domingo, 24 de agosto de 2025

Cobertura de Show: Cradle of Filth lidera noite de atmosfera obscura ao lado de Uada e Tellus Terror

 


Cobertura por: Jéssica Valentim 
Fotos: Roberto Sant'anna
Local/Data: Carioca Club SP - 23/08/2025
Realização: NDP e Sob Controle 

No sábado, 23 de agosto, São Paulo recebeu o terceiro e último show em solo brasileiro do Cradle of Filth, um dos maiores nomes do black metal mundial. A apresentação integrou a turnê The Screaming of Americas, que divulga o mais recente álbum da banda, "The Screaming Of The Valkyries", lançado em março deste ano pela Napalm Records. 

Antes de encerrar a passagem pelo país na capital paulista, o grupo britânico já havia se apresentado em Limeira e Curitiba, seguindo agora para outras datas na América Latina. A noite contou ainda com a abertura dos brasileiros da Tellus Terror e dos norte-americanos da Uada, responsáveis por aquecer o público antes da performance principal.





Metal extremo nacional em destaque: Tellus Terror conquista o público

A Tellus Terror surgiu em 2012 em Niterói, Rio de Janeiro, e desde então se consolidou na cena do metal extremo brasileiro com sua proposta única de misturar sonoridades brutais a atmosferas sombrias e conceituais. 


O primeiro álbum, EZ Life DV8 (2014), rendeu elogios internacionais e colocou a banda em festivais ao lado de nomes como Behemoth, Belphegor e Krisiun. Em 2023, o grupo lançou seu segundo trabalho, DEATHinitive Love AtmosFEAR, que combina uma aura obscura e vampírica com o tema incomum do amor, explorando suas facetas mais intensas e contrastantes.


Pontualmente às 17h, a Tellus Terror subiu ao palco com sua formação atual: Felipe Borges (vocais), Maurício Belmonte e Victor Magalhães (guitarras), Gabriel Magalhães (baixo), Gabriel Filgueiras (bateria) e Rodrigo Boechat (teclados). 


Desde os primeiros acordes, a banda impressionou pela força técnica e pela presença de palco. O setlist, embora enxuto, passeou pelos dois álbuns já lançados e foi suficiente para conquistar o público (ainda tímido, com cerca de metade da ocupação da casa) e preparar o terreno para a atração principal da noite. 


Com sua sonoridade poderosa e identidade bem definida, a Tellus Terror se confirma como um nome a ser acompanhado de perto, especialmente por quem busca referências nacionais de qualidade no metal extremo. 

Setlist Tellus Terror
Amborella's Child
Absolute Zero
Darkest Rubicon
Psyclone Darxide
Empty Nails
Lone Sky Universum
Shattered Murano Heart
Sickroom Bed
Brain Technology Pt. II




Uada entrega intensidade e atmosfera sombria em São Paulo

Marcado para as 18h, o quarteto encapuzado subiu ao palco por volta das 18h10, sob uma introdução densa e obscura que já antecipava o clima da apresentação: um set repleto de peso, bem construído, melódico e carregado de atmosfera, fiel à proposta da banda de entregar um black metal melódico com harmonia e alma.


A ambientação seguiu um tom intimista e sombrio. Embora não parecesse haver a intenção de manter as identidades dos músicos em completo sigilo (à semelhança de grupos como Ghost, Sleep Token e até os primórdios do Slipknot), o uso de iluminação mínima, quase inexistente, reforçava a ideia de que a experiência deveria ser focada no som em si, sem distrações visuais além do logo projetado no telão ao fundo.

Um dos pontos altos foi o duelo de guitarras, com melodias que se complementavam em momentos instrumentais, criando camadas sonoras que arrebatavam a plateia. As constantes mudanças de andamento nas composições mantinham o público em êxtase, respondendo com gritos entusiasmados, headbangs e até mesmo tentando acompanhar os vocais. Muitos fãs vestiam camisetas da banda, evidenciando a devoção de quem aguardava a oportunidade de vê-los ao vivo no Brasil.


A apresentação foi alta, densa e poderosa, uma verdadeira imersão no universo criado pelo grupo. O setlist contemplou faixas marcantes da carreira, equilibrando atmosferas melódicas com passagens mais agressivas, o que reforçou a habilidade da banda em transitar entre delicadeza e brutalidade sem perder identidade.
Próximo ao fim, um incidente chamou atenção: o vocalista tropeçou e chegou a cair no palco. 

Longe de ser motivo de riso, a cena apenas evidenciou a entrega e intensidade da performance, já que o músico rapidamente se recompôs e seguiu sem deixar a energia cair. O episódio acabou funcionando como um detalhe humano em um espetáculo que se mostrou preciso e impactante.


Com essa apresentação, a banda confirmou o porquê de ser considerada uma das mais consistentes do black metal melódico atual, deixando claro que sua relação com o público brasileiro ainda tem fôlego para novos encontros.

