terça-feira, 2 de julho de 2024

Cobertura de Show: Best of Blues and Rock – 22/06/2024 – Parque do Ibirapuera/SP

O verão fora de época levou o público paulistano para o anfiteatro (ao ar livre) do Ibirapuera, situado na zona sul de São Paulo, para mais uma edição do tradicional Best of Blues And Rock. O festival, que este ano voltou ao formato de um dia, tem como regra juntar os maiores nomes da guitarra elétrica e bandas de diferentes estilos dentro do cenário roqueiro. Outras capitais do Brasil, como Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, também tiveram a chance receber o evento, só que com o line-up distinto do de São Paulo.

Vale sempre ressaltar o cuidado no que tange a organização, respeitando o horário da abertura dos portões e do cronograma dos shows, que começaram pontualmente no horário. Aqueles que chegaram cedo aproveitaram o clima ensolarado para se bronzear, visitar os stands dos patrocinadores, tomar aquela gelada, rever os amigos e adquirir os produtos das atrações e do próprio festival, ou seja, um pacote completo para um dia incrível, e o Best Of Blues..., mais uma vez, superou as expectativas. 

A 11º edição teve as participações dos guitarristas Zakk Wylde, Joe Bonamassa e Eric Gales ao lado dos brasileiros Di Ferrero (vocalista do NX Zero) e CPM 22. As atrações nacionais renderam performances até que interessantes, que agradou principalmente os fãs mais jovens e o público da faixa dos 25 e 30 anos com hits que fizeram sucesso nos anos 2000 nas principais rádios. Os mais velhos relevaram ambos os shows, alguns deles aproveitaram para fazer as famigeradas piadas e gestos emotivos durante a primeira atração, mas de maneira descontraída e sem maldade.

Assim que encerrou sua participação na coletiva de imprensa, Eric Gales correu diretamente para o palco para mostrar as suas habilidades para o público, que já era grande nesse momento. Com uma carreira extensa e diversos álbuns lançados, o guitarrista – também conhecido como Raw Dawg – encantou os fãs de longa data quanto aqueles que nem se quer tinha ouvido falar, especialmente, com o seu energético Blues Rock.

Demonstrando grande alegria por estar mais uma vez no Brasil, Eric incentivava incessantemente o público para aproveitar cada momento do show, principalmente na hora que executou Put That Black, que foi precedida por uma empolgante jam com influências de capoeira e a galera balançando as mãos no estilo hip-hop. A música está presente no disco mais atual, “Crown”, que dominou boa parte do setlist; Steep Climb, famosa por ter a colaboração de Zakk Wylde, também foi um dos destaques. Porém, infelizmente, a esperada participação não aconteceu.

Além das composições autorais, teve também a presença das marcantes Voodoo Child (Jimi Hendrix) – seguida de uma emenda com Für Elise (Beethoven) –, Kashmir (Led Zeppelin) e Back in Black (AC/DC), que encerrou o show de forma arrebatadora. Após essa nova visita ao Brasil, Eric conquistou novos admiradores não apenas pelo seu invejável talento na guitarra, mas também por sua simpatia e humildade, vinda também dos músicos Nick Hayes (bateria) e LaDonna Gales (percussionista e esposa do Eric). Após o término do espetáculo, Eric fez questão de circular pelos arredores e posar para fotos com aqueles que o abordavam.

Em seguida, foi a vez de Joe Bonamassa embelezar o início da noite com toda a graciosidade de um verdadeiro Blues Man. O ilustre guitarrista, que também é famoso por fazer parte do Black Country Communion ao lado do Glenn Hughes, Derek Sherinian e Jason Boham, vem revolucionando o Blues contemporâneo. Da primeira a última música, o nova iorquino – que não vinha ao Brasil há onze anos – cativou todos com sua técnica impecável e estilo único de tocar, demonstrando ser o nome mais respeitado do gênero nos últimos tempos. Acompanhado por sua talentosa banda, Joe proporcionou um espetáculo e tanto.

O repertório foi focado nas músicas de seu mais recente trabalho, “Blues Deluxe Vol. 2” (2023), que conta com apenas duas composições próprias, uma delas é Hope You Realize It (Goodbye Again), que começou o show em grande estilo, destacando os excelentes vocais de apoio de Jade McCrae e Danielle De Andrea. Ainda deste álbum, também foram apresentadas Twenty Four Hour Blues e Well, I Done Got Over It, trazendo um mix perfeito de elegância e diversão à noite.

Self Inflicted Wounds e Double Trouble foram as mais aclamadas durante a metade do show. A primeira, retirada do excelente álbum “Redemption” (2018), destacou-se pela beleza em seus solos e vocais magníficos de Joe, sendo o ponto alto da noite para mim. Enquanto a segunda demonstrou todo o poder do tecladista Reese Wynans, famoso por ter trabalhado com Stevie Ray Vaughan, com um solo de arrepiar de teclado. Seu ritmo envolvente certamente fez com que a plateia masculina, acima dos 50 anos, relembrasse os tempos frequentados nos tradicionais inferninhos.

