Para Falar sobre o álbum "The Source", conversamos com o mastermind Arjen Anthony Lucassen, o qual também marca um recomeço para o projeto mais famoso do músico e produtor, que além de estar de gravadora nova, Mascot Label Group, também retoma a saga da "Forever Race", contando o início de tudo, e fazendo referências também à origem da raça humana e a origem do projeto.
A história, recheada pela fantástica "trilha sonora" Progressive/Heavy/Classic/Folk Rock, é dividida em quatro crônicas, e conta como o planeta Alpha foi destruído, por conta das convicções de um super computador criado por eles, "The Frame", para descobrir a causa do planeta estar morrendo, então "The Frame" chega a conclusão que o problema é o povo do planeta, e que este deve ser erradicado, e aí se inicia a tentativa de sobrevivência da espécie.
Para falar sobre alguns detalhes mais desta nova obra, conversamos com este genial holandês, que, como sempre, proporcionou uma ótima entrevista, com sua simpatia de sempre, sendo praticamente uma conversa entre amigos, e descrevo abaixo, praticamente 99% da conversa, tentando transmitir a vocês o clima desse papo, onde ainda pude dar um alô pro Hoshi, o cãozinho do Arjen, figurinha conhecida dos fãs e artistas e amigos do músico.
Não há muito mais a dizer, somente acompanhar e apreciar a música produzida por Arjen, e conferir o que ele nos contou sobre o álbum e alguns outros assuntos:
RtM: Olá Arjen, tudo bem?
Arjen: Hey man! Tudo ok! Como você vai? Que horas são aí?
RtM: Tudo certo Arjen! Aqui são onze horas da manhã (a entrevista foi sábado passado, 6 de maio)
Arjen: Aqui já são quatro da tarde!
RtM: Antes de tudo, queria dar os parabéns pelo ótimo álbum, a cada audição eu encontro mais detalhes e curto ainda mais, as minhas canções favoritas mudam todo dia! (risos)
Arjen: Ah ah ah! Isso é bom cara! Bom sinal! Obrigado.
RtM: Bom, as reações estão ótimas, e tenho visto muitas entrevistas, muito boas inclusive, estava difícil preparar uma pauta e não ser repetitivo nas perguntas!
Arjen: Ha ha ha! Não se preocupe, provavelmente serei repetitivo nas respostas também! (Risos)
"Acho que cada álbum que faço, é uma reação ao anterior. Sempre quero fazer algo diferente." |
Arjen: Ha ha ha! Boa ideia! Ele adora quando as pessoas vêm no estúdio, principalmente as mulheres! (risos) Adora cantoras, ele fica ali pertinho, esperando ganhar abraços.
RtM: Garoto esperto! Bom, sobre o álbum, gostaria que você falasse um pouco sobre o título, "The Source" ("A origem", ou "A Fonte"), o qual possui muitos significados implícitos.
Arjen: A principal referência é a fonte da humanidade, de onde viemos, e neste caso, a fonte, a origem da "Forever Race", e também a respeito da água, que é uma grande parte nisso tudo, pois vem dela a origem da vida. Também é a substância "Liquid Eternity", que está nesta história, também citada como "The Source". Então, temos várias referências.
RtM: É um álbum também mais pesado, com ais guitarras do que os trabalhos anteriores, o Ayreon "Theory of Everything" e o The Gentle Storm. Você sentiu necessidade de fazer algo mais nessa linha, mais "heavy", depois desses álbuns?
Arjen: Sim, eu acho que cada álbum que faço, é uma reação ao anterior. Sempre quero fazer algo diferente, ter um contraste, e basicamente manter o interesse para mim mesmo, e também para as as outras pessoas. Naturalmente, "Theory of Everything" é um álbum mais progressivo, mais orientado ao teclado, e The Gentle Storm (composto em conjunto com Anneke Van Giersbergen), um álbum mais feminino, uma história de amor. Então desta vez eu queria voltar à ficção científica, e algo mais orientado à guitarra, mais pesado.
RtM: Não é uma regra pra você, que não gosta de se limitar, ou colocar algo como definitivo, mas se logo após um álbum de Ayreon surgisse inspiração para um próximo álbum do projeto, você faria ou guardaria a ideia para mais tarde, e procuraria compor para outro projeto?
