sexta-feira, 21 de abril de 2023

Entrevista: Federica "Sister" De Boni (White Skull)



Fundado em Vicenza, Itália, no final dos anos 80, o White Skull tem mais de três décadas dedicadas ao Heavy Metal, lançando onze álbuns de estúdio, sendo o mais recente "Metal Never Rusts" (2022), que foi composto durante o período em trabalhavam em sua biografia, "The Soul of the Skull", tendo suas canções inspiradas na história da banda e no amor ao Metal. (English Version)

Para falar um pouco sobre o livro, o novo álbum e a história do White Skull, conversamos com a vocalista Federica "Sister" De Boni, que apesar de ter ficado fora da banda por um período, esteve junto com o guitarrista e fundador Tony Fontò nos primeiros anos do grupo, gravando grandes discos como "Tales From the North" (99), lançado mundialmente pela Nuclear Blast.
confira abaixo e sinta a "alma da caveira"!



RtM: Olá Federica, obrigado pela gentileza em nos conceder esta entrevista para o Brasil. Vamos começar falando do novo disco, claro, "Metal Never Rusts", que acabou sendo composto durante a pandemia e inspirado no livro sobre a banda que estava sendo escrito. Quero dizer, depois de álbuns falando sobre os povos nórdicos, Roma, Egito, este fala sobre a banda e seu amor pelo Metal.
Federica Sister
: Como você já mencionou, o álbum é inspirado no livro “The Soul of the Skull”, que é a biografia da banda publicada recentemente. Como você pode imaginar, resumimos muitos anos de música e experiências pessoais em cerca de 400 páginas. 

Ao mesmo tempo, o novo álbum estava sendo preparado. Achei que seria perfeito colocar em letras nossa história para complementar o livro e expressar em música nossos sentimentos sobre o que se tornou o condutor de nossas vidas.

No momento, o livro está disponível apenas em italiano, portanto, o álbum permite que todos os nossos fãs conheçam o White Skull e nossa história da maneira que melhor contamos: na música.

Cada música tem vários temas encadeados nela. É assim que eu gosto de escrever minhas músicas. Podemos entrar em mais detalhes mais adiante nesta entrevista.



RtM: Bem, a faixa-título já mostra que o ouvinte terá um ótimo álbum de Heavy Metal para ouvir, e com as marcas do White Skull. Uma trilha épica! Metal nunca enferruja para quem vive o estilo com alma e coração, certo? Foi isso que senti quando ouvi a música. Conte-nos mais sobre a faixa-título.
FS: Metal Never Rusts é uma confissão de coração aberto e ao mesmo tempo a celebração de passar pela vida com a mentalidade de um Metalhead. Eu queria descrever como o Metal é a fonte de energia do dia a dia, o analgésico quando preciso e a pessoa que sou.


RtM: E sobre a arte da capa? Acredito que a guerreira da capa é você, já que o álbum é inspirado na história da banda e você é a vocalista, e quando se fala em White Skull a primeira pessoa que vem na cabeça da grande maioria é você.
FS: Sim, correto. Esta arte foi realmente montada no último minuto com o artista que a criou. Assim que concordamos que minha imagem de guerreira fosse colocada na capa, solicitei que fotos individuais dos membros da minha banda também fossem adicionados ao livreto


RtM: No álbum temos arranjos de voz muito bons, ótimos refrãos, acho que as vozes receberam um cuidado extra neste álbum. Eu acredito que você teve uma de suas melhores performances.
FS: Obrigado Carlos. Desta vez decidi ser direta e talvez menos melódica do que nos álbuns anteriores. Isso está de acordo com a música e o tema geral do álbum. Trouxemos de volta alguns dos grandes refrãos que usamos em "Tales from the North" e "Public Glory, Secret Agony" porém, desta vez a voz principal mantém sua identidade e definição.

Estou feliz com o resultado geral dos arranjos de voz, embora, quando ouço o álbum, sempre possa pensar em outra coisa que poderia ter gravado. Mas acho que isso é coisa de todo músico.


RtM: E sobre o livro? Já existem contatos para lançamentos em outros países?
FS: Neste momento estará disponível em inglês. Uma tradução profissional exigiria bastante orçamento e tempo que atualmente não temos.



