Entrevista por: Renato Sanson
Músico entrevistado: Ivan Fabio (guitarra/vocal) |
Não são novidade as mudanças. A Silent Empire é prova disso. A formação atual já está estabilizada faz algum tempo. O que esperar do novo álbum?
Primeiramente agradeço pela oportunidade de estar respondendo essa entrevista ao Road to Metal. As mudanças sempre foram uma constante na formação da banda desde o início, tanto que teve um hiato de 2 anos.
E voltamos ainda mais fortalecidos de todas as pausas e mudanças, já que mudar pra dar passos atrás, não está nos meus planos. E essa formação atual está focada, e as gravações do novo álbum estão na reta final.
Pode esperar por um passo adiante do primeiro em termos de produção,
composições, execução e elaboração das estruturas das músicas, mais
intrincadas, técnicas. Para quem gosta de Death Metal, sem estar preso aos
dogmas, terá um álbum pra absorver com muita satisfação.
“Dethronement of All Icons” colocou a banda na rota das boas oportunidades e chamou bastante a atenção dos fãs de Death Metal. Como foi esse processo?
O nosso EP “ Hail The Legions”, já havia pavimentado boa parte do caminho e conceito pro álbum “ Dethronement....”, então quando ele foi lançado, quem nos seguia já estava sabendo o que iria encontrar, sem no entanto, deixar de incluir todas as nossas influências, que vão do Heavy Metal ao Black Metal, tudo amarrado pelos meus vocais, que são bem característicos do Death Metal.
O processo de composição
segue quase sempre o mesmo processo, que é criado um esqueleto das músicas,
onde cada um vai colocando suas partes, colocando suas influências, suas
idéias, e se ficar bom, entra, se diferente, é deixada de lado ou rearranjada
ou simplesmente deixada pra outra oportunidade, mas todos possuem voz ativa na
banda.
Sabemos das dificuldades do cenário e também da polarização das mídias digitais. Que ajudam, mas também atrapalham. A ideia é lançar o próximo álbum e formato físico ou somente nos streamings?
Iremos lançar primeiramente em formato físico, e depois nas plataformas, que é algo inevitável nos dias atuais, claro, isso vai muito da visão de mercado e de mundo de cada banda, é uma escolha individual, com pontos positivos e negativos implícitos.
Muitos não estão comprando material físico, e por inúmeras situações, seja de espaço, valores, ou mesmo por linha do tempo, visto que muitos já entraram no mundo da música através dos streaming ou arquivos, e não possuem a cultura do “comprar material”. Na realidade, muitos acima de 30 anos já não estão comprando Cds, Lps, está se tornando item de colecionador, embora camisas estão tendo saídas até que razoáveis, que é algo que existe uma explicação, mas não vou entrar nessa seara, que é uma armadilha de opinião.
Então, imagine quem não teve essa cultura do material físico já de início? Eu ainda compro, sempre que posso e gosto óbvio, mas é preciso ter tempo pra ouvir, visto que devo ter dezenas ainda lacrados e mais camisas do que dias pra usa-las.
E aproveitando o gancho, qual a visão de vocês sobre toda essa
digitalização que vem nos engolindo sem nos darmos conta?
Como disse acima, existe espaço pra ambos, pra todos, importante que estejam consumindo música, não seria justo minimizar ao meu ver, pois a forma de ouvir música mudou nestes anos todos, inclusive desde que tive meus primeiros contatos, ainda aos 9 anos (hj quase 47), e não vou romantizar em dizer que ouvir as fitinhas cassetes era melhor ou pior, era apenas o que tínhamos em mãos, e era diferente.
E tínhamos tempo, o que a vida moderna ceifa sem a gente perceber, tornando quase impossível separar 30, 45, 60 minutos pra ouvir músicas sem ter nenhum estímulo externo, como os APPs, redes sociais pra tirar a concentração. Não é uma crítica, é um fato.
O mesmo que ler um bom livro, ou mesmo se dedicar a qualquer atividade.
Mas voltando ao assunto inicial, ouvir música mudou e vai mudar, e é preciso se
adequar, ou então iremos pro limbo. E particularmente, não é esse o plano aqui.
A atual baterista Aline Iladi está na banda praticamente desde o início. Antes como guitarrista. Como se deu esse processo de mudança?
Aline entrou e rapidamente conquistou espaço na banda, chegou e ocupou e representa muito bem. Entrou na guitarra, dias antes de gravarmos o EP de estréia, e teve um papel fundamental na gravação. E em meio a pandemia, tivemos mudanças drásticas na formação, permanecendo apenas eu e ela, Israel e Rafaella, havia outras direções, perfeitamente aceitas, afinal, escolhas são respeitadas na banda.
