domingo, 3 de novembro de 2019

Entrevista - Hellish War: "Nada Mais do Que Metal..."



Com mais de duas décadas de estrada o Hellish War segue firme em seu propósito, desde a criação da banda, que é fazer Heavy Metal à maneira clássica. Nessa caminhada já são 4 álbuns de estúdio, um ao vivo (com gravações de sua tour na Alemanha), duas viagens ao velho mundo, onde ampliou sua base de fãs, mudanças de formação, um pequeno hiato e outras dificuldades dessa batalha que é fazer arte, música e principalmente Metal.  (English Version)

Conversamos com o baixista JR para falar um pouco dessa história, e principalmente sobre o novo álbum, "Wine of Gods", que já está disponível em formato físico e digital, e ainda vai receber uma edição limitada em LP, que será lançada pela gravadora Abigail Records. Confira!


RtM: O Hellish War foi formado numa época que o mercado musical estava mudando, os anos 90, algumas bandas tentaram inclusive mudar o estilo para se encaixar no mercado, mas em contrapartida surgiram novos nomes, inclusive um revival do Metal dos anos 80, usando o termo “True Metal”, com nomes como o Hammerfall, e o próprio Hellish War aqui. Um movimento que renovou e recuperou aquela sonoridade do Heavy Metal 80’s. Gostaria que você comentasse a respeito disso, e sobre como você vê o espaço no cenário hoje para as bandas que seguem essa linha mais 80’s?
JR - Acredito que tem espaço para todo mundo. Obviamente algumas modas vão e vem, alguns estilos ora em alta tendem a cair na semana seguinte e assim por diante. Este lance do revival chega a ser engraçado, pois nosso principal compositor nasceu na década de 70 e viveu a aura dos anos 80 in loco. Então mais do que normal que essa influência se refletisse nas composições. Entendo o ponto jornalístico da questão, mas pra nós, isso nada mais é do que Metal. Metal que nós ouvimos e curtimos no dia a dia. É nosso background e influência, o revival quem faz geralmente são os fãs e a mídia em geral.



RtM: Para este novo álbum vocês contaram com apoio importante, com financiamento pelo Proac Editais, o que certamente, devido as dificuldades para uma banda brasileira poder investir, é uma saída muito interessante, para seguir lançando novo material, podendo investir mais na produção, consequentemente podendo ser mais competitivo. Gostaria que vocês comentassem a respeito desse apoio e o que mais isso trouxe e poderá trazer de resultado.
JR -  O PROAC foi uma porta gigantesca para tentarmos um novo approach. É legal ver que uma banda de Metal, do underground nacional foi contemplada com este projeto. Mostra que de certa forma ainda existe abertura para a cultura, seja ela qual for. Foi muito importante termos este apoio e isso acrescenta e muito para a história do Hellish War. A liberdade financeira foi essencial neste projeto, além de ter ajudado no nosso ego. A auto estima foi lá em cima.

RtM: Algo que achei muito interessante é a contrapartida ao projeto que a banda dará, que são as realizações de oficinas musicais. Ou seja, o estado investiu em cultura, e a população recebe também o retorno. Inclusive o Show de lançamento também é com entrada franca não é? Então, é muito importante tudo isso, pois muitos parecem não ver o Heavy Metal como algo que mereça um investimento maior por parte de órgãos de incentivo à cultura. Gostaria que vocês comentassem a respeito.
JR- Sim, fizemos três shows de forma gratuita. É muito legal isso, pois, acabamos por alcançar pessoas que não são do metal e até sendo possível melhorar a imagem do estilo perante a sociedade em geral. Em nossos shows abertos ao público sempre tem crianças, famílias inteiras. Esta contrapartida é essencial para disseminarmos a cultura, e sendo uma cultura que vivemos e respiramos, melhor ainda. 


RtM: E com relação à produção de “Wine of Gods” e aos trabalhos anteriores, visto o apoio com o financiamento, acredito que vocês conseguiram dispor de mais recursos, mais alternativas e mais tempo para a produção. Poderia nos destacar as principais diferenças da produção deste álbum para os anteriores?
JR - A diferença principal foi a verba mesmo, porque tempo não tivemos. O projeto tinha um deadline bem menor do que estamos acostumados a trabalhar, então foi bem tenso o processo de composição e gravação. Mas com a verba, foi possível avaliarmos mais de um produtor, mais de uma forma de lançar, etc.