RtM: Falando um pouco sobre as músicas, "Pay to Play" imagino que vocês já passaram e também conhecem bandas que passaram por situações onde oportunidades foram oferecidas, mas com um custo. A citação do tema principal do filme “O Poderoso Chefão” acho que mostra o que você pensa sobre essas situações.
FS: Como você notou, as letras são bem diretas e descrevem claramente qual seria a situação típica. A condenação também é muito clara. As bandas deveriam subir no palco por mérito, mas simplesmente não é assim que funciona o show business (antes conhecido como music business). Então bandas vamos apenas escrever músicas e tomar cuidado com os lobos lá fora.


RtM: "Skull on The Closet" é um Heavy Metal muito legal, rápido, com melodia e ótimos coros. Conte-nos um pouco mais sobre isso, e se às vezes é realmente melhor deixar os esqueletos no armário?
FS: "Skull in the Closet" tem vários tópicos relacionados à letra. A primeira é a CONFIANÇA. Nossa banda passou por vários desafios ao longo dos anos e a confiança desempenha um grande papel no relacionamento entre os membros. O segundo é SEGREDOS: quem não tem um? E deve ser conhecido e por quem? Novamente, às vezes os segredos devem ficar no armário!

Terceiro é CONSPIRAÇÃO por terceiros. Na verdade, esta é uma história que não incluímos no livro, mas me diverti escrevendo a história em vídeo com ela em mente. Eu também adicionei o conceito de ETERNIDADE. No vídeo, os membros da banda são roubados do mundo dos vivos para ficarem presos para sempre neste armário paranormal… para sempre!!!!


RtM: Temos um momento de mais calma com "Weathering The Storm", que pensei ser Chris Boltendahl como convidado no dueto vocal quando a ouvi pela primeira vez. Conte-nos sobre essa música e sobre o dueto.
FS: Na verdade, Chris está  cantando em dueto somente em "Scary Quiet". Em "Weathering the Storm", eu canto com Tony, Valentino e Jo. A música descreve o vínculo entre os membros da banda.



RtM: Uma das minhas favoritas é "Scary Quiet", com seu riff e refrão marcantes, incluindo coros grandiosos. Conte-nos mais sobre ela e o tema da letra.
FS: "Scary Quiet" é sobre a Pandemia e o "silêncio" que se seguiu. Enjaulados dentro das paredes de nossas casas, sentíamos falta de nossa música alta e poderosa.

Enquanto mixava o álbum Chris Boltendahl se ofereceu para participar de uma música e ele escolheu essa. Estamos muito gratos pela amizade de Chris e pela co-produção deste álbum.


RtM: Sobre a parceria com o Boltendahl, ela vem de longa data, com ele produzindo "Tales from The North", e também influenciou no fechamento do contrato com a gravadora ROAR! Conte-nos mais sobre essas parcerias, com a Boltendahl, e esta mais recente com a ROAR! que acredito ter sido muito positivo, com boa divulgação, produção de vídeos muito bacanas.
FS: Na verdade, Tony manteve um contato próximo com Chris ao longo dos anos. Ultimamente isso levou ao contrato com a gravadora ROAR. Procurávamos muito um selo com presença internacional e estamos muito satisfeitos por ver como continua a crescer e a recrutar excelentes bandas.


RtM: Conheci a banda através do álbum "Tales from The North", e ele e "Public Glory, Secret Agony" acredito que foram os trabalhos que levaram o White Skull a outro patamar e a um público maior. Conte-nos um pouco sobre a importância desses dois álbuns para você.
FS: "Tales from the North" (99) nos trouxe a Nuclear Blast. Naquela época, este era o Olimpo do Metal.
Com tamanha visibilidade nossa banda ficou conhecida em vários países. 

Logo depois lançamos "Public Glory Secret Agony" (00), mas dessa vez pelo selo do Udo Dirkschneider. Esses foram de fato os anos em que o White Skull atingiu o maior sucesso.


RtM: Acredito que esse período foi bastante marcante para você em termos de reconhecimento, oportunidades de shows e festivais. Conte-nos sobre esse período e quais fatos você considera mais marcantes.
FS: Estávamos constantemente ensaiando, tocando e escrevendo novas músicas. Fizemos turnês com o Grave Digger e participamos de grandes festivais. Não durou muito para mim, pois decidi sair logo após o lançamento do PGSA. Na verdade, a banda aproveitou o sucesso desses álbuns por um bom tempo. Bem, para dizer a verdade, acho que o White Skull ainda é reconhecido e comparado a esses álbuns até hoje.



