O Rigor Mortis BR é mais um dos nomes promissores e fortes da cena do Metal Extremo brasileiro, vinda do estado do Rio Grande do Sul, que possui grande tradição no estilo, revelando grupos como Krisiun e Mental Horror por exemplo. (english version HERE)
A banda teve um pequeno hiato, com Alexandre (guitarrista e fundador) passando um tempo no exterior, mas seguindo sempre com a ideia de dar continuidade ao trabalho. Os frutos começaram a vir com o lançamento do full-lenght "The One Who...", que traz um Brutal Death Metal com sonoridade orgânica, recebendo muitos elogios, inclusive sendo indicado como um dos 100 melhores álbuns de Death Metal de 2016 da América Latina. Para falar sobre esse álbum e outros assuntos, conversamos com a banda, e vocês conferem a seguir.
RtM: Saudações! Aqui é o Carlos Garcia do Road to Metal, parabéns pelo trabalho, é sempre louvável seguir na luta e acreditar, lançar um álbum...segue abaixo algumas questões, para falarmos sobre esse disco, e também sobre o que vocês tem conseguido construir, e sua percepção sobre a cena Metal atual.
Alexandre Rigor Mortis: Saudações Carlos, obrigado pelo contato.
RtM: Para início de conversa,
conte-nos um pouco sobre a produção de “The One Who...”, que para o lançamento
contou com a parceria da Sangue Frio.
Alexandre Rigor Mortis: A produção do “The One Who…” foi
feita totalmente por mim (Alexandre Rigor Mortis - guitarrista) já que eu ganho
meu pão com isso faz muitos anos, (sou produtor musical, técnico de gravação,
mixagem e masterização na Dark Medieval Times). O processo todo foi feito com
bastante calma e com todo cuidado aos detalhes mas não no sentido de se ter um
álbum com a perfeição plástica e fria das produções digitais de hoje em dia,
cheias de ‘replaces’ de guitarra, bateria e com um excesso de edição.
"O que eu tinha em mente era manter a minha linha de trabalho e tentar resgatar o feeling das gravações da década de 90 " (Alexandre) |
Alexandre Rigor Mortis: O que eu
tinha em mente era manter a minha linha de trabalho e tentar resgatar o feeling
das gravações da década de 90 onde tudo era realmente captado, gravado com o
mínimo de edição possível e realmente mixado em uma mesa de mixagem e não
‘inbox’ (no computador). As gravações foram feitas nos moldes antigos onde se
grava e regrava infinitas vezes ate se obter o resultado desejado em vez de
sentar em um computador e ficar editando milimetricamente. Em vez de ficar
horas equalizando e usando toneladas de Plug-ins eu prefiro gastar dias com o
posicionamento de microfones, testando-os, enfim, testando tudo e
experimentando ate chegar o mais próximo possível do resultado final. O
processo de masterização foi feito 90% em analógico, resultando em uma mixagem
natural em todos os aspectos bem na linha das produções da década de 90.
RtM: E quanto ao que vocês tem sentido com relação a Investimento x Retorno, algo que acaba deixando muitas bandas receosas de investir em material novo, principalmente o lançamento do material físico?
Christian: Quanto ao
investimento x retorno acho que quem toca metal extremo faz mais por amor, pois
são poucas as bandas que se destacam a ponto de ter um bom retorno financeiro.
Investimentos são necessários.
RtM: Ainda como complemento da
pergunta anterior, vejo o pessoal reclamar bastante dessa questão de,
naturalmente, ter de investir para fazer acontecer, mas não obter o retorno, ou
um retorno que chega somente ao longo prazo. É preciso adaptar-se a realidade
do país? Que saídas você vislumbra para uma banda manter-se ativa?
Alexandre Rigor Mortis: Carlos, não digo realidade do país, mas realidade do mundo atual.
As coisas hoje não funcionam mais
como na desada de 90, por exemplo,onde você investia uma grana violenta em uma
demo mas se uma gravadora/selo grande se interessa-se pela sua banda o
investimento era garantido. Isso não existe mais. Quando um selo/gravadora hoje se interessa por você, o máximo que ela faz é bancar sua próxima gravação, distribuição
do material e arrumar uma agenda para divulgar o material.
