sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Cobertura de Show: Gloryhammer – 16/11/2025 – Carioca Club/SP

Gloryhammer estreia no Brasil com show no Carioca Club

Na noite de 16 de novembro de 2025, a banda suiça de power metal Gloryhammer fez sua aguardada estreia em solo brasileiro, apresentando-se no Carioca Club, em São Paulo. Liderada pelo carismático vocalista Sozos Michael e pelo tecladista Christopher Bowes(também fundador do Alestorm), a banda combina power metal sinfônico com um universo de fantasia próprio, repleto de reis, batalhas, magia e, claro, martelos sagrados.

Pontualmente às 20h, o grupo subiu ao palco em uma casa com público reduzido, reflexo dos preços um pouco elevados para uma banda ainda pouco conhecida e em ascensão. Mesmo assim, quem esteve presente foi presenteado com uma apresentação cheia de energia e diversão.

A banda iniciou a apresentação com uma dobradinha “The Land of Unicorns” e “He Has Returned”, dando o tom da aventura que viria pela frente. Na sequência, “Fly Away”, embalou o público, que já ao final da apresentação gritava pela música “Hootsforce”, prontamente respondido por Sozos: “Ainda não chegou a hora”.

Mais adiante, quase na metade do show tivemos, “Gloryhammer”, faixa que sintetiza a proposta da banda: batalhas, reinos e magia. O público respondeu à altura, cantando e acompanhando a banda no refrão, “Glory! Hammer!”.

O set seguiu com “Fife Eternal”, música que parecia saída diretamente de um game RPG, o público cantava, pulava, enquanto alguns se divertiam em uma rodinha mosh.

Na reta final, tivemos uma sequência de “Universe on Fire”, “The Unicorn Invasion of Dundee” e, finalmente, a mais aguardada pelo público, “Hootsforce”. Logo nos primeiros acordes, o público começou o coro: “Hoots! Hoots! Hoots!”. A banda em sintonia com o público entrou no clima, o vocalista, empunhando seu “martelo”, se divertia no palco, enquanto cantava, no refrão todos cantavam juntos: “Hootsforce, we are the Hootsforce!”. Esse momento foi sem dúvidas o ápice da noite.

O show foi encerrado às 21h25, após pouco mais de 1h20 de apresentação e 15 músicas no setlist. Embora a casa não estivesse lotada, a energia do público e o carisma da banda garantiram uma noite mágica, assim como as músicas que tocaram. Para uma primeira passagem pelo Brasil, o saldo foi extremamente positivo. Com maior divulgação, o Gloryhammer tem grande potencial para figurar em festivais brasileiros nos próximos anos e conquistar ainda mais fãs com seu universo épico e sonoridade divertida.


Texto: Guilherme Soares 

Fotos: Pri Secco

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Overload Brasil 

Press: Tedesco Comunicação & Mídia


Gloryhammer – setlist:

The Land of Unicorns

He Has Returned

Fly Away

Angus McFife

Questlords of Inverness, Ride to the Galactic Fortress!

Wasteland Warrior Hoots Patrol

Gloryhammer

Fife Eternal

Masters of the Galaxy

On a Quest for Aberdeen

The Siege of Dunkeld (In Hoots We Trust)

Keeper of the Celestial Flame of Abernethy

Universe on Fire

Hootsforce

The Unicorn Invasion of Dundee

Cassidy Paris: Juventude, Atitude e a Nova Face do Hard Rock

Frontiers Records (Imp.)

Por Paula Butter

Cassidy Paris lança seu segundo álbum, pela Frontiers, desta vez mais maduro e com letras mais pessoais. A australiana com ares de diva dos anos 80, veio com objetivo de incentivar as novatas a chegar no topo do rock mainstream. a artista apresenta uma mistura de hard rock com baladas e refrões românticos e também apimentados, mas não deixando de lado o tempero que tanto funcionou com as musas rock n´roll de décadas passadas, a revolta em forma de refrões afiados. Inclusive segundo a própria Cassidy, o álbum reflete sua jornada na música e situações pessoais que precisou enfrentar durante o processo rumo ao reconhecimento. 

“BitterSweet” reflete bem o conjunto de faixas e seus significados, ou seja, um gostinho doce, porém amargo, referindo-se aquela sensação de experimento e surpresa na descoberta de que às vezes os opostos combinam muito bem. Logo na primeira faixa, “Butterfly”, percebe-se um ar de single, daqueles para ouvir no carro para animar o dia. Musicalmente é bem estruturada como todas as faixas, os vocais da cantora alternam na forma de suavidade e acidez, sempre com guitarras e ritmos que acompanham sua entonação do começo ao fim. 

E assim, se desenrolam faixas seguintes, “Nothing Left To Lose” dá bastante destaque à voz de Cassidy, iluminando sua maturidade artística. Em “Finish What We Started” percebe-se uma pegada bem mais Hard Rock, daqueles que dá vontade de sair dançando, e também traz a nostalgia do passado. Já “Gettin’ Better” é uma ótima “quase” balada, tendo em vista que os arranjos são bem dinâmicos, e também carrega mais densidade emocional nas letras. 