RtM: Você teve que se separar do White Skull em 2000, deve ter sido difícil deixar a banda, numa época em que vinha de dois álbuns muito elogiados. A banda continuou, mas muitos fãs sentiram falta de sua voz e presença a frente do White Skull.
FS: Chegou a um ponto em que eu não conseguia acompanhar tudo. Trabalho, família e banda. Todas essas coisas me exigiam demais. Tínhamos dois ótimos álbuns, mas os resultados não corresponderam às minhas expectativas ou onde eu gostaria de ter chegado. 

Alguns desentendimentos com a banda criaram certa distância entre nós e ajudaram na minha decisão. Eu gostei da voz de Gus e do estilo dele cantar, mas eu entendo o sentimento de um fã.


RtM: Como foi a vida nos EUA, você morou na Geórgia, não é? Foi difícil se adaptar? Quais as coisas que você mais sentiu falta?
FS: Sim, morei na Geórgia, EUA, por quase sete anos. A vida era diferente, mas boa. Mas não há muita cena Heavy Metal! Eu morava no sul do país com muito espaço ao meu redor. Eu amava a natureza, mas a longo prazo eu realmente senti a solidão e sentia falta de escrever música.


RtM: Alguns anos depois você voltou para a Itália e para a banda. Conte-nos como foi essa retomada, e sobre a composição do álbum "Under This Flag". Acho que com a parceria de anos com Tony Fontò, deve ter fluido naturalmente o seu retorno às atividades com a Banda.
FS: Eu estava planejando meu retorno à Itália quando recebi um e-mail informando que o vocalista do White Skull os havia deixado. A banda estava procurando por um novo vocalista e levaria muitos meses até que eu realmente voltasse para a Itália.

Tony e eu conversamos e descobrimos uma maneira de trabalhar no novo álbum à distância. Então escrevemos as músicas e as letras de "Under this Flag". Ao retornar, estávamos prontos para gravar e eu estava de volta ao microfone.



RtM: Como foi o retorno aos palcos? Durante o período nos EUA, você conseguiu fazer algo relacionado à música?
FS: Enquanto estava nos Estados Unidos, não tive nenhum projeto musical. Depois de dez anos, pensei que seria difícil estar no palco, mas não foi tão ruim quanto pensei. Com certeza eu precisei praticar para ter minha voz de volta a forma. Esses gritos não são tão fáceis quanto parecem (risos).


RtM: E falando mais sobre suas preferências pessoais, conte-nos como foi seu início na música, quem foram suas principais influências e incentivadores. Como foi sua primeira experiência com uma banda e no palco?
FS: Comecei a tocar em uma banda quando tinha quinze anos. Tocávamos covers e escrevemos algumas músicas próprias. Meus primeiros ídolos foram Blackie Lawless, Alice Cooper, Ronnie James Dio e Dee Snider.

O palco é sempre assustador. Bem, pelo menos a primeira música é, até a adrenalina começar a bater. Fiz meu primeiro show na frente do pessoal da minha cidade. Muitos amigos lá e, na verdade, foi quando um membro do White Skull me viu e mais tarde me pediu para fazer um teste com eles.


RtM: Além do Metal, existe algum outro estilo musical que você goste de ouvir? Algumas músicas e artistas que podem surpreender-nos?
FS: Eu tenho um amplo espectro de preferências musicais. Vai do Black Metal ao Metal Industrial. De Michael Jackson a Andrea Bocelli. Mas no fundo eu aprecio grandes vozes e boas canções.
A música não deve ser objeto de preconceito
.



RtM: Federica, obrigado pela entrevista, mais uma vez parabéns pelo álbum, esperamos te ver na estrada!
FS: Obrigado a todos pela boa conversa e aproveitem nosso novo álbum "Metal never Rusts"!

Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: White Skull archives


White Skull is:
Federica "Sister" De Boni - Vocals
Tony "Mad" Fontò - Guitars

Valentino Francavilla – Lead Guitar

Alexandros Muscio – Keyboards

Jo Raddi – Bass

Alex Mantiero – Drums


White Skull Linktree





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