O FEAR FACTORY
forjou um estilo no início dos anos 90, lançando um dos discos mais
emblemáticos daquela época: ‘Soul Of A New Machine’. A mistura de Death Metal
com Industrial lhes garantiu uma boa exposição, servindo de influência para
inúmeras bandas na sequência. Passaram-se anos e, a despeito de várias trocas
na line-up do grupo, absorção de novas tendências, chega-se a este “Genexus”.
Sem traçar parâmetros com os álbuns anteriores, percebo uma banda atualizada
com o que de mais moderno rola no cenário do Metal, mas nem por isso no que existe
de melhor. Refiro-me às tendências exageradas de flertar com o Metalcore. O
FEAR FACTORY não precisa deste expediente para se destacar, haja vista que são
músicos experientes numa banda consolidada. Mas enfim... Acho que está faltando
um pouco da atmosfera fria característica do Industrial, algo cético, denso;
não se vislumbra isso aqui. Ao passo que partes eletrônicas se tornam presentes
sem agregar nada de produtivo ao som.
Tudo bem que a
guitarra de Dino Cazares ainda despeja riffs e mais riffs pesados na linha
‘robotizada’, algo que é uma marca registrada do FEAR FACTORY. Não poderia ser
diferente. Ele ainda gravou o baixo no álbum e fez um ótimo trabalho. Nota-se
um incremento no quesito bateria. Mike Heller agregou uma potência maior às
músicas e uma pegada voraz, ainda que tenha mantido os mesmos timbres de
sempre. Deen Castronovo faz uma participação especial na música “Soul Hacker”.
Os vocais de Burton C. Bell continuam na mesma linha, altenam-se entre o urrado
e o limpo, que parece estar ainda mais melódico. De qualquer forma, são bem
feitos e um ponto peculiar da banda, certamente.
Dentre as dez
músicas de ‘Genexus’ posso mencionar que “Dieletric” (que tem um vídeo bem
legal), “Protomech” e “Regenerate” são algumas que se destacam positivamente em
relação às demais. Mas o que realmente chama a atenção no álbum é “Expiration
Date”, uma espécie de balada eletro-industrial, em que temos um leve clima
‘romântico’ e vocais melodiosos. É algo que realmente foge à regra do que a
banda faz, mas pra quem curte esse tipo de proposta não é de todo ruim. É, sim,
improvável.
De qualquer
modo, não se trata de um disco ruim, porém acredito que o FEAR FACTORY deveria
investir em partes mais pesadas e densas em detrimento da melodia e partes
‘pula-pula’. No entanto, não creio que isso aconteça, e é somente uma opinião
deste que vos escreve. No que tange à produção e mixagem, ambas ficaram a cargo
de Andy Sneap, que naturalmente soube extrair o melhor da banda e deixar o
disco na medida certa. A bonita arte da capa ficou por conta de Anthony
Clarkson (LEGION OF THE DAMNED, KATAKLYSM, BLIND GUARDIAN, outras).
Texto:
Marcello Camargo
Edição: Carlos
Garcia
Lançamento:Nuclear Blast -
Line-up:
Burton C. Bell
– vocals
Dino Cazares –
guitars, bass
Mike Heller –
drums
Track-List:
"Autonomous
Combat System"
"Anodized"
"Dielectric"
"Soul
Hacker"
"ProtoMech"
"Genexus"
"Church
of Execution"
"Regenerate"
"Battle
for Utopia"
"Expiration
Date"
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