A banda britânica “The Sweet” ganhou fama mundial na década de 1970 como um dos três principais nomes do Glam Rock de sua era, influenciando inúmeras bandas mas décadas seguintes, como Kiss, Poison, Guns & Roses e muitos outros.
A banda alcançou enorme sucesso com 39 singles #1 ao redor do mundo, incluindo "Ballroom Blitz", "Fox On the Run", "Love Is Like Oxygen", "Little Willy", "No You Don't", "Blockbuster", "Action", "Teenage Rampage" e "AC/DC".
Mas ao fim dos anos 70, os quatro integrantes originais, Connoly, Tucker, Andy e Priest, acabaram seguindo caminhos separados, e com exceção de Tucker, se mantiveram ativos em períodos distintos com suas versões do Sweet e esporádicas reuniões entre os quatro.
Connoly faleceu em 1997, Tucker em 2002, Priest em 2020, restando do quarteto original somente o guitarrista Andy Scott, que prossegue com sua versão da banda.
STEVE PRIEST montou sua versão de como ele queria que seu legado fosse apresentado e preservado no futuro.
De 2007 até seu falecimento o baixista contou com o baterista Richie Onori e o tecladista Stevie Stewart, e ambos, com a benção da família de Steve e seguindo a ideia e vontade do lendário baixista, decidiram manter o legado vivo.
A atual formação conta com Richie na bateria, Stevie no baixo, o vocalista Patrick Alan Stone, o guitarrista Jimmy Burkard e o tecladista Dave Schulz e o The Sweet retornou apresentando o novo single “Little Miracle” e agendando shows para seguir levando uma experiência mágica e explosiva, mantendo a essência desse clássico nome do Glam Rock.
Conversamos com RICHIE ONORI, que nos contou um pouco mais sobre a continuidade do legado, e também sobre sua incrível carreira na música, inspirações e boas histórias!
RtM: Richie, aqui é Carlos Garcia do site Road to Metal (Brasil), obrigado por reservar um tempo para responder a esta entrevista.
Para começar, conte-nos um pouco sobre como surgiu essa ideia de continuar o legado do Sweet após a morte de Steve Priest em 2020. E acredito que a morte de Steve deve ter sido um duro golpe para você.
Richie Onori: Steve Priest estava orgulhoso da banda que montamos - Independentemente dos músicos que mudavam de tempos em tempos, havia um padrão. Ele nos chamava de perigosos! Após sua morte e com a benção de sua viúva e filhas, todos nós decidimos manter o legado vivo conforme a visão de Steve.
RtM: E como você sentiu a aceitação dos fãs? Já que há uma versão do Sweet também ativa com Andy Scott, e vocês estão continuando sem Steve, vocês já receberam ou sentiram alguma reação contrária a essa continuidade?
RO: Claro que recebemos reações e emoções variadas de fãs dedicados. Nós amamos fãs apaixonados. O que é incrível é que, quando um fã ou cético vai a um dos nossos shows, ele nos agradece efusivamente depois de nos ver e que apreciamos manter o legado dos "Sweets" vivo. A maré virou e é tudo sobre entregar um show emocionante e divertido.
RtM: Com tantas bandas clássicas encerrando suas carreiras, ou quase parando em definitivo, como você vê o futuro do Classic Rock e o que podemos fazer para manter seus legados?
RO: Bem, isso é verdade, a era de ouro dos anos 60 e 70 está diminuindo. Quando você vê bandas cover agora assumindo o controle para entregar as músicas clássicas que mudaram o mundo, percebe-se que as demandas estão lá.
Quando Steve reformou a banda conosco em 2007, fomos parceiros como parte da marca e da banda, e vivemos e respiramos a música como temos feito por quase duas décadas. Tocamos centenas e centenas de shows ao redor do mundo, que incluíram uma turnê pela América do Sul com o Journey em 2011, sim, São Paulo, Chile, Argentina e Peru... Ótima turnê!
RtM: E nos anos em que tivemos as duas versões do Sweet, com você com Steve e Andy com sua banda, pelo que pude ver não houve atrito algum. Conte-nos um pouco sobre essa coexistência, se houve algum acordo sobre em quais países tocar e como você se sentiu sobre a reação dos fãs a isso.
RO: Sim, sem atrito porque é tudo sobre manter o legado vivo, com a música que mudou o mundo e influenciou as maiores bandas do mundo, do Rock ao Punk, do Glam ao Hair Metal.
Steve Priest e o quarteto fundador do Sweet |
RtM: O Sweet com Steve Priest estava ativo desde 2007, mas nunca lançou um álbum com novas músicas. Por que vocês não lançaram canções inéditas?
RO: Na verdade, estávamos no meio de finalmente chegar a isso antes de Steve falecer.
RtM: A banda agora lançou um single e um vídeo, "Little Miracle" - que eu pessoalmente gostei muito - e tem muitas características do som clássico do Sweet. Conte-nos um pouco sobre essa música e como tem sido o feedback dos fãs?