Após um pouco de melancolia, chega a divertida “Give Me Your Love” para levantar o astral, nada de mais, porém tem aquela pegada do Glam Rock com momentos em que a voz de Cassidy alterna para um estilo bem charmoso, porém com atitude. Acredito ser um dos destaques do álbum até agora, ao lado da primeira faixa. A sétima música pode ser considerada a balada principal, “Can't Let Go”, bem feita, mas nada de novo. Entretanto, um artifício genial na composição das faixas de “BitterSweet”,  é o fato de que quando o ouvinte está prestes a dar o stop, pronto! Eis que chegam “Undecided” e “Sucker For Your Love”, surpresas de alto nível, com direito a solos de guitarra, bateria forte, ritmo, Hard Rock da melhor qualidade. Considero duas pérolas do álbum, dignas de serem repetidas várias vezes. 

As últimas faixas voltam a carregar um tom mais melancólico, com exceção da ótima “Turn Around And Kiss Me”, literalmente uma reviravolta musical, como se a protagonista assumisse o controle de forma permanente e decidida, como em um filme, onde a melhor parte é aquela antes do fim. Com a empolgação, vem a última canção “Stronger”, muito bem construída, mas fica atrás da penúltima, em termos de inovação. Entretanto vem para consolidar de forma correta, a obra da jovem artista australiana. Lançamento perfeito para incentivar as mulheres a lutarem pelo seu lugar no mainstream do Hard Rock. E novamente, não se deixem levar pela pouca idade da moça, ela realmente sabe o que está fazendo.



quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Treat: Nostalgia, Técnica e Emoção

Shinigami Records (Nac.) / Frontiers Records (Imp.)

Por Paula Butter

O Treat está com álbum novo, e valeu a espera, esta banda sueca, cuja trajetória teve início nos anos 80, vem com tudo, traz a nostalgia, a diversidade sonora, e ainda com uma qualidade acima da média. Logo no início da audição, há um breve momento estilo “Blade Runner”, para logo, alternar para o puro Hard Rock, daqueles animados com uma pitada de glam que tanto fez sucesso há algumas décadas atrás. 

As três primeiras músicas, “Out With A Bang”, “Rodeo” e “1985” soam leves, com muitos backing vocals, teclados, refrãos melódicos, enfim, tudo garantido no pacote Hard/Glam, e são realmente ótimas. 

À medida que as faixas vão avançando, podemos notar um acréscimo de peso e o tom passa a ser mais tradicional do Hard Rock, com muitos riffs e solos de guitarra, vocais mais sérios, mostrando que nem tudo é festa. 

Não costumo fazer comparações entre bandas, afinal, cada uma é única, no entanto utilizo o artifício do cinema, dos filmes de épocas diversas, isto para que o leitor tenha um vislumbre do que esperar. Desta maneira a coisa não fica na mesmice, e como fã de rock e cinema, acredito que as duas artes andam juntas.

Pois bem, a partir de “Hand On Heart” o tom e as letras ficam um pouco mais melancólicas, soando como a despedida de uma era em particular, o estilo mais balada e melódico se intensifica. Inclusive este era um dos objetivos dos músicos, contar uma história através do estilo próprio do grupo, na passagem dos anos. Destaque para “Heaven 's Waiting” e “Back to the Future”, em minha opinião as melhores do álbum, por conseguir transparecer uma profusão de sentimentos que poucas obras conseguem. Definitivamente merecem ser ouvidas mais de uma vez. 

Interessante, a astúcia dos músicos, que vale ressaltar, estão em formação original desde o último álbum, em 2022, em compor a ordem das faixas. Explico, em “Mad Honey” começam a aparecer elementos do rock progressivo, passagens mais elaboradas, dando aquela sensação de virada de disco. Saem de cena os filmes mais simples, é chegada a era da tecnologia e dos efeitos especiais, deixando as emoções um pouco de lado e focando no escapismo.

E como um presente pelas provas de vida, chegam as baladas de alto escalão “Your Majesty” e “Night Brigade”. Estas, aparentemente como uma retomada do controle e dos sentimentos, um recomeço. Na sequência, a incompreendida e divertida “In The Blink Of An Eye”, mudando o ritmo novamente, exatamente como o título diz, e levantando o astral dos fãs. 

Por fim, “One Minute To Breathe” , faixa com início melódico, bem composta, com sequência de riffs de guitarras afiadas, mas voltando às raízes. A música é um retorno ao início, mas com mais precisão técnica nos arranjos. Um presente aos fãs, uma comemoração em forma de hit dos anos 80. 

Para finalizar, acredito que o Treat conseguiu realizar sua volta às origens com maestria



Cobertura de Show: Glenn Hughes – 16/11/2025 – Vip Station/SP

Entendo que, em todo debate sobre quais são os melhores vocalistas da história, sempre serão citados Freddie Mercury, Robert Plant, Elvis Presley, Ronnie James Dio, entre outros que marcaram época e influenciaram gerações de cantores ao redor do mundo. Não discordo dessas escolhas, porém, do meu ponto de vista, elas soam um tanto manjadas. Com cinco décadas de carreira, Glenn Hughes, que voltou ao Brasil após se apresentar no festival Bangers Open Air, poderia tranquilamente ocupar o posto de um desses nomes. É difícil descrever sua apresentação no último dia 16 de novembro, em São Paulo, no Vip Station, pois mais uma vez o The Voice of Rock, e o cantor branco favorito de Stevie Wonder, nos surpreendeu mais uma vez.

