domingo, 26 de agosto de 2012

Paradise Lost: Jogando Para a Torcida


Imaginei outros títulos para a resenha, mas não consegui achar outro mais adequado, apesar de clichê, pois após muitas mudanças em sua sonoridade, a banda foi retomando sua identidade. Os ingleses do Paradise Lost com certeza perderam fãs, ganharam outros nessas suas empreitadas, principalmente na época do lançamento de "Host" (1999). Produziram álbuns bem diferentes dos que os consagraram, como "Gothic" (1991), "Icon" (1993), "Shades Of God" (1992) ou "Draconian Times" (1995), que já são álbuns diferentes entre si, mas não ao ponto de parecer uma outra banda totalmente diferente, trazendo experimentações, algo mais comercial, bem mais próximo do Gothic Rock, e com influências de bandas como Depeche Mode, chegando ao ponto de relegar a parte mais orgânica de sua música, utilizando baterias programadas e vários efeitos nas guitarras, como loops e sintetizadores, além de outros experimentos eletrônicos.

Até que fizeram bons discos, que agradaram os fãs menos radicais, como o "One Second" (1997), por exemplo, mas "Host" fez os fãs que ainda resistiam, como eu, esquecerem a banda, tanto que o álbum seguinte, "Believe In Nothing" (2001), apesar de ser um álbum bem mais interessante, passou meio que despercebido, devido a desconfiança, e eu mesmo, acabei ouvindo o álbum bem depois, após o "Symbol Of Life" (2002), onde os caras voltaram a fazer algo digno, mas que certamente ainda dividia opiniões.

Capa e arte do álbum elaborada pelo artista parisiense Valnoir

A partir daí a banda lançou mais três discos, que se não podem ser considerados clássicos, são muito bons e seguiram agradando e recuperando a confiança dos fãs. "Paradise Lost" (2005) trouxe de volta a faceta mais pesada e soturna, e "In Requiem" (2007) seguiu pegando pesado e ainda apresenta um Nick Holmes cantando de forma mais agressiva, naquela linha amargurada, berrada às vezes. Essa boa sequência de lançamentos, incluiu também ótimos DVDs, como "Draconian Times MMXI" (2011), e culminando agora em 2012 com este "Tragic Idol".

Em "Tragic Idol", existem algumas diferenças, como os teclados, que ainda aparecem, mas muito menos que nos trabalhos anteriores, e deu-se mais destaque as guitarras. Os vocais estão também mais agressivos, ou seja, tudo está mais agressivo, mais direto, com menos melodias, menos linhas mais "fáceis", aproximando -se muitas vezes do Death Metal, como na faixa "To The Darkness".

Existem, claro, momentos em que soam com mais melodia, como a faixa título, que possui linhas de mais fácil assimilação, Nick canta em um tom mais grave, lembrando a faceta Gothic Metal da banda.


É um álbum que traz um equilíbrio muito bom, trazendo vários elementos encontrados nos álbuns mais aclamados, mostrando novamente a verdadeira identidade do Paradise Lost, que foi sendo recuperada, junto da credibilidade dos fãs, e acredito que não teremos mais guinadas como as da época de "Host", ou seja, evolução tem de existir, mas sem perder identidade, e pessoalmente, o que mais quero é que minhas bandas preferidas "joguem pra torcida", experimentalismos muito além de suas características, que fiquem para projetos paralelos.

Texto: Carlos Garcia
Edição: Caco Garcia
Revisão: Xavier
Fotos: Divulgação


Ficha Técnica
Banda: Paradise Lost
Álbum: Tragic Idol
Ano: 2012 
País: Inglaterra
Tipo: Doom/Dark Metal
Selo: Century Media

Formação
Nick Holmes (Vocal)
Greg Mackintosh (Guitarra)
Aaron Aedy (Guitarra)
Steve Edmondson (Baixo)
Adrian Erlandsson (Bateria)

Assista ao vídeo clipe de "Honesty in Death"

Tracklist
01. Solitary One
02. Crucify
03. Fear Of Impending Hell
04. Honesty In Death
05. Theories From Another World
06. In This We Dwell
07. To The Darkness
08. Tragic Idol
09. Worth Fighting For
10. The Glorious End 
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