Arjen: Boa pergunta! Não funciona desta maneira pra mim, a inspiração vêm, e eu não tenho ideia do que vão se tornar. Basicamente, eu comecei este projeto como um álbum solo, mas quando ficou muito pesado para isso, eu pensei que talvez poderia ser um novo Star One, mas depois partes mais folk vieram. Não é algo como "oh, esta ideia não cabe no projeto, vou salvá-la", sempre eu uso todas as ideias que eu tenho, eu pego cerca de 50 ideias, e em algum ponto, quando começo a gravar, vou transformando-as, e cerca de 60 por cento eu descarto, não guardo para outros projetos, as tiro fora e deleto. Seria confortável usar essas sobras, mas eu tenho aquele sentimento de querer sempre usar o melhor do melhor.
"Desta vez trabalhei com cantores que eu conheço, e contei com alguns dos melhores do mundo." |
Arjen: Em algum ponto, quando percebi que se trataria de um novo álbum do Ayreon, então eu pensei "Ok, tenho que voltar a ficção científica", e pensei que, já que estava começando com uma nova gravadora, uma nova maneira de trabalhar, fui procurar a inspiração na arte gráfica, fui para o google procurar imagens de artistas de Sci Fi. Então acho que por 2 ou 3 semanas fiquei procurando, centenas e centenas, até que encontrei essa (a arte que foi usada na capa), e o legal é que me identifiquei com ela, e também gostei de tudo que o artista fez, não uma ou duas, mas tipo umas 40 imagens que ele fez. Muitos detalhes, profundas, muito sombrias, e encaixavam no tipo de música que eu estava criando.
RtM: Realmente, a arte da capa ficou maravilhosa.
Arjen: Então, eu vi aquela arte com a garota dentro d'água, conectada àqueles tubos, então percebi algo relacionado a um humano forçado a viver em baixo d'água, e de repente tive a ideia de que como seria legal se aquela pessoa fosse alguém da Forever Race, e que esse indivíduo fosse um humano, basicamente a ideia de saber de onde viemos, qual nossa origem.
RtM: Legal, e sendo fã de Sci-Fi, sei que é um sonho provavelmente, mas não seria muito legar essas sagas transformadas em uma série, ou quem sabe um comic book?
Arjen: Sim, hehe, um sonho. Seria muito legal. Eu sei que é um sonho, eu estou acompanhando a série da HBO "Westworld", e são produções muito caras.
RtM: Excelente série! Sim, caras, mas quem sabe alguém gosta da sua história e resolve adquirir os direitos.
Arjen: Sim! bom, e cada episódio custa milhões, 10 episódios, dez milhões de dólares, claro, não teria tudo isso pra investir. E sim, se surgisse um interesse eu ficaria muito feliz.
RtM: Bom, falando nesse novo começo, com um novo selo, por esse motivo você cogitou iniciar com um álbum do Ayreon? Ou antes de fechar com eles já estava encaminhado?
Arjen: Outra boa pergunta! Acho que a razão de ter ido trabalhar com o Mascot Label Group foi por ter lançado com eles o álbum do Guilt Machine, e para o lançamento do vinil, tinha de ir até o escritório deles, e me perguntaram "E o Ayreon? O contrato com a Inside Out está terminando, você poderia assinar conosco.". Eu disse "Sim, mas estou contente com eles.", Mas eles insistiram "vamos conversar, assine conosco, venha conhecer nosso escritório.". E eu gostei muito de como eles colocaram as ideias, gostei muito de tudo, e o escritório deles fica somente a uma hora e meia de onde eu moro. Então, tive essa boa impressão, e fiquei pensando a respeito, por tipo um ano e meio. Então, quando estava compondo e percebi que seria um novo álbum do Ayreon, eu pensei que talvez deveria fazer com uma nova gravadora, Tipo, eu vejo "The Source" como um novo começo, uma nova companhia, novas pessoas...
RtM: Sim, novas ideias...
Arjen: Exato! Sim, um novo início, tudo encaixava.
RtM: Me parece que eles estão fazendo um excelente trabalho. Bom, e nesse álbum você também reuniu um grande cast de cantores, muitos conhecidos seus já, e que haviam trabalhado com você antes. Foi difícil reuni-los desta vez?