Setlist Uada
Natus Eclipsim
Djinn
Blood Sand Ash
Cult of a Dying Sun
Black Autumn, White Spring




Show do Cradle of Filth celebra passado e presente da banda

Às 19h22, Dani Filth surgiu encapuzado no palco do Carioca Club, acompanhado pela atual formação da banda: Marek “Ashok” Šmerda e Donny Burbage nas guitarras, Daniel Firth no baixo, Martin “Marthus” Škaroupka na bateria, Zoe Marie Federoff nos teclados e vocais de apoio. 

Assim que Dani retirou o capuz, a plateia explodiu em aplausos e gritos, dando início a uma noite intensa.


O set foi aberto com “To Live Deliciously”, faixa do mais recente álbum The Screaming Of The Valkyries, lançado em março e foco principal da turnê. Logo em seguida veio “The Forest Whispers My Name”, recebida com enorme entusiasmo pelos fãs. Dani saudou São Paulo em meio a gritos, palmas e chifres erguidos ao alto.


A sequência prosseguiu com “She Is a Fire”, igualmente ovacionada por um Carioca Club completamente lotado. O aspecto visual, sempre marcante nos shows do Cradle of Filth, se destacou mesmo em um palco menor do que os grandes festivais que costumam receber a banda. A presença de cada integrante preenchia todos os espaços, reforçando a grandiosidade da performance.


Ainda do novo álbum, foi a vez da excelente “Malignant Perfection”, que soou poderosa ao vivo, embora desse a impressão de ser menos conhecida pelo público. O registro, aliás, merece destaque: é um dos lançamentos mais consistentes do ano e prova a vitalidade criativa do grupo.


Na sequência, Dani anunciou uma das antigas, a faixa título do primeiro álbum: “The Principle of Evil Made Flesh”, cantada em coro pelos presentes e carregada de nostalgia. Depois, a escolhida foi “Heartbreak and Seance”, do Cryptoriana - The Seductiveness of Decay, que manteve o equilíbrio da setlist ao alternar músicas recentes e clássicos da carreira, mantendo a atenção tanto de novos quanto de antigos fãs.

O ápice do show viria com “Nymphetamine Fix”, um dos maiores sucessos do Cradle of Filth. Executada com perfeição, arrancou gritos e registrou o momento em um verdadeiro mar de celulares erguidos. Sem dúvida, um dos pontos altos da noite. 

Em seguida, “Born in a Burial Gown” manteve a energia em alta antes da execução de “White Hellebore”, última representante do novo álbum no repertório.


Quando a banda deixou o palco, o público não deixou dúvidas de que queria mais. Sob gritos de “Olê, olê, olê, Cradle, Cradle”, os britânicos retornaram para o encore, iniciando com “Cruelty Brought Thee Orchids”, muito celebrada pelos fãs. Na reta final, Dani apresentou “Death Magick for Adepts”, precedida por uma breve introdução falada, dando um tom ainda mais sombrio ao momento.

Para encerrar, não podia faltar talvez o maior hit do grupo: “Her Ghost in the Fog”. Apesar de Dani já ter admitido em entrevistas que não gosta de tocá-la, a canção é uma das mais queridas pelo público e encerrou a noite com chave de ouro. 


Entre técnica apurada, peso sonoro e um visual macabro que continua sendo marca registrada, o Cradle of Filth provou mais uma vez porque segue como um dos nomes mais relevantes do black metal mundial.

Mas nem tudo é perfeito…
Algumas considerações, no entanto, precisam ser feitas em relação ao som apresentado. Talvez pelo fato de o Cradle of Filth estar acostumado a se apresentar em venues maiores e em grandes festivais na Europa, a performance em São Paulo acabou sofrendo com falhas técnicas que destoaram do porte da banda. A bateria, por exemplo, soava desbalanceada, com pratos e bumbos se sobressaindo em excesso, enquanto outros elementos se perdiam na mixagem.


O maior problema, entretanto, foi com o vocal de Zoe Federoff. Em diversas músicas em que ela assume trechos de lead vocals, simplesmente não era possível ouvi-la. A situação foi corrigida brevemente em “Nymphetamine Fix”, quando enfim sua voz apareceu em destaque, mas logo em seguida voltou a ser abafada. 

Apenas na última música, “Her Ghost in the Fog”, o público pôde escutá-la com a clareza que a ocasião pedia.

Essa falha foi especialmente sentida em “White Hellebore”, uma das principais faixas do novo álbum The Screaming Of The Valkyries, cuja atmosfera depende justamente dos vocais de Zoe para ganhar vida. Infelizmente, o resultado ficou aquém do esperado, prejudicando a experiência em momentos-chave do show.


Outro ponto a se destacar foi a reação do público, que em muitos momentos não parecia ser exatamente o público do Cradle of Filth. Em conversas com fãs mais antigos, ficou claro que parte significativa deles não se identifica com a fase mais moderna da banda, preferindo se manter fiéis apenas aos clássicos. 

É uma pena, pois o último álbum, The Screaming Of The Valkyries, é de fato um grande trabalho (ouso dizer, um dos álbuns do ano) e seus videoclipes são verdadeiras produções cinematográficas. Ainda assim, parece que muitos não deram a devida atenção às novas músicas, seja por desinteresse, seja por simples resistência às novidades.


