sábado, 2 de dezembro de 2017

Paradise Lost: Regularidade e Consistência



Os ingleses do Paradise Lost, que já estão completando três décadas de carreira, chegam ao 15º álbum de estúdio, "Medusa", e é uma daquelas bandas que forjou características bem particulares, sendo um dos precursores do Gothic Metal, alcançando a admiração de fãs e imprensa especializada, e servindo de inspiração e influência para muitos. Outra particularidade é a estabilidade na formação, pois do quinteto fundador, apenas o posto de baterista teve 7 donos até agora.

Apesar da veia melancólica estar sempre presente, os ingleses passaram por fases bem distintas em termos de sonoridade, em uma busca constante por evolução, chegando a mudar radicalmente de um som mais voltado ao Death/Doom até chegar em uma fase mais eletrônica e Gothic Rock. Experimentaram a ascensão e reconhecimento mundial com álbuns mais elaborados, como "Icon" (que tem uma das minhas favoritas, "Embers Fire") e "Shades of God", onde já mudavam a sonoridade, com melodias e riffs mais "limpos", e os vocais guturais já davam lugar a linhas mais "rasgadas".


As mudanças mais radicais vieram com "One Second", que apesar de ser um ótimo álbum e ser também um dos mais bem sucedidos do grupo, dividiu muito os fãs mais antigos, com a banda adotando elementos eletrônicos, Gothic Rock e Pop, com referências a grupos como Depeche Mode. Em "Host" o grupo seguiu experimentando, sendo muito criticando pelos excessos de música eletrônica e uso de loops, e é um álbum que pessoalmente não gosto.

Os seguintes, "Belive in Nothing" e "Symbol of Life", já trazem mais elementos Rock e Metal, e a partir daí, precisamente em "In Requiem" de 2007, a banda voltou à raízes mais Metal e Doom, mesclando elementos mais pesados e extremos e vocais guturais, a outros mais melodiosos e linhas vocais rasgadas e limpas.

"Medusa" (2017), é uma continuidade, mantendo uma estabilidade desde "In Requiem", com essa sonoridade pesada, por vezes arrastada e mais extrema, à passagens mais melodiosas, com vocais limpos e nuances que vão do Gothic Metal ao Doom e Stoner. Os timbres das guitarras, a sonoridade grave e a melancolia são elementos recorrentes, assim como a voz de Nick Holmes, elementos que tornam o som do Paradise Lost bem personalizado, colocando o grupo no rol das bandas que possuem uma sonoridade própria. A concepção lírica, assim como a sonoridade, é refinada, e trata de temas como existencialismo e teologia


Você já reconhece que é Paradise Lost logo após a intro do melancólico teclado em "Fearless Sky", um Doom arrastado e melancólico, com seu clima quase desesperador, hipnotiza pelo belo trabalho das guitarras, que despejam riffs pesados e graves, mas também melodias refinadas, com a música ganhando mais intensidade ao final, com Nick alternando vocais guturais e limpos.

Destaque também para a letra, que fala sobre o propósito da vida, e que bens materiais não levamos daqui. Nick Holmes comentou em entrevistas que gostam muito da expressão "O homem rico no túmulo"; A faixa título, "Medusa", também segue um andamento mais arrastado, com teclados discretos e "assombrantes", contribuindo para o clima melancólico, de melodias graves e refinadas, com Nick apresentando variações nos vocais.

Mas a banda não fica só nesse andamento arrastado, e mesmo com essa sonoridade soturna e melancólica, transita por trechos e faixas em andamentos menos moderados, como em "From the Gallows", onde é ressaltado o trabalho do novo dono das baquetas, Wältteri Vayrynen; assim como em "Blood & Chaos", que tem um andamento mais rápido, com peso absurdo e distorcido do baixo. Destaque para as variações vocais e as linhas mais melódicas e cativantes das guitarras. Destaque com certeza!


As nuances mais Gothic Metal e elementos Sludge se destacam em "The Longest Winter", uma das melhores, senão a melhor do álbum, com vocais limpos mais predominantes, além das melodias e efeitos nas guitarras que a deixam ainda mais "cinza". Soturnamente bela...."Feeling so alive in this hopless dream." 

Em minha opinião o melhor álbum deles desde o retorno ao Metal e caminhos mais pesados. E, já sendo redundante em minhas palavras, é uma daquelas bandas que forjou uma sonoridade própria, quando sentiu necessidade não teve medo de sair da zona de conforto, encontrando depois o equilíbrio em sua música, unindo o melhor dos mundos aos quais se aventurou ao longo de sua carreira. Vem tendo uma regularidade muito boa, e o melhor, mostrando que sempre pode se superar.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Paradise Lost
Álbum: "Medusa" (2017)
País: Inglaterra
Estilo: Doom Metal
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

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Line-up
Nick Holmes – vocals
Greg Mackintosh – lead guitars, keyboards
Aaron Aedy – rhythm guitar
Steve Edmondson – bass guitar
Waltteri Väyrynen – drums

Tracklist
Nick Holmes – vocals
Greg Mackintosh – lead guitars, keyboards
Aaron Aedy – rhythm guitar
Steve Edmondson – bass guitar
Waltteri Väyrynen – drums

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