Entrevista exclusiva com Epica às vésperas de turnê brasileira |
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Com 12 anos de estrada, a banda de Metal Sinfônico Epica se tornou, disco após disco, turnê após turnê, provavelmente o maior nome sempre em evidência do estilo na cena mundial, lançando álbuns que superam, a cada vez, seus antecessores, mantendo uma característica única, mas ousando outros caminhos.
Isaac Delahaye |
O grupo que caminha pela música clássica (lançando DVD ao vivo com orquestra e preparando show comemorativo em 2013), está atualmente em uma turnê mundial, que já passou pelos principais países da Europa, chegando à extensa turnê nos EUA e Canadá (participaram do Power Prog Festival ao lado de outros grandes nomes do Metal).
A parte latina americana da turnê chega e, há poucos dias das apresentações do grupo no Brasil, conversamos com o Issac, que tirou um tempinho da agenda cheia da banda para falar com exclusividade ao Road to Metal e aos fãs brasileiros. Isaac nos falou sobre a temática do novo álbum e das composições da banda, sobre o papel social do grupo, além das lembranças do show em Porto Alegre/RS, cidade que o grupo retorna dia 30 de setembro para novo show (Abstratti Produtora), e muito mais. Confira!
Road to Metal: Hoje em dia existe um monte de bandas que começam a buscar outras fronteiras, de diferentes culturas. Quais são as características que você julga mais importantes que permitem uma banda ser, digamos assim, “algo novo”?
Isaac: Sempre houve bandas que romperam fronteiras e inventaram algumas novas "regras" musicais. Na maioria das vezes, é tudo sobre ser honesto com o que você faz. Toda grande banda tem algo único, algo honesto, algo que você pode sentir. Então, isso também é algo que você precisa se concentrar quando você começa uma banda, escrever músicas, gravar um álbum ou um show. Você não pode enganar as pessoas. Se você fingir, eles vão notar.
Road to Metal: A banda sempre se destacou pela precisão na construção das canções e os temas da literatura e da arte em seus álbuns. "Requiem For the indifferent" fala sobre uma nova era, onde enfrentamos desafios como as diferenças religiosas e culturais, crises econômicas, desastres naturais, etc. Simone em uma entrevista para a revista "Roadie Crew" (Brasil) propôs que o álbum está fazendo um alerta sobre estas questões e a necessidade de mudança. Como são os artistas e bandas em relação a conscientização das pessoas para estas questões?
Isaac: Bem, a primeira coisa e a mais óbvia que fizemos foi gravar um álbum em que falamos sobre estes temas. Toda revolução começa com alguém dizendo que há algo injusto. A banda Epica já tem feito muito para a caridade, e também como uma banda de turnê e como uma empresa sempre tentamos fazer as coisas de uma maneira polida, não de uma forma voraz. Em todos os níveis na vida há coisas que podem ser mudadas para melhor.
Road to Metal: Uma canção que mostra muito bem o extremismo contra a diferença é "Infernal Warfare”. A canção foi escrita sobre os assassinatos cometidos pelo terrorista Anders Breivik, na Noruega, e dedicado às vítimas. Recentemente soubemos de episódios contra músicos estrangeiros. Em geral, como músicos holandeses que viajam pelo mundo, você encontram relatos de xenofobia [Nota do editor: intolerância/receio de aceitar o estranho/estrangeiro]?
Isaac: Sim, é verdade, é sobre os assassinatos na Noruega. Nós nunca realmente sentimos medo dos estrangeiros. O mundo se tornou um lugar muito pequeno com a internet em todo o lugar, e falar Inglês também ajuda a viajar por todo o mundo.
Road to Metal: Recentemente a Epica participou na TV Holandesa do "Niks you gek" gravando uma canção composta por um jovem fã com necessidades especiais. Como foi essa experiência de ir ao estúdio e gravar a composição de outra pessoa, mas especialmente sabendo que eles estavam realizando um sonho de um fã tão especial?
Isaac: Isso mais uma vez é uma coisa que realmente gosto de fazer, porque nós estamos fazendo alguém feliz, podemos fazer a diferença, uma mudança. Não há dinheiro para ser ganho por uma coisa dessas, e muitas bandas provavelmente nem sequer considerariam isso. Mas nós queríamos tornar o sonho desse cara realidade. Recebemos tantos pedidos de fãs, para um monte de coisas diferentes. Infelizmente é impossível fazer tudo isso, mas gostaria de fazer algo especial de vez em quando.
