sábado, 28 de março de 2015

Toto: Quando a Música é Palpável





Da qualidade dos músicos que estão, ou que passaram pelo Toto, ninguém dúvida, então, vindo do grupo, o mínimo que se espera é algo acima da média, e "Toto XIV", o primeiro deles pela Frontiers Records, justifica todo o entusiasmo de Serafino Perugino, o chefão da gravadora, e com certeza deixará os fãs muito felizes.

Através dos comentários dos próprios músicos, também podia ser notado a empolgação desses com as novas canções, um exemplo claro é num dos tantos comentários do guitarrista Steve Lukather, onde ele diz que o álbum traria tudo que os fãs amam na música do Toto, além de ser um disco que estava sendo feito com "sangue, suor e alma". Em uma produção que demorou 11 meses, "XIV" também serviu para os grupo provar para eles mesmos que ainda são capazes de produzir coisas novas e de qualidade.

O título "XIV", Steve explica que títulos com números romanos e mais a espada na capa, sempre lhes trouxe sorte, e também porque não queriam colocar uma música específica como título, por toda a qualidade e diversidade das canções.


A espera foi grande, pois o último álbum de inéditas foi "Falling Between", de 2006, então, a expectativa também era grande, e grandes expectativas podem criar frustrações, então foi assim que fui acompanhando o desenrolar, com grande expectativa, mas com um pouco de receio, apesar de conhecer muito bem a capacidade de músicos como Steve Lukather, David Paich, Joseph Williams, Steve Porcaro e Keith Carlock, o núcleo central do atual Toto, que sempre está cercado de diversos colaboradores, tanto em estúdio como ao vivo, lembrando que é a estreia de Carlock, o caçula do grupo (músico que já acompanhou artistas como Sting, John Mayer, Steely Dan, James Taylor), nascido no Mississipi, e que traz nas veias todo o groove dos músicos daqueles lados, encaixando-se perfeitamente na diversidade sonora, técnica e feeling que são necessárias para integrar uma banda como o Toto.

Pois bem, com o álbum em mãos, as expectativas foram satisfeitas, o grupo presenteia os fãs com um grande álbum, podendo ser colocado entre os grandes êxitos do Toto, como "Hydra" e "IV".
Grandes ganchos, grandes guitarras, grandes melodias, grandes teclados! São muitas texturas e timbres, arranjos criativos, seja nas partes instrumentais ou vocais, excelentes melodias, alguns novos hits instantâneos, a diversidade e a técnica apurada, tudo trabalhando em prol das composições em si. O Toto consegue fazer música com extremo apuro técnico, e ao mesmo tempo soar "comercial". Feeling puro.


Contando com a mãozinha de músicos como David Hungate (ex-integrante, mas sempre presente em vários álbuns), Amy Keys, C.J. Vanston , Tal Wilkenfeld e outros, o que temos em mãos é música de alta qualidade, e é incrível como músicos desse gabarito e desse feeling, pois não basta ter técnica, conseguem fazer com que a música seja praticamente palpável. É como se as melodias, as notas saltassem pelo aparelho de som, entram pelos ouvidos, escorregam pelos dedos...são tantos detalhes e arranjos, de cada instrumento, cada voz, que são necessárias muitas audições para que você usufrua da obra como um todo, e o que é mais elogiável, você pode simplesmente ouvir sem compromisso, pois, como afirmei antes, tudo trabalha em prol da boa música, então as melodias cativam de imediato,  técnica e feeling perfeitamente conjugadas.

A diversidade da música do Toto é algo que eles trazem desde o início, então podemos encontrar desde nuances mais Hard e AOR, como na abertura com "Running Out of Time", com brilhantes melodias de Lukather, além de que o novo dono das baquetas, Keith Carlock, já mostra toda sua perícia, parecendo que trouxe ainda mais "groove" para a música do Toto; o balanço agradável e cativante de "Holy War" (apesar do tema sério da letra), que possui um grande refrão também, hit imediato, destaque também para a letra, que fala sobre toda essa tensão que vivemos hoje, com grupos de fanáticos matando em nome de religiões; a diversidade também aflora no blues moderno de "21st Century Blues" e nas incursões progressivas de "Chinatown". Que músicos brilhantes.


Além da citada "Holy War", outra que é um hit imediato é "Orphan", com incríveis melodias aos teclados e guitarra, além do maravilhoso e cativante refrão, os caras não perdem a mão para construir grandes hits, e abro parenteses aqui para o detalhe de que a banda conta com mais de um vocalista (nesta faixa Williams e Lukather dividem os vocais), característica deles também, apesar de Williams se encarregar dos vocais principais, David Paich, Porcaro e Lukather também cantam ou dividem alguns vocais em várias faixas, e como se não bastasse, há ainda o apoio de vários backings convidados, contribuindo ainda mais para a diversidade dos arranjos; "Burn", que inicia suave, com a melodia principal ao teclado, simples, porém bela, a qual gruda na mente de imediato. A faixa cresce no refrão e lá pela sua metade, criando um ar de "power ballad"; "Unknown Soldier", Lukather assume os vocais brilhantemente, numa faixa carregada de emoção, onde sintetizadores e guitarras acústicas dão um ar meio progressivo, meio folk; em "The Little Things" é a vez de Steve Porcaro fazer as vezes de vocalista, em uma sensível e tocante balada, cheia de belas e marcantes melodias e com uma certa "vocação pop". Excelente.


