A banda não relaxou com os elogios recebidos, e continuou trabalhando e buscando amadurecimento musical, trabalhando suas composições, para, na hora em que entendessem como a certa, registrar as canções selecionadas com alta qualidade, gravando o álbum em quatro estúdios diferentes, e ainda contando com convidados de peso, como Aquiles Priester na bateria, já que buscavam um músico de alta capacidade para registrar as músicas, além de Vitor Rodrigues participando em 3 faixas.
A banda também prepara o lançamento do álbum no exterior, sendo que gravou recentemente a faixa "Quest of Illusion 2014", que entrará como bônus nessa versão que sairá lá fora, além disso, recentemente o guitarrista Johnny Moraes foi selecionado para a banda de apoio do vocalista Warrel Dane, na sua tour pela América do Sul.
Confira a exclusiva que a banda concedeu ao Road, onde conversamos sobre o álbum, planos futuros e muito mais! (ENGLISH VERSION: CLICK HERE)
Road to Metal: A Hevilan é uma banda com certa trajetória, com alguns anos de estrada, mas parece-nos que, apesar do destaque com o EP “Blinded Faith” em 2006, só agora, com o lançamento do “The End of Time” que o grupo passou a chamar atenção na mídia especializada nacional. O ano de 2013 foi a escolha ideal para o disco? Desde quando vocês possuíam essas canções e quando decidiram que era hora de torna-las parte de um disco?
Johnny Moraes: Na verdade, a escolha do ano de 2013 para lançar o disco não foi intencional, a produção do álbum foi demorada mesmo. Ela envolveu a participação de quatro estúdios diferentes: Spark, El Rocha, Johnny’s lair e finalmente o Norcal, onde foi finalizado. As canções envolvem um grande período composicional meu e do Biek. A música mais nova deste trabalho é a “Re-Genesis”.
Biek Yohaitus: Nós compomos muito porque nos sentimos muito bem fazendo isso. Para esse trabalho foram quase 30 músicas minhas e do Johnny. Nós selecionamos 9 músicas do “The End of Time” em 2012. Outras 5 já estão gravadas, uma saiu como bônus track aqui no Brasil (“Blinded Faith”) e a “Quest of Illusion” está saindo na Europa agora no primeiro semestre. Ambas são re-gravações de músicas do nosso primeiro EP.
Road to Metal: Quando recebi o CD em casa, confesso que não conhecia a Hevilan. Mas a primeira impressão (confirmada depois na audição) foi a de que o grupo quis causar impacto, já pela capa e material gráfico excelente. Falem um pouco sobre a escolha de duas capas como essas feitas por Robson Piccin, além do trabalho geral gráfico.
JM: O Róbson é um profissional extremamente talentoso no mercado de artes gráficas, e mais especificamente no Heavy Metal. Vim conhecer o trabalho dele em 2006, através da banda Lothloryien, que tinha feito a arte do seu primeiro disco com ele, e fiquei bem impressionado com a qualidade do desenho e os detalhes de cores e fontes desenvolvidos. Com isso, eu acabei procurando ele para fazer a capa e arte do EP, em 2006, e nós todos ficamos muito satisfeitos com o resultado na época. Foi natural portanto, buscar novamente o trabalho dele para o nosso álbum debut, e mais uma vez, ele excedeu nossas expectativas.
Road to Metal: Ao colocar o disco rodar, a primeira impressão é de que a banda tem muita energia e gana em fazer um som forte, rápido, mas sem soar por demais técnico, garantindo todos os elementos necessários para fazer um grande álbum. Apesar da qualidade de todos os integrantes, o que mais me chamou atenção logo de cara foi o vocalista Alex Pasqualle, com uma postura bem agressiva, sem esquecer da melodia, um pouco incomum na cena brasileira. Falem um pouco mais sobre a atual formação e como ela define a personalidade da banda na atualidade.
BY: O mais importante é o amadurecimento pessoal e musical de nós 3 que somos o Hevilan hoje. Já tivemos outras bandas e aprendemos com nossos erros. Logo, podemos criar uma parte difícil de tocar, ou também podemos deixar a composição fluir mais naturalmente. A sonoridade do Hevilan (escura, agressiva, mas ao mesmo tempo com melodia) sempre nos agradou muito.
JM: Nós sempre valorizaremos a canção. Um bom riff de guitarra, uma boa melodia vocal. Logo, precisamos de um ótimo cantor e achamos essa pessoa no Alex, que eu acredito ser um dos melhores do Brasil, sem dúvida.
