sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Entrevista - Primal Fear: Química Renovada

Heiko Roith

Por Amanda Misturini 

O Primal Fear vem passando por um ótimo momento na carreira, agora com uma nova formação que conta com a guitarrista Thalia Bellazecca, o baterista André Hilgers e o retorno do baixista Mat Sinner, que se recuperou de problemas de saúde. Recentemente, a banda finalizou a primeira parte da Domination World Tour, em divulgação ao novo álbum de mesmo nome, pela Europa. 

Durante essa pausa, o vocalista Ralf Scheepers conversou rapidamente com a Road To Metal. Na entrevista, ele falou sobre a expectativa de se apresentar no festival Bangers Open Air, que acontece em abril do ano que vem em São Paulo, relembrou experiências de visitas anteriores ao Brasil, comentou sobre a química entre os atuais integrantes, a chegada de Thalia e explicou o que o motiva a manter a banda ativa até hoje.


O Primal Fear vai voltar ao Brasil no próximo ano para o Bangers Open Air em São Paulo. Você pode contar aos fãs o que eles podem esperar do show e com o que vocês estão mais animados?

Ralf: A boa notícia é que estamos ensaiando essa apresentação há quatro semanas durante nossa turnê pela Europa, e estamos muito felizes porque o público tem recebido bem e ficado satisfeito com o que entregamos ao vivo. E o mesmo vai acontecer no Brasil, sabemos que o público da América do Sul é sempre muito animado e apaixonado (no bom sentido), então eles vão curtir ainda mais esse show. Como mencionei, tivemos um ótimo teste nessas semanas de ensaio, e isso foi excelente. Tenho certeza de que vocês vão gostar!

Paula Cavalcante

Legal! Em 2006, no festival Live ’n’ Louder em São Paulo, Roy-Z tocou com vocês no palco. Você se lembra daquele dia? Como foi tocar com ele e lidar com os problemas técnicos?

Ralf: Quem tocou com a gente? Acho que não me lembro...

O Roy Z esteve no palco com vocês.

Ralf: Quem é Roy Z?

Roy Z é guitarrista e produtor.

Ralf: Ah, Roy Z! Na época, foi só uma questão de acústica, mas o que realmente lembro foi do backstage, quando o David Lee Roth apareceu sorridente cumprimentando todo mundo, essa foi a parte mais engraçada. Quanto aos problemas técnicos, eles aconteceram no começo do show, como costuma acontecer em muitos festivais, com cabos e equipamentos sendo ajustados. Mas no final, nos divertimos bastante. Foi um set compacto de 30 ou 40 minutos, mas o importante é que conseguimos aproveitar o momento. E a presença do Roy Z no palco foi ótima!

Paula Cavalcante

A banda passou por várias mudanças na formação ao longo dos anos. Isso aconteceu por questões de agenda, motivos pessoais ou ambos? As decisões foram suas ou vocês conversaram bastante com o Mat Sinner?

Ralf: Sim. Às vezes as pessoas simplesmente escolhem caminhos diferentes. Houve dois integrantes que não se davam mais bem entre si, e eu acabei ficando no meio dessa situação porque já tinha feito turnê com eles na América do Sul um ano antes também. Foi uma decisão difícil pra mim, mas era algo que precisávamos fazer.

No final das contas, continuei trabalhando com meu parceiro e amigo Mat Sinner [baixo], que voltou a fazer parte da banda conosco. Como já falei antes, estamos entregando tudo o que prometemos, e é ótimo tê-lo de volta no palco, cantando e tocando ao meu lado, além de ser meu parceiro na banda. Algumas decisões difíceis precisam ser tomadas às vezes, e eu passei por isso com ele.

Agora todo mundo está na mesma sintonia, indo na mesma direção. Isso é ótimo! Essa união é resultado de tudo isso.

Em entrevistas anteriores, você comentou que trazer a Thalia [Bellazecca, guitarra] para a banda foi uma escolha corajosa. Olhando para trás, qual foi a maior surpresa ou a melhor recompensa dessa decisão?

Ralf: Quer dizer, se você assiste aos shows ao vivo ou até aos ensaios no estúdio, já dá pra perceber como eles melhoraram bastante ao longo do tempo. Toda a equipe está tocando cada vez mais afinada. Mesmo antes de entrarem na banda, já era bom, mas a precisão nas guitarras rápidas tocadas em dupla é realmente impressionante. 

E quando você vê isso no palco, com eles sorrindo e balançando a cabeça ao som do heavy metal, fica ainda mais legal. É uma combinação excelente para a banda, tanto pela técnica quanto pela presença no palco.

Paula Cavalcante

Desde que a Thalia entrou na banda, você tem percebido mais fãs mulheres nos shows?

Ralf: Mais familiares, na verdade... Quero dizer, sim, houve um aumento no número de pessoas vindo às apresentações. Uma parte delas já era fã antes, mas também estamos recebendo muitas pessoas novas, cada vez mais crianças assistindo às nossas apresentações, o que é ótimo. 

Não é só por causa da Thalia, isso ajuda bastante, claro, mas no final das contas também lançamos um álbum muito bom, e acho que esse é o principal motivo pelo qual o público vem aos nossos shows.

Thalia é uma inspiração como mulher negra numa cena do metal dominada principalmente por homens brancos. Como os fãs reagiram quando ela entrou na banda?

Ralf: Houve algumas reações negativas, mas foram bem poucas, tipo 1%, algo como 'ah, por que uma mulher agora?', especialmente vindo dos Estados Unidos. E nós não ligamos pra cor, raça ou qualquer outra coisa; somos apenas seres humanos, isso é o mais importante. 

Quando a química funciona entre nós assim como funciona agora, não tem relação com nacionalidade ou cor da pele. E, como eu disse, 99% foi totalmente positivo. Sempre vai ter alguém reclamando de alguma coisa, mas no fim das contas a gente não liga.

Paula Cavalcante

Qual mensagem você gostaria de deixar para os fãs brasileiros que amam a banda e vão assistir ao show no Bangers Open Air?

Ralf: Estamos muito ansiosos para voltar aí. Eu estive aí há dois anos e agora já está na hora de retornar novamente, com a nova equipe e para mim mesmo, mas também uma nova velha equipe: Mat [Sinner, baixo] e Magnus [Karlsson, guitarra] - com quem já toquei antes - comigo novamente, além do André [Hilgers, bateria] também. 

Já estamos há quatro ou cinco semanas na estrada juntos e tudo está indo muito bem. O motor está a todo vapor, por assim dizer. Isso dá uma base sólida pra chegar ao Brasil e dar tudo de nós. Estamos realmente ansiosos pelas reações de vocês. É sempre incrível tocar no Brasil, nós nos divertimos demais aí. Então todo mundo está super empolgado!

Por fim, o Primal Fear completa 28 anos este ano. Olhando pra trás, quais momentos foram mais especiais pra você? O que te mantém animado pra continuar?

Ralf: No final das contas, Amanda, tudo acontece passo a passo. Cada álbum leva ao próximo e sempre tem histórias por trás da gravação, como os álbuns foram feitos e como trabalhamos juntos como equipe. É claro que tem os shows ao vivo, como o Wacken, Graspop e também os shows em clubes menores. 

Todo esse contexto é muito especial, e é exatamente por isso que faço isso: estar na frente das pessoas, tocando nossa música e me divertindo com tudo isso. Viajar nem sempre é fácil: cansaço, jet lag e noites mal dormidas faz parte do percurso. No fim das contas, o que realmente importa é o show e a música, essa é sempre a parte mais legal. Tenho certeza de que vai ser incrível voltar a tocar no Brasil. novamente.




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