Por Renato Sanson
2024 começa maligno e triunfante! Tivemos a oportunidade conversar com o líder e vocalista de uma das bandas mais respeitadas do Black Metal nacional, o Ocultan. Nas palavras de C. Imperium trazendo toda a temática e originalidade que envolve a banda.
P/S: a entrevista foi realizada ao meio da gravação do novo álbum, “Trevas”, que você confere aqui:
O Ocultan é de longe uma das bandas mais originais do estilo. Principalmente pela sua temática, envolvendo a religião afro-brasileira e trazendo à tona os Deuses da Terra. Queria que comentassem a respeito desta escolha.
C.Imperium – Nós optamos por introduzir a Quimbanda em nossas letras porque queríamos ser diferentes das demais bandas do estilo. Quando fundamos o Ocultan 1994, eu já era envolvido com a Quimbanda. Por esse motivo resolvemos abordar esse tema. Para nós não fazia sentido abordar outra temática a não ser a Quimbanda, que era o que realmente estávamos envolvidos.
A banda em si é de religião africana? Frequentam algum terreiro?
C.imperium – A Quimbanda não é um culto 100% afro. É uma das tradições que faz parte do caminho da mão esquerda. Além das influencias afro, a Quimbanda também possuí fortes influencias indígenas e ocidentais. Existem varias entidades que são cultuadas na Quimbanda que são de origem europeia. Sem contar a forte ligação da Quimbanda com o Luciferianismo.
Possuímos nosso próprio templo. Não concordamos com a forma que a
maioria dos templos são conduzidos. O culto está totalmente banalizado,
acessível para qualquer um. Sem contar que a maioria desses templos parecem
igrejas evangélicas. São verdadeiras máquinas de arrecadar dinheiro!
As mudanças de formação em uma banda acabam infelizmente sendo “normal”, pois sabemos a dificuldade de manter músicos focados com a proposta. Com o Ocultan não foi diferente. O quanto essas mudanças influenciaram na sonoridade?
C.imperium – Aqui no Ocultan as mudanças de formação não influenciaram na sonoridade da banda. Mesmo com as mudanças, a base ideológica e Instrumental não chegou a ser afetada. Eu e a Lady of Blood sempre estivemos a frente . Se ao longo dos anos a banda teve algumas mudanças na parte sonora foram por escolhas nossas.
Você passou de baterista para baterista/vocalista lá em 2010 e atualmente só vocais. Como foi essa transição?
C.imperium – No Ocultan eu já passei por todos os instrumentos! Nas demos toquei baixo e fiz os vocais. No debut toquei as guitarras e fiz os vocais. A partir do “Lembranças do Mal...” passei a ser baterista. De todos os instrumentos que toquei a bateria sem dúvidas foi o mais difícil. Foi o Instrumento que mais demorei a me adaptar.
Quando já estávamos gravando o “Atombe Unkuluntu”, perdemos o vocalista. Não tínhamos tempo para procurar outro . Não queríamos interromper as gravações. Por esse motivo resolvi gravar os vocais. Após o lançamento do “Shadows From Beyond”, resolvi assumir apenas os vocais.
Tocando bateria e fazendo os vocais ao mesmo tempo eu não estava conseguindo ter um bom desempenho como vocalista. Após deixar a bateria para me dedicar apenas aos vocais é notório que tive uma grande evolução. Por esse motivo pretendo continuar somente nos vocais.
O último trabalho de estúdio – “Quintessence” (18) – mostra um Ocultan diferente, mas com suas raízes. Mais técnico e diversificado, mas não menos agressivo e instigante. Como você avalia essa maturação?
C.Imperium – Essa evolução aconteceu naturalmente. No “Quintessence” conseguimos chegar aonde queríamos. As composições são bem variadas. E se alternam entre momentos técnicos, rápidos, lentos e ríspidos.
“Rites of the Sitra Ahra” é o mais novo lançamento. Um álbum ao vivo que comtempla toda a carreira gloriosa do Ocultan. Gravado no Necropole Hall em São Paulo. Casa essa que tem se tornado o abrigo do Black Metal. Como foi essa gravação e os preparos para o mesmo?
C.imperium – Recebemos um convite para nos apresentarmos na Necropole Hall, que é administrada pelos mesmos donos da Hammer of Damnation e Black Metal Store. Foi então que recebemos a proposta para gravar o show.
Confesso que fomos pegos de surpresa (risos). Não estava em nossos planos gravar um material ao vivo. Estamos começando a trabalhar nas composições do novo álbum. Mas não pensamos duas vezes, foi uma proposta irrecusável! Demos uma pousa nas composições e começamos a se preparar para esse show.
Intensificamos os ensaios, e ao mesmo tempo começamos a planejar como seria a parte de palco. Queríamos trazer toda aquela essência presente nos primórdios da banda. Foi então que resolvemos montar o altar com as estatuas!
A qualidade sonora de “Rites of the Sitra Ahra” é impecável e para quem ainda não conhece a banda se torna um belo cartão de visitas, certo?
C.Imperium – Por ser um álbum gravado ao vivo o ouvinte consegue captar toda energia e atmosfera de nossa música! Além do lançamento em CD, a Hammer of Damnation disponibilizou o show completo com as imagens, que pode ser assistido através do canal Satan’s Command.
Outro ponto interessante na carreira da banda é a parte visual. Impacta logo de cara e ao vivo se torna magistral. Desde o cenário montado ao altar em frente ao palco. Que chama bastante a atenção. Quais as influencias por trás dessas ideias?
C.imperium – Todas as nossas influencias vem da Quimbanda e Caminho da mão esquerda! Tanto o altar quanto as estatuas são de nossa propriedade!
Em termos de shows, como está a agenda? Teremos um dia à oportunidade de ter o Ocultan em solo gaúcho?
C.imperium – No momento não temos nenhum show agendado. Mas seria um
grande prazer poder se apresentar por essas terras.
Queria que nos falasse a respeito das letras e suas criações. A mensagem ali exposta é bem diferente das demais bandas do estilo que pregam o velho e batido satanismo.
C.Imperium – Eu não tenho nada contra bandas que abordam o satanismo tradicional em suas letras. Sendo algo verdadeiro é válido! Sou totalmente contra bandas que abordam qualquer tema relacionado ao caminho da mão esquerda somente por fachada. Não adiantar você tentar ser diferente, e abordar um tema que nada tem haver com a sua filosofia de vida. Infelizmente existe várias bandas dentro do Black Metal que abordam temas que nada tem a ver com a sua realidade.
O Cara ta ali, cuspindo fogo e bancando o trevoso somente para chamar a atenção. Só que durante seu dia a dia, é todo humanitário (risos). Só é Satanista, Paganista ou sei lá o que, quando se refere suas bandas e atividades musicais. Em minha opinião, o Satanismo e caminho da mão esquerda é uma filosofia de vida.
É algo que deve estar presente em nosso dia a dia. E não apenas quando abordamos assuntos relacionados a música. Como disse anteriormente. Abordamos em nossas letras temas que tem a ver como a nossa filosofia de vida!
Deixo meu agradecimento pela oportunidade e tempo cedido. O espaço final é todo seu e que o Black Metal siga triunfante e indomável.
C.Imperium – Nós que agrademos pelo apoio a nosso trabalho! Hail Chaos!
3 comentários:
Ótima entrevista.
Excelente matéria!!! 🥁💪🤟👿🔥👹🍺🎸🫵👍
Clipe zoadao kkkkk
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