Sete são os portais que guardam o reino amaldiçoado de Hades, sete é o
número de vezes que um gato pode resistir à morte. O número sete é sagrado,
perfeito e poderoso, afirmou Pitágoras, matemático e Pai da Numerologia. Sete
são os dias da semana, sete são os graus da perfeição, são sete as esferas
celestes e as hierarquias angelicais se dividem em sete grupos. Quando se fala
em pecados capitais, o número sete vem logo à lembrança. Muito se fala na lenda
que o sétimo filho de um sétimo filho, atrairá a atenção do mal. E por final, e
mais importante sete é o número de álbuns oficiais de estúdio dos reis do
CountryCore e do Cowpunk: MATANZA!
Respeitando a ritualidade construída em torno do melindroso número,
sete será o número de perguntas em que tentaremos saber um pouco mais sobre as
novidades e curiosidades do Matanza.
I – "É meu camarada, aqui é Tombstone
City e toda noite é o mal pela raiz...".
Road to Metal: Desde que a banda encravou o nome na história do rock n'
roll nacional, assumiu um ritmo admirável de shows. Qual o segredo para
suportar a agenda frenética de shows, viagens, hotéis diferentes e um novo
horizonte a cada semana?
Mauricio Nogueira: Cara viver na estrada não é fácil, mas também
não é nenhum bicho de sete cabeças (risos), logico que rola o cansaço, pouco
sono, hotéis podres tudo isso, mas cara isso é muito melhor do que trabalhar em
algo que você odeia, com chefes que não tem a metade da tua cultura e da tua
educação, te mandando o que fazer, vivemos de música e o único modo de você
viver hoje nisso é estando na estrada o tempo todo, e é isso que fazemos tocar,
tocar e tocar. Não há muito tempo pra lamentações nem frescura.
II – "Pé na porta e soco na
cara...".
RtM: Como acontece o processo criativo para a escolha da temática de
cada disco? Tem a ver com o momento da banda?
MN: O Donida é um cara de criatividade sem fim, ele tem o mundo do
Matanza na cabeça dele e uma história sem fim, com muitos capítulos, em cada
disco esses capítulos são demonstrados. Ele já vem com tudo bem mastigado para
a gente, mas é claro que fatores externos influenciam mesmo que de forma mais
velada ou mais irônica no resultado final.
III – "well your eyes are begging and the bloodshot are ready...".
III – "well your eyes are begging and the bloodshot are ready...".
RtM: Apesar de algumas canções cantadas em inglês, nota-se que a
característica do Matanza são as músicas cantadas em português, mesmo para
explorar melhor as letras temáticas e divertidas. Quando, exatamente, aconteceu
essa decisão (foi uma decisão) de cantar em português? Quais foram as
principais dificuldades da escolha?
MN: A fase do inglês foi bem no começo da banda e como eu não
estava no grupo vou dar minha opinião que não sei se é a correta (risos). Mas
acho que além de ser ali no início dos 90 que todo mundo cantava em inglês,
tinha o lance da proposta original que era mais do country americano de emular
aquilo tudo. A maioria dessas músicas
saíram no Thunder Dope. Já no primeiro
disco era tudo em português, o português trouxe a oportunidade de desenvolver a
personalidade do Matanza e fazer todo mundo entender de forma mais fácil.
IV – "Eis me aqui agora, com o destino
à frente, uma bola de ferro presa na corrente...".
RtM: Em 2016 o Matanza comemora 20 anos de estrada, beberagem e
tiroteios em saloon. Podemos esperar alguma novidade especial comemorativa para
está data?
MN: Deve rolar algo sim, ainda não foi nada decidido, mas estamos
pensando e discutindo algumas coisas sobre isso.
V – "Era pra frear e eu acelerei; Era
só desviar, mas eu nem tentei...".
RtM: Se fosse possível retornar a 1996 e se (auto) encarar na época, o
que o Matanza de 2015 diria para o Matanza de 96 não fazer?
MN: Parar de beber kkkkkkk...
VI – "Ainda que haja um preço a se
pagar, Eu resolvi que não vou mais me preocupar...".
RtM: Além da grande expectativa de ouvir as novas músicas ao vivo,
existe a curiosidade de saber do que o Don Escobar é feito (esperamos que a
podridão habite o homem). Como foi a transição e escolha do músico que assumiu
o baixo gravado ainda pelo China?
MN: Foi bem tranquila, o Dony é um cara foda, ótimo músico, e assim
como o China também toca guitarra que é muito importante para a gente por causa
do modo de tocar, a palhetada... Essas coisas… A gente ficava vendo uns vídeos
na internet sobre alguns caras, indicações de amigos e foi isso, sem muito
stress, já chegou tocando e ao vivo está detonando.
VII – "Nunca tive pena de nenhum dos velhos moradores, Os fiz passar horrores, tiveram um pavoroso fim...".
VII – "Nunca tive pena de nenhum dos velhos moradores, Os fiz passar horrores, tiveram um pavoroso fim...".
RtM: Neste trabalho mais recente, gravado de forma peculiar e sobre o
comando do Rafael Ramos, o Matanza soa como se estivesse com o velho mau humor
do "Arte do Insulto" e do "Música para Beber e Brigar".
Ainda que se note a gigante evolução de composição e sonora da banda, dá pra
afirmar que o "Pior Cenário Possível" foi um resgate dos novos
"velhos tempos"?
MN: Cara, foi um lance combinado de fazer um disco mais trabalhado,
o "Thunder Dope" foi muito simples musicalmente falando, o que eu acho ótimo, mas
a gente quis trabalhar, deixar as músicas com mais lances, principalmente as
guitarras. Só o fato de eu e o Donida tocarmos ao mesmo tempo na gravação, já
trouxe algo novo que deixou todo mundo satisfeito.
O intuito era ser um disco
"grave" e acho que rolou, ficou bem sujo e com as guitarras na
cara!!!
Entrevista por: Uillian Vargas
Revisão/edição: Renato Sanson
Acesse e conheça mais a banda:
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