RS Metal Union obteve sucesso na sua 1º edição |
Mesmo com uma chuva chata que ameaçava deixar os headbangers em casa, Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre/RS, teve uma noite de muito Metal underground em 29 de setembro.
Imortal Perséfone abriu o evento de forma apática e sem empolgar o público ainda pequeno |
Fechando o mês, 5 bandas foram escaladas que representam uma parcela do Metal extremo da região, já que a proposta do RS Metal Union, capitaneado pelo nosso Road member Renato Sanson e por João Henrique (Metal Celebration), era justamente esta: celebrar o underground gaúcho na sua forma mais extrema.
E o Bar do Adão estremeceu com a Imortal Perséfone, grupo de Black Metal que iniciou os trabalhos dessa noite, que por pouco não fora cancelado, já que o (ir)reponsável pelo som avisou, poucas horas antes, que não compareceria com seu equipamento, o que exigiu da dupla de organizadores verdadeira manobra para que o festival acontecesse, o que atrasou um pouco o seu início.
Assim, a Imortal Perséfone tocou para um público muito tímido e restrito, pouco empolgando e, pelo que se viu, destoando bastante em relação às demais bandas que, estas sim, agitaram o público. Se a banda foi prejudicada por fazer a abertura? Quem sabe, mas a verdade é que fica difícil “agitar” em um show onde a própria banda fica imóvel, numa tentativa de soar “macabra” que, para algumas pessoas, chega a beirar o ridículo. Mas estaria sendo injusto em dizer que ninguém gostou, pois algumas pessoas se postaram a frente do palco e bateram cabeça, afinal, há gosto para tudo.
Evil Emperor "agredindo" com seu Death Metal furioso |
O festival começa a tomar a forma merecida quando a Evil Emperor (menos pose, muito mais som) sobe ao palco e com seu Death Metal brutal, faz tremer a base e coloca finalmente o público maior a agitar aos comandos do simpático vocalista Rodrigo Volkweis, que à certa altura, pula do palco e passa a cantar no mesmo nível do público). O grupo desfilou canções e seu debut álbum “Evil Emperor”, já resenhado aqui e que, sem sombra de dúvidas, figurará entre os maiores clássicos do underground extremo gaúcho de todos os tempos.
Com a Evil Emperor o massacre dos pescoços começaram e, posso dizer, não batia cabeça tanto há um bom tempo. Os riffs certeiros e empolgantes de Rikardo Schoroeder mostraram para quem quis ver (e ouvir) que Death Metal pode ser o som mais brutal da face da terra, sem precisar apelar para outros subterfúgios, sem falar no massacre direto da bateria de André Rodrigues, seguido sempre por Rodrigo Linn no baixo.
A 3º banda destoava bastante das demais, tanto que o próprio vocalista da CxFxCx comentou que sentia-se honrado de estar dividindo o palco, pela primeira vez, com grandes nomes do Metal extremo gaúcho. Mas, mesmo que a sonoridade do grupo fosse diferenciada (uma postura e sonoridade que remete ao Crossover Thrash norte-americano dos anos 90), a banda agitou muito em cima do palco, com letras em português que te convidam à reflexão, além de muito headbanging, pois o grupo, com seus 21 anos de história, esbanja energia e era difícil ficar parado, além de que havia várias pessoas que sabiam cantar suas músicas, algo admirável de se ver e mostrando que a CxFxCx possui fãs de todas as idades.
CxFxCx levou à galera aos mosh em quase todas as músicas |
Talvez a banda mais esperada, a Sacrario estava marcando presença, acompanhando as demais bandas e sempre sendo lembrada pelos grupos anteriores e o público, sedento pelo Thrash Metal dessa lendária banda, mal podia esperar quando Gustavo Stuepp (baixo), Everson Krentz (bateria), Fabbio Weber (guitarra e vocal) e Ricardo Lemos (guitarra) subiram ao palco, já tarde da madrugada (por volta das 4 horas).
No detalhe, Éverson detonando na bateria e Gustavo no baixo |
Mas se as pessoas sentiam o cansaço, este se dissipou aos dedilhados iniciais de “Prelude to the End”, seguida da faixa-título do mais recente álbum da banda, “Beyond the Violence” (2012), que à exemplo das duas bandas anteriores, também gerou mosh pits, mas estes, com certeza, mais intensos e empolgantes, até as meninas entraram junto, pois o Thrash Metal rápido e incisivo da canção não exige menos do que isso do público.
Seguiram-se pedradas atrás de pedradas e o headbanging rolava solto, em músicas como “Urban Assault” (também do disco deste ano), “Stigma of Delusion” (do álbum de 2010 de mesmo nome), “Empire of Lies” e “Drug Addiction” (ambas do “Catastrophic Eyes”, de 1999) e, para não quebrar o ritmo, dois covers clássicos na sequência, fazendo quem ainda estava parado, saltar junto no mosh pit: “Bonded by Blood” (Exudos) e “People of the Lie” (Kreator). Aliás, a banda estava divulgando seu EP edição limitada que estava á venda durante o evento também, e que traz a versão em estúdio para o clássico do Exodus já citado e mais três faixas.
Infelizmente, devido ao atraso do evento, a banda teve que reduzir um pouco seu set, restando apenas mais a trinca “Merciless Tyrant” e “Dead in Human Form”, fechando a divulgação de “Beyond the Violence”, um dos melhores lançamentos do ano, sem sombra de dúvidas e, como não podia deixar de ser, “God Against God”, que possui vídeo clipe e serviu como uma despedida em alto nível dessa grande apresentação e que fez valer os 500 KMs viajados por este redator para conferir essa grande festa.
Grupo divulgou novo EP e o álbum "Beyond the Violence" |
Mesmo que todo mundo moídos após o massacre das bandas, ainda pudemos conferir, não sem certo prejuízo pelo fato de algumas pessoas terem ido embora e todos estarem cansado, a banda Steel Grinder, que fez bonito, mesmo que com um som alto demais, que ora ou outra deixava o vocal sem condições de entender. Mas a mensagem a banda passou: tocar o mais puro Heavy Metal tradicional oitentista.
Banda Steel Grinder fechou o festival perto do amanhecer |
O saldo final deste festival foi mais que positivo, afinal, apesar das dificuldades que o underground enfrenta, foi importante ver a participação na raça e na força tanto das bandas quanto do público, este prestigiando todas as bandas, curtindo, revendo os amigos e estabelecendo novos contatos. Nós do Road to Metal nos sentimos honrados de termos participado desta primeira edição que, temos certeza, não será a única. Além disso, dos festivais underground sempre saímos com muitas histórias para contar e isso só consegue quem o vive.
Stay on the Road
Texto: Eduardo Cadore
Fotos: Road to Metal (proibida a utilização sem citar a fonte)
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