O show encerrou com Just Got Paid, do ZZ Top, onde Joe abusou de sua habilidade, que a cada ano se enriquece ainda mais. No meio da música, houve espaço para uma breve interpretação de Dazed and Confused, do Led Zeppelin, e um solo de bateria do Lemar Carter antes de todos deixarem o palco. Joe, claro, foi calorosamente aplaudido e ovacionado ao gritos de “Joe, Joe”.

Na última atração da noite, quem subiu ao palco foi ninguém menos que Zakk Wylde, que já havia se apresentado na nona edição do Best Of Blues..., em 2019, ao lado de Kenny Wayne Sheperd. Desta vez, Zakk veio com o projeto Zakk Sabbath, que homenageia a maior instituição da música pesada do mundo, o Black Sabbath.

A grande maioria, todos vestidos com camiseta do Black Label Society, Pantera e Black Sabbath, tomou conta do local para ver a incomparável performance do Zakk na guitarra desde cedo. Alguns não estavam muito convencidos sobre a proposta de um show tributo, muitos, assim como eu, preferiu um show com músicas originais que o Zakk compôs ao longo da sua carreira, e olha que reportório – incluindo a carreira solo e o pouco lembrado Pride & Glory – ele tem de sobra. Mas graças aos deuses (aludindo ao Viking do Zakk), acabaram se rendendo com a ideia logo nos primeiros minutos de “Supernaut”.

A seleção das músicas é um dos pontos a se evidenciar, que fugiu do tradicional Be a Ba. Poderia ter Iron Man, Paranoid, Sweet Leaf e Black Sabbath? Claro que sim! No entanto, Zakk optou por algo mais audacioso e percebeu que existem faixas tão excelentes quanto as citadas, e algumas delas conseguiram fazer o público aplaudir, se animar e vibrar, como foram os casos de Snowblind, Tomorrow’s Dream, Wicked Sword, Lord Of This World e Hand of Doom.

Outro ponto interessante a ser destacado é a forma como Zakk interpreta essas músicas guitarristicamente (sem tentar forjar uma imitação ao mestre dos riffs Tony Iommi) e vocalisticamente, apesar de haver uma pequena semelhança com a voz do seu antigo patrão. Zakk foi simplesmente Zakk, do início ao fim, trazendo uma nova perspectiva para a obra imortal do Black Sabbath com seu timbre e solos característicos.

E falando em solos, Zakk não poupou as suas energias quanto a isso, chegando a estender certas músicas com extremo malabarismo, deixando alguns irritados com tal façanha. Exemplos disso foi na hora de Under The Sun/ Every Day Comes and Goes e N.I.B. A cozinha, formada pelo baixista John DeServio (Black Label Society) e o baterista Joey Castillo (Queens of Stone Age, Danzig, Eagles of Death Metal, California Breed e etc.), também teve seus destaques. Os dois despojaram todas as suas forças para entregar um som pesado e potente.

O Best Of Blues and Rock desse ano foi um verdadeiro sucesso em todos os aspectos, oferecendo espaço excelente, organização impecável e, sobretudo, atrações musicais de alta qualidade de variados estilos, evidenciando que é possível unir pessoas de diferentes tribos e gostos incomum de forma harmoniosa.

 

Texto: Gabriel Arruda

Fotos: Roberto Sant’Anna

Edição/Revisão: Gabriel Arruda

 

Realização: Dançar Marketing

Mídia Press: FleishmanHillard Brasil

 

Di Ferrero

Um Brinde

Além de Mim

Daqui pra Frente

Intensamente

Só Rezo

Aonde é o Céu

Cedo ou Tarde

Corpo Fechado

Ligação

Hoje o Céu Abriu

Californication (Red Hot Chili Peppers cover)

Polarizado

Outra dose

Pela Última Vez

Razões e Emoções

Sentença

 

Eric Gales

Smokestack Lightning (Howlin’ Wolf cover)

You Don't Know the Blues

Put That Back

Capoeira Jam (Berimbau)

Steep Climb

Too Close to the Fire

Voodoo Child (Slight Return) / Für Elise / Kashmir / Back in Black / Voodoo Child (Slight Return)

 

Joe Bonamassa

Hope You Realize It (Goodbye Again)

Twenty‐Four Hour Blues (Bobby “Blue” Bland cover)

Well, I Done Got Over It (Guitar Slim cover)

I Know Where I Belong

Self-Inflicted Wounds

I Want to Shout About It (Ronnie Earl and the Broadcasters cover)

Double Trouble (Big Bill Broonzy cover)

I Feel Like Breaking Up Somebody's Home Tonight (Ann Peebles cover)

The Heart That Never Waits

Just Got Paid (ZZ Top Cover) / Dazed and Confused (Led Zeppelin Cover) / Drum Solo

 

Zakk Sabbath

Supernaut

Snowblind

Under the Sun/Every Day Comes and Goes

Tomorrow's Dream

Wicked World

Fairies Wear Boots

Into the Void

Children of the Grave

Lord of This World

Hand of Doom

Behind the Wall of Sleep

N.I.B.

War Pigs

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