Road to Metal: Falem um pouco como surgiu a oportunidade de contar com Aquiles Priester nas baterias desse álbum, e sobre quem assumirá as baquetas em definitivo na banda. Que características vocês procuraram para o novo integrante? Certo que é um grande músico, já que algumas partes criadas pelo Aquiles, somadas a sonoridade do Hevilan, exigirá bastante do novo integrante.
JM: A oportunidade para o Aquiles participar veio através de um amigo em comum, o Ricardo Nagata, que o indicou para fazer a gravação. Sobre o novo batera, garanto que todos vão se surpreender positivamente com a escolha.
BY: Algumas coisas são importantes para ser do Hevilan. Primeiramente, a pessoa tem que ser tecnicamente capaz de executar todas as músicas. Segundo, ter uma boa convivência com todos. Ser estrela nunca ajudou nenhuma banda a chegar a lugar nenhum. E terceiro e mais difícil, é ser Metal como nós somos. Não adianta nada saber tocar e leiloar o trabalho porque apareceu “gig” no dia. Tocadores de baile e fazedores de “gig” não servem pra tocar Metal.
Road to Metal: Apesar do grande destaque como convidado ser o Aquiles Priester, é inegável que a participação de Vitor Rodrigues (Voodoopriest, ex-Torture Squad) trouxe um peso a agressividade às 3 músicas que participou. Revelem para nós como se deu esse contato com o vocalista e como foi a escolha das faixas em que o mesmo participaria?
BY: Conheço o Vitor há mais de 10 anos. Convidei-o num show do Torture Squad em São José dos Campos e ele topou sem hesitar. A idéia foi de ele cantar o refrão da “Sanctum Imperium”. Estava curioso para ouvir como ficaria a voz dele junto com um coral lírico. Depois disso pensamos em outros trechos que poderia rolar e tudo correu naturalmente.
Road to Metal: Ainda sobre participações, a verdade é que a banda contou com um grande grupo de artistas que ajudaram a tornar “The End of Time” um dos destaques de 2013. Fale-nos sobe ter um coral e cordas no disco. Para quem está de fora, sempre parece soar muito complicado gravar com esses elementos, já que a maioria das bandas utilizam teclados ou programações. Dividam essa experiência com os leitores.
BY: É bom que se diga: O processo de gravação é simples, pois é como se fosse ao vivo. O difícil num caso desses é fazer acertar o arranjo, para então procurar bons instrumentistas e bons cantores. Depois, ensaiar e reger corretamente todos eles, ser claro em como tem que ser e extrair o melhor de cada um.
JM: Acertar o coral principalmente, não é uma tarefa simples. Tanto que nós refizemos todos os corais, já que da primeira vez, o resultado não atingiu a nossa expectativa.
BY: Verdade Johnny, as notas e o ritmo estavam lá, mas não chegou com o devido “punch”. Quando subimos a banda na mix o coral ficou “magro” demais. Além disso, também gravamos um coral-teste na pré-produção para ver como estava o arranjo. Isso foi útil, pois pude corrigir a “canetada” na “Son of Messiah” e “Sanctum Imperium” (confira no vídeo abaixo).
Road to Metal: “The End of Time”, segundo o release oficial, foi gravado em duas etapas, numa com o renomado Adair Daufembach, noutra no Norcal Studio, que já se tornou referência no Metal brasileiro da atualidade. O fato de contar com profissionais de ponta foi decisivo para o resultado final do álbum?
JM: Absolutamente. Para gravar um disco de qualidade no Metal de hoje em dia, você precisa poder contar com o que há de melhor em termos de produção e equipamento. Nesse sentido, tanto o Norcal quanto o Adair, são as maiores referências no meio brasileiro para a gravação de Heavy Metal, tanto pela qualidade, como pelo equipamento que eles colocam a disposição, para que a banda tenha o melhor resultado possível.
Road to Metal: Algumas bandas acreditam que a melhor maneira de reproduzir a mesma pegada ao vivo em estúdio é num estilo mais vintage, com a banda gravando junta, utilizando o sistema analógico, e que o uso exagerado das tecnologias e artifícios de estúdio, podem ser uma armadilha, tornando o som artificial e até mascarando deficiências. O que vocês pensam a respeito?
JM: O advento da gravação digital trouxe uma clareza muito maior, tanto para a captação dos instrumentos, quanto para a mixagem e master final do disco. Hoje em dia, essa perfeição de execução, captação e mixagem, é quase que uma condição para se lançar um material no mercado. Se não tiver esses artifícios, o público não tem a mesma aceitação do material.
JM: Justamente, um dos motivos para a demora de lançamento do disco, foi o nosso perfeccionismo com a gravação, tudo tinha que ficar exatamente do jeito que escutávamos em nossa cabeça, e enquanto não atingimos o que buscávamos, não nos demos por satisfeitos.