Como já é de praxe em todos os shows da Dark Dimensions, houve uma banda de abertura para aquele tradicional aquecimento antes da atração principal. A escolhida desta vez foi a mineira Electric Gypsy, que abriu quase todos os shows da turnê, com exceção de Porto Alegre e Curitiba. Formada durante a pandemia, a banda participou da última turnê do saudoso Paul Di’Anno tanto no Brasil quanto na Europa em 2023. Suas influências vão de Great White, L.A. Guns e um pouco de Lynch Mob, nomes das décadas de 80 e 90, além de um leve flerte com os anos 70, especialmente da escola Bad Company. O resultado é um hard rock competente e muito bem executado.

As composições, principalmente as do segundo e mais recente álbum, Mothership (2023), agradaram o público que esteve presente para vê-los. Além delas e das faixas do debut homônimo, lançado em 2021, a banda incluiu alguns covers no setlist. O primeiro foi “Hot for Teacher”, do Van Halen, que evidenciou a competência e a técnica dos músicos ao encarar uma das músicas mais difíceis da banda. O segundo foi “Shoot to Thrill”, do AC/DC, que, conforme descreveu o vocalista Gus, serviu como um belo aquecimento para o que vai rolar no Morumbis entre fevereiro e março do próximo ano. Outro grande destaque ficou para “Right On”, que combinou perfeitamente com as características do dono da noite, e para “Till the Levee Runs Dry”, a qual Gus desceu do palco para cantar bem perto de quem estava na grade.

Falando no Gus, que é praticamente um crossover entre Steven Tyler e Vince Neil, o vocalista comandou a plateia com uma atitude imparável, digna de um verdadeiro frontman. Já o guitarrista Nola consegue emular muito bem as influências dos grandes guitarristas que fizeram sucesso nos anos 80, lembrando especialmente o lendário George Lynch em seu timbre. Mas nada disso adiantaria se eles, Pete (baixo) e Robert Zimmerman (bateria), que completam a banda, não tivessem uma ótima presença de palco. O mais interessante é que são quatro jovens na casa dos 30 anos praticando um estilo musical direcionado a um nicho específico, mas que pode, sem dúvida, despertar o interesse não só do público mais jovem, mas de todas as faixas etárias. O show, no geral, foi muito bom. Uma escolha mais do que acertada.

Com a casa lotada, bastaram apenas trinta minutos para que a grande estrela da noite subisse ao palco. Às 21h em ponto, Glenn e seu duo já mandaram ver com a mistura de hard, soul e funk em “Soul Mover”, que, com seu poderoso refrão, conquistou o público de imediato. Na sequência, “Muscle & Blood”, do extinto projeto Hughes/Thrall, que rendeu apenas um disco, manteve o calor sonoro na temperatura certa. Se na versão original, em estúdio, a música já tem um forte impacto, ao vivo ficou ainda mais. Para completar essa primeira trinca, “Voice in My Head”, do recém-lançado Chosen (2025), mostra que Glenn continua compondo ótimas músicas.

A escolha do setlist, nas palavras do próprio Glenn, foi mais do que acertada, como se comprovou na hora de tocar “One Last Soul”, extraída do primeiro álbum de um dos melhores supergrupos da última década, o Black Country Communion. O mais interessante nesses primeiros minutos de show é ver que a obra de Glenn pós-Deep Purple atingiu um grande público, que recebeu essas músicas de forma grandiosa, assim como “Can’t Stop the Flood”, responsável por colocar mais groove na noite, e “First Step of Love”, outra da parceria com o guitarrista Pat Thrall.

Além de mostrar que sua voz continua sendo uma força da natureza, Glenn se mostrou gentil em todos os momentos, sempre expressando seu carinho pelos fãs brasileiros. Relembrou seus saudosos amigos Mel Galley e Dave Holland. Este último, segundo contou, recebeu um telefonema de Rob Halford pedindo seu contato para entrar no Judas Priest. Glenn também compartilhou como uma jovem chamada Ivana, que mais tarde se tornaria sua namorada, inspirou a para compor “Way Back to the Bone”, do Trapeze, que fez todos no Vip Station dançarem a seu pedido.

Continuando a relembrar os seus tempos de Trapeze, “Medusa”, o grande hit da sua primeira banda e primeiro estopim da noite, trouxe uma carga de emoção, dramaticidade e peso, que se estendeu em “Grace”, fruto da sua outra parceria importante com Tony Iommi. Antes de executá-la, Glenn teceu elogios ao mestre dos riffs, perguntando “como pode um homem tão calmo, de voz mansa, consegui compor riffs tão raivosos?” A única falha nesta parte do show foi o som, com o baixo encobrindo a guitarra do dinamarquês Søren Andersen. Essa fase, que rendeu o álbum Fused (2005), foi concluída com “Dopamine”, tocando apenas a parte do refrão.

