Entrevista por: Renato Sanson
Músico entrevistado: Raphael Olmos (guitarra/vocal) – Banda: Kamala de
Campinas/SP.
“Eyes of Creation” (18) é o mais recente lançamento do Kamala onde
apresenta sua nova formação, mostrando uma sonoridade ainda mais agressiva e
instigante. Como está sendo este novo momento?
Está sendo espetacular, a Isabela
Moraes (bateria) trouxe muito groove para a banda, e ao vivo, a energia dos 3
nos palcos está sendo super elogiada pelos fãs e pelos jornalistas.
Além de “Eyes of Creation” vocês lançaram em 2019 o seu primeiro disco
ao vivo o “Live in France” que é exclusivamente para as plataformas streamings.
Porque a França? Como foi esta turnê?
Esse álbum foi gravado na nossa 6º tour
europeia, e desde a 2º, a França foi um país que nos “abraçou” e começamos uma
linda relação. Sem dúvida é o país europeu que mais tocamos, sendo que uma das
turnês, foi feita inteiramente na França.
Esse álbum não estava nos nossos
planos, e assim como para os fãs, foi uma ótima surpresa para a banda também.
Foi gravado no último show dessa turnê, e única coisa que sabíamos, era que a
casa de show transmitia a Live através da sua página no Facebook. Por ser o
último show da tour, estávamos uma máquina, e assim que acabou, antes de ir
embora, o técnico de som falou “o show inteiro foi gravado multi pista, vocês
gostariam de levar as tracks?”. E quando escutamos, ficamos impressionados com
a qualidade. Mostramos para o Ricardo Biancarelli (produtor do nosso próximo álbum)
e ele pirou também, e fez a mixagem e masterização. Voltamos no final de
outubro e em dezembro decidimos lançar exclusivamente em todas as plataformas
de streaming, para não perder o “time”, já que na minha opinião foi a melhor
turnê que fizemos.
O álbum foi escolhido por muitos
jornalistas como melhor álbum ao vivo nacional, então, não poderíamos estar
mais felizes com esse lançamento! E sem dúvida, um álbum ao vivo, com muita
energia e orgânico (pois nem planejávamos e sabíamos que estava sendo gravado
dessa forma), simboliza muito o bom momento que estamos vivendo.
Essa jogada de ter certos materiais lançados apenas nas plataformas
digitais é uma grande sacada e vejo no marketing do Kamala essa desenvoltura
com o mundo digital, transformando essa nova era em um aliado e não em um
inimigo. Esse pensamento mais universal de divulgação trouxe quais benefícios?
Eu sou colecionador de CD’s, mas mesmo
eu, mudei minha forma de consumo. Temos que enxergar o mercado e sempre buscar
adaptar e evoluir.
Além do LIVE IN FRANCE, temos
outro álbum lançado exclusivo digital, que é o EP “Consequences of Our Past -
VOL 1”, que é dedicado a regravações de músicas antigas com essa nova cara da
banda. Os três primeiros álbuns do Kamala tinham 2 guitarristas e afinações
mais baixas, e quando viramos um trio à partir do MANTRA (2015), novos arranjos
nas músicas antigas foram feitas e muito bem aceitas ao vivo.
O streaming é mais do que
realidade e a principal forma de consumo de música hoje, quem for contra esse
formato, está dando um “tiro no pé”.
Referente as ideias de divulgação no meio digital, quem cuida desta
parte criativa?
Nós mesmos... ainda somos uma
banda 100% independente, então tudo do KAMALA é feito e desenvolvido pela
banda.
Mesmo tendo o mundo digital ao seu lado vocês também prezam pelo
lançamento físico de seus álbuns. Qual a importância do material lançado
fisicamente para a banda?
Nossos álbuns de inéditas
continuam e sempre vão continuar tendo em formato físico, pois o álbum além das
músicas, tem todo o trabalho gráfico junto, que simboliza cada nova obra,
conceito das letras... cada novo álbum é um novo capítulo da banda, e merece
ter todo esse cuidado áudio/visual.
