O final dos anos 90 e o inicio do
2000 marcou uma mudança radical dentro da música. Com o mercado fonográfico
crescendo e os principais meios de comunicação mantendo a informação quase que
em dia (já que a internet ainda dava seus primeiros passos), a chance de novas
apostas aparecerem era abundante, e o Creed, foi um dos nomes que
conquistou a geração dessa época com músicas tocantes e de sucesso comercial. A
banda está em um hiato que já dura 4 anos, mas o vocalista, Scott Stapp, ainda está
em atividade com sua carreira solo e fazendo vários shows, passando aqui no
Brasil para uma apresentação única, sob organização do projeto Honor Sounds, em
São Paulo, no último dia 14 de dezembro,
no Tropical Butantã.
Apenas 4 anos separam este show da última
vinda do Creed ao Brasil, e após a paralisação da banda em 2012, a
probabilidade de vê-los novamente seria improvável ou até mesmo impossível de
acontecer. É a primeira vez que o Scott Stapp esteve aqui no Brasil em
carreira-solo, e por sinal, foi uma passagem muito proveitosa tanto para
o vocalista, fãs e para os veículos de imprensa, diminuindo um pouco da frustração de
2011, quando estava programada uma turnê solo quase que completa, mas que foi
cancelada devido a problemas de saúde do mesmo. A espera valeu a pena, pois
vemos um Scott melhor do que já era, tanto musicalmente quanto em performance.
A fila ficava cada vez mais
gigantesca, que segundo informações, era esperado cerca de 1300 pessoas. E
quando abriram-se as portas para a entrada do público, por volta das 19hrs, ficava
cada vez mais evidente que o cálculo seria este mesmo. E a escolha do lugar
para realização do evento foi mais do que acurada! Além do fácil acesso, a
poucos metros da estação do metrô, também trazia comodidade em cada espaço,
havendo mesinhas aconchegantes no camarote e tendo até uma área pra quem é
fumante. E o sistema de som, claro, soava perfeito, detalhes estes que estão
tornando o Tropical Butantã um dos principais ‘points’ de shows de Heavy Metal
em São Paulo.
Quando o pessoal do Meet &
Greet começou a se adentrar no pit, dava pra compreender que faltavam poucos
minutos para o inicio da tão esperada apresentação: luzes apagadas, introdução
meio indiana e os músicos se postando em seus lugares, já deixavam todos na expectativa, e se ouviam já muitos clamores quando a atração principal da noite deu as
caras, às 21h30 em ponto, eletrizando tudo com a pesada “Bullets”, do álbum
“Weathered” (2001), tendo uma resposta integral de todos quando o Scott
vociferou os primeiros versos da música.
Depois de um “How's doing São
Paulo?”, Scott logo exclamou um “Are You Ready!”, convencionando de que a
segunda música do set seria a de mesmo nome, presente no álbum “Human Clay”
(1999). Inclusive, boa parte do repertório da noite foi dedicada a músicas desse
disco, como também músicas do primeiro disco “My Own Prison” (1997), que foram
os discos de maior sucesso comercial do Creed. E diante da faixa-título que o
‘front-man’ seguiu com a terceira música. E o Scott não parava o show para
conversar, ele mostrava sua interação com o público através das suas atitudes
no palco e também pelo seu carisma, assim como os músicos de apoio, que
mandaram super bem.
A intensidade se agravou cada vez
mais em “What If”, que passou exatamente o clima da versão em estúdio, assim
como em todas as músicas do set-list, ficando ainda melhor ao vivo. E o que ouvimos foi a plateia em uníssono cantando o refrão. Scott imprimia a
sua ótima forma em “Torn”, brincando com seus companheiros de banda durante a
metade da música, não sendo um daqueles que fica somente preso na sua,
recebendo aplausos e ovações por conta desse gesto.
As próximas músicas, segundo o
Scott declarou na coletiva de imprensa, seriam as suas favoritas. “Say Yeah”
flerta peso, melodia e experimentalismo, parecendo que a banda estava ligada no
220V; e “Faceless Man” contagiava pelo clima sublime e viajante, sendo a
favorita e mais aguardada por este redator também. “Overcome”, do último disco
do Creed, “Full Circle” (2009), foi à única fora do circuito “Human Clay”, “My
Own Prison” e “Weathered”, mas que levou a casa abaixo com a ponderação que a
música transpõe.
Através de espontâneos acordes,
“One” recebeu uma forte recepção, estando a letra na ponta da língua de todos. O
primeiro clássico da noite apareceu em “Inside Us All”, persuadindo a loucura
de muitos. E o que se via era celulares pro alto, sintetizando a atmosfera da
música através da iluminação dos aparelhos. Isso foi uma amostra do que seria
dali em diante, “With Arms Wide Open” carimbou essa certeza, transformando
alegria em emoção, pois o que se via eram lágrimas escorrendo nos rostos de boa parte do público, com marmanjo até se segurando.
Scott ficava admirado com o que
presenciava naquela noite, mandando singelos coraçõezinhos e exibindo gestos de
arrepio nos seus braços, pedindo ainda mais na próxima faixa, “Higher”.
Durante a pausa para o bis, o tradicional
“Olê, Olê, Olê”, com Scott no final, ecoava nos cantos da casa, que em cima
disso, havia pedidos para que fosse executada “Don’t Stop Dancing”. E de volta
ao palco, com a bandeira do Brasil virada de cabeça pra baixo (coitado, um descuido, foi sem querer), Scott
também puxava o “Olê, Olê, Olê” junto com a galera. E atendendo ao pedido dos
fãs, o vocalista adicionou a respectiva faixa no set-list, sendo a surpresa da
noite e que estava nos planos de Scott, fazendo uma versão mais simplificada,
seguindo normalmente o set com “What’s This Life For?”.
A noite prometia ainda mais
emoção, e “One Last Breath” foi cantada a plenos pulmões, deixando muita gente
rouca, quase não dando pra ouvir a voz do Scott, já que a voz do público chega
a ser mais alta do que o volume do microfone e do som que vinha dos PAs.
Durante a contagem até 3, Scott empunhou o refrão da “My Sacrifice”, encerrando
a impressionante apresentação da maneira que começou, com todos já sentindo a
saudade e torcendo por uma nova vinda no futuro.
Os problemas que o Scott teve no
passado já foram superados. E quem esteve presente nessa apresentação,
comprovou que o vocalista está em plena forma e pronto pra todas, seja no
Creed, carreira solo ou no Art Of Anarchy, que é sua mais nova empreitada e já
com disco pronto, a ser lançado em março do ano seguinte.
Texto:
Gabriel
Arruda
Fotos:
Micheli
Alves
Realização:
GW
Entertainment e Hoffman & O’ Brian
Set-List
Bullets
Are You Ready
My Own Prison
What If
Torn
Say I
Faceless Man
Overcome
One
Inside Us All
With Arms Wide Open
Higher
Don’t Stop Dancing
What’s This Life For?
One Last Breath
My Sacrifice
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