A certeza de
que a qualquer momento poderemos ouvir algo novo, que traga novas ideias e
novos ares é o que mais me fascina no mundo da música. Se algum tempo atrás um
ou outro sub-gênero do Metal, como o lado mais melódico do Power Metal, tenha
sofrido um desgaste, agora o cenário já apresenta uma renovação, inclusive com
algumas bandas com mais tempo de estrada lançando bons discos, como o Sonata Arctica,
Vision Divine e Rhapsody of Fire, afinal, não se pode viver só do mesmo álbum,
ou gravar a mesma música várias e várias vezes. Aliás, até que pode, e uns o
fazem, mas são fadados ao esquecimento ou ostracismo.
Falando em novos ares e renovação, o 4th Dimension, banda italiana fundada em 2005, lançou este ano o seu segundo trabalho, "Dispellig the Veil of Illusion" (o primeiro, "The White Path to Rebirth" é de 2010), com uma excelente e límpida produção sonora. O grupo dá mostras que, enquanto surgirem novas bandas, com ideias bem trabalhadas, cuidado nas composições e criatividade, não há o que temer quanto ao ostracismo de um estilo ou de uma banda.
Pode-se dizer, como referência, que o 4th Dimension faz um Power Metal Melódico que se assemelha em alguns aspectos a boa safra finlandesa, porém,seria até errado colocá-los somente com esse rótulo, pois agregam vários outros elementos, o release da gravadora fala em Modern Power Metal, até que é um termo interessante, pela linha seguida, como os interessantes arranjos de teclados e sintetizadores que fogem daquela linha mais clássica (embora não seja algo totalmente novo).
Instrumental muito bem trabalhado, variações, criatividade nos arranjos, com cada música apresentando elementos diferentes, não deixando que o álbum caia no lugar comum, ou seja repetitivo, mantendo a atenção do início ao fim, ou seja, percebe-se uma preocupação com a qualidade do que fazem.
(abaixo,"Angel's Call", do primeiro álbum)
(abaixo,"Angel's Call", do primeiro álbum)
Louve-se a performance dos músicos, muito competentes, destacando o vocalista Andrea Bicego, que, além de um timbre bem interessante, utiliza-se também várias nuances, com interpretações com feeling, não seguindo somente aquela linha mais, digamos, comum no Power Melodic, ou seja, somente com vocais muito altos.Não que ele não se utilize desse artifício, porém, seja em músicas mais rápidas, como "The Circle in the Ice", como ou nas mais climáticas e cadenciadas, como "Away", que apresenta linhas vocais criativas, e como falei, em vários momentos, praticamente interpretando, lembrando-me de cantores como Jon Oliva ou Meat Loaf, que provavelmente tenham servido de influência para Andrea, e quem sabe um dia o cara chegue a um patamar próximo desses ídolos, não é?
Falando um pouco das faixas do álbum, o play abre com a intro "Veil 3102",seguida da de "The Circle in the Ice", que alterna momentos daquele Power Metal Melódico veloz, porém com variações e mudanças de ritmo, além de melodias cativantes nos teclados, que em vários momentos segue uma linha mais moderna, com alguns efeitos eletrônicos e sintetizados, fugindo também um pouco daquela linha mais tradicional, orquestrada ou neoclássica de um Rhapsody, por exemplo, e destacando os vocais de Andrea, também com criativas linhas;"Kingdom of Thyne Illusions" (confira acima), que também foi a escolhida para o vídeo promocional, também segue uma linha mais veloz, com melodias cativantes e muitos teclados, aliás, nessas partes mais rápidas é que eles me lembram mais o Power Melódico finlandês (Sonata Arctica, principalmente); "Extra World", também alterna momentos mais rápidos e variações criativas, mostrando que eles não partem para um lado mais fácil ou mais cômodo, buscando soluções interessantes para cada canção;
"White Logic" também é um bom exemplo da criatividade da banda,seguindo uma linha mais cadenciada, destacando excelentes arranjos de teclados e a linhas vocais; "The Watch Tower", que é baseada no livro "La Torre Vigia", de Ana Maria Matute, traz diversos climas e variações, num álbum bem dinâmico, e como você percebeu, quase falei de todas as faixas, pois realmente são muito boas, mantendo o álbum num nível elevado, as músicas bem trabalhadas, com arranjos e refrãos cativantes e criativos, sendo até injusto destacar somente algumas, assim como a performance dos músicos, apesar disso, é necessário louvores aos teclados de Fusaro e os vocais de Bicego.
Um álbum de nível alto, mais maduro e superior ao também muito bom "debut", "The White Path to Rebirth", que já mostrava o potencial da banda. Se depender de bandas como o 4th Dimension, sempre teremos renovação e boa música, independente de sub-gêneros ou rótulos. Altamente indicado para o apreciadores da linha, mas também para fãs de Metal bem feito em geral.
Texto: Carlos Garcia
Edição/Revisão: The Digger
Ficha Técnica:
Banda: 4th Dimension
País: Itália
Álbum: Dispelling the Veil of Illusion
Ano: 2014
Selo: Power Prog
Estilo: Power Metal/ Modern Power Metal Melodic
Line Up
Andrea Bicego: Singer;
Talete Fusaro: Keyboard player;
Massimiliano Forte: Drummer;
Michele
Segafredo: Guitarist;
Stefano
Pinaroli: Bass player.
Set List:
1) Veil 3102
2) A Circle in the Ice
3) Kingdom of Thyne Illusions
4) Quantum Leap
5) ExtraWorld
6) White Logic
7) Memoirs of the Abyss
8) The Watchtower (A Dream of Chivalry...)
9) Dissonant Hearts
10) Away
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