RO: O feedback dos fãs e das estações de rádio tem sido simplesmente incrível, para dizer o mínimo. Todos na nossa banda escrevem e temos um ótimo material, mas Stevie e eu sabíamos que precisávamos da música certa para começar a festa. Nosso produtor Dave Jenkins co-escreveu "Little Miracle" e sabíamos que essa seria a música para continuar o legado no século XXI.
RtM: Esse novo single é um sinal de que vocês pretendem agora lançar um novo álbum em um futuro próximo?
RO: Sim, uma série de singles saindo a cada 6 a 10 semanas é o plano.
RTM: O lançamento do álbum vai depender de como as novas músicas serão recebidas? E até mesmo da demanda por seus shows?
RO: Estamos com muita demanda por shows ao vivo... e agora "Little Miracle" é um sucesso retumbante e está crescendo a cada dia!
RtM: E para o repertório dos shows, quais músicas vocês acham que não podem ficar de fora do set list, caso contrário os fãs ficariam decepcionados? E você tem planos de incluir músicas que não foram tocadas com tanta frequência pelo Sweet ao vivo? Há alguma em particular que você gostaria de incluir nos sets?
RO: Fazemos de tudo, um fã nunca sai decepcionado - nosso objetivo é agradar enquanto arrasamos no local!
RtM: Acredito que um novo público está surgindo, novas bandas inspiradas no rock clássico dos anos 70, e também vimos um aumento nas vendas de vinil e um interesse crescente de pessoas mais jovens que "descobriram" ou redescobriram o rock clássico. Você também sente que há um momento de crescimento e percebe novos fãs nos shows?
RO: Sim, semelhante à invasão do blues britânico, onde os jovens vasculharam o passado em busca das lendas do blues que criaram o gênero. Os jovens precisam da nossa música, não apenas para elevá-los, mas também para inspirá-los a criar música de verdade que ajude a guiar a sociedade com mensagens positivas.
RtM: Falando um pouco sobre sua grande história na música e gostos pessoais, conte-nos como você começou essa jornada, quem o encorajou e o inspirou quando você começou na música.
RO: Minha família italiana amava música, minha mãe dançava com Judy Garland e Mickey Rooney. Ela sabia que eu nasci para ser um artista. Meu irmão era guitarrista e meu pai era como um musicólogo. Então veio a era das bandas de garagem e não havia como olhar para trás.
RtM: Se você tivesse que listar 5 álbuns que considera essenciais na história do Classic Rock, quais escolheria e por quê?
RO: The Beatles "White album" - Meu primeiro álbum duplo; Jethro Tull “Stand Up” - Baterista Clive Bunker * Ian Anderson. Originalidade fora das paradas; Freddy Hubbard “Red Clay” trouxe uma nova audição para o Jazz; Jimi Hendrix "Are you Experienced" Explosivo!! ;The Mahavishnu Orchestra "Inner Mounting Flame" de outro planeta! e Cream "Wheels of Fire", uma jornada de como tocar!
RtM: Você tocou com muitos grandes músicos em sua carreira, como Steve Lukather, Ronnie Dio, Keith Emerson, Paul Rodgers, Slash e muitos outros. Conte-nos alguns fatos interessantes sobre como foi trabalhar com algumas dessas lendas e o que você diria que foi seu maior desafio.
RO: Por causa da minha educação musical e dedicação ao meu ofício, nunca me senti particularmente desafiado, mas recebi uma ligação do cantor do Toto, Bobby Kimball. Ele me perguntou se eu conseguiria aprender um set completo de músicas do Toto em três dias.
Eu disse: “claro, mas quando é o ensaio?” Bobby disse “sem ensaio.” Fiquei pensando comigo mesmo "Caramba!”
Nós voamos para um show de 10.000 lugares em Illinois.
Eu consegui sem problemas, mas sim, eu estava nervoso pra caramba, pode apostar que sim!
RtM: Sobre sua carreira solo, gostaria que você comentasse sobre seus álbuns "Days of Innocence" e "Three Wishes", onde você também mostra seus talentos como vocalista e guitarrista, para que nossos fãs no Brasil possam conhecer um pouco sobre esses trabalhos. E claro, sobre Heaven and Earth e seu incrível som dos anos 70.
RO: Obrigado! E meus dois esforços solo lançarei em breve. O Blues Angel está vivo e forte e mal posso esperar para mostrar ao público todos os meus trabalhos. Eu coloquei meu coração e alma para criar tudo e estou muito orgulhoso.
O Heaven & Earth foi uma jornada por si só e eu adoro as faixas que toquei com Richie Sambora e Joe Lynn Turner, que realmente se destacam.
RtM: Richie, obrigado mais uma vez pela entrevista, e esperamos ter a oportunidade de vê-lo na América do Sul e no Brasil.
RO: Eu amo meus irmãos e irmãs da América latina e temos tempo de sobra para poder agitar com vocês.
Entrevista: Carlos Garcia
Agradecimentos: Richie Onori; Chip Ruggieri - Chipster P.R & Consulting, Inc.
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