O
SATYRICON sempre foi uma banda de vanguarda, uma das primeiras a estourar na
segunda geração do Black Metal norueguês, e responsável por grandes álbuns do
estilo (como "Shadowthrone" e "Nemesis Divina"), e clássicos como “Mother North”.
Com o passar do tempo eles foram se distanciando da aura essencialmente obscura
que os consagrou, reduziram a quantidade de corpse paint, e passaram a absorver
influências mais ‘roqueiras’, limpas e até mais acessíveis. É claro que não
perderam sua marca registrada, seus riffs poderosos e a bateria intrincada de
Frost. Esta mudança começou sobremaneira com o álbum "Vulcano" (2002).
E quando
não se poderia esperar mais nada de novo, eis que a banda surpreende com um
disco épico dotado de um coral, dando novas roupagens à algumas de suas
melhores músicas, resultando em um CD duplo e um DVD de qualidades magistrais.
"Live At The Opera" foi gravado no Den Norske Opera & Ballet, em setembro de
2013, na capital Oslo e teve como convidados a Norwegian National Opera Chorus.
Ao todo são 14 sons, com um setlist que pode agradá-lo ou não, conforme a tua
preferência pelas fases da banda e seus respectivos discos. Particularmente,
acho que faltaram algumas músicas, mas isso é algo irrelevante no fim, haja
vista que precisaria ser um disco triplo pra satisfazer a todos, talvez.
Efetivamente, a banda mostra sua força e ferocidade habitual, bem como o peso e a velocidade quando se pede. As intervenções do coral se fazem presentes em partes cuidadosamente pensadas, a fim de não perder a essência do som. Abrem com “Voice of Shadows” como intro, seguem-se duas músicas bastante enérgicas, “Now, Diabolical” e “Repined Bastard Nation”, que ficaram muito boas; vindo logo atrás a densa “Our World, It Rumbles Tonight”; “Nocturnal Flare” e “Die By My Hand” trazem de volta a energia, sendo esta última um dos destaques do álbum.
“Tro Og Kraft” é arrastada e poderia muito bem ser substituída por um
material mais antigo; na sequência vem a inédita “Phoenix” que foi lançada
previamente ao material, tendo a participação de Sivert Høyem (ex-vocal da
banda de Rock norueguesa Madrugada), transformando-se imediatamente em um hit
da banda, com ampla divulgação e compartilhamento no YouTube e em redes
sociais.
Assim encerra-se o CD 1; já o CD 2 começa com “Den Siste” e “The
Infinite Of Time And Space”; com “To The Mountains” e “The Pentagram Burns” a
seguir, chegando, finalmente, ao ápice do álbum: “Mother North”; esta que se
trata de um verdadeiro hino do Black Metal norueguês e a música mais
emblemática da banda, sem dúvida. Nesta roupagem ela ficou ainda mais majestosa
e épica, e nem assim perdeu a sua parte agressiva; por fim, encerra-se a obra
com “K.I.N.G.”, uma excelente música, cujo final sobrevém uma efusiva e longa
salva de palmas à banda pelo grande show apresentado por eles e seus
convidados.
A
verdade é que se trata de um álbum incomum, não é o tipo de disco gravado com
frequência e feito por qualquer banda. Para isto, é necessário o envolvimento
de músicos gabaritados, de um bom orçamento para concretizar o projeto e um
grande alcance midiático, caso contrário, é algo fadado ao fracasso. Claro que
se tratando de SATYRICON, estes fatores são preenchidos com folga. A produção
não precisa ser comentada, devido ao habitual alto nível vindo de lá. A
embalagem da bolacha é altamente luxuosa e por certo, tanto a audição do CD
quanto a visualização do DVD serão atividades altamente prazerosas.
Texto:
Marcello Camargo
Edição:
Carlos Garcia/Renato Sanson
Fotos:
Divulgação
Ficha Técnica:
Banda: SATYRICON
Álbum:
Live At The Opera (2015)
País:
Noruega
Estilo:
Black Metal
Selo:
Napalm Records
Line-up:
Satyr:
Vocals, Guitar
Frost:
Drums
Tracklist:
CD1
1-Voice Of
Shadows
2-Now,
Diabolical
3-Repined
Bastard Nation
4-Our
World, It Rumbles Tonight
5-Nocturnal
Flare
6-Die By
The Sword
7-Tro Og
Kraft
8-Phoenix
CD2
1-Den Siste
2-The Infinity
Of Time And Space
3-To The
Mountains
4-The Pentagram
Burns
5-Mother
North
6-K.I.N.G.
Video:
SATYRICON “Phoenix”
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