O tempo de estrada e conhecimento de causa adquiridos pelos gaúchos do Carniça (que foi formada em 1991, chegando a encerrar as atividades em 2004, para retornar revigorada e ainda mais determinada em 2008), são refletidos neste novo trabalho, "Nations of Few", o qual o trio mostra o quanto a banda se preocupa com a qualidade de seu trabalho, pois a experiência ensinou muito bem que esse caminho é difícil e concorrido, atualmente com uma cena abarrotada de bandas, e não há espaço para amadorismo ou para brincadeiras.
Gravado mixado e produzido pelo baixista e vocalista Mauriano Lustosa , no Chronos Studio Sound, em Novo Hamburgo-RS, e masterizado em SP, no MCK Studios, a sonoridade ficou matadora, tudo embalado pela arte gráfica, com excelente trabalho de Anderson Neves (visite AQUI o site do artista), retratando os personagens maléficos e maquiavélicos (he he he, sem aspas mesmo!) que a temática do disco trata (detalhe que tem um trio ao fundo, que parece com os caras do Carniça, prontos a esganar alguns do sres maquiavélicos, he he he!), mostrando muito sarcasmo, lembrando as capas dos gigantes dos anos 80, como Anthrax e Megadeth, ressaltando ainda, sobre a temática adotada na parte lírica que fala da corrupção, disparando sem dó a sua indignação com a maneira suja e distorcida que os políticos corruptos conduzem as coisas, além de toda a máquina que há por trás da "politicagem" atual, pois, citando as palavras da própria banda, presentes no encarte do álbum:
"Houve um tempo em que a política era pensada e feita em prol da sociedade e seus cidadãos...Há muito que, mercenários, traidores, hipócritas corruptos fizeram dela, a política, um meio de se atingir as mais sórdidas preferências pessoais, enriquecendo seus clãs, tornando suas pátrias Nações de Poucos."
Nesse tom, a banda despeja seu vigoroso e furioso Thrash/Death Metal, que, ao abordar um tema como esse, da corrupção, onde vemos todo dia notícias de escândalos que estouram, parece que contribuiu para as músicas soarem ainda mais raivosas e matadoras.
A exemplo do trabalho anterior, "Temples Fall...", "Nations of Few" também possui uma duração relativamente curta, que vai deixar o ouvinte querendo mais, mas não é nenhum problema, até deixando a audição de certa forma mais dinâmica.
Percebi também que as músicas estão mais trabalhadas, com mais mudanças de andamento, mais variações nos vocais. A sonoridade, para situar o ouvinte, traz influências de Slayer, talvez a maior referência que pode ser dada para o som do Carniça, mas também posso citar outras bandas clássicas como Destruction e Dark Angel.
A qualidade da gravação contribui ainda mais para valorizar o poderio do trio gaúcho. E, como se todos esses elementos não bastassem, ainda tem a participação de Cláudio David (Overdose), contribuindo com solo na "Prayers BeforeThe Death", e o guitarrista ainda participou do show de lançamento do álbum, dia 08 de dezembro de 2012, o qual foi gravado para posterior lançamento em DVD, mostrando mais um pouco de toda essa preocupação da banda em ter um trabalho relevante, diferenciado e profissional.
"The Protester" abre já soltando um grito de indignação que permeia o conceito do álbum: "Proteste e grite, lute pelos seus direitos, nossa vida é melhor que este monte de merda.", uma pedrada, curta, certeira e bem direta, seguida por "Liars", que vem com mais variações instrumentais, com um final que lembra o citado Slayer; "Nations of Few", por sua vez, no papel de faixa título, começa mais cadenciada, com riffs perfeitos para o headbanging, onde Parahim dispara palhetadas sem dó, e ainda recheada por aqueles tradicionais "breaks", marcando trocas de andamento; "Corruption", que elegi minha favorita, começa com uma intro limpa na guitarra, logo substituída por riffs matadores de Parahim e a cozinha pesadíssima dos brothers Lustosa. O andamento mid-tempo é um convite a bater cabeça,o que mostra a boa variação do álbum, que é curto e certeiro, destaque para o refrão e riffs muito marcantes e também os solos com wha-wha.
"Diablo Politician" é quebradeira veloz e violenta, ao fundo, com apenas o baixo de Mauriano acompanhando, foram colocados alguns samples onde você poderá reconhecer algumas vozes, retiradas de noticiários da tv e do youtube; "Prayers Before the Death", que foi uma das primeiras faixas divulgadas do álbum, e traz a participação de Cláudio David, outra composição de peso e força, num álbum dinâmico e, que como comentei antes, deixa o ouvinte querendo mais; fechando temos a furiosa releitura Thrash/Death do clássico "I Wanna Be Somebody", do WASP, que ficou bem com a personalidade do Carniça, e, depois de alguns minutos de silêncio, a instrumental "Nowhere", que não aparece na relação da contra-capa.
Um álbum que demonstra uma banda buscando mais e mais evoluir, mostrando preocupação com as composições e cada detalhe, a fim de mostrar um trabalho de qualidade, com músicas fortes e com personalidade. Deram mais um largo passo na carreira e vão surpreender muitos ouvintes que ainda não conferiram este álbum. Mais quatro palavrinhas para resumir o trabalho: rápido, dinâmico, empolgante e certeiro!
Texto/edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Acesse o site para mais informações e ouvir o trabalho da banda:
Ficha Técnica
Banda: Carniça
Álbum: Nations of Few
Ano: 2012
País: Brasil
Tipo: Thrash/Death
Formação
Mauriano Lustosa (Baixo e Vocal)
Marlo Lustosa (Bateria)
Parahim Neto (Guitarra e Backing Vocals)
Tracklist
1. The Protester
2. Liars
3. Nations Of Few
4. Corruption
5. Diablo Politician
6. Prayers Before the Death
7. I Wanna Be Somebody (W.A.S.P. cover)
8.Nowhere (hidden track)
8.Nowhere (hidden track)
Nenhum comentário:
Postar um comentário