E ficamos com uma terrível decisão de encontrar um novo integrante, ou resolver entre nós? Escolhemos a segunda opção, com a Aline mudando de instrumento e tendo aulas, partindo do ponto zero, de adquirir uma bateria e fazer aulas. E isso nos possibilitou reescrever as músicas que tínhamos e criar outras do início, abrindo um leque de opções e dando margem pra serem feitas com metas e desafios em aprender e já compor as músicas num novo instrumento, no caso da Aline.
Entrando então Guilherme na outra guitarra, trazendo novas possibilidades de
solos e bases técnicas, e completando o time, a entrada no baixo do Harley,
fechando o ciclo em quarteto novamente.
Também sabemos do Câncer que a mesma teve. Se recuperou e voltou aos palcos. Essa situação deve ter sido muito delicada para vocês, certo?
Aline é uma vencedora, sob todos os aspectos, pois quando entrou na banda, ainda estava sob cuidados médicos de observações e acompanhamentos e isso é uma constante, mas a gente sabe, respeita e se programa através da rotina.
E digo, a garra que ela possui, poucas vezes vi em outros músicos com os quais já toquei nestes anos todos, então neste aspecto, a gente vence os desafios e a agenda da banda é sempre compartilhada entre todos, é preciso uma coesão para que a gente exista.
Temos nossas
prioridades, e a banda está entre elas, não sendo a principal, mas não estando
na última, mesmo a gente se doando de forma visceral e passional. Os objetivos
ainda estão longe de serem conseguidos, então muito caminho pela frente nestes
próximos tempos, com o álbum novo saindo.
Comente sobre a nova formação e suas características individuais na parte composicional.
A atual formação é a mais comprometida sob os aspectos de fazer a banda crescer, sob os aspectos técnicos e de galgar uma posição no cenário da música pesada como um todo, pois não basta estar numa banda, é preciso se dedicar, abrir mão de muitas outras facilidades e zonas de conforto e até muitas vezes, obrigações especificas de convívio social familiar, então é preciso conciliar tudo.
O método de compor,
apesar de extremamente democrático, tende a partir de alguma idéia inicial
minha, o tal esqueleto, onde todos seguem colaborando e moldando até ficar a contento
de todos ou funcionar ao vivo, que é onde temos o costume de medir a febre, e
as vezes fazer pequenos ajustes, pra que fique dinâmica e boa, e principalmente
agradar a nós, da banda. Se passar por todos estes critérios, fica.
Vocês tocaram recentemente em minha cidade – Canoas/RS – no Teatro do Sesc. Conte-nos sobre esta experiência. Pois sabemos o quanto é dificultoso sairmos de nossas cidades para tocar, devido a logística, valores e etc.
Então, a proposta veio do Cassio Quines, da Balde de Sangue, que estava com a idéia de fazer algo inusitado, que era tocar num teatro. E pra gente, seria o retorno aos palcos, pós pandemia e com a formação totalmente reformulada, já com a Aline na bateria e a entrada do Guilherme (Guitarra) e Harley (baixo), estreando na banda.
E foi um show muito
bom, espaço nem precisa citar a qualidade, equipo e a produção estava
excelente. Oque nos deixou mais ansiosos, foi a dinâmica do público, que na ocasião,
iriam permanecer sentados, algo inusitado, ao menos pra nós enquanto banda. Mas
valeu e muito a experiência.
Finalizando, gostaria que nos desse alguma pista dos planos futuros para 2023/2024 e deixo o espaço final para vocês.
Estamos finalizando as gravações do novo álbum, já intitulado “Silent...Means Death”, com previsão de lançamento pra fevereiro de 2024, e quando sair, os planos serão de iniciar shows por onde tiver demanda.
Estamos com novas parcerias no agenciamento de shows, será a Necrovoid Productions, e teremos muitas novidades em termos de Set list, produção de palco e merchandising.
E gostaria de agradecer imensamente pelo
espaço no Road To Metal, que já tem muita cultura em apoiar a música pesada ao
longo dos anos, pois é de extrema importância, que saibamos que nem só das
bandas, vive a indústria da música, existe todo um suporte de mídias, fotógrafos,
artistas, etc, ou seja, uma engrenagem absurda que movimenta toda a máquina, e
pra isso, é necessário ter boas parcerias, boas ações em conjunto. Obrigado
novamente.
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