BY: E deu trabalho, mas sim, ficamos satisfeitos e aprendemos muito durante as gravações. Essa é uma das belezas da vida e principalmente da música, sempre novas experiências nos levam a aprender e melhorar.
JM: Para não perder o feeling da gravação, fica a dica: procure fazer cortes mais longos. Tente não fazer emendas em um mesmo riff, por exemplo. Para solos, experimente improvisar um pouco no estúdio antes dos takes definitivos, às vezes isso lhe trará ótimos resultados.
Road to Metal: Vocês investiram bastante no álbum, desde a parte gráfica até as mixagens e masterizações finais. Acredito que esse é o caminho. Se você não investe pesado, num trabalho profissional e de alto nível, não conseguirá seu espaço no cenário. O que vocês pensam a respeito e se um dos grandes problemas da cena é a falta de investir de forma mais profissional, e, até não ter condições de ter recursos para lançar um álbum ou até um EP, seja físico ou na web, o melhor é não fazê-lo para não acabar “se queimando”?
JM: Sem dúvida nenhuma. Se você não puder colocar um material de alta qualidade no mercado, é melhor esperar um pouco mais para lançar o seu disco. Tudo parte de um trabalho bem feito, lapidado e lançado da forma correta. É a partir dai que se colhe os melhores frutos. Investir em divulgação hoje em dia também é muito importante.
BY: Mais importante é ter certeza que se têm as músicas certas e que é realmente o momento. Canso de ver bandas que poderiam fazer um bom trabalho e não o fazem pela ansiedade de lançar algo logo. Pra poder ter um destaque a busca pela excelência é fundamental.
Road to Metal: O disco da banda foi considerado o melhor lançamento de 2013 em votação popular aqui no Road to Metal. A banda esperava essa aceitação, não só por esta votação, mas em muitas outras em que o disco recebeu destaque? Qual o saldo final de 2013 e o que podemos esperar da Hevilan neste 2014?
JM: Esperávamos sim que esse disco fosse ter um impacto bacana na cena Metal, já que ele foi muito bem trabalhado em todos os sentidos: composições, arranjos, corais, linhas de voz, letras, solos, gravação, etc. Ganhamos algumas votações e em outras tivemos colocação de destaque. O importante é que o disco tem aos poucos alcançado o seu público, e que nós estamos colhendo bons frutos desse sucesso.
O saldo final de 2013, foi a importante parceria de distribuição do disco em todo Brasil, fechada com a Voice Music, alguns shows realizados com bastante sucesso e as excelentes críticas que o disco vem recebendo. 2014 será basicamente um ano de shows para divulgação de “The End of Time”, e também estamos fechando a distribuição do disco na Europa e resto do mundo, mas sobre isso falaremos mais para a frente no ano, conforme chegar a hora certa.
O saldo final de 2013, foi a importante parceria de distribuição do disco em todo Brasil, fechada com a Voice Music, alguns shows realizados com bastante sucesso e as excelentes críticas que o disco vem recebendo. 2014 será basicamente um ano de shows para divulgação de “The End of Time”, e também estamos fechando a distribuição do disco na Europa e resto do mundo, mas sobre isso falaremos mais para a frente no ano, conforme chegar a hora certa.
Road to Metal: Agradecemos a atenção a banda. Deixamos este espaço para mensagem final aos leitores do Road.
JM: Quero mandar um agradecimento especial a todos que votaram na banda nessa enquete, e que vem apoiando o nosso trabalho, seja indo nos shows, visitando nossa fan page no Facebook ou comprando o CD.
BY: Todos os shows até agora foram sensacionais, e nós esperamos todo mundo nas próximas apresentações, seja em bares ou festivais, para celebrar o Heavy Metal junto com a gente. Só curtirem a nossa página no Face pra ficar pra ficar por dentro das novidades.
JM: Também deixo um toque aqui pra galera, que existe toda uma nova geração de bandas muito boas na cena do Metal brasileiro atual, e principalmente que lançaram cd’s nos últimos 2 ou 3 anos. Vamos apoiar a cena local, prestigiando os shows das bandas brasileiras. São shows que custam um décimo do valor de um show internacional e que na maioria das vezes te surpreendem com a qualidade das músicas e músicos. Muitas vezes você sai de um show desse mais satisfeito do que de uma apresentação de uma banda gringa, na qual você gasta muito mais, e nem sempre vale o seu dinheiro. Fica o toque!
Entrevista: Eduardo Cadore/Carlos Garcia
Edição/revisão:
Fotos: Divulgação
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