“Chosen”, outra faixa do recém-lançado álbum de mesmo nome, preparou o terreno para a grande catarse da noite: “Mistreated”, obra-prima do clássico Burn (1974), do Deep Purple. A plateia esteve insana do primeiro ao último minuto deste que é um dos maiores clássicos da história do rock. A música permitiu que Glenn mostrasse toda a sua potencialidade vocal, arrepiando a alma de quem teve a oportunidade de ver e ouvir. Houve também um rápido solo de guitarra de Søren, que executou com sabedoria as linhas criadas por Ritchie Blackmore, Joe Bonamassa, Paty Thrall e Mel Galley na noite. Já “Stay Free”, do último e quinto disco do Black Country Communion, mostrou o bom gingado de Glenn antes daquela saída marota que todos já conhecem.

Para o final, Glenn trouxe mais um pouco de passado e presente, começando com “Coast to Coast”, com ele sozinho no palco fazendo voz e violão. “Black Country”, música que dá nome a um dos melhores supergrupos que mencionei anteriormente, colocou o Vip Station de cabeça para baixo, com direito a um rápido solo de bateria, inspirado em ritmos brasileiros, de Ash Sheehan. O encerramento não poderia ser outro senão a radiofônica “Burn”, que fez todos irem aos berros assim que Søren despejou um dos riffs mais importantes da história do rock e, por que não, da música.

Todos saíram e voltaram para suas casas com um sorriso de orelha a orelha. E, retomando aquela conversa do início, é fato que nomes como Robert Plant, Rob Halford, Bruce Dickinson e até mesmo os saudosos Elvis Presley e Freddie Mercury sempre terão seu lugar na mente de cantores e de qualquer fã de rock. Mas de uma coisa eu tenho certeza: mesmo com 74, 75, 76 ou até 80 anos, a voz de Glenn continuará intacta como sempre. Um show que, conforme dito pelo vocalista do Spektra, BJ – que inclusive esteve ao meu lado em parte da apresentação –, não dava para perder de jeito nenhum, ainda mais se realmente foi a última vez, como anunciado. Mas prefiro não acreditar muito nisso, pois Glenn ainda tem fôlego de sobra para cantar essas músicas que os fãs tanto amam.


Texto: Gabriel Arruda 

Fotos: Amanda Vasconcelos 

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Dark Dimensions

Press: JZ Press 


Glenn Hughes – setlist: 

Soul Mover

Muscle and Blood

Voice in My Head

One Last Soul

Can't Stop the Flood

First Step of Love

Way Back to the Bone

Medusa

Grace / Dopamine

Chosen

Mistreated

Stay Free

Bis 

Coast to Coast

Black Country

Burn

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Cobertura de Show: Grave Digger – 12/11/2025 – Tork N' Roll/CWB

Noite de Heavy Metal épico em Curitiba!

Quarta feira foi noite de Heavy Metal em Curitiba, a banda Grave Digger comemorando seus 45 anos de estrada, juntamente com os suecos do Ambush fizeram mais um dia de semana revigorante para os headbangers da cidade. E ainda teve abertura dos brazucas do Hellway Train para animar o público do happy hour, afinal os trabalhos começaram cedo, por volta das 19:40. 

O evento aconteceu na casa de shows Tork N´Roll, queridinha do público do rock, afinal possui toda a estrutura para deixar qualquer público confortável, ar condicionado, camarotes com jogos, muitas mesas, praça de alimentação completa, incluindo estação central de bebidas e uma adega para os amantes do vinho. Neste dia, não teve separações de pista, sendo que todos tinham o mesmo acesso à frente do palco, com exceção dos camarotes, com vista superior. 

A banda Hellway Train trouxe um repertório autoral, bem executado, porém o volume estava um pouco acima do esperado, prejudicando um pouco a experiência. Os mineiros apresentaram um setlist recheado de canções old school com um toque mais acelerado, deram prioridade para as canções de seu álbum “Borderline”, lançado ano passado (2024) e é claro alguns singles anteriores que fizeram sucesso. 

Ao decorrer do show, o som me lembrou muito o Judas Priest, o que sempre é bem vindo. Apesar da energia e odes de revolta ao sistema e as crenças coletivas, a casa ainda estava um pouco vazia. 

Mas a explicação talvez seja que na mesma noite ocorreu a apresentação do cantor Billy Idol na cidade, e na noite anterior, o Tork N´Roll recebeu os gigantes do Power Metal Hammerfall, com casa lotada. Então, acredito que a onda de shows praticamente simultâneos tenha dividido o público da cidade.

Mas deixemos os pormenores de lado e vamos apresentar os suecos do Ambush, banda formada em 2013 e muito aguardada pelo público brasileiro. Cabe ressaltar, que o grupo é destaque dentre a panelinha da NWOTHM (New Wave Of Traditional  Heavy Metal) pela sua qualidade e originalidade na revitalização do Heavy Metal “Old School”. 