Ricardo (Chakal):Realmente não é difícil só para a banda, digo isso em um
modo geral, nos dias atuais temos que nos adaptar, mas de certa forma a
facilidade de divulgação é enorme, a Internet é a melhor ferramenta para isso,
vi isso pelo retorno que a banda vem tendo, está sendo satisfatório.
RtM: Sobre este debut, conte pra gente
como é ter finalmente o álbum completo lançado, e o que a experiência de viver
fora do Brasil acrescentou?
Alexandre Rigor Mortis: Cara, está
sendo muito legal porque a receptividade esta foda pra caralho. Brasil, Europa,
EUA, Indonésia… o pessoal realmente esta gostando do álbum. Agora ainda fomos
indicados como um dos 100 melhores álbuns de Death Metal de 2016 da América
Latina, então a coisa está realmente boa. Acho que viver fora do país me ajudou
em vários aspectos como músico. Me deixou mais completo uma vez que tive que
lidar com todos os aspectos da música para viver ganhar a vida la fora.
RtM: A respeito do álbum, e também até
para situar quem ainda não é familiarizado com a banda, gostaria que você
discorresse sobre as suas influências, sendo que vejo bem claras a do Cannibal
Corpse, além de outras bandas do Death Metal Norte Americano, e como você foi
lapidando a identidade do grupo durante esses anos? E quais seriam para você os
elementos que melhor representam a identidade do Rigor Mortis BR?
Alexandre Rigor Mortis: O
que eu percebo é que, tirando a galera que come, bebe e respira Death Metal, os
headbanger classificam o Death Metal da seguinte maneira: Se for mais técnico
logo comparam ao Cannibal Corpse, se for mais old school logo comparam ao
Morbid Angel, se for mais Blackned logo comparam ao Deicide. Se fosse para
comparar nosso som eu diria que é um “Immolation com afinação mais baixa,
misturado com Severe Torture e com algumas pitadas de Suffocation e Dying
Fetus”.
Acho que o que mais representa a
identidade da Rigor Mortis BR nesse álbum e isso será mais forte no próximo
álbum é a brutalidade das músicas, a parte técnica das composições, a tendência
progressiva dos sons.
Christian: As influências acabam sendo muitas,
pois todos acabam levando um pouco de si. Acho que o Death Metal em geral.
Quanto aos elementos eu diria que a brutalidade seria a principal.
RtM: Falando um pouco sobre as faixas,
gostaria que nos falasse um pouco mais a respeito da “Psychotropic Illness”,
que passa a sensação de ser uma das que melhor representa a evolução da banda
em termos de composição, e tenho visto muitos elogios para esta música.
Alexandre Rigor Mortis: É
realmente muito bom ter esse feedback das pessoas que ouvem as músicas. Isso
nos ajuda em todos os sentidos e nos faz sentir valorizado todo nosso esforço e
também nos serve como um norte para fazer um futuro vídeo.
É legal saber que as pessoas
conseguem perceber isso em relação as composições. Temos diversos elogios em
diversas músicas e cada um ressaltando uma qualidade delas.
A “Psychotropic Illness” é uma
música muito madura realmente, e foi uma das que foram compostas do início ao
fim para esse álbum. Algumas composições já existiam e eu somente terminei os
arranjos e organizei a harmonia. É uma das músicas que provavelmente revela
muito de nossa identidade, assim como “Find Body Parts Toy” e a “Medieval
Impalement”. Mas todas foram feitas pensando apenas em nos representar
fielmente e mais nada.
Christian: Ficamos felizes
com isso. Acho essa música muito boa, é bem pesada e o pessoal recebeu muito
bem. Todas músicas nos levaram ao limite e essa realmente ficou bem bacana.
Citaria também a “Medieval Impalement”.
RtM: Outra faixa que se destaca
bastante é “Febrônio Índio do Brazil”, baseada nesse caso, que até foi abordado
no programa Linha Direta, da Rede Globo, lá em 2004.
Alexandre Rigor Mortis: O
Febrônio Índio foi uma espécie de ícone para mim na minha adolescência. A sua
história foi algo que me marcou era algo mágico para mim, meio que lenda, eu
não conseguia imaginar que fosse real a vida dele e desde de meus 16 anos eu
dizia que um dia faria uma música para ele e quando surgiu a música eu logo
identifiquei com a imagem dele, ai cheguei para o nosso vocalista (Rafael) e
disse “essa música vai se chamar o Filho da luz” e ele já sabia de quem eu
estava falando. Deu no que deu.
