segunda-feira, 3 de junho de 2024

Black Priest: Identidade Marcante e Heavy/Doom Empolgante

 


Tem resenhas que se tornam muito, muito fáceis. "Fatal", primeiro full-lengh do Black Priest é uma delas. Típico álbum em que nos primeiros minutos você já sente que é diferente, e instantaneamente está preso nesse culto metálico. 

Os cinéfilos costumam citar o "teste dos 15 minutos", se um filme não conseguir te prender nos primeiros quinze minutos é porque não vale a pena. No caso de um álbum de Metal, podemos tecer um paralelo semelhante, pois se logo nos primeiros minutos a música não te envolve, dificilmente lhe agradará ao decorrer dos minutos seguintes.

O Black Priest envolve o ouvinte por completo, com seu Metal poderoso, carregado de climas sombrios, teatrais e tensos. A cozinha pesada e os  riffs e melodias marcantes se unem aos vocais distintos e criativos de Vinícius Libânia, que busca em mestres como Halford e King Diamond sua inspiração.

Formada em 2019 no Rio de Janeiro, a banda já lançou vários singles e dois EPs (um ao vivo), além de vídeos muito bem produzidos, investindo no seu trabalho, desta forma não é surpresa a qualidade deste Full lenght, que traz 9 novas faixas, incluindo a intro de abertura.

As músicas trazem um clima por vezes sombrio e tenso, e os padres vão contando suas histórias angústia e horror, permeadas pelo seu Heavy/Doom Metal, que traz influências dos clássicos, porém com uma pegada contemporânea. Só para situar o ouvinte, citaria como base Sabbath (principalmente fase Dio), Judas Priest, King Diamond e Candlemass.

Após a intro "Crux Tempesta", temos "Catacombs", uma paulada já de cara. Riffs poderosos e marcantes, cozinha pesadíssima e bem trabalhada, andamento dinâmico e com refrão poderoso. A variedade vocal de Vinícius transita por nuances dos mestres King Diamond e Halford, se mostrando também seu feeling na maneira que interpreta as músicas. 

"Predator's Lust" com seu clima sombrio e peso não nos dão tempo de recuperar o fôlego. Andamento mais cadenciado, destacando o trabalho da cozinha de G.G. e Phill. Vinícius traz vocais mais agressivos, que combinam com o clima proposto.

"Let me In" tem um andamento veloz e frenético, e aqui Vinícius invoca o mestre King Diamond, alternando vocais altos, graves e outros quase narrados. O acréscimo dos teclados deu um clima ainda mais tenso a canção. Destaque para os solos de Raphael. Mais uma faixa com elementos imprescindíveis para uma ótima música de Heavy Metal!

"The Common Violence" inicia como um borbadeio vindo da batera, enquanto que os riffs da guitarra vem em um crescente, o andamento traz um ritmo meio oriental, dando ares épicos e tensos. Os corais ao fundo durante o refrão reforçam o clima sombrio das diversas "camadas" da música.

"The Ghost" é outra mostra perfeita do Heavy/Doom empolgante do Black Priest, com peso, dinâmica que não permite ninguém ficar sem bater cabeça, melodia e muitas mudanças de climas, com Vinícius sempre trazendo interpretações marcantes e variedade vocal. Por vezes me lembram momentos de um dos grandes nomes do Doom brasileiro, o Imago Mortis, que também nasceu no RJ.

"Fear Itself" inicia com uma intro de clima tétrico, para depois explodir com melodias marcantes da guitarra, cozinha pesadíssima, e mantendo o andamento cadenciado. Aqui eles experimentam com nuances mais contemporâneas, diria até com algo de bandas dos anos 90, em uma  "balada"  pesadíssima e angustiante. 

"Secret Desire" inicia já com nuances puramente Doom, com a narrativa e sirenes ao fundo trazendo sensações quase claustrofóbicas,  que só aumentam com o peso e cadência dos riffs e andamento arrastado, até chegar a parte final, onde o ritmo acelera, em um final arrebatador.

Fechando o álbum, temos a dark e épica  "All I See is Black", que inclusive ganhou um vídeo com animação feita por IA. Com seu andamento cadenciado, carregado de melodias sombrias, com os teclados ao fundo e as narrativas dão um clima ainda mais tétrico ao tema, culminando no refrão marcante e angustiante. 

É preciso aplaudir a qualidade, entrosamento, e capacidade da banda em forjar músicas empolgantes, manter o interesse do ouvinte e mostrar uma identidade marcante, coisas cada vez mais raras. Coisa de quem tem bagagem e sabe onde quer chegar.

O Black Priest pratica um Heavy Metal que eu, e certamente muitos headbangers, querem e gostam de ouvir. Ansioso pelo o que o futuro reserva para esse quarteto.

Texto: Carlos Garcia 
Banda: Black Priest
Álbum: "Fatal" 2024 
Pais: Brasil (Cidade RJ)
Estilo: Heavy Metal, Doom Metal

Black Priest é:
Vinicius "The Priest" Libânia: Vocais
G.G. Neto "The Evil": Baixo
Raphael "The Spectre" Ribeiro: Guitarras
Phill "The Healer" Drigues: Bateria 

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