Estância Velha/RS (Brasil) recebeu a lendária banda portuguesa pela primeira vez |
Quando divulgado que a banda portuguesa Moonspell viria ao Rio Grande do Sul, a primeira cidade a ser pensada, claro, fora a capital Porto Alegre/RS. Acontece que, dentro da proposta do projeto cultural EST+Cultura, a pequena Estância Velha/RS, na região metropolitana, foi o palco para a estreia da banda de Dark/Doom/Gothic Metal em terras gaúchas na noite de 15 de dezembro de 2012.
Grande público aguardava ansioso o Moonspell |
Havia um receio de que, devido à localização do evento, teríamos um baixo público, mas esta impressão foi por água abaixo ao chegarmos ao estacionamento da Arena Palco 7, mais nova arena de shows da região, onde encontramos longas filas aguardando a esperada noite onde, além das estrelas, teríamos as bandas gaúchas A Sorrowful Dream e Estação das Brumas.
Com um tratamento profissional, fomos credenciados com facilidade e podemos assistir à passagem de som da banda, antes da abertura oficial dos portões. E já aqui, ao ver a banda portuguesa acertando seu som, tivemos a certeza de que teríamos um dos melhores eventos do ano e com uma das melhores estruturas sonoras do estado.
Com atraso e mudança na agenda, Moonspell se apresentou primeiro, após pronunciamento emocionado dos idealizadores do projeto, bem como da produção Makbo, que mostrou ter capacidade para eventos do porte, mesmo que alguns erros tenham sido relatados por algumas pessoas, como problemas com o Meet & Greet (encontro com a banda) e acesso interno ao local, além de problemas com o som das bandas posteriores ao Moonspell.
Finalizando a Alpha Mundi Tour em terras brasileiras (o derradeiro show aconteceu uma noite depois, em São Paulo/SP), Fernando Riberio (vocal) e sua banda sobem ao palco, muito bem decorado, para executar a fenomenal “Axis Mundi”, faixa de abertura do álbum em divulgação “Alpha Noir” (2012), com Ribeiro usando um capacete temático de gladiador, marchando no palco, ao ritmo tribal da canção. Sem conversas e com o público gritando a plenos pulmões, outra do mesmo álbum, a emblemática “Alpha Noir” seguiu o massacre.
Fernando Ribeiro mostraria, ao longo de todo show, o grande frontman que é |
Em meio a muitas ovações, Ribeiro anuncia “Finisterra”, a primeira das faixas mais antigas, afinal, todos estávamos esperando os grandes clássicos, tanto por ser a primeira vez da banda no sul quanto pelo grupo estar a comemorar seus 20 anos de existência. Seguindo “Night Eternal”, e o público parecia, a cada faixa, ficar mais empolgado, literalmente agindo como animais, no bom sentido, claro, com a energia que qualquer banda gostaria de ver no seu público.
Com a qualidade sonora do local, bem como a presença de palco dos integrantes (vale mencionar o baixista Aires Pereira que não é um membro efetivado da banda, mas os acompanha em shows ao vivo e estúdio, e mostrava-se um dos mais ativos), iriam se exaltar ainda mais com a clássica “Opium”, que, juntamente com “Alma Matter” e “Fullmoon Madness”, eram das mais aguardadas, e o público respondeu à altura.
Entre uma música e outra, Ribeiro tecia elogios ao público gaúcho, agradecendo inclusive as pessoas que vieram de todo o estado, mostrando que sabia que não haviam apenas pessoas do município, mas sim a grande maciça maioria viajara de poucos a vários quilômetros para assisti-los (este que vos escreve é um).
Público respondia a cada chamada da banda |
Vieram mais canções antigas, como “Awake!” e “Mephisto”, que mantinham o público insano, para levar a banda à uma etapa mais voltada à fase Gothic da banda, como o próprio vocalista falou: “O Moonspell sempre caminhou entre o Metal e a veia mais gótica, e vamos tocar algumas dessas para vocês”. Seguiram-se então as soturnas “Scorpion Flower”, “Nocturna” (uma das mais clássicas dessa fase) e “Everything Invaded”, acompanhada às palmas do público e aos berros no refrão. Muito legal essa fase da banda que, embora não traga o peso da fase mais atual, segue presente como um dos pontos fortes do grupo, com os vocais mais graves do que guturais tomando conta.