Os músicos subiram ao palco no horário previsto e com muito vigor, digno de banda no auge. A este ponto da noite, a pista já estava bem movimentada com a frente do palco tomada, restando somente as laterais da grade de proteção com algum espaço, para aqueles que preferiram ficar nas mesas se deliciando com as comidinhas de boteco.

A primeira música “Firestorm”, já um clássico da banda, foi avassaladora, deixando o público bem eufórico. Mas um problema técnico na luz, durante a execução da segunda canção, deixou os músicos suecos no escuro, literalmente. Mas existem momentos onde o profissionalismo e garra aparecem, sendo assim, o Ambush continuou a tocar perfeitamente, ganhando a admiração de todos que lá estavam. 

Muitos tentavam iluminar o palco com seus celulares, mas em vão. O apagão continuou durante boa parte do show, mas podia-se ver a movimentação dos técnicos da casa e da banda para solucionar o problema o mais breve possível. Tanto que não houve pausa para anúncios, somente os comentários divertidos da banda, tentando tornar o momento mais descontraído e envolvente.

Após a escuridão, veio a luz, mas somente no início da execução de “Come Angel Of the Night”, que inclusive foi anunciada pelo vocalista, em tom de risada, como sendo bem apropriada para o momento, que tudo começou a voltar ao normal. 

Ressaltando um parabéns a todos os envolvidos em resolver o problema com a celeridade necessária. Inclusive quem estava ao lado direito do palco, presenciou o alívio da equipe técnica, que resultou em abraços e comemorações silenciosas. 

A partir dali foi só comemoração e alegria ao som do Heavy Metal potente do Ambush, que finalizou o show com nada menos que “Don't Shoot (Let 'em Burn)” de seu álbum de estréia.

Por fim, após as emoções dos capítulos anteriores, a tensão e ansiedade cresceu em todos os presentes. Nos bastidores, podia-se ver os integrantes do Grave Digger nos últimos preparativos para sua entrada. Isto graças às aberturas de portas e janelas transparentes que separam banda e público no local. 

Mas somente os olhares curiosos conseguem perceber este tipo de movimentação, que ainda desperta a nostalgia e glamour dos anos de ouro do Metal. 

Mais do que pontualmente, sobem ao palco os músicos que marcaram gerações e influenciaram muitas das bandas do momento, com vocês: Grave Digger! É só o que vem nos pensamentos são “Como descrever esta dinâmica entre carisma, musicalidade, presença e peso?”. Simplesmente não é possível sem ter estado lá. 

O setlist começou com “Reign of bones”, e logo após o término da música, conseguiu se ouvir um alarme tocando, que segundo os falatórios, tratava-se do acionamento acidental do alarme de incêndio da casa. 

Apenas um susto imperceptível, bora para o show, e chegam “Under My Flag”, “Valhalla”, “The Dark of The Sun”, todas cantadas em uníssono pelos fãs. 

Inclusive, entre uma canção e outra, uma pausa para o grito da plateia clamando o nome “Digger” repetidas vezes. 

Pontos fortes da apresentação durante a execução de “Excalibur”, “The Devils 's Serenade” e “Back To The Roots”, esta última, precedida das palavras “Estão prontos para um pouco de Old School Heavy Metal!”. Mas também não faltaram os novos petardos do último álbum da banda “The Bone Collector”, muito bem distribuídos dentre a vasta discografia presente no repertório.

Cabe relatar também uma cena muito emocionante e genuína, por volta das 22 horas ao lado do palco, apoiados em caixas de equipamentos, estavam alguns dos integrantes do Ambush, com os olhos vidrados, assistindo ao show inspirador do Grave Digger. 

Convém ressaltar que a banda ganhou mais presença e força nesta apresentação, em local mais intimista. Fato este, perceptível para os que assistiram a apresentação dos alemães no festival Bangers Open Air 2023 em São Paulo (Na época, ainda chamado de Summer Breeze Brasil). Realmente o palco menor e mais próximo do público fez toda a diferença. 

Por último, não posso deixar de falar que apesar dos longos anos de estrada, o grupo parece ter bebido da famosa “Fonte da juventude”, lenda ligada ao explorador espanhol Ponce de León, tamanha vitalidade e energia apresentada por Chris Boltendahl e companhia. Mais um show com a excelência do Heavy Metal alemão! 

Agradecimentos a produtora Caveira Velha Produções, por trazer a turnê “Latin America Celebrations” a Curitiba. 


Texto: Paula Butter 


Edição/Revisão: Gabriel Arruda




Ambush – setlist:

Firestorm

Possessed by Evil

Evil in All Dimensions

Maskirovka

Desecrator

Hellbiter

Come Angel of Night

Bending the Steel

Natural Born Killers

Don't Shoot (Let 'em Burn)


Grave Digger – setlist:

Reign of bones

Twilight of the Gods

The Grave Dancer

Kingdom of Skulls

Under My Flag

Valhalla

The Keeper of the Holy Grail

The Dark of the Sun

The Curse of Jacques

Shadows of a Moonless Night

The Round Table (Forever)

Excalibur

The Devils Serenade

Back to the Roots

Rebellion (The Clans Are Marching)

Scotland United

Circle of Witches

Witch Hunter

Heavy Metal Breakdown

Cobertura de Show: Billy Idol – 08/11/2025 – Vibra/SP

O show de Billy Idol em São Paulo marcou o retorno do icônico roqueiro britânico ao Brasil, em uma apresentação realizada no Vibra São Paulo, que reuniu um bom público ansioso por reviver os anos 1980. A noite começou com a energia do cantor brasileiro Supla, também conhecido como Papito, que abriu o evento com seu rock direto influenciado pelo punk. 