E também temos boas vendas de CD’s
nos shows e encomendas, pois querem autografados, e galera sabe o quanto isso
ajuda a manter viva uma banda independente!
Algo que me chama muito a atenção no som do Kamala é a parte lírica,
onde os temas se conectam desde o primeiro álbum, baseado em Chakras e energia.
Como surgiu esta ideia?
O mundo já tem muita coisa
“pesada/negativa”, somos uma banda de metal, mas acho extremamente importante,
passar algo positivo nas letras, pois música é uma das principais formas de
arte para se conectar e se purificar.
Já tivemos fãs que falam o quanto
nossas letras ajudaram em momentos difíceis, então antes de escrever cada
letra, sabemos que a música não será só nossa, e que temos responsabilidade com
cada palavra colocada. Bandas como o Gojira, seguem por essa linha... e também
não nos sentimos confortáveis escrevendo sobre algo que não vivemos e
acreditamos.
Qual a sua relação com este mundo das energias?
Acredito que tudo que fazemos
reflete aqui mesmo, desde os pequenos atos. Se você fizer o bem, ele volta, o
mesmo se você fizer o mal... cedo ou tarde, tudo retorna.
Musicalmente fica quase impossível encontrar um estilo para o Kamala,
já que a diversificação sonora é latente, mas sem perder um pingo de
agressividade, muito pelo contrário, crescendo ainda mais a cada lançamento.
Eu falo que somos uma banda de Metal (hehe), claro que o thrash é uma das nossas principais influências, mas
não podemos nos limitar. A cada novo álbum a banda está crescendo mais mesmo,
fruto de muito trabalho e foco... acredito também que isso reflete o
amadurecimento nas composições e também como músicos ao vivo, que é a real
prova de uma banda.
Estamos passando por uma transformação mundial com está pandemia. Como
vocês estão lidando com este novo momento?
Um momento muito estranho... acredito
que muito disso está acontecendo por alguma coisa que só vamos entender lá na
frente. A humanidade historicamente tem pandemias, mas acho que especificamente
essa, está fazendo a gente refletir mais ainda. Refletir o quanto estamos
egoístas, o quanto deixamos de lado coisas simples e importantes. E é um
período de auto avaliação e também de reinvenção. Pessoalmente, estou buscando
me manter positivo e produtivo, e trazendo novidades na parte de vídeo e
interação nas mídias sociais.
Para 2020, quais são os planos?
Eram muitos hehehe mas por conta da pandemia,
estamos com uma grande “nuvem” e não sabemos o que será desse ano.
O novo álbum está pronto,
tínhamos iniciado o processo de procura de gravadoras internacionais e temos
uma próxima tour europeia para o segundo semestre, mas infelizmente não sabemos
o que vai acontecer, todo dia o mundo muda, está até difícil ver o que será
duas semanas para frente, imagina então meses. Mas tudo isso uma hora vai
passar, então temos que nos cuidar e cuidar de quem está em volta de nós, para
sair o melhor possível dessa.
Uma das formas que estamos
fazendo para suprir a falta de shows, é o lançamento de vários vídeos semanais
no nosso canal do YouTube, algo que ajuda o pessoal nesse período de isolamento
também. E claro, quem puder escutar nossas músicas nas plataformas de
streaming, ajuda muito a banda na parte de gerar receita.
Se te perguntassem hoje, “me indique um disco da sua banda para ouvir e
porque” qual você escolheria?
O próximo (risos), pois é um
álbum que estamos muito confiantes. Mas dos lançados, eu acho que o LIVE IN
FRANCE reflete muito o que a banda é... a energia ao vivo, e tem músicas de
quase todos os álbuns, então acho que é uma boa indicação!
Links:
Formação:
Raphael Olmos - guitar/vocals
Allan Malavasi - bass/vocals
Isabela Moraes - drums
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