Embora a turnê seja dedicada ao novo álbum, o setlist incluiu apenas seus singles, algo pouco comum em bandas com material fresco a divulgar. Esperava-se que, ao menos, essas faixas fossem conhecidas pelo público, mas não foi o que se viu. Para equilibrar, o grupo apostou em canções mais antigas e alguns dos hits indispensáveis. 

Mesmo assim, a resposta da plateia foi irregular, variando entre explosões de entusiasmo e momentos de frieza. Ficou a sensação de uma atmosfera dividida: um público que celebra o passado, mas que ainda não abraçou o presente.


Vale lembrar que uma banda com mais de três décadas de carreira merece ser ouvida em todas as suas fases. Por isso, fica aqui um apelo: dê uma chance aos lançamentos mais recentes dos seus artistas favoritos. O fato de ainda termos a oportunidade de receber material novo é um privilégio que não deve ser ignorado.



No fim, o Cradle of Filth entregou uma performance intensa e memorável, ainda que marcada por contrastes. Entre o peso da música e a divisão do público, ficou claro que a escuridão da banda segue viva, mesmo diante da resistência de alguns fãs.

Nota: Após o show a tecladista Zöe Marie Federoff, que é casada com o guitarrista Marek Smerda, anunciou sua saída da banda. O fato da saída repentina e faltando vários shows para o fim da tour surpreendeu. A tecladista, em sua comunicação, pediu que respeitem sua privacidade e que não responderia a nenhuma pergunta.

Setlist Cradle of Filth
Intro
To Live Deliciously
The Forest Whispers My Name
She Is a Fire
Malignant Perfection
The Principle of Evil Made Flesh
Heartbreak and Seance
Nymphetamine (Fix)
Born in a Burial Gown
White Hellebore
Encore:
Creatures That Kissed in Cold Mirrors / The Monstrous Sabbat (Summoning the Coven)
Cruelty Br
ought Thee Orchids
Death Magick for Adepts
Her Ghost in the Fog


Agradecimentos: Tedesco Mídia 





sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Burning Witches: Revivendo a Santa Inquisição nos Dias Modernos


2025 é o ano que marca a primeira década de existência do poderio de nacionalidades multifacetária das BURNING WITCHES. Multifaces por terem integrantes da Europa e da América, solidificando o fato de que a língua não só do Metal, mas da música é universal. Com apenas dois anos após o último lançamento (THE DARK TOWER), outra característica traga por elas é que além de resgatarem o som old-school prevalente da música pesada dos anos 80 com bandas como DIO, ACCEPT, WARLOCK e até mesmo uma roupagem moderna do AOR (Album-oriented Rock), uma espécie de acordo coletivo é o fato da inexistência de um período longo entre um trabalho e o outro.

Como muitas coisas na vida, "panela velha é que faz comida boa”, por assim dizer. Esses “truques velhos” muitas das vezes provam ser os mais eficientes, por isso do renascimento atual com os sons do período supracitado. Com várias bandas surgindo ao redor do globo após um período de recessão metálica, as BURNING WITCHES colocaram algo da mesa que, em larga parte, possui uma liderança com a potência brasileira NERVOSA: uma participação crescente da posição feminina no Metal.

Um ocorrido impressionante é que enquanto a maioria das bandas solta o ápice das suas carreiras já no primeiro álbum, as Bruxas quebram este padrão e, com o passar da década, demonstram uma maturidade gradual no que tange os arranjos das suas composições, ou, no mínimo, mantêm a régua num patamar saudável, sem deixar a peteca cair. Voltando ao tempo após esta viagem num passado próximo, temos o sexto lançamento, batizado de “INQUISITION”.

Sem mais delongas, iniciemos a observação.


O CONVENTO É LIVRE PARA TODOS PARTICIPAREM: O PREÇO É A SUA ALMA

A abertura instrumental SANGUINI HOMINUM inicia na forma de um cântico, e como o título sugere, ele é totalmente proferido em latim. Assim que a bateria entra com a deselegância de Lala Frischknecht marretando impiedosamente o tambor como se ele estivesse devendo dinheiro a ela, o propósito central do início do álbum é construir hype e criar a impressão de que estamos numa igreja: porém, logo somos induzidos a crer que não se trata de uma igreja comum, já que a fantástica Laura Guldemond perfura seus ouvidos com um grito de agonia que domina os seus dois ouvidos, trazendo-a ao final.

 
Ok, antes de darmos continuidade, um esclarecimento precisa ser feito: sou completamente contra a fulanização de integrantes. A banda deve ser tratada como um todo, e elogios individuais têm o seu devido local em partes pontuais. No entanto, uma exceção precisa ser feita aqui, porque LAURA GULDEMOND É UM FENÔMENO. PONTO FINAL. Ao iniciar na BURNING WITCHES, sua entrada estava envolta de dúvidas, confusões e incertezas, já que substituir Seraina é tarefa para poucas. Os ventos do destino sopraram ao seu favor, já que Laura provou ser justamente uma dessas poucas.

Começando sem ser uma referência no gênero, os anos foram favoráveis a ela, pois a própria desenvolveu um grau de profissionalismo que beira o inumano. Como a personificação da versão feminina de Goku (da franquia de animes DRAGON BALL), Laura foi superando seus próprios limites com a passagem do tempo.