Arjen: Não, não foi, é complicado quando é com pessoas que não me conhecem, pois se eles não me conhecem, não é fácil convencê-los... "Oh, uma Rock Opera? Não sei se vou gostar disso...", não conhecem meu estilo. Desta vez trabalhei com cantores que eu conheço, e contei com alguns dos melhores do mundo, muitos que se tornaram amigos, como James Labrie, Russel Allen, Tobias Sammet, então não foi difícil convencê-los. Eu só perguntei: "Você que fazer parte do álbum?" e eles "Mas é claro!" (Risos). Claro, eu tive tempo, eles são bem ocupados, e desta vez não pude ter todos no estúdio, como eu gostaria, somente 3 deles, Floor, Simone e Michael Erikssen, o resto deles estava muito ocupado, então...mas todos fizeram um grande trabalho.
RtM: E teve alguma das músicas que foi mais complicada de gravar?
Arjen: Bom, quando eu tenho a inspiração, nada é complicado, pode soar meio arrogante, nenhuma teve uma dificuldade maior que as demais.
RtM: Sim e todos eles conhecem já seu trabalho, e são muito experientes.
Arjen: Sim, os melhores cantores do mundo, e eu confio 100 por cento neles!
RtM: Eu gostaria que você comentasse sobre algumas das músicas. escolhi algumas das minhas favoritas, e o legal é que foge um pouco das que eu vi o pessoal perguntar, e afinal, todos já falaram da música de abertura que é fantástica.
Arjen: Isso é legal! Vamos lá.
RtM: Vou ir citando aqui as partes, cada uma das quatro "Crônicas", em que é dividido o álbum, e respectiva música que gostaria que você comentasse. Bom, a primeira que vou perguntar é mais óbvia, a "Everybody Dies", onde as pessoas percebem que o apocalipse vai acontecer, na parte 1, "The Frame", e é uma música bem diferente, apesar de ter elementos familiares, como os seu teclados analógicos.
Arjen: Bom, eu acho que ficou muito forte quando Mike Mills se envolveu, quando ele veio com todas aquelas melodias estranhas, e também aquelas melodias estilo Queen, e acho que isso elevou a canção, a fez especial, e eu mesmo tive esse feeling meio Devin Towsend, eu amo o trabalho dele, e ela tem um pouco de um "happy feeling" (cantarola as melodias), mas por outro lado parte a letra fala de um momento terrível, onde percebem que todo mundo vai morrer, então eu gostei muito desse contraste, é tipo um filme do Stephen King! (risos) Tipo, você vê palhaços vindo e pensa "oh não, más notícias!" (risos).
Arjen: Sim, novamente, ela também tem esse tipo de sentimento positivo, mas claro, é algo terrível, eles tem que deixar o planeta, deixar os entes queridos, simplesmente porque não servem para a nave espacial, onde estão os escolhidos para prosseguir com a raça no novo planeta, "Planet y", que é formado por água. É uma canção triste, mas também traz esse sentimento positivo, de esperança, e eles relembram boas coisas que viveram. No geral é uma canção bem folk, eu adoro esse tipo de música.
RtM: Na parte 3, "Transmigration", onde eles, já no novo planeta, utilizam a substância desenvolvida, a "Liquid Eternity", também referida como "The Source", que lhes dá a habilidade de viver embaixo d'água, e minha favorita nessa parte é "The Dream Dissolves".
Arjen: Novamente, é uma canção bem Folk...
RtM: Pois é, percebi que a maioria das minhas favoritas foram as mais folk.
Arjen: Sim, eu adoro folk, aquela cantora...Loreena Mckennitt, e essa música tem esse tipo de feeling, com flautas e violinos, e claro, os belos vocais de Simone (Simons, Epica) e Floor (Nightwish). Eu adoro essa canção também, tem uma construção muito interessante, tem essa parte clássica, depois essa parte "folky", onde as garotas cantam, e tem uma parte pesada, e claro, dois lindos solos, primeiro o de teclado do Mark Kelly (Marillion), e depois tem o solo de guitarra de Marcel Coenen (Sun Caged), eu acho ele um dos melhores guitarristas solo do mundo, seu solo é maravilhoso, fantástico.
RtM: Nossa, sim, excelente! Bom, da quarta e última parte, "The Rebirth", onde eles já estão construindo o novo lar, vivendo embaixo d'água, e minha favorita é ""The Source Will Flow", que tem uma atmosfera belíssima, nem consigo descrever, e também tem partes bem folk.
