quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Resenha: Blues Pills – Birthday (2024)

Por Carol Pen

Throwdown Entertainment / BMG (Imp.)

Blues Pills navega sob a mais crua essência do blues rock psicodélico pesado diante das notórias influencias musicais sessentistas, setentistas e oitentistas que o quarteto – atualmente formado pelos suecos Elin Larsson (vocal), André Kvarnström (bateria), Kristoffer Schander (baixo) e o norte-americano Zach Anderson (guitarra) – carregam. 

Sem contar os EPs e álbuns ao vivo, quatro são os que compõe a discografia da banda: o álbum de estreia hardzão autointitulado “Blues Pills” (2014), o psicodélico “Lady In Gold” (2016), “Holy Moly!” (2020) em peso maior, e o recente “Birthday” (2024).

2 de agosto de 2024 é a data que fica marcada na história da cena rock and roll atual, com o lançamento do quarto álbum de estúdio. Conta com onze faixas, de duração 38 minutos e 54 segundos, que tiveram a produção feita por Freddy Alexander.

Ao lado A do novo álbum dos Pills encontramos as faixas “Birthday’, “Don’t You Love It”, “Bad Choices”, “Top Of The Sky”, “Like A Drug” e “Piggyback Ride”.

A faixa-título “Birthday” foi a primeira a ser disponibilizada nas plataformas (8 de março), e abre os trabalhos do álbum. Ela entrega uma ótima mixagem de fortes e marcantes linhas de baixo, bateria e guitarra com a voz poderosa de Elin. A letra foi composta pela banda após terem saído para comemorar, durante uma turnê no México, o aniversário da vocalista e a mesma ter sido desrespeitada por um garçom. Assim explica-se a origem do primeiro verso da faixa: “I’m gonna ruin someone’s birthday”.

“Don’t You Love It” é uma pílula sonora para o ouvinte se soltar e aproveitar os aspectos positivos da vida apesar dos pesares. Também lançada como single, no dia 19 de abril, foi o segundo a sair nas plataformas de streaming e, em edição especial para o Record Store Day 2024, em vinil de 12 polegadas (30cm) juntamente da faixa-título “Birthday”. 

“Bad Choices” é um dos pontos altos do disco e remete bastante a performance vocal da Amy Winehouse. Contém viradas interessantes que envolvem uma variedade nas batidas dos versos ao refrão. Como o próprio título já entrega, a letra da música aborda as escolhas ruins que fazemos, assunto que surgiu durante o momento em que a banda conversava e compunha.

Não podia faltar uma balada poderosa em que Elin Larsson faria uma entrega vocal de arrepiar. “Top Of The Sky” combina cada instrumento em destaque, principalmente as batidas lentas e marcadas da bateria, e faz reflexão aos dias atuais onde a tecnologia predomina sob os limites da humanidade. Foi lançada como single no dia 31 de maio, sendo o terceiro e penúltimo antes do lançamento álbum. “Like A Drug” conta com um groovy ao decorrer da música que cria uma atmosfera bluesística.

“Piggyback Ride” encerra o lado A do álbum com uma energia selvagem e livre. O último single lançado pelos Pills que colaborou para criarmos uma ideia da sonoridade que eles entregariam neste álbum novo. Nessa faixa, a voz de Elin tem o tom abaixado para que ela soasse como um porco e a letra remete a suas reflexões sobre os porcos selvagens que andam por sua vizinhança.

Ao trocar o lado A (que entregou muito) para o lado B é possível encontrar as faixas “Holding Me Back”, “Somebody Better”, “Shadows”, “I Don’t Wanna Get Back On That Horse Again” e “What Has This Life Done To You”. 

“Holding Me Back” inicia o lado B do álbum com uma energia pop punk rock, proeminentemente no refrão. A faixa seguinte, “Somebody Better”, integra viradas fortes com o vocal poderoso. O álbum é concluído com três músicas mais lentas e emotivas: “Shadows”, “I Don’t Wanna Get Back On That Horse Again” e “What Has This Life Done To You”. Destaque para a faixa que encerra o álbum, que é uma balada introspectiva muito tocante.

Considerando a história do Blue Pills que foram de tocadas em bares sujos e lotados para tocadas em festivais grandes, como o Wacken Open Air, a banda evoluiu muito na sonoridade através da personificação de tudo aquilo que carregam como referências e da energia em uma sonoridade única por si só, autentica e moderna que facilmente agrada todos os gostos, falando em gerações. 

A solidificação do som dos Pills neste novo álbum é essencial, tendo em vista que a banda sofreu muitas críticas dos fãs em relação a mudança do som de suas músicas de álbum em álbum. Mas isso só prova que eles estavam experimentando as sonoridades para obter um som característico deles, coisa que bandas renomadas como Led Zeppelin e Black Sabbath fizeram, e se deixaram ser livres.

“Birthday” simboliza a captura da essência mais pura da banda em sua performance cheia de energia, atitude e poder. É um álbum que define a carreira dos Pills pelas letras de atmosfera emocionante e reflexiva, influencia clara pela gravidez de Elin durante a criação do álbum, junto do trabalho impecável que a banda fez nas composições e processos de mixagem juntos.

O álbum novo do Blue Pills está disponível tanto em mídia física (CDs e vinis) quanto nas plataformas de streaming. Para promover sua divulgação a banda está em turnê pela Europa. E quem sabe o Brasil entra na lista de turnê para o ano que vem?


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