Pelo que me importo, os meus olhos e ouvidos são os melhores juízes existentes, e eles me informaram que A HOLANDESA É A MELHOR FRONTWOMAN DO METAL NA ATUALIDADE, pois quando eu faço um Ctrl+F para procurar outra que consegue rivalizá-la nos pilares técnica, carisma e performance (talvez beleza seja apropriado, para completar de vez o combo), meus resultados encontram apenas o seu nome.



Certo, com esse "fanboyismo" fora do caminho... o início é dado de vez com SOUL EATER, com uma crescendo que não ficaria fora de lugar como um alerta da chegada de uma ambulância, porque o peso sonoro presente é sim cenário de emergência: de ver se o seu corpo aguenta a pressão do quinteto. SOUL EATER apresenta similaridades com UNLEASH THE BEAST do álbum anterior na sua apresentação, seja por agressão, batida e velocidade. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, porém com uma produção impressionantemente limpa.

DEFENSORES DA FÉ? OU DEFENSORES DE UM PODER IMPERIAL?

Após uma abertura muito direta e "na sua cara", a próxima é SHAME, e é aqui que paramos para perceber a influência de Courtney Cox como nova integrante permanente. A estadunidense entrou após o lançamento de THE DARK TOWER, e no lançamento atual é que a sua forma de compor entra em campo. Primariamente focada em shred, e apesar da faixa atual ser um pouco mais lenta, SHAME tem uma boa porção de palhetadas rápidas (em especial no seu refrão), além de uma generosa contribuição de wah-wahs em seu solo e no seu interlúdio.

THE SPELL OF THE SKULL não é tão nova assim, e já fora tocada meses antes de INQUISITION surgir ao mundo. Lançada no ano passado (com direito a videoclipe!), a vibe oitentista vem ao seu esplendor aqui, ao ponto desta ser uma mistura com Hard Rock não tão diferente do que visto em WASP ao redor da sua composição.

A faixa mais longa do álbum, primeiro single e a que dá o nome ao próprio: chegamos em INQUISITION, mergulhando mais profundamente no Heavy Metal tradicional e recheada com variações de tempo. A "comissão de frente" dos instrumentos costuma ser mais prestada atenção em uma análise sonora, com a bateria sendo erroneamente vista por cima, só que é aqui que Lala é dona de um poder a ser reconhecido. Como uma técnica de futebol que comanda o seu time pelos bastidores, a suíça assume a função ao manusear o seu kit no que eu chamo de "brutalidade com finesse" através de um passeio em diferentes estilos dentro do universo do Metal: se canção demanda que o ritmo vá a uma posição mais rápida, tudo bem. Uma abordagem mais lenta? Sem problemas. Não é à toa que essa variedade a põe num patamar de competência reservado para poucas seletas.
 
Na metade do álbum, HIGH PRIESTESS OF THE NIGHT é o segundo single de INQUISITION e com uma pegada bastante groove e a mais "fora de lugar do álbum". Talvez por ter uma estrutura bem "básica" na sua composição, mas para quem quer apenas bangear sem se preocupar com a hora do Brasil, ela preenche esse propósito: com a agravante do solo virtuoso de Courtney para colocar um sorriso descontrolado no seu rosto, enquanto a sua cabeça funciona como um tipo de ventilador humano.


NÃO HÁ SALVAÇÃO A SER ENCONTRADA AQUI: TUDO O QUE RESTA É A DANAÇÃO

Mesmo voltada para um lado mais Thrash, BURN IN HELL me fez ter a seguinte certeza: a temática e a estética estavam me fazendo lembrar a cada minuto de THE EYE, do lendário KING DIAMOND enquanto eu ouvia o álbum. O conteúdo lírico ficou pesadamente voltado para o nome da banda em sua literalidade: "Bruxas Queimadas", o que finalmente ocorreu em seu sexto lançamento, encontrando um paralelo com o álbum de 1990 do dinamarquês.
 
A guitarra semi-acústica ao iniciar RELEASE ME estabelece uma mudança de ritmo, e a "riffagem" mais lenta que a acompanha revelam que é uma canção mais sentimental. A balada melódica se coloca como a tranquilidade que antecede a tormenta, e no segmento 3:34 é lançado o solo mais bonito ouvido até agora na opinião do redator: é como se os gritos de sofrimento da Bruxa que clama voltar à liberdade se manifestassem com a abertura de um portal que conecta a dimensão dos homens com um outro plano existencial.
Em uma alternância que parecia ser natural, IN FOR THE KILL possui uma investida mais agressiva na batida e na palhetagem, sem se importar se o ouvinte irá aguentar o massacre sônico que infesta seus canais auditivos, junto com uma sincronia entre todas as musicistas, funcionando de forma uníssona enquanto o "couro come". Esta é forte candidata em ser tocada nos próximos shows que virão para a formação de moshpits violentos, cuja imagem mais apropriada é a de um liquidificador girando de maneira desordenada, produzindo mais watts do que um grupo de hamsters jamais poderia alcançar nos seus sonhos mais selvagens. E claro, sem faltar a energia contagiosa que as Bruxas Queimadas exalam quando estão dominando o palco.
 
