O dia 12 de outubro de 2024 teve outro significado para os amantes de folk e música nórdica com a volta dos noruegueses do Wardruna ao Brasil, após sete anos, para uma noite mágica e inesquecível no Terra SP.
Liderada pelo vocalista e multi-instrumentista Einar Selvik, ex-baterista do grupo de Black Metal norueguês Gorgoroth, a banda ficou bastante popular pela sua participação na trilha sonora da série Vikings e pelo trabalho de Einar no jogo Assassin’s Creed Valhalla.
Devido ao apagão ocasionado por uma forte tempestade, ocorrido no dia anterior, um gerador foi essencial para acontecer o show. Mas mesmo assim, foi uma noite de casa cheia. O público era um show à parte, com muitas pessoas em trajes medievais, e outros com camisetas de todo tipo de bandas de Metal e Folk, além do Wardruna.
Às 20:30 em ponto eles entraram no palco, sendo ovacionados por um grande público com entusiasmo, e começaram com a emocionante Kvitravn, faixa-título de seu mais recente álbum. Ao final o público aplaudiu intensamente.
Seguem com mais uma faixa de “Kvitravn”, Skugge, que vem com uma profundidade de sons, intensa. Lindy-Fay Hella faz uma belíssima dança, muito performática. Os efeitos de luzes e sons de pássaros ajudam a deixar uma atmosfera ainda mais medieval e dão um toque especial à apresentação.
Do álbum “Runaljod - Yggdrasil”, Solringen é executada com perfeição, destaques para os vocais de Lindy-Fay Hella. Pessoal ovacionou ao final com muita empolgação.
Seguiram para os primórdios com a faixa Heimta Thurs, do primeiro álbum “Runaljod - gap var Ginnunga”. O cenário fica com uma luz vermelha e Lindy-Fay segue com sua dança performática, enquanto o público acompanha batendo palmas. Daí parou o som do nada, acham que foi algo relacionado ao gerador, pois ali em volta não havia luz e nem sinal no celular. Após alguns segundos, voltou o som para a felicidade da galera, e assim continuaram. Ao final da música, o público empolgado não parava de gritar Wardruna.
Logo após executaram um de seus singles novos, Hertan, que estará em seu próximo álbum “Birna”. O pessoal acompanha as batidas fazendo palmas. Destaca-se o trabalho de percussão de Sondre Veland e HC Dalgaard. Sondre é muito performático enquanto bate nos tambores e canta. Ele e Einar Selvik fazem um trabalho fantástico de vocais, e Lindy-Fay dá o tempero com sua voz dramática.
A banda apresentou Kvit Hjort, do seu mais recente álbum, e deixou a plateia em verdadeiro transe. Os vocais de Einar destacaram-se especialmente. O ambiente estava bastante quente, mesmo com o ar condicionado em funcionamento, devido à quase total ocupação do espaço.
Em seguida, foi a vez de Lyfjaberg, um single lançado em 2020. A fumaça que pairava no ar ajudou a criar uma atmosfera única. Sondre Veland mostrou-se muito enérgico durante esta performance, batucando com grande entusiasmo nos tambores. No final da música, o público respondeu com intensos aplausos.
Após isso, os demais membros deixaram o palco e Einar ficou sozinho para executar Voluspá (Skaldic Version), do álbum “Skald”. Ele começou a tocar sua lira kravik enquanto se expressava com uma voz afinada e repleta de emoção.
Logo depois, os outros músicos retornaram ao palco para executar a intensa e sombria Tyr, do álbum “Runaljod - Ragnarok”. O público reagiu entusiasticamente aos sons vibrantes. Realmente, vivenciar esta música ao vivo oferece uma sensação indescritível. As vozes de Einar Selvik e Eilif Gundersen merecem destaque nesta interpretação.
Continuando na linha de “Runaljod – Ragnarok”, a próxima foi Isa. Os belos vocais etéreos de Lindy-Fay Hella marcaram o início, seguidos pela entrada do restante dos músicos, que se uniram em harmonias, criando uma experiência musical profundamente emocionante em cada detalhe.
Retornando ao álbum “Kvitravn”, foi a vez de Grá. Os vocais de Einar e Lindy-Fay brilharam como sempre, acompanhados por uma percussão envolvente à medida que a música avançava. O público reagiu com entusiasmo, aplaudindo calorosamente.
Do álbum “Runaljod - Ragnarok”, Runaljod trouxe uma atuação repleta de energia. O pessoal seguiu o ritmo dos tambores, batendo palmas em sincronia. Infelizmente, durante este momento, uma pessoa precisou ser retirada do local devido ao mal-estar, possivelmente causado pelo intenso calor gerado pela multidão.
No final da performance, o público repetia incessantemente “Wardruna”. Então iniciou-se Rotlaust Tre Fell, com uma combinação vibrante de coros e percussão ao vivo, seguida por Fehu, ambas do álbum “Runaljod – Yggdrasil”. A acústica do espaço era excelente, contribuindo para a qualidade sonora. Destacou-se também novamente a dança performática de Lindy-Fay.
Ao término, o público voltou a gritar "Wardruna". Einar expressou sua gratidão e começou a interagir com a plateia. Comentou sobre como é maravilhoso estar de volta ao Brasil e revelou planos para retornar no futuro, provocando grande euforia entre os presentes. Ele também partilhou um pouco sobre o conceito ligado à próxima canção, afirmando que celebram não apenas o passado, mas sim a história em si. Destacou ainda que é essencial cantar mais para que as sociedades transmitam suas culturas adiante. Na sequência tocaram Helvegen, uma canção tocante do álbum “Runaljod – Yggdrasil”, enquanto tochas acesas iluminavam o palco e o público cantava emocionadamente junto.
Einar e os seus companheiros regressaram para o bis com Raido, um single lançado em 2016 cuja batida envolvente repetia-se como um mantra. As tochas permaneceram acesas no palco, reforçando aquela atmosfera medieval. Ao final da apresentação todos os músicos mostravam felicidade evidente enquanto o público continuava a aclamar "Wardruna".
Após saírem do palco, Einar compartilhou histórias sobre Ragnar Lothbrok, personagem da série Vikings do History Channel e relatou como foi criar esta música utilizada na cena em que Ragar é morto pelas cobras. Com isso pegou sua lira medieval e utilizou sua magnífica voz para interpretar Snake Pit Poetry – Skaldic Mode no último bis, arrancando algumas lágrimas desta redatora presente no evento. Assim terminou este grande espetáculo às 22:15.
Poucos minutos depois, as luzes apagaram-se quando desligaram o gerador e todos começaram a sair numa certa penumbra sem sinal telefónico nas proximidades do local. O resultado foi uma longa caravana rumo à estação de trem mais próxima.
Um agradecimento especial à Overload por trazer este extraordinário espetáculo até nós.
Texto: Juliana Novo
Fotos: Alessandra Tolc
Edição/Revisão: Gabriel Arruda
Realização: Overload
Wardruna – setlist:
Kvitravn
Skugge
Solringen
Heimta Thurs
Hertan
Kvit Hjort
Lyfjaberg
Voluspá (Skaldic Version)
Tyr
Isa
Grá
Runaljod
Rotlaust Tre Fell
Fehu
Helvegen
Bis:
Raido
Snake Pit Poetry – Skaldic Mode
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