Estava na hora de voltar à fase mais recente, pois ainda faltavam grandes canções do recente disco “Alpha Noir” e, ao som de lobos a correr, sabíamos que a esperadíssima “Lickanthrope” (até agora único vídeo clipe do disco) iria despontar nos próximos segundos, com a explosão sonora refletida no público ensandecido que, mesmo tendo agitado desde o começo, aqui investiu ainda mais energia Era fácil ver muitos cabelos voando. Sensaciona! Uma das canções da atual fase mais pesadas e esperadas por este que vos escreve. Foi de pirar.
Após a quebradeira, Ribeiro conversa mais um pouco com o público, para anunciar então a faixa em língua portuguesa, também recente, e bastante esperada (tinha um cara próximo de mim que passou o show pedindo ela): “Em Nome do Medo”. Pulmões ao máximo, o público mostrava, à exemplo das canções anteriores, a sua força e vontade de assistir aos mestres do Metal lusitano.
O guitarrista Pedro Paixão (esq.) agita bastante e reveza-se entre a guitarra e os teclados |
Caminhando mais para o fim da primeira parte do show, “Vampiria” é recebida com grande ovação dos presentes, seguida daquele que é o maior clássico da banda, o hino “Alma Matter”, onde a voz de Ribeiro chega quase a ficar inaudível em confronto ao barulho do público.
Temos a despedida para a volta com três músicas no bis. Com a introdução característica, a banda volta para “Wolfshade”, não sem um pequeno problema na guitarra de Ricardo Amorim, que rendeu risadas da banda e público, mas que não quebrou o clima, apenas mostrou que o grupo caíra nas graças dos presentes.
Após o clássico, a única faixa de “Omega White”, lançado juntamente com “Alpha Noir”, a ser executava veio em seguida. Tratou-se da ótima “Grandstand”, que soou bem legal ao vivo, embora tenha sido sentido falta de “White Skies”, música de trabalho do álbum, que aqui na América do Sul só foi executada em São Paulo.
Com o público cansado, mas satisfeito, e após uma hora desde o fim do show do Moonspell, a banda A Sorrowful Dream executou algumas canções, todas composições próprias dos seus 15 anos de história, além de uma faixa inédita, que estará no próximo álbum do grupo a sair em 2013.
Moonspell despede-se satisfeito |
Infelizmente, mesmo com um bom público, muitas pessoas foram embora (já eram 2 da manhã) e a banda sofreu com problemas no som, já que na maior parte do show a guitarra de Jô Toldo não era ouvida, com a moça tentando consertar o problema em cima do palco, além de que os vocais de Éder eram inaudíveis, apenas quando trazia guturais mais altos é podíamos entender o que estava cantando, uma clara falha da parte sonora do local, o que atrapalhou os méritos da banda, mas que mesmo assim era ovacionada a cada faixa e saiu tendo cumprido seu papel, embora merecesse melhor estrutura.
A Sorrowful Dream |
Faltava ainda Estação das Brumas e, quase por volta das 4 da manhã, com um público de menos de 30 pessoas, todos visivelmente cansados, a banda de São Leopoldo/SP levou seu Rock Alternativo, executando duas faixas próprias, cantadas em português, além de covers de Marilyn Manson, que soaram bem próximas a original. Porém, problemas de retorno, aliado ao baixo público e cansaço geral, fez com que a banda encerrasse o show antes do previsto.
Estação das Brumas |
Uma noite histórica, com um show enérgico e recheado de clássicos, fez dessa vinda do Moonspell um grande sucesso. Agora, é apoiar o projeto EST+Cultura e os produtores para, quem sabe, termos outras grandes shows em 2013, com valores baixos de ingresso (mérito desta apresentação) e qualidade.
Agradecimentos: à Makbo Produções pelo credenciamento e tratamento profissional.
Texto e edição: Eduardo Cadore
Fotos: Road to Metal (Dafne Endres)
Fotos - Edição: Izabella Balconi
Set List Moonspell
01 – Axis Mundi
02 – Alpha Noir
03 – Finisterra
04 – Night Eternal
05 – Opium
06 – Awake!
07 – Mephisto
08 – Scorpion Flower
09 – Nocturna
10 – Everythin Invaded
11 – Lickanthrope
12 – Em Nome do Medo
13 – Vampiria
14 – Alma Matter
Bis
15 – Wolfshade
16 – Grandstand
17 – Fullmoon Madness
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