sábado, 7 de novembro de 2015

Dark Moor: "Project X" Definitivamente Marca uma Nova Era

 

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Fundada em 1993, a banda espanhola Dark Moor chega ao seu décimo full-lenght, "Project X", álbum que marca definitivamente uma nova era, iniciada no álbum anterior, "Ars Musica" (2013), onde o grupo apresentou novos elementos e novas direções musicais, deixando o Power Metal praticamente de lado, mantendo as influências clássicas e sinfônicas, mas agora com sonoridade mais voltada as melodias, se aproximando ao Classic Rock e AOR.

Os novos caminhos surpreenderam muitos fãs das fases anteriores, com Elisa Marin nos vocais (que deixou a banda, junto com outros integrantes, em 2002, após a tour do álbum "The Gates of Oblivion"), e até da fase seguinte já com Alfred Romero, inclusive incluindo o aclamado álbum "Tarot"(2007) considerado por muito o melhor álbum do Dark Moor até então, mas acredito que, se alguns sentiram falta do Power e Symphonic mais "tradicional" de outrora, a maioria provou o álbum. Algo normal quando ocorrem mudanças, sempre vai-se perder alguns fãs, mas com certeza também conquistar novos.



Pessoalmente, aprovei as mudanças da banda, e sou favorável a que o artista não se dê limites, mesmo que isso possa imputar riscos, e é natural a necessidade de experimentar coisas novas, buscar evolução, porém sem perder a identidade.  São coisas necessária para manter-se relevante, e também para manter a própria motivação em criar. Veja quantas banda pararam no tempo, e não conseguiram uma evolução, não conseguindo produzir mais trabalhos que realmente empolguem (falando em bandas na linha do Power Metal, posso citar o Stratovarius e Gamma Ray, o primeiro não conseguiu evoluir sua proposta e o segundo segue fazendo o mesmo álbum há anos)

Se em "Ars Musica" ainda havia alguns traços do Power Metal de álbuns anteriores, em "Project X" o Dark Moor mergulha ainda mais na evolução iniciada no seu antecessor, e o que ouvimos é uma banda com ainda mais ênfase nas melodias, e agora executa um brilhante e "catchy" Melodic Metal, com nuances de Classic Rock, AOR, Rock Opera, repleto de grandes refrãos e melodias, onde encontramos referência de Queen, Meat Loaf e musicais naquele estilo Broadway.

Cena do vídeo "Gabriel"

Embora não seja um álbum conceitual, "Project X" aborda em suas 10 faixas um tema que fascina a humanidade há tempos, os mistérios relacionados ao espaço, se estamos sozinhos no universo, UFOs, Sci-fi em geral. Por exemplo, "Abduction" fala sobre um caso de abdução por alienígenas cinza (gray aliens), "The Secret Revealed", sobre a famosa Area 51, "Beyond the Stars", a respeito da pergunta "será que existe vida além da terra?" e "The Existence", sobre a origem da vida, de onde viemos. A capa do álbum também é fantástica, uma bela ilustração concebida por Gyula Havancsák (Stratovarius, Grave Digger, Destruction).

O álbum é um deleite para quem aprecia a boa música, cativantes melodias e arranjos orquestrais Uma das marcas do grupo), e me prendeu já na primeira audição, e fazem mais de três semanas que o álbum está no meu play list. A intro "November 3023" incia o álbum, emendando em "Abduction", e em ambas arranjos modernos de teclado dão um clima Sci-fi, com sons que lembram trilhas de filmes do gênero, abrindo o álbum de forma bem vibrante.

 "Beyond the Stars" inicia em clima de balada, com arranjos de piano (aliás, os teclados estão bem em evidência no álbum), e já dá pistas do que vem pela frente, pois nota-se já o que citei antes, o ênfase nas melodias, com cada instrumento trabalhando em prol da música, assim como as interpretações carregadas de feeling de Alfred Romero, e os coros, num estilo tipo musical da Brodway, meio Gospel também, que ficaram geniais (lembrei de Meat Loaf também), assim como o solo de Enrik, numa veia bem Queen;


"Conspiracy Revealed" é mais "rocker", novamente com refrão e melodias cativantes, além de corais também naquele estilo "Brodway", e destaque aqui para as melodias e o solo com wha wha de Enrik; "I Want to Belive", uma das melhores do álbum, uma balada carregada de emoção, que também traz esses elementos Gospel e de musicais, nos fazendo lembrar novamente de Queen e Meat Loaf. Destaque para a grande interpretação de Romero e o belíssimo refrão, com coros num estilo bem gospel.

"Bon Voyage", que fala sobre as loucas aventuras de um viajante do espaço, tem uma levada mais veloz e moderna, que logo se funde a referência Classic Rock, ótimas melodias ao teclado, do refrão nem precisaria falar, só tem refrão pegajoso neste disco!, mas este é muito legal, e tanto o refrão como o corais a referência é grande de Queen, assim como as melodias vocais e do teclado e o solo de Enrik, com timbres que remetem a lenda Brian May.

"The Existence" traz umas das melodias mais pegajosas do teclado e ótimo riff de Enrik, mesclando sonoridades do Melodic Metal moderno ao Classic Rock; destacando novamente o brilhante trabalho nas melodias vocais e coros, algo recorrente por todo o álbum; "Imperial Earth" tem um ar meio trilha sonora (no caso, de filmes Sci-fi), riff poderoso de Enrik, uma faixa com mais punch; "Gabriel", que foi o também escolhida para ser o primeiro vídeo de divulgação (trazendo a participação de Javier Botet, ator e diretor de  filmes como "Mama", "[REC]" e "Colina Scarlate" ), onde pudemos já ter uma prévia de que "Project X" traria um novo passo para a banda, a faixa traz riffs e melodias marcantes na guitarra, fantásticos arranjos de teclado, trazendo um clima bem sci-fi, e um refrão que gruda de imediato!



"There's Something in the Skies", fecha o álbum de forma épica, com seus mais de 8 minutos, cheia de variações, praticamente condensando tudo que podemos encontrar no álbum, grandes melodias, grandes refrãos, uma banda em excelente forma! A música tem um clima meio de trilha sonora, meio de musical, trazendo uma grande interpretação de Romero, e é uma faixa que evidencia mais ainda as influências de Classic Rock e Queen. A canção começa em ritmo de balada, para depois ir crescendo, tendo na sua parte central um trecho operístico (lembra aquele trecho da "Bohemian Rhapsody"?), para depois se transformar num "Rockaço" na parte final.



Um álbum que marca uma nova era para o Dark Moor, trazendo à tona suas influências no Classic Rock, adicionando novos elementos, soando atual, e acima de tudo, com música de extremo bom gosto, repleta de grandes e memoráveis melodias e refrãos. É ouvir e viciar!


Texto: Carlos Garcia

Banda: Dark Moor
Álbum: Project X
País: Espanha
Estilo: Symphonic Metal/MelodicMetal/Classic Rock
Produção: Luigi Stefanini (Rhapsody of Fire, Vision Divine, Etc) e Enrik Garcia
Gravadora: Scarlet Records

Canais Oficiais:
Official Web Site
Facebook
Youtube


Lineup:

Alfred Romero - Vocals

Enrik García - Guitars

Ricardo Moreno - Bass

Roberto Cappa - Drums
     



1. November 3023

2. Abduction

3. Beyond The Stars

4. Conspiracy Revealed

5. I Want To Believe

6. Bon Voyage!

7. The Existence

8. Imperial Earth

9. Gabriel

10. There's Something In The Skies

               







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