IN THE EYE OF THE STORM nos leva na parte final deste trabalho, mantendo a propensão de massacre audível que o ouvinte recebeu em seus ouvidos até agora, e seguindo também a linha mais "na sua cara" que a sua antecessora. O encerramento informal, MIRROR, MIRROR também já deu as caras antes, junto com THE SPELL OF THE SKULL. Ainda que em uma escutada imatura, observa-se que o encantamento das bruxas mergulha mais profundamente numa ambientação sonora dos anos 80, trazendo um ar de CHASTAIN durante a sua execução (porém com um nível de produção mais moderno, o que é algo que vem com o território em pleno 2025). O trabalho das guitarras gêmeas aqui está a pleno vapor: quando a sua alimentação precisa ser regrada com uma diversidade de nutrientes para o seu corpo funcionar de acordo, cada ingrediente funciona para um propósito específico, refletindo a sincronia entre Romana e Courtney.



"...E ASSIM SERÁ FEITO. AMÉM!"

MALUS MAGA fecha as cortinas como o encerramento, servindo como uma instrumental atmosférica, envolvida com sons vocais parecidos com a realização de uma magia sendo lida em um livro arcano, em oposição à abertura, SANGUINI HOMINUM. A conjuração de um feitiço com o propósito de finalizar uma espécie de ritual é um processo mundialmente conhecido como "Finite Incantatem" (Encantamento Finalizado, numa tradução livre do latim), servindo como um final em ordens teórica e filosófica com o tema abordado.

Em dez anos de existência, este já é o sexto álbum das Bruxas, tornando-as uma das musicistas bastante prolíficas da atualidade. Para além disso, o álbum foi composto durante períodos de turnês extensas, com pouco tempo para respirar o ar do abrigo. O fato de termos INQUISITION ser lançado envolvido com tantos compromissos é um testamento da qualidade bruta das musicistas internacionais.

Não nos enganemos: há sim momentos de repetição (o que não é tão incomum, num panorama geral), só que isso não afeta o produto geral.

INQUISITION certamente irá satisfazer o público existente das BURNING WITCHES assim como tem atração de sobra para os novatos da multidão. O tempo dirá se o mesmo é digno de entrar na categoria de "clássico". Mas até isso acontecer, estaremos ocupados demais nos imaginando inseridos na época da Santa Inquisição enquanto chutamos e socamos a oposição existente deste período histórico, com a feitiçaria das Bruxas Queimadas iluminando os nossos caminhos.

Texto: Bruno França
Selo: Napalm Records 

Faixas:
1) Sanguini Hominum
2) Soul Eater
3) Shame
4) The Spell of the Skull
5) Inquisition
6) High Priestess of the Night
7) Burn In Hell
8) Release Me
9) In For The Kill
10) In The Eye of the Storm
11) Mirror, Mirror
12) Malus Maga



quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Pesta: “The Inquisitor, Pt. I” Prepara o Terreno para o Novo Álbum

 


A banda mineira Pesta prepara terreno para um novo capítulo de sua trajetória com o lançamento de “The Inquisitor, Pt. I”, primeiro single de seu próximo álbum, “The Craft of Pain”. 

A faixa chega às plataformas na quinta-feira, 21 de agosto, e marca o início da contagem regressiva para o terceiro trabalho de estúdio do grupo, previsto para 16 de outubro de 2025.

O novo álbum sairá pelo selo norte-americano Glory of Death Records em vinil, reconhecido no circuito underground pela curadoria ousada e relação próxima com colecionadores. 

No Brasil, o lançamento acontece pela Gate of Doom Records em CD, gravadora paulista que recentemente se destacou por relançar títulos clássicos da Metal Blade no país.

The Craft of Pain” mergulha em temáticas sombrias da história da humanidade, abordando dor, sofrimento e violência por meio de figuras e eventos históricos. 

Arte por Ars Moriendee

O disco convida o ouvinte a refletir sobre os males estruturais da sociedade, como idolatria, ganância, racismo e megalomania, em um conceito que ecoa provocações filosóficas de nomes como o Marquês de Sade. 

Abrindo essa jornada, “The Inquisitor, Pt. I” apresenta peso e densidade característicos do proto-doom da Pesta, agora formada como quarteto após a saída do guitarrista Daniel Rocha. 

A nova faixa mantém a atmosfera densa e sombria que já se tornou marca registrada da Pesta dentro do doom, mas surpreende ao introduzir uma quebra de ambientação que intensifica a experiência auditiva. 

Essa variação dá mais dinamismo à composição, prende a atenção do ouvinte e cria uma sensação de expectativa pelo que ainda está por vir. Trata-se de um primeiro lançamento estratégico e eficiente, capaz de empolgar o público e despertar ainda mais ansiedade para a chegada do álbum completo.



