Muitos o conheceram depois da inclusão de sua música “Through the Valley” no jogo Last Of Us Part II, no começo da pandemia, mas o Shawn James, cantor de blues/folk nativo de Chicago, Illinois têm estado na ativa desde 2012, impressionando tanto fãs quanto críticos ao redor do mundo com sua voz incrível. Aqui no Brasil, sua primeira apresentação veio em 2022, voltando em abril do ano passado, no Fabrique Clube. Agora, em outubro de 2024, o americano voltou para terras tupiniquins, trazendo 6 de 12 apresentações da perna latinoamericana de sua nova turnê, “Muerte Mi Amor Tour” para a nação verde-amarela, passando por São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Brasília, Belo Horizonte e pelo Rio de Janeiro. A “gira” começou em São Paulo, em uma sexta-feira, dia 11, no Carioca Clube. Veja como foi.
Perto das 19:00, horário de abertura das portas, já havia uma fila decente do lado de fora da casa, dobrando a Cardeal Arcoverde. Dentro da casa, pessoas corriam de um lado para o outro, tentando garantir um lugar perto do palco. Mais ou menos umas 19:40, a luz começou a pipocar, ficar meio instável. Em várias regiões da cidade, começou uma chuva forte, derrubando a energia de vários lugares. Quase uma hora depois, nada do Shawn no palco. Ele só foi subir às 20:45, mais de uma hora depois de acabar a luz.
Logo de cara, os fãs enlouqueceram, gritando e batendo palmas, mas assim que Shawn pegou no violão, dava para ouvir até um cílio cair no chão. Foi só o nativo de Chicago começar “Six Shells (The Outlaw’s Anthem)”, com sua voz poderosa ecoando pelo Carioca como fortes trovoadas que a galera acordou de novo. Inicialmente, até havia um coro singelo o acompanhando, mas acabaram deixando a cantoria só para James. O músico até tentou agradecer o público no final na música, mas não deu nem para ouvir o que ele tinha a dizer, por conta do volume absurdo dos gritos dos fãs.
“The Curse of the Fold”, por sua vez, foi cantada inteira a plenos pulmões, por uma massa de fãs que estava claramente maravilhada, estavam vidrados pelo Shawn. Esse apreço foi retribuído pelo cantor, que disse que “não há lugar melhor no mundo que São Paulo”, logo antes de iniciar “When the Stones Cried Out”, que também foi recebida de maneira tão calorosa quanto a sua antecessora.
Shawn mostrou estar incrivelmente grato pelo apoio dos Brasileiros, apontando que o show que fez na capital paulista no ano passado, no Fabrique, havia sido o maior de sua carreira, então, com o show daquele domingo, São Paulo estaria quebrando seu próprio recorde. Ele falou que não tinha palavras para descrever o apoio que recebia do pessoal daqui, dizendo que genuinamente adora o país. Seria chover no molhado dizer que vindo dele, parecia ser algo verdadeiramente genuíno, diferente de muitos artistas. “The Thief and the Moon” e “Eating Like Kings” deram sequência ao show, cada uma ocasionando um mar de aplausos. A sintonia entre James e o Carioca Club, quase lotado, era espetacular, ele tocava com um sorriso no rosto, pulando pelo palco, e os fãs iam verdadeiramente à loucura. “Eating Like Kings” veio com a história comovente de sua origem: composta originalmente por Baker (Gravedancer), um dos melhores amigos de James, ela é o resultado emocionante de estar lutando no Afeganistão pelo exército americano.
Entre conversas com quem estava lá, destacou também “I Want More”, de seu mais novo álbum, “Honor and Vengance”, de novembro de 2023 e tocou “Pendulum Swing”, de “Deliverance” (2014). Era incrível que não importava a música, os fãs cantavam junto. Honrando o halloween, a chamada “spooky season”, foi executada “Burn the Witch”, que o cantor admitiu ser uma de suas favoritas. Mostrando seu carisma, soltou um “vamo, caralho!” e chamou alguém (que este que vos escreve não identificou) de arrombado. Troçando os xingamentos por elogios, introduziu sua banda de apoio e todo o time por trás dessa turnê, tour managers, técnicos de som e até sua mulher, que aparentemente estava encarregada de fazer sua segurança.
O bloco “plugado” de seu show foi encerrado com “Orpheus”, que abriu as portas para “Muerte Mi Amor”, faixa que dá nome à turnê e foi a primeira de 6 consecutivas a ser tocada de maneira acústica. “Muerte” foi prefaciada com um discurso um tanto deprimente, com Shawn falando que já havia terminado o último disco, quando começou a pensar sobre sua própria morte, criando a letra da música. No palco, havia só ele e o baixista, que havia assumido o violão, criando um clima um pouco mais intimista. O baixista saiu do palco, deixando só James, claramente surpreso com o apoio do público, falou que tocaria mais algumas músicas que não estavam no setlist. A primeira dela foi “That’s Life”, clássico do Frank Sinatra.
Para realmente enfartar seus fãs, Shawn tirou uma dobradinha absurda da manga, “The Guardian (Ellie’s Song)”, famosa por conta de sua inclusão na segunda parte do The Last of Us e um cover arrepiante do “The Number of the Beast”, hino absoluto do heavy metal. A energia naquele momento foi indescritível. Não há como fazer jus à o que foram aquelas duas músicas, especialmente escutar um clássico do metal na voz de Shawn James. Veja:
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