Acompanhado de sua banda, nomeada “Punks de Boutique”, aqueceu o público com os hits “Green Hair” e “O Charada Brasileiro”, além dos clássicos de sua ex-banda Tokio, como “Humanos” e “Garota de Berlim”. É inegável a influência de Billy Idol na estética de Supla; o próprio reconhece isso e afirma também incorporar elementos de David Bowie em seu visual.  

Para quem acredita que Supla é apenas um personagem, seu show surpreende: ele entrega energia e músicas consistentes, capazes de prender a atenção dos presentes e oferecer um entretenimento sólido, sem desviar o foco da atração principal.

O início do show de Billy Idol foi marcado por uma entrada energética com “Still Dancing”, que mostrou o astro de 68 anos em plena forma, transitando pelo palco e interagindo com os fãs. Em seguida, o clássico “Cradle of Love” pareceu animar um público ainda morno. 

Antes de “Flesh for Fantasy”, o cantor fez sua primeira interação da noite, elogiando a performance de Supla. A faixa “77”, composta em parceria com Avril Lavigne, ganhou uma versão eletrizante. No entanto, foi com “Eyes Without a Face” que Idol realmente conquistou o público, gerando um dos momentos mais emocionantes da noite no Vibra São Paulo. 

Tudo isso foi acompanhado por uma excelente banda formada por Steve Stevens (guitarra), Billy Morrison (guitarra), Stephen McGrath (baixo), Erik Eldenius (bateria), Paul Trudeau (teclado) e pelas backing vocals Kitten Kuroi e Jess Kav, que demonstraram versatilidade ao transitar entre o punk rock e baladas melódicas.

Como todo bom show de rock, não poderia faltar um solo de guitarra, e Steve Stevens cumpriu esse papel com maestria. Iniciando de forma acústica, exibiu técnica e sensibilidade, encantando a plateia. 

Em seguida, apresentou um medley impressionante com trechos de “Over the Hills and Far Away” e “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin, finalizando com “Eruption”, do Van Halen. A performance foi espetacular e rendeu fortes aplausos do público paulistano.

Um dos pontos altos da noite foi a variedade do setlist, que incluiu covers interessantes como “Mony Mony”, de Tommy James & the Shondells, e “Love Don’t Live Here Anymore”, de Rose Royce, ambos interpretados com o carisma característico de Idol. Canções como “Too Much Fun” e a estreia ao vivo de “Gimme the Weight” também ganharam destaque. 

Billy comentou que decidiu incluir a faixa porque recebeu inúmeros pedidos dos fãs brasileiros nas redes sociais, o que foi recebido com bastante entusiasmo. O show manteve a pegada com “Ready Steady Go”, de seu período no Generation X, e com a fusão de “Blue Highway” e “Top Gun Anthem”, que trouxe um tom épico e nostálgico, especialmente para quem viveu os anos 1980.

A reação do público foi mais calorosa nos clássicos que definem a carreira de Billy Idol. Enquanto faixas menos conhecidas mantiveram parte da plateia mais contida, hits como “Rebel Yell” levantaram o público. Antes de iniciar a música, Idol mencionou Keith Richards e Mick Jagger, contando que estava em uma festa com ambos quando Jagger gritou “Rebel Yell”, inspirando o título da canção. 

Nesse momento, o Vibra São Paulo literalmente vibrou, com fãs cantando e dançando como se estivessem de volta aos anos 1980. Esse contraste evidenciou como o setlist equilibrava novidades e nostalgia, sendo nos momentos mais familiares que o público realmente se soltava.

Billy Idol escolheu um repertório que misturou energia punk, baladas e momentos instrumentais impressionantes. Apesar de o público ter começado um pouco frio, Billy conseguiu ganhar o público, impulsionado pelos hits atemporais e por sua conexão genuína com os fãs brasileiros. Foi uma experiência marcante para os amantes do rock, que deixou saudades e alimentou a esperança de novas visitas do astro ao país.


Texto: Marcelo Gomes 


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Move Concerts 

Press: Midiorama


Billy Idol – setlist:

Still Dancing

Cradle of Love

Flesh for Fantasy

77

Eyes Without a Face

Steve Stevens Guitar Solo / Over the Hills and Far Away / Stairway to Heaven / Eruption

Mony Mony 

Love Don't Live Here Anymore 

Too Much Fun

Gimme the Weight 

Ready Steady Go 

Blue Highway / Top Gun Anthem

Rebel Yell

Bis

Dancing With Myself 

Hot in the City

People I Love

White Wedding

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Entrevista - Bloody Dragon: Os Dragões do Hard Rock Nacional Despontando para o Topo


A Bloody Dragon, banda brasileira de Hard Rock formada na cidade de Natal - RN, segue firme na missão de manter viva a chama do rock pesado cantado com identidade própria. 