Até a chegada do álbum, os fãs poderão acompanhar um cronograma de lançamentos que inclui ainda o segundo single, “Shadows of a Desire”, em 18 de setembro. Já no dia 16 de outubro, será revelado o disco completo, que conta com participações especiais, entre elas Wino em “Mirror Maze” e Rodrigo Garcia no violoncelo em “The Inquisitor, Pt. II”.

A tracklist apresenta dez faixas: “Rites of Enclosure”, “Masters of the Craft of Pain”, “Marked by Hate”, “Mirror Maze (Part. Wino)”, “In the End’s Drive”, “Thumbscrew”, “The Inquisitor, Pt. I”, “The Inquisitor, Pt. II (Part. Rodrigo Garcia no Violoncelo)”, “Canto XXI” e “Shadows of a Desire”.

Formada em Belo Horizonte, Minas Gerais, a Pesta é uma banda de Stoner Doom Metal que segue fortalecendo seu nome dentro da cena pesada. A atual formação conta com Thiago Cruz (vocal), Anderson Vaca (baixo), Marcos Resende (guitarra) e Flávio Freitas (bateria). Você pode ouvir a banda nas principais plataformas digitais.

Saiba mais sobre a banda clicando aqui.

Ouça no Spotify 

Texto: Jéssica Valentim 
Fotos: Divulgação e Lucas Hell



terça-feira, 19 de agosto de 2025

THE 69 EYES: CINCO RAZÕES PARA VER O SHOW NO BRASIL

Marek Sabogal

Direto da Finlândia, os ícones do Gothic Rock desembarcam esse mês no Brasil

Por Fernando Queiroz

Quando se trata de música acessível a várias tribos, o The 69 Eyes é um exemplo a ser seguido. Você vai encontrar fãs góticos, headbangers e até pessoas do rock mais casual possível! Na sua quarta passagem pelo país, o show no final de agosto é uma oportunidade perfeita para assistir a uma das mais icônicas bandas finlandesas. Listamos aqui cinco razões para você ver o show!

1) Gothic Rock para todos! O The 69 Eyes pode se considerar uma banda que passeia por vários gêneros perfeitamente, indo do gothic rock ao metal. Você vai encontrar, à primeira ouvida, uma clara influência de The Sisters of Mercy, em especial pela voz de Jerky 69, mas também um som mais pesado e flertando com o metal finlandês dos anos noventa.

2) Clima de balada! Quem já foi ou conhece a famosa casa Madame (antigo Madame Satã) em São Paulo está acostumado com o conceito de “balada gótica”, e o show do The 69 Eyes te proporciona essa sensação. Ambiente escuro, gelo seco, o clima “dark” é o diferencial do que você veria em um “típico show de metal”.

3) Formação mais sólida e longeva possível! Quem vê o show do The 69 Eyes percebe o entrosamento perfeito entre eles. Não para menos, desde seu primeiro álbum, a banda nunca trocou um integrante, então o que se tem em shows é exatamente a imagem que você tem da banda em qualquer ocasião! Aliás, uma banda passar mais de trinta anos sem trocar membros só pode querer dizer o quão bons são no que se propõe, não?

4) Setlist variado! São treze álbuns de estúdio, desde 1992, então o que não falta é música para apresentarem. Diga-se de passagem, eles têm uma discografia sólida, embora em tempos mais recentes tenham ido para um lado mais “eletrônico” — que também vale ser ouvido!

5) Destaques quando vieram! Duas das vezes que a banda esteve no Brasil foi em festivais, a última no Summer Breeze Brasil de 2024, e a primeira no Live n Louder, em 2005. Em ambos os casos, a mídia especializada sempre os colocou como destaques ou, no mínimo, gratas surpresas.

Todas as informações desse show imperdível em São Paulo, único no país, para diversos públicos podem ser vistos aqui!

SERVIÇO

Data: 31 de agosto de 2025 (domingo)
Abertura das Portas: 17h
Local: Fabrique Club
Endereço: R. Barra Funda, 1071 – Barra Funda, São Paulo – SP

Ingressos:
Meia Entrada / Solidária: R$ 200,00
Inteira: R$ 400,00

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

FLESHGOD APOCALYPSE: 5 MOTIVOS PARA VER O SHOW

Divulgação

Uma das bandas que mais cresceram no metal europeu nos últimos anos vem pela terceira vez ao Brasil em setembro.

Por Fernando Queiroz

Os italianos do Fleshgod Apocalypse desembarcam junto ao Epica no próximo mês para uma série de apresentações no Brasil. É a terceira vez da banda no país – as outras foram em 2017 e em 2019 – e hoje, em seu auge de popularidade mundial, se encontram com formação renovada e com seu mais recente álbum sendo entre os mais elogiados para apresentar ao público brasileiro pela primeira vez. Confira aqui cinco razões para você não perder os shows do quinteto nessa turnê que conta com dois dos maiores nomes do metal sinfônico mundial da atualidade.

1) É a primeira vez que vêm ao Brasil com Veronica Bordachinni como vocalista principal! Embora a cantora já se apresentasse há anos com a banda como backing vocal e fizesse os vocais líricos, após a saída de Paolo Rossi da banda ela acabou por assumir as funções do ex-membro nos vocais limpos e rasgados, que complementam os guturais do líder Francesco Paoli. Vale a curiosidade: Veronica já cantou com o próprio Epica, no EP The Alchemy Project (2022), na faixa The Great Tribulation.

