quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Resenha de Shows: 5º Nightfall Tem Edição Histórica



Está certo que já postamos uma resenha deste evento aqui no blog e pode parecer bobagem postar nova resenha sobre o mesmo show. Na verdade, eu e Caco Garcia estivemos no show (ele até cita o cara de muleta lá, rs) e presenciamos um evento histórico, não só para a região, mas para o Metal nacional como um todo, pois estávamos diante do segundo show do Soulspell Metal Opera, primeiro fora de São Paulo e antes de qualquer capital do Brasil.



Caco postou alguns dias após o evento sua resenha, colocando todo seu conhecimento sobre a banda e relatando suas percepções. Eu, por outro lado, estava sem acesso a internet por vários dias, mas isso não me impediu de rascunhar uma resenha de cobertura do 5º Nightfall.

Percebi que fizemos resenhas muito diferentes de um mesmo evento e, após o apoio do Caco, trago para vocês mais uma resenha, agora contando com as fotos profissionais de Daniel Hein disponibilizadas pela organização do evento e que traz um brilho a mais para a postagem que segue abaixo. Confira!

Ijuí fora mais uma vez de grandes apresentações da cena Metal nacional, que nesta quinta edição do Nightfall in South Festival dia 30 de outubro de 2010 teve sua edição mais grandiosa.



Tendo como espaço a AFFI, associação local que mostrou ter estrutura básica pra realização de um festival como esse mesmo afastada do centro da cidade, recebeu um público pequeno, mas que sabia exatamente o que esperar das três bandas que se apresentaram ali.

Durante dois meses o blog veio divulgando esse tradicional festival do interior do Rio Grande do Sul que já viu passar desde bandas regionais a nomes nacionais de reconhecimento mundial. Nessa noite de sábado, tivemos aqui literalmente um time de lendas do Metal nacional.

Para iniciar a noite, subiu ao palco pela primeira vez na região a banda Save Our Souls da capital gaúcha, que responsável pela abertura do festival, ocupou bem seus 40 minutos no palco, executando fielmente canções de seu EP “Find the Way” (2010), que você encontra resenha e download aqui no blog.



A vocalista Melissa Ironn surpreendeu com seu belo vocal e arranjos dos teclados, além de sua simpatia em interagir com o público. Pensando em mostrar trabalho para o público (muitas pessoas ali não conheciam a banda), tocaram três das quatro músicas do EP e, como não poderia deixar de ser, uma versão para “Walk” (Pantera) que ficou legal com vocal feminino, além de fecharem com a clássica e inesperada “Seek and Destroy” (Metallica), que realmente agitou o público e deixou uma bela impressão da banda para os presentes.



Enquanto a esperada volta do Tierramystica não começava, o público seguia curtindo a noite ao som de Rock & Roll clássico e muita bebida.

Alguns minutos depois, eis que se ouve “Nueva Castilla”, abertura do álbum “A New Horizon”, recém lançado pela Tierramystica, anunciando que a banda já estava posta para tocar.



“Golden Courtyard [Qori Kancha]” dá abertura das cortinas e a banda a executa, canção essa perfeita para abertura de shows da banda que se apresentava pela primeira vez após o sucesso da turnê como banda de abertura do Scorpions no Brasil.

Gui Antonioli (Vocal) mostra porque é uma das figuras mais carismáticas do Metal nacional, interagindo com o público e usando o pequeno espaço do palco para brincar com os demais integrantes que contaram com um membro extra para executar ao vivo as Ocarinas.



O show como um todo não mostrou grandes novidades desde a participação da banda no terceiro Nightfall em abril sendo um dos primeiros shows com nova formação e, passados cerca de seis meses, a banda já havia tocado em várias capitais do país.

Para quem já prestigiara algum show da banda este ano ou que não tivera esse prazer, pode conferir os dois covers tradicionais da banda, uma versão especial para “Fear of the Dark” (Iron Maiden), com direito até a trecho de “Enter Sandman” (Metallica) e a divisão do público em dois, cada lado liderado ou por Antonioli ou por Ricardo Chileno na execução de “Sign of the Cross” (Avantasia).



