As bandas Atrocity, Arkona e Leaves’ Eyes desembarcaram em São Paulo no último dia 23 para apresentações memoráveis. Talvez devido ao grande número de eventos do gênero, o público foi modesto, mas extremamente participativo. O evento ocorreu no Carioca Club e apresentou um lineup diversificado dentro do metal extremo, com influências que vão do death metal ao folk e ao symphonic metal. A participação do público, embora reduzida, foi decisiva, já que os presentes interagiram ativamente, cantando e aplaudindo, o que contribuiu para uma atmosfera empolgante. No geral, as apresentações foram sólidas, com cada banda entregando performances competentes e fiéis ao próprio estilo, mantendo a magia que só acontecem em shows ao vivo.
A primeira banda da noite foi o Atrocity, grupo alemão de death metal formado em 1985 em Ludwigsburg. O conjunto é conhecido pela longa trajetória no cenário underground e por mesclar elementos do metal extremo com influências industriais e góticas em fases mais recentes. Fundado por Alexander Krull, vocalista e principal compositor, o grupo conta com integrantes como Thorsten “Tadd” Bauer na guitarra, entre outros músicos que contribuíram para álbuns relevantes. Com mais de três décadas de carreira, o Atrocity influenciou o metal europeu com composições marcantes e consolidou sua posição como referência do estilo por meio de uma discografia extensa e pela constante evolução sonora.
O Atrocity iniciou sua apresentação com um atraso de quinze minutos, o que forçou o corte da música “Necropolis” para adequação ao cronograma. Apesar disso, o grupo entregou um setlist consistente, incluindo “Desecration of God”, “Death by Metal” e “Reich of Phenomena”, que destacaram tanto o vocal gutural característico de Alexander Krull quanto o peso instrumental da banda. O público, pequeno, porém dedicado, respondeu de forma intensa, especialmente durante “Faces From Beyond” e “Bleeding for Blasphemy”. No geral, o show foi poderoso e atendeu às expectativas dos fãs de metal extremo, demonstrando profissionalismo ao compensar o atraso com uma performance coesa e envolvente.
Em seguida, veio o Arkona, que é uma banda russa de pagan folk metal formada em 2002 em Moscou e que se destaca pela fusão de elementos tradicionais da cultura eslava, como flautas e percussões folclóricas, com o peso do metal extremo. Liderada por Masha “Scream” Archipova, vocalista e principal letrista, a banda conta com músicos como Sergei “Lazar” Atrashkevich na guitarra, além de outros integrantes que incorporam instrumentos étnicos às composições. Com álbuns consagrados, o Arkona obteve reconhecimento internacional ao celebrar o folclore pagão e a mitologia eslava, misturando vocais limpos e agressivos em um som marcante.
A apresentação do Arkona no Carioca Club seguiu sem imprevistos e ofereceu um show dinâmico que reforçou a proposta estética do grupo. Com um setlist que incluiu “Kob’”, “Ydi” e “Goi, rode, goi!”, a banda envolveu o público com performances enérgicas conduzidas pela presença marcante de Masha Archipova. A participação da plateia foi incrivel, especialmente durante “Khram” e “Zimushka”, criando um ambiente imersivo. O show foi bem executado, mantendo qualidade sonora e entregando uma experiência culturalmente rica que atendeu às expectativas e reforçou o apelo da banda no cenário metal brasileiro.
Fechando a noite, era a vez do Leaves’ Eyes. Banda alemã de symphonic metal formada em 2003. O grupo foi originalmente idealizado pela vocalista norueguesa Liv Kristine, ex-Theatre of Tragedy, que contribuiu com uma abordagem lírica e operística ao lado de Alexander Krull (também do Atrocity) e demais integrantes responsáveis por acrescentar elementos orquestrais e temáticas vikings ao som da banda. Com discos dedicados à mitologia nórdica e arranjos sinfônicos marcantes, o Leaves’ Eyes consolidou presença internacional e participação constante em grandes festivais.
O show do Leaves’ Eyes no Carioca Club foi uma excelente surpresa, contrastando com o peso das bandas anteriores. A apresentação destacou o caráter sinfônico e melódico do grupo, que abriu com “Chain of the Golden Horn” e incluiu “Hammer of the Gods”, “Who Wants to Live Forever” e outras faixas marcantes. A banda entregou um setlist variado, evidenciando a qualidade vocal e a presença cênica de Liv Kristine. A plateia, embora pequena, participou de forma ativa, especialmente durante “My Destiny”, sendo ainda surpreendida com doses de vodca distribuídas pela banda. Outro destaque foi a apresentação de “Song of Darkness”, faixa anunciada como parte do próximo trabalho. No geral, a performance foi excelente e reforçou o domínio de palco do grupo, sobretudo em “Sign of the Dragonhead”, momento em que Alexander surgiu com vestimentas medievais e empunhando uma espada, elevando ainda mais o clima teatral da apresentação.
Em síntese, as três bandas apresentaram shows de qualidade, mantendo o público engajado e satisfeito. Para um domingo à noite, o lineup diversificado atraiu os fãs verdadeiros, provando que não é sobre quantidade, mas da qualidade e da entrega daqueles que contribuem para fazê-lo acontecer.
Texto: Marcelo Gomes
Fotos: Edu Lawless
Edição/Revisão: Gabriel Arruda
Realização: Estética Torta
Press: Acesso Music
Atrocity – setlist:
Desecration of God
Death by Metal
Fire Ignites
Fatal Step
Spell Of Blood
Faces From Beyond
Bleeding for Blasphemy
Shadowtaker
Reich of Phenomena
Arkona – setlist:
Kob'
Ydi
Na strazhe novyh let
Yav'
Khram
Goi, rode, goi!
Zakliatie
Zimushka
Leaves' Eyes – setlist:
Chain of the Golden Horn
Hammer of the Gods
Across the Sea
Serpents and Dragons
Edge of Steel
Who Wants to Live Forever
Sign of the Dragonhead
Song of Darkness
Realm of Dark Waves
My Destiny
Swords in Rock
Hell to the Heavens
Farewell Proud Men
Forged by Fire
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