RtM: O Sul é conhecido pela quantidade
de ótimas bandas de Metal Extremo e Brutal, e sempre são olhadas com mais
atenção as bandas do estilo oriundas daqui. Você acredita que seja algo que
possa ajudar o Rigor Mortis BR nessa caminhada? Que fatores mais podem ser
buscados para outras trilharem um caminho de um Krisiun, por exemplo, que
conquistou uma certa independência e pode viver somente de Metal.
Alexandre Rigor Mortis: Com
certeza quando se fala que uma banda é do Sul, os olhos se voltam de forma mais
severa e critica quanto ao que se esperar. Mas acho isso muito bom porque eleva
muito o nível das bandas daqui do Sul.
Hoje existem muitas bandas fodas
de metal extremo por aqui no e uma hora, cedo ou tarde selos/gravadoras grandes
perceberão isso.
Quanto a viver do Metal é um
sonho que nós queremos conquistar e é um processo que exige muito trabalho,
tempo, dedicação e um pouco de sorte também.
Christian: Acho que tudo
vem com muito trabalho e dedicação. As vezes se conta um pouco com sorte vamos
dizer assim. O Rio Grande do Sul tem muitas bandas ótimas de Death Metal. Isso
acho que acaba gerando uma expectativa pelo que surge por aqui.
"Viver do Metal é um sonho que nós queremos conquistar e é um processo que exige muito trabalho, tempo, dedicação e um pouco de sorte também." |
Alexandre Rigor Mortis: Acho
que sim Carlos. Acho que cada vez mais esse será o caminho.
Hoje vemos cada vez mais bandas
que antes eram amparadas por selos/gravadoras grandes procurarem o
autofinanciamento ou buscar selos por conta própria para lançarem um álbum.
Eu vejo muitos pontos positivos
nisso, e um deles é que, como não se tem um contrato não existe a obrigatoriedade
de se produzir um álbum com data marcada forçando a barra nas músicas e
composições. Só se produz quando se tem material de verdade e suficiente. Outro
lado positivo é que a banda hoje mais que nunca participa ativamente da
distribuição e pode escolher com quais selos e como seu álbum será distribuído.
RtM: Tem algumas outras questões também em que um suporte de selo/gravadora faz falta.
RtM: Tem algumas outras questões também em que um suporte de selo/gravadora faz falta.
Alexandre Rigor Mortis: Sim, o lado negativo da produção independente é que não existe
aquele apoio financeiro imediato, e também suporte para se gravar e montar efetivamente
uma agenda de shows no pós lançamento; coisa que somente uma gravadora/selo
pode te dar e o número bem maior em relação a prensagem do material e suporte
para arte. Ainda tem a questão de distribuição internacional que com
selos/gravadoras grandes acontece facilmente.
Pessoal, muito obrigado pela atenção, mais uma vez parabéns pelo trabalho, fica o
espaço para sua mensagem final!
Christian: Agradecer o
espaço, ao pessoal que tem acompanhado a Rigor Mortis BR e apoiado a cena.
Entrem em contato conosco. Em 2017 queremos tocar ai na sua cidade. Valeu.
Ricardo
(Chakal): Gostaria de agradecer o espaço, você Calos e pessoal da Road to
Metal, Patrick e a Sangue Frio Produções
que sempre está nos ajudando aí nessa caminhada, e a todos os headbangers que
nos apoiam e nos acompanham, forte abraço.
Alexandre Rigor Mortis: Obrigado
Carlos e Road to Metal !!!
Quero dizer ao bangers que a
única maneira de apoiar uma banda que você curte é comprando o material (CD,
camisas) divulgando e indo aos shows.
Estamos montando nossa agenda
para 2017!!! Entrem em contato !!!!
Entrevista: Carlos Garcia
Rigor Mortis BR are:
Alexandre Rigor Mortis: Guitars
Leafar Sagrav: Vocals
Christian Peixoto: Bass
Ricardo Chakal: Drums
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Sangue Frio Management
Entrevista: Carlos Garcia
Rigor Mortis BR are:
Alexandre Rigor Mortis: Guitars
Leafar Sagrav: Vocals
Christian Peixoto: Bass
Ricardo Chakal: Drums
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