Num set list que, infelizmente, fora mais curto que o desejado, a banda executou várias músicas de seu debut, que esta tendo sua prensagem de mil exemplares quase esgotada. Assim, executaram também “New Eldorado” e “Celebration to the Sun”, que agitou bastante o público por ser uma das mais rápidas da banda, “Spiritual Song”, uma das primeiras composições do grupo, assim como “Winds of Hope [Suyanawayra]”, releitura de música do Toccata Magna (Fabiano Muller e Ricardo Chileno faziam parte da banda antes de formarem Tierramystica). Definitivamente o ponto alto do show, com a banda partindo para a percussão e a utilização de violões acústicos, dando um brilho diferente para o show.

Tierramystica se superou na apresentação em todos os sentidos, mostrando que além de divulgarem seu trabalho para grandes públicos nas aberturas de shows para Epica e Scorpions, por exemplo, estão na sua melhor forma e logo logo despontarão mundialmente como mais nova revelação do Metal brasileiro e latino.



Ao longo do show Antonioli ia “atiçando” o público para a atração principal da noite, a banda Soulspell Metal Opera, que fecharia o festival e contaria com a participação do vocalista.

Após algum tempo até o Soulspell se organizar em palco, o público se aglomerava ainda mais à frente, ansiosos pelo ousado projeto capitaneado por Heleno Vale que estaria dentro de instantes se apresentando com nomes como Mário Pastore (Delpht, Taillgunners, Pastore), Iuri Sanson (Hibria), Mário Linhares (Harllequin, Dark Avenger), Daísa Munhoz (Vandroya) e, a participação especial mais esperada da noite, Edu Falaschi (Symbols, Angra).



Infelizmente não fora possível para o Soulspell trazer seus discos, pois o primeiro “Legacy of Honor” (2008) está esgotado e o segundo, que a banda esta divulgando na turnê, “Labyrinth of Truths” (2010) ainda não tinham sido liberado pela Hellion Records.

O sampler para “The Entrance” inicia o show para que as cortinas novamente fossem abertas e os inúmeros músicos (cerca de 12) fizessem o palco ficar pequeno em tamanho e diante da qualidade dos músicos.



Ligada a introdução, “The Labyrinth of Truths” inicia o festival de vocalistas que, intercalando uns com os outros, fizeram do show algo sem palavras para medir o talento, complexamente perfeito.

Como esperado, esse segundo show da “Labyrinth Tour” (que na noite seguinte partiria para Porto Alegre) tivera várias músicas do primeiro ato, não relegando o disco que deu origem a tudo, o que, como admirador do projeto desde seu primeiro trabalho, apoiei.



Contando com show especialíssimo de Mário Linhares, Daysa Munhoz e Mário Pastore que lideraram os vocais, além de Iuri Sanson que simplesmente detonou, mostrando ser um dos melhores vocalistas da atualidade (o vocal do cara chega a ser mais potente ao vivo), seguiu-se “Age of Silence”, do primeiro disco, ainda contando com Antonioli no palco (o cara se deixassem cantaria o show todo do Soulspell também).

Daysa Munhoz conversou um pouco com o público, assim como Mário Linhares e Pastore, que deixaram claro suas satisfações de estarem ali naquela noite, valorizando os fãs que apóiam o Metal nacional e que estão dando forças para que o Soulspell continue e cresça ainda mais.



Executam mais uma. Para minha surpresa, uma das minhas favoritas (e pelo jeito de toda a nação que acompanha a banda) “Eternal Skies”, que conseguiu superar a versão original de estúdio. É uma canção muito bonita, com ótimos riffs e clima mais “relax”.



Seguiu-se então a música do novo trabalho que tem arrancado um dos maiores elogios dos fãs e da crítica especializada em todo mundo. Falo de “Amon’s Fountain”, mantendo os mesmos músicos da segunda música do show. Reitero aqui a participação de Iuri (Hibria). Já o conheço de tempos e pude presenciar ao vivo com o Hibria, então sabia que daria conta do recado. Mas mesmo assim surpreende em cantar exatamente como gravou no disco, com o agudo antes do primeiro refrão de arrepiar os presentes. Grande presença e simpatia.

