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domingo, 1 de janeiro de 2017

Entrevista - Orquídea Negra: "Somos Frutos de Muita Teimosia, de Muitos Sonhos."


"Somos frutos de muita teimosia, de muitos sonhos", frase marcante, que logo me chamou atenção e usei como título desta entrevista, uma frase que pode resumir a história de muitas bandas, veteranas ou iniciantes, pois esse sonho de formar uma banda de Metal, de compor as suas músicas, gravar um álbum, fazer shows, se torna realidade, mas sabe-se que o caminho é árduo, e nem sempre, a maioria das vezes eu diria, é revestido de glórias ou sucesso financeiro,  mas se nem tudo são flores, e para esta banda, formada em 1986, que leva o nome de uma flor, a mística Orquídea Negra, com certeza não foi, mas também com certeza é recompensador ter sua música cantada pela plateia, ter seu próprio disco em mãos, e seguir criando e na ativa por mais de três décadas, e mesmo que ainda busque um reconhecimento maior, e merecido, dando o seu melhor sempre. 

Confira um pouco desta história que ainda tem muitas páginas pela frente, e saiba, descubra, ou relembre os passos desta verdadeira lenda do Metal brasileiro, em uma entrevista bem especial com Robson Anadom, um dos membros mais antigos desta instituição do Heavy Metal, Orquídea Negra!
                                          Check the english version here


RtM: Salve Robson, é um prazer falarmos um pouco sobre a história do Orquídea Negra e este mais recente trabalho, “Blood of the Gods”.
Robson Anadom: Salve Carlos. O prazer é todo nosso.  Falar sobre nossa história e nossos trabalhos, é sempre uma grande alegria, ainda mais para o Road To Metal , um meio de informação tão importante para o meio musical.

RtM: Para começar, vamos falar dos primeiros álbuns, que estão sendo relançados, inclusive o debut pela primeira vez em CD, e com vários atrativos. Vamos começar com o “Who’s Dead” (lançado em LP originalmente em 1992, pelo selo Acit), que já está disponível, e muitos poderão ter contato com esse trabalho, que na época vendeu cerca de 5 mil cópias. Descreva pra gente, como foi a sensação de realizar o sonho de gravar o primeiro trabalho, e se vocês esperavam a repercussão que teve na época?
RA: A sensação da primeira vez, seja no que for,  é sempre maravilhosa e muito gratificante. Foi algo muito animador para a banda, pois nunca tínhamos entrado num estúdio de verdade antes. Então você pode imaginar uma galerinha nova, cheia de vontade, cheia de sonhos, começando a gravar seu primeiro LP. 

Coisa antes que só tínhamos em mãos, os dos nossos ídolos, e agora teríamos o nosso!!! Com nossas próprias músicas, que tanto ensaiamos, dia após dia, todas as noites na casa do Boca (vocalista). Foi algo que certamente nos deixou muito felizes, ainda mais por que estávamos em São Paulo, onde tudo acontecia no metal nacional. Sem falar que estávamos sendo produzidos pelos Mário e Wally Garcia, da banda Garcia e Garcia que faziam uma sonzeira infernal na época.

"Então você pode imaginar uma galerinha nova, cheia de vontade, cheia de sonhos, começando a gravar seu primeiro LP."

RtM: Conte-nos um pouco mais dessa primeira experiência em estúdio, das gravações, que ocorreram em São Paulo. Como eram as condições? 
RA: Fomos para São Paulo, em fevereiro de 92 , passar umas semanas. Ficamos num hotel em Pinheiros (se é que podíamos chamar de hotel), os 5 da banda mais um amigo todos no mesmo quarto, com apenas duas camas. Não lembro em qual bairro ficava o estúdio Macan que era da Márcia Casanova. Era um estúdio de 16 canais, era simples, porém eficiente. Íamos de ônibus todos os dias pela manhã para o estúdio. Fazíamos um lanche por lá mesmo na hora do almoço. Não tínhamos a mínima noção de como era o processo de gravação, se fosse hoje, certamente a sonoridade teria saído um pouco melhor. 

RtM: Dificuldades bem típicas da época. E apesar disso você acredita que conseguiram reproduzir no álbum o que vocês queriam e eram em termos de sonoridade?
RA: Tivemos que alugar uma bateria por lá mesmo, que não era de muita qualidade, era super caseira, mas deu para quebrar o galho. As guitarras não foram gravadas com amplificadores (o que não repetiríamos hoje, certamente) foi gravada com um Zoom, que era um pedal de efeitos que nosso guitarrista Vinícius usava na época, que era acionado por um controlador grudado ao corpo da guitarra. Funcionava como um pré amp, pois você podia colocar um fone de ouvido e usá-lo. Ele foi ligado diretamente na mesa. Em termos de sonoridade não posso afirmar que era bem o que queríamos, mas em termos da composição em si, ficou exatamente como queríamos.