Unindo riffs intensos, melodias vibrantes e uma estética que remete ao espírito clássico do gênero, o grupo acaba de lançar seu mais recente trabalho, o álbum “Nightmare”, que marca uma nova fase criativa e busca consolidar sua presença na cena nacional. 

Nesta entrevista, conversamos com a banda sobre o processo de composição, a produção do disco e os próximos passos dessa trajetória.


- Olá Nando. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Nightmare”, pois o material ficou de primeira...

Muito obrigado pelos elogios. O trabalho foi árduo, mas também ficamos muito satisfeitos com o resultado do material.



- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?

A maioria das músicas foi composta durante a primeira formação da banda, no início dos anos 2000, junto com outro vocalista. Tudo sempre vem com muita naturalidade, as ideias saem da minha cabeça espontaneamente, e minha principal regra é: criar temas chicletes. 

Então, se eu estiver compondo e criar uma melodia que não fique na cabeça ao cantar, eu descarto. Preciso que as frases sejam viciantes. Acho que o hard rock se trata disso, sobre ter melodias marcantes e dançantes, aquela típica música que tocaria tranquilamente nas rádios e alcançaria um público diverso.


- Fale-nos a respeito dos temas que vocês exploram nas letras, e as inspirações em geral do trabalho da banda.

Nossas letras são, em geral, contemplativas e reflexivas, abordamos temas da vida humana. Live Honestly, por exemplo, fala sobre honestidade e viver sem máscaras. É um tema importante atualmente, pois, com as redes sociais, nem sempre vemos as pessoas, mas sim um personagem montado em busca de engajamento.

We Are Free fala sobre a liberdade de viver, de não ter medo de aventuras, sobre não estar preso dentro de si e do quanto precisamos estar em conjunto, os gang voices do refrão são a materialização disso. 

Quanto aos nossos arranjos, tentamos criar um equilíbrio entre riffs e frases complexas, com dissonâncias e cromatismos e progressões mais limpas e diretas, gostamos de brincar com a percepção do ouvinte. 



- Existem planos para o lançamento de “Nightmare” no Brasil, no formato físico? Tivemos contato até agora, apenas o formato digital... 

Por ser um EP, provavelmente ficará apenas no digital, essas 4 músicas serão encaixadas no nosso álbum de estreia, com previsão para sair próximo ano. Aí sim teremos um conteúdo mais completo e melhor trabalhado para lançamento físico. Sabemos o quanto isso apela à nostalgia e, com o modelo de distribuição atual, esse tipo de mídia se tornou também ou souvenir.


- Adorei o fato de trabalharem com o inglês, mas isso não pode vir a atrapalhar vocês no mercado brasileiro?

Existem ótimas bandas de rock e metal no geral que cantam em português. Admiro quem faz, pois não é fácil, nossa língua traz algumas armadilhas métricas dentro desse gênero musical. Decidimos pelo inglês pelo fato do público específico já estar plenamente habituado com a língua, seja na América Latina, Ásia ou Europa, por exemplo, acho que isso acaba abrindo mais portas do que fechando. 

Escrever em português talvez dificultasse nossa possível entrada nesses mercados, bem como não garantiria que furássemos a bolha de outros públicos mais genéricos aqui no Brasil.


- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

Estão sendo maravilhosos! Escutamos ótimos feedbacks, a cada show que fazemos conquistamos mais fãs e novos seguidores em nossas redes. Tem sido muito bom ver que nosso trabalho tem impactado de alguma forma a vida das pessoas, já temos uma turma que sempre comparece aos eventos.


- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

Eu mesmo (Risos), trabalho com fotografia e edição de imagens há muitos anos, sou design gráfico por formação. A capa do EP se conecta totalmente com o título, é sobre alguem que entra em um pesadelo e vê coisas assustadoras, a experiência é tão intensa que a faz duvidar se está de volta a realidade ou se ainda é tudo um sonho.



- “Nightmare” foi todo produzido pela banda, confere? Foi satisfatório seguirem por este caminho?

Isso mesmo. Foi muito bom, pois tivemos toda liberdade em relação a tempo para gravarmos as faixas, todos os envolvidos têm seu próprio home studio. As faixas foram encaminhadas ao grande Samir Pegado (Baterista da banda Swards), nosso produtor, que ficou com a parte da mixagem. Cássio Zambotto fez a masterização. Dois profissionais muito competentes e que deixaram nosso som em um nível altíssimo.



- E vocês estão trabalhando em novas composições. Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?


Sim, temos músicas compostas para completar o álbum de estreia, estamos primeiro lapidando-as, deixando-as mais sofisticadas. Elas terão uma pegada mais pesada, mas sem deixar as melodias marcantes de lado, podem esperar muita pedrada vindo por aí.


- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao BLOODY DRAGON...  