Arjen: Eu acho que ela tem aquele feeling, não sei se você é um fã de Led Zeppelin, ela tem algo da "No Quarter", aquele efeito em que o piano parece que está embaixo d'água, e Tommy Rogers (Beetween Buried and Me) cantou lindamente, e depois você tem aquela parte meio Pink Floyd, com o James Labrie, e novamente, o que você falou que gostou, uma parte bem folk. E os vocais de Simone. Então, ela veio ao meu estúdio, e fizemos alguns backing vocals, não estava planejado. Eu disse "quem sabe gravamos alguns backing vocals", e começamos, e eles ficaram muito bonitos, e acabamos tirando toda a música, ela ia em um "crescendo" (quando a música vai aumentando gradativamente de intensidade), e é por isso que ela acabou ficando bem calma do início ao fim, tinha muitas camadas de música, e acabamos tirando.
RtM: Que legal, e ela ficou perfeita, uma atmosfera suave, quase etérea. Bom, no finalzinho temos aquela parte "March of the Machines", um tipo de ligação com a outra parte da história (principalmente em "01011001"), tipo uma pista de que eles poderiam estar repetindo os erros do passado (o computador criado, "The Frame", que acabou causando a destruição do planeta natal)? Uma referência que me veio a cabeça foi a questão homem conta máquina, como na franquia "Terminator".
Arjen: Certo! Bom, tecnologia não é algo ruim, não é uma coisa má abraçar a tecnologia, mas o que as pessoas podem fazer com ela, é o que a minha questão se refere. Tecnologia sempre vai evoluir, o que significa que daqui a alguns anos, cientistas desenvolverão computadores muito mais inteligentes que as pessoas. Claro, é interessante pensar nas coisas que poderão acontecer então.
RtM: Bom, para ir já finalizando, gostaria que você nos contasse alguns detalhes sobre os shows do Ayreon Universe", que acontecerão em outubro.
Arjen: Será tipo um "Best of Ayreon", não será somente sobre o "The Source" ou algum outro álbum, serão shows de Rock, não serão espetáculos de teatro. O melhor do Ayreon significa que pretendo tocar pelo menos duas canções de cada álbum, e teremos 16 cantores! Maravilhoso, claro. Teremos grandes músicos, instrumentos clássicos como Cello e Violino, uma tela gigante, onde passarão belas imagens...e muitas surpresas extras, que não posso contar, porque não seria surpresas daí! (risos)
RtM: Sem spoilers! Sem Spoilers! (Risos)
Arjen: Ha ha ha! Não, não, claro. Será fantástico, 3 shows lotados, 9 mil pessoas virão, os ingressos esgotaram em um dia. É legal ter 3 noites, pois teremos mais tempo, e os dois primeiros shows serão filmados para um DVD e Blu-Ray.
RtM: Isso é ótimo, para nós, que não poderemos estar lá. E um DVD do Ayreon é algo que muitos sonhavam também. E sei que é difícil, mas espero que hajam outros shows.
Arjen: É... Eu não posso prometer nada, mas, quem sabe se tudo for um sucesso, e eu gostar, talvez possamos fazer algo mais. Vamos ver o que acontece.
RtM: Bom, obrigado Arjen, o tempo que tínhamos está no fim...
Arjen: Ok Carlos...ah, você gostaria de dar um alô pro Hoshi?
RtM: Claro! ha ha ha (Nesse momento Arjen levanta e abre uma porta para outra sala, e chama Hoshi, ouço ele falar com a Lori, sua esposa, "um grande fã do Hoshi!", e retorna com seu cãozinho, figura conhecida dos fãs, e dos artistas que vão gravar com Arjen, inclusive Hoshi aparece em vários extras nos DVDs bônus, e o coloca em frente a câmera)
Arjen: Venha Hoshi, aqui está ele! (risos) Diga oi Hoshi!! (eu então dou um Hi-Five pela tela. Nos extras do "Theory of Everything", tem cenas de todos cumprimentando Hoshi com um Hi-Five! ha ha). Aí está ele Hoshi, esse é o Carlos! (Muitos risos)! Ok Carlos, obrigado pela agradável conversa! Até mais. Falamos pelo Facebook, como hoje cedo!
Entrevista: Carlos Garcia
Agradecimentos: TRM PRESS
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