RtM: “Wine of Gods” com certeza será apontado por muitos como o melhor trabalho da banda, trazendo composições muito fortes e bem trabalhadas, e claro, produção cristalina. Gostaria que vocês comentassem a respeito do processo de composição, inclusive vocês se isolaram em um sítio durante o processo não é?
JR - Sim, nos isolamos por alguns dias em um sítio no interior. Foi legal termos este espaço, longe dos problemas corriqueiros do dia a dia. Longe de trabalho, família, etc. A criatividade flui. Tínhamos a aparelhagem ligada o tempo todo, então era só chegar e tocar a qualquer momento. Cansou? Era só dar um pulo na piscina, fazer um churrasco. Nossa composição segue uma linha uniforme em todos os álbuns, o Vulcano e o Job geralmente apresentam as ideias e vamos lapidando com a banda toda. Com o lance do sitio isso aflorou, e até eu que nunca compus nada acabei assinando uma das músicas.

RtM: Um dos destaques, que inclusive teve um lyric-video lançado recentemente, é “Warbringer”, que traz como convidado Chris Botendahl (Grave Digger), gostaria que vocês nos contassem mais a respeito de como surgiu essa ideia e oportunidade de convidá-lo, e que critério foi usado para decidir em qual faixa iriam utilizá-lo?
JR - Tínhamos a ideia de convidar alguém do Metal. Fizemos a lista dos que mais gostamos e entramos em contato. Tinham alguns outros, mas o Chris foi muito simpático e prestativo desde o início. Mostrou interesse e respondeu quase de imediato. A escolha da música foi bem óbvia pra gente, este som tem a cara dele e já imaginávamos ele cantando. Mas ele fez um trabalho excelente e contribuiu muito pro som. Somos muito fãs de Grave Digger, é uma realização ter ele no álbum.


RtM: Uma das grandes dificuldades é o espaço para shows, ainda mais em um país enorme como o nosso, aliadas a dificuldades econômicas. Na sua visão, o que pode ser feito para termos melhorias nesse sentido?
JR - Olha, são tantos anos na estrada e respondi tanto sobre esse assunto que já nem sei mais por onde ir. Mas, sendo objetivo, acredito que falte incentivo mesmo. Dinheiro é o que gira o mundo e se não nos unirmos para prestigiar as bandas nacionais que aparecessem por aí, dificilmente este cenário irá mudar. O incentivo de um projeto estadual mostra que a realidade pode ser alterada, temos que levar isso para a cena como um todo também.

RtM: E suas expectativas para shows no Brasil e também expectativas de novamente um trabalho da banda ser lançado por um selo estrangeiro, além de voltar para uma tour maior na Europa, um dos grandes mercados do Heavy Metal?
JR - Para o Brasil já fizemos três shows de lançamento, como parte do projeto para o Proac: Sorocaba, Santos e Campinas. Os demais serão divulgados em breve. Tem coisa legal vindo por aí, o Hellish irá quebrar algumas barreiras daqui pra 2020. Quanto a Europa, o álbum sairá em vinil pela Abigail Records de Portugal e estamos procurando parceiros para lançar o disco lá. O mesmo vale para um nova tour por lá. Nada definido, mas está no nosso radar.

RtM: Obrigado pela atenção! Espero vê-los conquistando mais reconhecimento, e também ver um show da banda aqui no RS ano que vem. Fica o espaço para sua mensagem aos leitores.
JR - Seria um prazer irmos para o RS. Só falta o convite!! Quero agradecer pelo espaço concedido e agradecer a todos os leitores e fãs da banda! Ouçam o novo álbum, sigam nossas redes sociais, compartilhem com os amigos e em breve nos vemos na estrada!!

Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Line-Up:
Bill Martins: Vocals
Vulcano: Guitar
Daniel Job: Guitar
JR: Bass

Daniel Person: Drums

Agradecimentos: Som do Darma

Discografia:
Defender of Metal - 2001
Heroes of Tomorrow – 2008
Live in Germany - 2010
Keep It Hellish - 2013
Wine Of Gods - 2019


       



       

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