2) O álbum Opera é um de seus melhores discos, e merece ter suas músicas ouvidas em shows! Lançado em 2024, o disco é uma reflexão sobre os momentos que Francesco Paoli passou entre a vida e a morte, e o primeiro a contar apenas com Veronica nos vocais limpos. Foi extremamente elogiado pela crítica especializada, e já se enquadra entre os clássicos da banda.

3) Celebrar a vida e estar vivo! Como dito anteriormente, o frontman da banda passou por momentos difíceis nos últimos anos. Em 2021, ao escalar uma montanha, Francesco sofreu um acidente quase fatal, ficou pendurado durante horas pela corda, e quebrou mais de 25 ossos pelo corpo. Quase morreu, e as possibilidades de ficar paralisado para o resto da vida eram altas. Estar hoje tocando, cantando e fazendo turnês gerou uma mudança na percepção e abordagem que ele tem para com os shows que faz. Hoje, segundo ele, cada show é como se fosse o último, e cada noite é um momento para dar tudo de si. Podem esperar uma apresentação incrível!

4) Uma outra abordagem ao sinfônico! É verdade que, sim, o Epica é a atração principal da noite, mas para seu público, vale a pena conhecer uma abordagem diferente do metal sinfônico. Diferentemente dos holandeses, o Fleshgod Apocalypse é mais pesado, e aposta mais nos vocais guturais e em limpos ou rasgados, com as partes líricas em segundo plano – o oposto do praticado por seus companheiros de turnê. Como ambas as bandas abordam, de formas diferentes, o sinfônico, as orquestrações e os pianos, a possibilidade de você, fã de Simone Simons e seus companheiros, acabar por se tornar, no mínimo, um admirador dos italianos mais pesados no gênero.

5) Uma banda de músicos de primeiríssima linha! Não apenas Veronica, uma cantora de ópera e musicista formada, e Francesco, que já tocou literalmente todos os instrumentos na banda, seja em estúdio ou ao vivo, hoje a banda conta com outros instrumentistas gabaritados. Francesco Ferrarini, tecladista, já arranjou e compôs para bandas históricas, como Kreator, Amorphis, Angra, e Dimmu Borgir, só para citar algumas. O baterista ucraniano Eugene Ryabchenko já tocou com outros grupos importantes, como Belphegor e Vital Remains. Por último, mas não menos importante, Fabio Bartoletti gravou guitarras com o Epica, no mesmo EP e faixa que Veronica.

Por sua vez, os holandeses do Epica vêm ao Brasil pouco mais de um ano após sua última passagem pelo país, que foi em 2024 no Summer Breeze Brasil, para divulgar seu novo álbum Aspiral, lançado em abril desse ano.

As informações sobre o show que acontece em São Paulo você confere abaixo!


SERVIÇO

Data: 14 de setembro de 2025 – domingo

Local: Terra SP

Endereço: Av. Salim Antônio Curiati, 160 – Campo Grande, São Paulo – SP

Horário: 18h


Ingressos:

PISTA – 1o Lote

Meia Entrada / Solidária: R$ 250,00

Inteira: R$ 500,00


PISTA PREMIUM – 1o Lote (Livre acesso ao setor premium em frente ao palco e ao camarote / mezanino)

Meia Entrada / Solidária: R$ 350,00

Inteira: R$ 700,00


CAMAROTE – 1o Lote

Meia Entrada / Solidária: R$ 350,00

Inteira: R$ 700,00


PACOTE VIP / MEET & GREET 

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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

TOSCO: Brutalidade e Consciência no Metal Nacional

Por Guilherme Freires

Banda da Baixada Santista, em São Paulo, lançou em 15 de fevereiro seu mais recente trabalho ao vivo, Facão Afiado – Ao Vivo em São Paulo, com 12 faixas registradas durante o festival Trash disConcert II, em setembro do ano passado, no Redstar Studios, na capital paulista. O evento contou também com a participação da banda Faces of Death. A produção e mixagem ficaram a cargo de Ivan Pellicciotti, do O Beco Estúdio (Curitiba/PR), enquanto a arte de capa foi assinada por Emerson Silva Maia.

Atualmente formada por Oswaldo Fernandes (vocal), Ricardo Lima (guitarra), Carlos Diaz (baixo) e o novo baterista Bruno Conrrado – também integrante seminal da banda Vulcano , o quarteto apresentou um setlist arregaçador, que capturou toda a fúria e visceralidade da banda no palco. O repertório passeia por três álbuns de estúdio lançados ao longo de quase uma década de carreira.

Com letras que atacam de frente as mazelas da sociedade, o grupo mantém sua sonoridade crua e combativa, entregando um trabalho técnico e intenso. A introdução avassaladora já prepara o terreno para um som brutal, com baixo encorpado, riffs pesados, solos cortantes e uma bateria marcada por pedais duplos e uso preciso do chimbal. O peso das letras e os discursos inflamados de Oswaldo, com seu vocal rasgado e furioso, refletem uma visão crítica e implacável sobre a podridão social e a corrupção política.