Munhoz anuncia “Adrift”, canção que estava para ficar fora do set list mas que, para aquela noite, mereceu ser executada. A música é uma das mais diferentes da banda, mostrando um lado mais acessível (Heleno Vale também toca numa banda de Pop Rock) e uma das letras mais belas possíveis.



Vale aqui salientar o papel de Manuella Saggioro, vocalista e guitarrista que, além de uma boa presença de palco, detona na guitarra e canta como ninguém (também pudera, a moça tem feito história na música).

Segue uma dobradinha do disco “Legacy of Honor”, com “Troy” e “A Little Too Far”, que marcam as últimas desse disco. Mas, para surpresa, “Milvian Bridge” dá um show mesmo com Pastore liderando a versão ao vivo. Aliás, Pastore que interpretava o personagem principal do enredo do segundo ato, foi um dos grandes destaques, pondo seus vocais em várias passagens de músicas que em estúdio não contou com seus vocais.

Chegando mais para o fim do show (que poderia muito bem ser mais longo, mas devido a certo atraso foi reduzido), Linhares agradece mais uma vez em meio a ovação da galera e anuncia Edu Falaschi (Angra) que sobe bem relaxado o palco.



Com o microfone em punho, saúda as pessoas e agradece pelo convite de Heleno para se juntar ao Soulspell nessa turnê, reiterando a importância do projeto e que aceitou ao convite de excursionar com a banda para mostrar seu apoio e respeito pelo Soulspell.

Começa a estourar nos alto falantes “A Secret Compartment”, que fecha o novo disco e também o show. Durante a música, além das partes gravadas por Falaschi, o vocalista também acrescentou algumas passagens e vocalizações ao longo da mesma, deixando-a ainda mais interessante.

As luzes se acendem e quando pensamos que o show acabara ali, Falaschi elogia o público que valoriza o Metal nacional e afirma que os músicos do Soulspell superam muita banda “gringa”, citando como exemplo o Edguy, o que foi muito aplaudido. Como saidera, Falaschi anuncia que tocarão um cover de uma banda pouco conhecida.



Obviamente irônico, os vocalistas começam a cantar “Can I Play With Madness” (Iron Maiden) que ficou perfeita, especialmente pelos inúmeros e qualificados vocalistas.
Infelizmente, embora com a sensação de que poderia ter mais algumas faixas ao vivo, a banda se despede muita ovacionada pela galera que ainda continuava em peso mesmo altas horas da madrugada.

Para nossa surpresa, Edu Falaschi vai até o teclado e começa a executar “A Lease of Life”, música do novo trabalho da sua banda Angra, mas não a canta, nos oferecendo esse trecho como um presente pela passagem sua em Ijui (também faria isso no show na capital).

Quem ficou mais algum tempo por ali ainda conseguiu conversar, pegar autógrafos e tirar fotos com várias das lendas que subiram ao palco. Definitivamente o Nightfall in South Festival teve sua edição mais grandiosa, com alguns problemas no som (mas nada grave) e com pessoas de todos os cantos do Rio Grande do Sul, afinal, essa fora a única apresentação da turnê em alguma cidade do interior (com exceção do show inaugural em Lençóis Paulistas) no Brasil.

Queremos aqui reiterar à organização e apoiadores nossos parabéns, pois acompanhamos e nos envolvemos o suficiente para sabermos que a realização de tal festival com esses nomes no seu cast fora algo ousado, porém histórico. Fica aqui nossos agradecimentos e esperança de que as próximas edições continuem a manter tal nível e que muitos outros nomes (quem sabe o Angra, como o próprio Edu Falaschi sugeriu) também participem dessa história.

Ao pequeno público que compareceu, fica nossas saudações, pois sabem valorizar o Metal feito aqui. Para aqueles que ainda não conheciam as bandas, com certeza valeu o esforço de apostar no evento. Quem esteve lá presenciou shows históricos, especialmente o do Soulspell.

Texto: EddieHead

Set List Soulspell Metal Opera

01 – The Enterance
02 – The Labirynth of Truths
03 – Age of Silence
04 – Eternal Skies
05 – Amon’s Fountain
06 – Adrift
07 – Troy
08 - A Little Too Far
09 – Milvian Bridge
10 – A Secret Compartment
11 – Can I Play With Madness (Iron Maiden Cover)

Fotos: Daniel Hein

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