ROAD to Metal Heavy Metal & Classic Rock: Redquarter: Mostrando a Essência do Tradicional Heavy Metal

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Redquarter: Mostrando a Essência do Tradicional Heavy Metal

O Rio de Janeiro nunca vai deixar de ser, mundialmente falando, conhecido por ser o cartão postal brasileiro, mas, fora isso, o território carioca possui culturas muito fortes e uma cena musical bastante rica, principalmente nos anos 60, quando o Rock dava seus primeiros respiros aqui no Brasil com o surgimento da Jovem Guarda, tendo Roberto e Erasmo Carlos como destaques, mas o que realmente entrou para história, e que foi a porta do paraíso para futuros artistas praticarem o Heavy Metal (até então desconhecido para muitos brasileiros na época), foi à realização da primeira edição do Rock in Rio (1985), comemorando 30 anos neste ano de 2015.

A importância do festival foi tão grande que as bandas da época resolveram trilhar os mesmos caminhos de Iron Maiden, AC/DC, Scorpions, Queen e entre outras; e alguns medalhões da década, como Metalmorphose, Azul Limão, Dorsal Atlântica e Taurus, estão na ativa até hoje. As coisas não mudaram absolutamente nada em pleno século XXI, grandes nomes de variados estilos metálicos estão sempre surgindo, e o Redquarter vem para somar ainda mais ao Metal carioca com o seu primeiro registro fonográfico, o EP “Innersight”.

Na ativa desde 2010, o grupo, natural de Teresópolis, aposta na praticidade e hegemonia do Metal Tradicional dos anos 80, saltando-se também ao Hard Rock e o Prog Metal, que nos remetem a grandes nomes como Iron Maiden, Savatage, Accept e Queensrÿche, infringindo muito bem a modernidade sem perder a essência pretérita, com uma formação já bem mais estável e sólida, composta por Vitor Stone (vocal), Mauricio Decario e Matheus Telles (guitarra), Julio Chinemann (baixo) e Leonardo “Drumachine” (bateria), carregando grandes gratificações que os fazem sentir orgulhos: o título de vice-campeão do consagrado Festival de Bandas Independentes, sendo a única banda de Heavy Metal entre as finalistas, deixando muitos jurados que não curtem o gênero a ficarem surpresos com a música da banda. “Eu, que nem sou metaleira, me peguei de boca aberta durante o show da banda.. Redquarter… Redquarter é internacional, é do mundo! Eu vi no FBI.”, diz Jô Rocha, uma das juradas do festival FBI.

“Innersight” foi gravado no Vintage Studios (RJ), sob a tutela de Silvio Mazzei, famoso por ter trabalhado de forma elogiável com várias bandas e estilos diversos, como o Detonautas e Zombie Cookbook; e a produção é atestada por Lisciel Franco e Maurico Decarlo, do EstudioLab. Unindo a força de ambos, a qualidade sonora ficou bem timbrada e convincente, bem nos moldes do disco “Empire” (1990), do Queensrÿche, e entre outros grandes discos produzidos nos anos 80 e 90. Elton Fernandes ficou responsável por desenvolver a arte-gráfica da obra, deslocando venustidade e ao mesmo tempo uma tumultuosa catástrofe.

Apesar de ser um simples EP, apenas 5 faixas, o Redquarter se mostra preciso e vigoroso em “Innersight”, começando pelos ótimos vocais a la Ray Alder (Fates Warning), às guitarras bem abrasivas (expondo peso e melodia na medida certa) e uma cozinha bem arranjada e orgânica, nos concedendo um trabalho soando clássico e abrangente ao mesmo tempo, sem soar clichê.

“Chainless Prison” inicia de forma bem intrincada e estimulante, flertando passagens progressivas, vocais bem marcantes e caprichados de Vitor Stone, chegando a beirar a perfeição. O refrão bem soturno (nos moldes do Pantera, e que conta com a participação de Silvio Mazzei nos backing vocals) e solos excêntricos fazem prender atenção do ouvinte rapidamente; a semi-balada “My Only Desire” é aprazível, trazendo riffs e solos de guitarra excepcionais, que começa de forma limpa, e vai crescendo com palhetadas bem fortes, exprimindo o anexo entre baixo e bateria (os fãs de Iron Maiden é que vão adorar);.

A ganchuda “Shout Of Anger” submerge em passagens mais agressivas. Um excelente Hard ‘n’ Heavy, contando com mais uma grande participação nos backing vocals, que dessa vez é comando por João Valentin; “Falling Star” (mais uma balada) mostra elegância e um clima mais opressivo, precedendo um solo bem emocionante e harmonioso. E o Vitor rouba a cena mais uma vez com seu desempenho vocal, cantando como se estivesse seduzindo força e energia; a contagiante “Redquarter” é ideal para as tradicionais performances de palco, induzindo um air-guitar nos escaldantes riffs de guitarra da dupla Mauricio e Matheus, e um refrão de puro êxtase pra cantar junto com a banda.

Ficou com gosto de quero mais? Eu também! Mais a primeira vez a gente nunca esquece, e o que nos resta é desejar sorte para esses cariocas para que, no futuro, venham lançar trabalhos ainda melhores.