O álbum reúne faixas como “Mais Uma Vez”, “O Monstro”, “O Brasil é um Crime”, “Dois Psicopatas”, “Dia de Decisão” e “Lei do Silêncio”, além de destaques como as impactantes “Cala Boca Globo”, “Casa de Noia”, “Cenário de Chacina” e “João do Cão”. O registro encerra com um cover poderoso de “Guerreiros do Metal”, do Korzus, reafirmando a conexão com o legado do metal nacional e mantendo viva a tradição do Thrash Metal Hardcore brasileiro, forjada há mais de quatro décadas.

No momento, a banda busca parcerias para o lançamento físico do álbum e já trabalha em um novo projeto inédito.

Acompanhe a banda nas redes sociais:

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Entrevista - Killrape: Um Novo Olhar Sobre o Thrash Metal Nacional

 


O Killrape foi formado em 1993 pelos irmãos Nilmon Filho (guitarra, ex-Hicsos, Vengeance of Mine e Imperfecta) e Rodson Lemos (vocal). Chamado inicialmente de Corrosive, o grupo alterou o nome e estreou com o álbum “Corrosive Birth” (2010), depois lançou "Corrosive  Legion" (2011) e "Corrosive Master" (2023), após longa espera.  

Sobre o nome da banda Nilmon explica em release: “Killrape é o mal encarnado. Nascido de uma noviça de alma e corpo estuprados, o filho do Diabo chega à raça humana com a determinação e o sentimento de vingança herdados de seu pai. Fazendo de sua mãe biológica sua primeira vítima já no nascimento corrosivo, a saga de filho do Mal começou em 2010."

Confira na entrevista com Nilmon um pouco mais sobre a banda e seu mais recente trabalho, sendo que o Killrape já prepara um novo lançamento, um EP com músicas ao vivo.


- Olá Nilmon. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Corrosive Master”, pois o material ficou de primeira…

Obrigado a vocês pelo espaço. Estamos muito orgulhosos com o resultado. Demorou mais do que o esperado mas valeu. O álbum ficou bem do jeito que queríamos. Seguimos no thrash metal mas com características épicas e melódicas que só o Killrape faz.


- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?

Não queremos ser mais uma banda que emula o som dos anos 1980 do thrash. Mas também não queremos ser djent ou nenhum tipo moderno de metal. Juntamos tudo que curtimos como influência e juntamos em um som bem original. Com influências, sim, mas diverso e acima de tudo próprio. Eu e Rodson trabalhamos juntos para chegar nesse resultado que nos agrada completamente. E estamos sempre em busca de melhorar.


- Eu escutei o material diversas vezes e, só após várias tentativas, consegui captar parte das suas ideias. Os fãs têm sentido este tipo de dificuldade também?

Que bom! Não deve ser algo também fácil de entender mesmo. Quanto mais você ouve, mais você entende. Nossa ideia é fugir do óbvio mesmo. Por isso abrimos com uma música de 15 minutos. E ainda fechamos o álbum com uma de 1:30 min. O Killrape é isso!

- Existem planos para o lançamento de “Corrosive Master” através da MS Metal Records, atual gravadora de vocês, no formato físico?

Fizemos uma prensagem limitada de maneira independente pelo nosso selo Zombie One Records. Estamos com planos de relançar os três primeiros álbuns pela MS Metal Records com faixas bônus e remasterizados. Fiquem ligados!


- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

Não temos feito shows. Temos uma formação para executar as músicas ao vivo mas usamos, por enquanto, para gravar em estúdio, ao vivo, e lançar no EP que vem por aí.


- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

Para a capa, fomos direto nas entranhas da história: arrancamos um fragmento de uma pintura do século XV, criada pelo italiano Giovanni de Modena na Basílica de São Petrônio. Essa obra, que escancara o Inferno de Dante em detalhes brutais, mostra sem pudor Maomé sendo devorado por demônios. Arte proibida, blasfema e incômoda — exatamente como a gente gosta. Cada traço carrega séculos de polêmica e guerra entre céu e inferno, um conflito que pulsa em várias letras do Killrape.

No encarte físico, mergulhamos ainda mais fundo nessa iconografia sombria, espalhando trechos desse inferno medieval por cada página. Para a gente, encarte não é perfumaria: é parte do ataque. No Killrape nada é aleatório — tudo é pensado e forjado para atingir quem ousar abrir o álbum.


- “Corrosive Master” foi todo produzido pela banda, confere? Foi satisfatório seguirem por este caminho?

Sim. Nosso som é muito pessoal. Por enquanto, nossa ideia é seguir sem ajuda e opinião de ninguém a não ser nós dois: eu e Rodson.


- Imagino que já estejam trabalhando em novas composições. Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?

Temos uma música velha que queremos gravar com esse time que está conosco nos registros ao vivo, em estúdio. Lançar um single e partir para compor novas músicas. Temos apenas riffs e ideias de letras por enquanto.


- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao KILLRAPE... 

Muito obrigado e que possamos voltar em breve para dar mais detalhes sobre as novidades do Killrape. Abraços e vida longa!

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