Novo álbum da banda. Para ler nossa resenha, clique aqui. |
Road to Metal: A banda costuma caminhar ao longo dos álbuns por interessantes temáticas. Tivemos, por exemplo, o tema da Inquisição. Os fãs se perguntam: Como a banda vem para estas questões? Como funciona o processo de composição da banda? Como são decididos os temas líricos? Como esse novo álbum, por exemplo, que fala sobre os problemas reais e comuns que afetam a raça humana?
Isaac: Basicamente começamos com a música, e em seguida, a "sensação" da música pode mostrar o que as letras devem ser. Para voltar à “Internal Warfare”: é uma canção tensa e muito, muito agressiva. Então ela se adapta a essas letras. E uma balada é mais íntimo, a manipulação sobre os problemas pessoais. Outras músicas têm uma espécie de "feeling" árabe, então elas são sobre temas que existem nessa parte do mundo.
Epíca durante show em Porto Alegre (07/04/10). Foto: Sophia Velho |
Isaac: Eu me lembro que nós tivemos dificuldades técnicas durante o dia, então tivemos que esperar muito tempo para fazer a passagem de som. Mas tudo isso foi resolvido com o tempo que tivemos de show. Eu também acho que este foi o último show da turnê, o que sempre o torna um pouco diferente de outros shows, por algum motivo. E sim, é claro, os fãs. Vocês são Demais! :)
Banda volta a se apresentar em Porto Alegre/RS (Abstratti Produtora). Cobertura Road to Metal |
Road to Metal: A transição entre a Transmission Records, que estava passando por dificuldades, para a famosa Nuclear Blast foi seguida com preocupação pelos fãs. Como a banda passou o tempo de espera da partida do velho para o novo selo? Como é trabalhar com a Nuclear Blast? Qual é a importância de um bom contrato agora nesta época de download ilegal e livre?
Isaac: Agora que a Roadrunner não está mais por perto, A Nuclear Blast é provavelmente a maior gravadora de Metal hoje em dia. Estamos muito felizes de fazer parte de seu cast, e eles têm uma equipe muito poderosa. Nós temos um álbum mais sob a Nuclear Blast e depois temos de começar de novo negociações para álbuns futuros. Mas acho que não haverá qualquer problema para conseguir um contrato novo com ela.
Os contratos são sempre importante porque são eles que definem as regras, tanto para o selo como para a banda. E com todo o download ilegal, só precisamos encontrar outras formas de ganhar dinheiro, para que possamos continuar fazendo o que fazemos. A maioria das pessoas se esquecem que por conta do download ilegal de música das bandas que gostam, essas bandas realmente estão tendo dificuldades para continuar.
Road to Metal: Vocês são constantemente convidados como headliner de festivais europeus. Confirmou-se recentemente que a banda vai tocar novamente no Metal Female Voices Fest. Em 2010 a banda se apresentou no mesmo evento, e ocorreu a gravação do show em áudio e vídeo. A banda planeja lançar este material? Se sim, quando?
Isaac: Este é um equívoco muito grande na verdade. O promotor perguntou se ele poderia filmar nosso show e colocar algumas músicas em um DVD para o Metal Female Voices. Nós concordamos, e então ele usou isso como uma ferramenta promocional para obter mais pessoas para o festival :) Podemos usá-lo como um bônus, mas se fizermos um DVD, nós vamos fazer isso durante o nosso próprio show, com a nossa própria audiência , e não em um festival.
Road to Metal: Bem, obrigado por sua atenção, estamos esperando por vocês! Eu gostaria de pedir para que você deixe uma mensagem aos fãs brasileiros, para finalizarmos com esta entrevista!
Isaac: Claro! Obrigado por me receber aqui. E eu estou realmente ansioso para voltar ao Brasil. Não apenas para os seus restaurantes de carne impressionantes, mas acima de tudo ouvir a todos vocês se tornando a mais alta multidão do mundo novamente. Espero ver todos vocês durante um dos shows brasileiros, porque vai ser uma grande festa!
Entrevista: Road to Metal (proibida reprodução completa sem autorização): Eduardo Cadore, Carlos Garcia (participação de Marlon Schettert)
Tradução: Fernanda Nascimento
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