sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Pray For Mercy: Sutileza a Base de Porradaria





Passadas 4 décadas, o Heavy Metal sempre atravessou barreiras e horizontes profundos, proporcionando subdivisões inovadoras e novas gerações dando, com classe e competência, conta do recado, podendo, de alguma forma, suprir a ausência de nomes já consagrados, alguns já em fim de atividade ou preferindo parar por justa causa. Afinal, nem tudo de maravilhoso, bom e eterno não vai durar para sempre, infelizmente. Mas a perseverança de novas promessas é muito grande, ainda mais de bandas que gostam de passar sua própria identidade, adicionando elementos que não são usais dentro da música pesada. E é bem isso que o septeto paulistano Pray For Mercy mostra no seu mais recente trabalho, “In Absentia”. 


Mantendo a proposta de unir o Death Metal com o Hardcore (o conceituado Deathcore, por assim dizer), que já virou febre aqui no Brasil, o Pray For Mercy embute emoção e sangue nos olhos em “In Absentia”, trazendo fragmentações de pura violência e insensatez, dosando cadência e velocidade, penetradas por riffs de guitarra cadenciados e carregados de groove, base rítmica bastante pesada e técnica, somando-se o ótimo trabalho dos vocalistas Otavio Augusto e Bruno Tortorello, que vão desde o gutural ao rasgado. E em tanta pancadaria e agressão, a ousadia e o experimentalismo é o ponto mais forte neste registro, apresentando fortes melodias de teclado e belas orquestrações nas 12 faixas, parecendo coisa de cinema. 




Para decifrar toda a personalidade da banda, a produção teria que ser vinda de alguém que mais sabe compreender o gênero, e essa pessoa nada mais é que Adair Daufembach (Project 46, Hangar, John Wayne, Semblant), que soube infligir toda a sonoridade do disco, presenteando uma mixagem e masterização de altíssimo nível, compreendendo todas as junções e nuances que o septeto impôs no disco. A arte, desenvolvida por Hugo Silva, apresenta tons realísticos, como se tivéssemos dentro de um museu vendo uma grande obra de pintores e artistas plásticos conceituados. 


A bateção de cabeça é constante, obvio. Mas, ouvindo atentamente o disco, a criatividade do grupo não tem limites, sabendo colocar elegância e sofisticação dentro de um som agressivo e forte, o que acaba sendo um diferencial e o destaque mais relevante durante a audição, ainda vindo de músicos jovens que possuem uma inteligência inagualável que poucos possuem. 



“Ato I: O Início Da Escuridão” abre o disco de forma apetitosa, riffs de guitarra abrasivos e brutos, evidenciando as alternâncias vocais e toques sutis de teclado; direta no ponto, “Anexo II: Intrepidus” entra numa dinâmica um pouco mais veloz, com levadas amenas e precisas, transmitindo climas maléficos e soturnos; não tão rápida, “Anexo IV: Exílio Manchado de Sangue” obtém grooves de guitarra insanos e ríspidos, prevalecendo a base rítmica, que é de um peso absurdo (prestem atenção na bateria). As melodias de teclados são bem postadas, destacando também a participação de Felipe Eregion, do Unearthly; na mesma pegada, “Anexo VI: Cegueira Do Verdadeiro Mal” emite explosões tribuladas em seu instrumental agressivo e tenso, dessa vez de uma forma mais técnica, incluindo um solo introspectivo se comunicando com o teclado. A música ganha um brilho ainda mais especial com a presença do Caio MacBessera (Project 46) nos vocais.


“Ato III: Descobertas Das Cinzas” transmite um clima tenso e riffs de guitarra intrincados, havendo nuances e mudanças de tempo em que, às vezes, nem percebemos; temperaturas sombrias formalizam “Anexo VII: Decesso”, chegando hipnotizar o ouvido com uma melodia de baixo marcante, montada por uma cama de gato extrema e orgânica: guitarra, vocais e base rítmica na sua devida medida.

O disco foi composto e dedicado ao vocalista Fábio Frazão, falecido em 2013, e que deve estar sentindo, aonde estiver, um orgulho imenso desse trabalho, assim como este redator também sente.

Se você acompanha o Project 46 e seus derivados, adquira sem medo! 




Texto: Gabriel Arruda

Edição/Revisão: Carlos Garcia

Fotos: Divulgação



Ficha Técnica

Banda: Pray For Mercy

Álbum: In Absentia

Ano: 2014

Estilo: Deathcore

Gravadora: Eternal Hatred Records

Assessoria: Ms Metal Agency



Formação

Otavio Augusto  (vocal)

Bruno Tortorello  (vocal)

Hebberty Taurus  (guitarra)

Isadora Sartor (guitarra)

André Soares (baixo)

Lucas Gomes (bateria)

Gustavo Oliveira (teclados)



Track-List

01. Prefatio (Intro)

02. Ato I: O Inicio da Escuridão

03. Anexo I: Cárcere

04. Anexo II: Intrepidus

05. Anexo III: Invocação

06. Ato II: Aceite a Dor

07. Anexo IV: Exílio Manchado de Sangue

08. Anexo V: Guiado pelas Sombras

09. Anexo VI: Cegueira do Verdadeiro Mal

10. Ato III: Descobertas das Cinzas

11. Anexo VII: Decesso

12. Ato IV: Martírio



Contatos








Nenhum comentário: