Este ano de 2025, o Brasil alcançou a segunda posição no ranking mundial de mercados de shows ao vivo. Isso se justifica quando as bandas retornam por aqui num curto espaço de tempo (principalmente pós-pandemia) para consagrar sua história, recomeçar ou comemorar algum disco clássico específico que esteja completando algumas décadas de aniversário. O público brasileiro está passando por algumas transições onde a velha guarda e um público novo se encontram, colocando as bandas em turnê por várias cidades e estados sem medo de errar, pois o público vai estar presente.
Numa sexta-feira (14/11) no Carioca Club, essa estatística se concretiza ao receber a lenda do Heavy Metal alemão Grave Digger, comemorando 45 anos de trajetória e divulgando o novo disco Bone Collector (2025) - 22º disco da carreira - marcando a história do Metal na discografia de uma banda de quase meio século.
A abertura ficou por conta da banda JUST HEROES, que recebeu a missão de abrir para os alemães depois serem os vencedores do concurso realizado pela Roadie Crew entre 50 bandas. Foi uma das melhores bandas de abertura de shows que assisti este ano, performance de palco, composições muito bem pensadas e harmonizadas com as distorções propositalmente remetendo as guitarras do Judas Priest. O vocalista Mr. Machine tomou a frente destacando muito o visual quanto sua potência vocal afinadíssimo, lembrando muito o Tim Ripper Owens, uma clara e notória influência desse espetacular e injustiçado vocalista.
O som de palco estava impecável; Flavio Souza Jr. e Wander Cunha (guitarras) duelaram solos, Fabio Gomes (baixo) deu o groove certo nas músicas e o ex-baterista do Manowar, Marcus Castellani, não polpou uma peça da bateria para executar as músicas, elevando ainda mais qualidade do quinteto. O público foi surpreendido com uma qualidade acima da média para bandas desse gênero. Acredito que essa força do JUST HEROES supre uma necessidade de subir o patamar do profissionalismo na cena, pois mostraram isso a cada música e aproveitaram cada minuto dessa oportunidade. Destaque para "Heroes", "Survivor of Hate", "Horsepower" e o cover do Judas Priest "Breaking the Law".
É a vez da lenda entrar em cena. A casa foi tomada, uma massa gritava em som de torcida Olêee olê olê olê olêee... Digger...Digger; e o quarteto arrebentou tudo! Abriram com "Reign of Bones/Twilight of the Gods" pra testar o som e Tobias Kersting foi ajustando o timbre na guitarra, mas já foi uma pedrada na vidraça.
O vocal de Chris Boltendahl - único membro original desde o início da banda - estava afiadíssima e se mostrou muito bem fisicamente, tanto no cuidado com a voz durante todos esses anos quanto no desempenho na postura de palco, agitando com o público, com a banda, além do carisma emblemático com o público entregando um show de ponta a ponta com muito entusiasmo; um verdadeiro headbanger! O baixista Jens Becker, um pouco mais contido, segurou muito bem a base e dispensa apresentações desde 1998, quando assumiu o posto da banda após sua passagem pelo Running Wild; além do baterista Marcus Kniep, na bateria desde 2018, engrandeceu o show com som pesado no majestoso desemprenho da bateria.
Mesclar um repertório de 45 anos de trajetória não é nada fácil, ainda mais o público exigente como é do Grave Digger. Do álbum lançado este ano, destacaram "Kingdom of Skulls" e o repertório passou por clássicos, destaques para "The Keeper of the Holy Grail", "Valhalla", "The Dark of the Sun", "Excalibur", "Back to the Roots", "Rebellion (The Clans Are Marching)" e tendo tempo para mais quatro bônus, incluindo "Witch Hunter" (espetacular) e fechando com a imortal "Heavy Metal Breakdown", tendo final épico por parte de Chris Boltendahl.
Estive em outubro de 2003 no finado DirecTV Music Hall para vê-los pela primeira vez; reencontrar a banda de forma espetacular novamente após 22 anos é muito significativo para o Heavy Metal brasileiro. O Grave Digger é uma entidade global do Metal, resgata fãs, trás público novo, revela bandas de abertura que vão dar continuidade no ideal desses quatro headbangers que sentem o público brasileiro e nosso país como a casa e a família a ser visitada. Um dos melhores shows que está marcado neste ano de 2025 com certeza.






Um comentário:
Ótima resenha do grande Bertz!!!
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