Ficamos gratos pela recepção. Vamos em frente...


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Cobertura de Show: Primal Scream – 11/11/2025 – Audio/SP

Primal Scream entrega show histórico na Audio em São Paulo

Na noite de 11 de novembro de 2025, o Primal Scream fez da Audio, em São Paulo, o cenário de uma celebração inesquecível. A banda escocesa, liderada por Bobby Gillespie, trouxe ao público uma apresentação arrebatadora, repleta de energia, carisma e clássicos que marcaram gerações.

Logo nas primeiras músicas, a plateia foi tomada por uma vibração contagiante. Gillespie, visivelmente feliz e à vontade, mostrou por que é um dos grandes frontmen do rock britânico. Com carisma de sobra, interagiu o tempo todo com o público, estendeu as mãos, sorriu, dançou e se conectou de forma genuína com cada pessoa à sua frente.

O repertório passeou por diferentes fases da carreira da banda, misturando psicodelia, rock, soul e eletrônica com a assinatura inconfundível do Primal Scream. Clássicos como Movin’ on Up, Jailbird, Country Girl e Loaded transformaram o espaço em uma grande festa coletiva. Em Come Together, a emoção tomou conta, o público cantou em coro, braços erguidos, como se o tempo tivesse parado ali.

A banda, em sintonia perfeita, entregou uma performance sólida e envolvente. Cada integrante parecia se divertir tanto quanto quem assistia, o que tornou o clima ainda mais especial. O som, equilibrado e potente, valorizou cada detalhe dos arranjos e deixou claro o nível de excelência da apresentação.

No bis, o grupo ainda apresentou uma versão explosiva de No Fun, dos Stooges, encerrando a noite em clima de celebração e pura energia rock’n’roll.

Com mais de três décadas de estrada, o Primal Scream mostrou que continua relevante, inspirador e cheio de vida. O show em São Paulo foi uma celebração da música, da liberdade e da energia que só o rock britânico consegue transmitir.


Texto: Monise Bianchi

Fotos: Gustavo Diakov

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Balaclava Records / Music On Events


Primal Scream – setlist:

Don't Fight It, Feel It

Love Insurrection

Jailbird

Ready to Go Home

Deep Dark Waters

Medication

Innocent Money

Heal Yourself

I'm Losing More Than I'll Ever Have

Love Ain't Enough

The Centre Cannot Hold

Loaded

Swastika Eyes

Movin' on Up

Country Girl

Bis 1

Damaged

Come Together

Rocks

Bis 2

No Fun (The Stooges cover)

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Midnite City: Evolução Sem Risco

Pride & Joy Music (Imp.)

Por Fernando Queiroz

Da leva recente de hard rock, o Midnite City é uma das bandas mais notórias. Seu quinto registro completo, de 2025, é mais um passo na direção certa: não deixam a “alma hard” de lado, ao mesmo tempo que evoluem sua performance dentro do estilo, mesmo que com mais toques de “AOR”, perfeito para a proposta radiofônica.

Logo de cara, com a abertura Live Like Ya Mean It, mesmo que com certo peso, já vemos os teclados com algum destaque, e isso só aumenta na seguinte Worth Fighting For, onde o som dos sintetizadores é bem destacado. O padrão segue por boa parte do álbum, com canções muitas mais lentas, letras de superação, libertação, e todo aquele sentimento “para cima” que têm sido o foco da maioria das bandas do estilo na atualidade. Embora interessantes de começo, sinto que fica cansativo esse foco repetidamente.

A velocidade volta com Heaven In This Hell, em ótima música para “meio de show”, mas logo o som radiofônico volta na seguinte, Running Back To Your Heart, numa boa alusão a clássicos de bandas como o Boston. Ela já dá lugar a uma canção com bons riffs, e até certo virtuosismo, Lethal Dose of Love. Um interlúdio instrumental dá a letra para a bonita balada Seeing Is Believing, a mais longa do disco. Confesso que esperava a entrada de uma música mais pesada no lugar. No melhor estilo Journey, No One Wins tem uma mescla de certo peso com teclados altos, cheia de reverbs nas partes “grudentas” - aliás, o disco é cheio disso! É, no fim das contas, puro suco de Arena Rock anos oitenta, como vem sendo o padrão de bandas de hard rock europeu - algumas melhores, outras piores, e o Midnite City vem se mantendo entre o primeiro grupo.

Hang On Til Tomorrow mantém a atmosfera, mas é com o encerramento que vemos talvez o ápice: When The Summer Ends fecha o disco com claras influências da fase Sammy Hagar do Van Halen - em específico, há uma clara referência à música Dreams.

Um disco que mantém a regularidade, e joga seguro. Não se arriscam, evoluem sua fórmula, e não desapontam. Fica, porém, a sensação de que poderiam ter feito algo mais, colocado mais peso, e ido mais para o lado dos riffs de guitarra. Preferiram usar o teclado para ser o chamariz - não que estejam errados, mas chega um momento que deixa o ouvinte um pouco cansado.

Vale a pena ouvir? Sim! Vai virar clássico? Definitivamente não.

Nota: 7,5

Divulgação