A já citada "Chinatown", com Lukather, Paich e Williams dividindo os vocais, cheia de groove e variações, que vão do pop ao Progressivo, do AOR ao Jazz, e aí que reside a magia na música do Toto: não dá pra rotulá-la! A música do grupo é, ao mesmo tempo, complexa e comercial; Eu brinquei com meu filho, que também é um admirador da música do Toto, que estava faltando uma música com nome de mulher, pois eles têm várias ("Angela", "Rosanna", "Carmen", "Pamela"...), mas aí, temos "All the Tears That Shines", em que o tema está implícito hehehe, composta e cantada por David Paich (autor ou co-autor de alguns dos maiores hits da banda, como "Rosanna", "Africa" e "Hold the Line"), então, ok, não falta nada neste álbum (bom, poderia ter uma participação ao menos de Bobby Kimball, o vocalista original, e o meu preferido, apesar de que Joseph vem em segundo lugar na minha preferência). A voz madura de David, apoiada por suaves melodias, o groove de Keith e lindos backing vocais, nos entrega mais uma bela balada para a vasta coleção do Toto; "Fortune" também traz o característico "groove" da banda em uma levada cativante, além do grande trabalho vocal e os sempre ganchudos refrãos; 

"Chinatown", com uma levada de Funk Music, só enriquece a diversidade do álbum; agora, que bela peça é "Great Expectations", que traz o trio Paich/Lukather/Williams dividindo os vocais novamente, e na faixa mais longa do álbum (6:48 min), temos mais um aula de como fazer música melodiosa com técnica, feeling e groove. Linhas vocais marcantes, muitas variações, incursões progressivas e levadas brilhantes de bateria, grandes teclados/synths e guitarras, a música talvez seja uma das que mais traz aquele ar do Toto clássico, e, acredito, por essa vocação mais Progressiva dela, tem um ar bem setentista também. Em algumas edições ainda pode ser encontrada a faixa bônus "Bend", uma balada acústica, curta, permeada por efeitos de loop à guitarra acústica.


Musicalidade, feeling, groove, técnica, bom gosto...são tantos adjetivos, elementos que qualquer fã da banda sabe que vai encontrar na música do grupo, e com certeza ficará muito, muito feliz com este álbum, que traz o som clássico do Toto. Aqui, eles fizeram o que fazem melhor, sem pressão de produzir algum hit radiofônico, como era nos anos 80. Sem dúvida, um dos melhores álbuns da banda e de 2015. Para ouvir sem moderação!

A nota triste, é que dia 15 deste mês faleceu Mike Porcaro (1955-2015), ex-baixista do Toto (irmão de Steve Porcaro e também do baterista original, Jeff Porcaro, falecido em 1992), que sofria de ELA, doença degenerativa que o obrigou a abandonar os palcos há algum tempo. RIP Mike.

Texto: Carlos Garcia
Edição: Carlos Garcia


Ficha Técnica:
Banda: Toto
Álbum: "XIV" (2015)
País: EUA
Selo: Frontiers
Produção: C.J. Vanston e Toto

Site Oficial




Track-list
"Running Out of Time" 
"Burn"                                 
"Holy War"        
"21st Century Blues" 
"Orphan" 
"Unknown Soldier (For Jeffrey)"
"The Little Things"
"Chinatown"
"All the Tears That Shine" 
"Fortune" 
"Great Expectations"   


Line Up 
Steve Lukather - vocals, guitars, bass on tracks 5, 6, 11
Joseph Williams - lead vocals
David Paich - vocals, keyboards
Steve Porcaro - vocals, keyboards
Keith Carlock - drums



Músicos Adicionais
David Hungate - bass on tracks 4, 7, 8
Tal Wilkenfeld - bass on tracks 9, 10
Leland Sklar - bass on track 2, 3
Tim Lefebvre – bass on track 1
Lenny Castro - percussion on track 2, 3, 5-10
Martin Tillman - cello on track 6, 7
CJ Vanston – additional synths, production
Michael McDonald – background vocals on track 6, 8, 10
Amy Keys – background vocals on track 4, 6, 8, 10
Mabvuto Carpenter – background vocals on track 5, 11
Jamie Savko – background vocals on track 1, 2, 11
Emma Williams – background vocals on track 2

Tom Scott – saxophone/horn arrangement on track 4, saxophone on track 8




3 comentários:

Ricardo disse...

Primeiro, parabéns por escrever, num país onde se lê tão pouco! Segundo, parabéns por escrever sobre rock! Terceiro, parabéns por escrever sobre Toto, uma banda com todos os adjetivos que você mencionou! O disco é sensacional mesmo, assim como a maioria das músicas desse grupo!

Unknown disse...

Eu sou apaixonada pelo David Paich, desde que conheci esta banda maravilhosa... Parabéns para todos.

ahmed599 disse...

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