Essa banda me empolga mais a cada álbum! Nascido da genialidade de Leif Edling (Candlemass), o Avatarium chega ao seu terceiro full-lenght, e a cada novo trabalho, evoluem e podemos dizer que moldou uma personalidade bem própria e marcante.
Lá em 2012, quando começou a fazer a s primeiras demos, chegando a fazer o convite a Mikael Arkerfeldt (Opeth) para se juntar ao novo projeto, felizmente, devido as agendas, Mikael não pode aceitar. Digo felizmente, porque talvez o Avatarium corresse o risco de se tornar uma banda chata e autoindulgente como a banda titular de Akerfeldt.
Quando a coisa é para dar certo, o universo conspira, e Marcus Jidell (Soen, Evergrey, Royal Hunt) entrou na jogada, e trouxe sua esposa Jennie-Ann Smith para os vocais. A mistura dos riffs Doom e influências 70's com os elogiáveis dotes vocais de Jennie-Ann fundiram-se em uma alquimia fantástica, trazendo uma sonoridade clássica, mas ao mesmo tempo soando nova!
"Hurricane And Halos", traz uma banda ainda mais livre e criativa, e daquelas que começa a ser difícil rotular. As influências Doom Metal ainda estão presentes em riffs e em momentos de mais peso, como na abertura "Into the Fire/Into the Storm", onde os riffs de guitarra se fundem ao Hammond, trazendo a mente os clássicos Sabbath e Purple.
"The Starless Sleep" vem com timbres 70's e nuances psicodélicas, com absoluto destaque para as linhas vocais e a levada cativante; "Road to Jerusalem" tem um clima meio oriental, com elementos do progressivo setentista, bluesy e folk. Percussões e a guitarra nessa linha bem bluesy dão um clima viajante, destacando mais uma vez as linhas vocais profundas e carregadas de feeling de Jennie-Ann.
Você vai percebendo que a banda transita por momentos que beiram a genialidade, nessa sua fórmula de criar músicas, que mesmo em peças mais longas e com viagens instrumentais, é de fácil assimilação, justamente pela facilidade em tecer melodias marcantes e empolgantes, e claro, toda a paixão dos vocais de Jennie-Ann. "Medusa Child", com suas intervenções Doom e Progressivas, é banhada com doses de psicodelia, e nos mergulha em uma trip de surpresas, pois estamos envolvidos em riffs Doom e teclados bem 70's, quando de repente entra um coral com vozes de crianças, e depois nos pegamos flutuando em um mar formado pelos teclados, que vai crescendo, até vir a padecer lentamente.
Depois do mergulho em "Medusa Child", somos despertados pela levada dinâmica de "The Sky at the Bottom of the Sea", com o Hammond em destaque ao lado dos riffs de guitarra, tem algo de Uriah Heep, inclusive em algumas linhas melódicas no vocal, que remetem a clássica "Easy Living". Puro 70's soando atual. Grande canção, onde tenho que fazer abrir parênteses para elogiar os riffs e solos de Marcus Jidell, sempre com aquela aura 70's, sem exageros e com muito feeling.
"When Breath Turns to Air" (que Marcus compôs em homenagem ao pai) é uma balada climática e profunda, e como não poderia deixar de ser, com a aura 70's a flor da pele. As guitarras viajantes de Marcus brilham e deixam o espaço para a voz e os teclados também ficarem sob os holofotes nesta melancólica e profunda balada; "A Kiss From the End of the World" começa com um violão folk pra em seguida dar espaço ao peso das guitarras e da cozinha, devidamente acompanhadas pelo Hammond.
A banda cria climas únicos com suas nuances 70's, Doom Metal e doses de psicodelia; A instrumental melancólica e viajante "Hurricane and Halos" fecha mais um grande trabalho dos suécos, e me deixou a certeza que é uma das minhas bandas preferidas da atualidade, e uma das melhores coisas que apareceram na cena nos últimos anos.
Avatarium é clássico, viajante, refinado, pesado e traz o frescor criativo e liberdade que a música de hoje precisa, com tantos soando iguais e sem alma. Não sei bem o que eles bebem lá na Suécia, mas poderiam dividir com o resto do mundo, porque é impressionante a quantidade e qualidade da música que vem de lá. E tenho que aplaudir a mão de Leif para compor, sendo que assina 6 das 8 músicas, e a performance irrepreensível de seus companheiros, e um dos grandes diferenciais da banda, Jennie-Ann (e o seu nome me lembra uma de minhas cantoras favoritas, Jenny Haan, do Babe Ruth).
Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica:
Banda: Avatarium
Álbum: "Hurricane and Halos" 2017
Estilo: Heavy Metal/Hard Rock 70's/Doom Metal
País: Suécia
Produção: Marcus Jidell
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records
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Line-up:
Jennie-Ann Smith: Vocais
Marcus Jidell: Guitarras
Leif Edling: Baixo
Lars Skold: Bateria
Rikard Nilsson: Teclados
Percussões: Michael Blair
Tracklist:
Into the Fire/Into the Storm
The Starless Sleep
Road to Jerusalem
Medusa Child
The Sky at the Bottom of the Sea
When Breath Turns to Air
A Kiss (From the End of the World)
Hurricanes and Halos
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