamos no Sul em 2009, e está mais do que na hora da banda voltar, pois muitos fãs estão pedindo o show do Kamala. Mas tudo depende de produtores interessados a fazer acontecer junto esses shows. 

RtM: Obrigado pelo tempo desprendido. Fica aqui um espaço final para deixarem uma mensagem aos fãs e aos leitores do Road to Metal. O espaço é da Kamala!

Raphael: Nós que agradecemos o espaço! Gostaríamos de convidar a todos para visitarem nosso site www.kamala1.com que traz todas informações da banda (agenda/noticias/biografia/discografia/mídia), conteúdos exclusivos e com um visual interativo. Fiquem ligados nas novidades e em breve a banda lança o primeiro clipe desse novo trabalho, da faixa “Solar Plexus”, clipe novamente feito pela produtora Studio Kaiowas.

Edição/revisão: Eduardo Cadore


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