"As guitarras não foram gravadas com amplificadores (o que não repetiríamos hoje, certamente) foi gravada com um Zoom, que era acionado por um controlador grudado ao corpo da guitarra"
RtM: Mesmo no início dos anos 90, quando começavam tempos difíceis para o Heavy Metal, o “Who’s Dead” foi bem, tendo músicas que inclusive tocaram bastante em algumas rádios. Em 94 gravaram o segundo, auto-intitulado. Como foi a repercussão desse segundo trabalho? Na época vocês chegaram a perceber que havia já uma mudança no mercado? Isso afetou a banda?
RA: Certamente. O Who´s Dead teve algumas músicas tocando nas rádios, como "Miss You", "Surrender" e "It´s Easy to Remember". O segundo teve uma boa repercussão, pois a banda já estava mais conhecida, então sempre gera a expectativa do segundo trabalho. Tivemos muitas entrevistas em zines da época e matérias em revistas. 

Porém, como o mercado já vinha mudando, isso foi acontecer apenas dois anos após a gravação, pois tivemos que lançar de forma independente. Como víamos que seria difícil lançar por algum selo, teve que ser dessa forma, se não, não teria vindo a público na época. E nesse meio tempo entre a gravação e lançamento, o Boca (vocalista) deixou a banda, aí também deu uma certa desmotivada nos demais integrantes. Saber que tínhamos um bom trabalho guardado em casa por dois anos, sem trazer a público, foi meio triste. Queríamos que todos conhecessem nossas novas músicas.

RtM: Nesse segundo álbum pode ser observada uma produção mais madura, com a banda muito mais segura do que queria fazer
RA: Pois é, quanto a isso eu não tenho dúvidas. Mesmo tendo se passado apenas dois anos após a gravação do primeiro, nossa segunda experiência num estúdio, foi totalmente diferente. Já sabíamos bem o que queríamos, o som que queríamos. Não repetiríamos os erros da nossa primeira experiência com relação à sonoridade. 



RtM: Conte-nos um pouco também da produção e gravações deste segundo trabalho.
RA: Fomos para Porto Alegre gravar no estúdio Eger, com nosso ônibus que servia de hotel também! ha ha ha ha. Ficamos por 3 semanas estacionados em frente ao estúdio, e era de dentro do ônibus para dentro do estúdio e de dentro do estúdio para dentro do ônibus. Gravávamos geralmente à noite e de madrugada, pois era mais barato. Levamos nossa bateria, tivemos assessoria do Kiko Freitas para afiná-la e deixá-la com a sonoridade que queríamos.

Quanto aos amplificadores para baixo e guitarra, levamos cabeçotes próprios e alugamos caixas em Porto Alegre. Nesse segundo trabalho, já gravamos com a nova formação, pois o nosso baixista Fernando Tavares havia deixado a banda 01 ano antes, desde então eu deixei a guitarra e assumi o posto de baixista. Nas gravações ainda fiz algumas partes de guitarra e violão. Nosso som estava um pouco mais trabalhado e pesado que no primeiro disco, a banda evoluiu bastante musicalmente.

RtM: Pois é, legal você mencionar, que vocês chegaram a ter um ônibus próprio, algo difícil de manter para uma banda de Heavy Metal aqui no Brasil. Recentemente o Hangar também teve o "Infallibus".
RA: Sim, tivemos o ônibus entre 93 e 95, o nosso "Orquidão", fizemos algumas viagens com ele, e, conforme contei antes, até de hotel serviu! he he he. Acabamos tendo de vender posteriormente.


O transporte e "hotel": o "Orquidão"!
RtM: Após as gravações do segundo álbum o André (vocais) saiu da banda, depois também o Marcelo (Bateria), aí nesse período, logo após aquela era complicada nos anos 90, era uma nova era no Metal, onde as bandas de Metal Melódico estavam mais em evidência. Isso afetou o fato de não terem lançado material de estúdio nesse período? Somente em 2003, com Jean (vocais) e Marini (bateria) vocês acabaram lançando o ao vivo “More Live Than Never” que foi resultado do show de 19 anos da banda, que aí acabou virando o álbum também, é isso?
RA: Sim,  o André saiu da banda antes de lançarmos o segundo. Ele saiu no ano seguinte, 1995 após termos gravado. O Marcelo saiu da banda em 2010 ou 2011 não estou lembrado. Então, o ao vivo foi com ele ainda. Nós continuamos tocando da mesma forma, apenas sem lançar nem compor nada de novo. Em 2003 gravamos o ao vivo e para lançar, gravamos uma música nova e uma versão para "Surrender". O nome do CD foi esse justamente por muitos acharem que não estávamos mais na ativa, mas apenas não fazíamos shows em nossa cidade, pois continuamos a tocar em outros lugares. Antes disso, o André chegou a voltar para a banda em 2000, aí foi curioso, pois ficamos com dois vocalistas e chegamos a fazer um show com esse formato. Mas ele ficou pouco tempo, então continuamos apenas com o Jean.

RtM: Depois de “More Live Than Never”, vocês seguiram sem gravar um novo full-lenght de estúdio, Vocês tiveram o retorno do André em 2008, que havia deixado a banda após o segundo álbum, em 95. “Blood of the Gods” , começou a ser gravado em 2012, sabemos todos das dificuldades de manter uma banda de Metal, e lançar material, principalmente físico, pois nem sempre se tem o retorno, às vezes a longo prazo. No caso do Orquídea, uma banda tão tradicional, quais as principais causas de tanto tempo para lançar este álbum?
RA: Nessa fase não nos sentíamos motivados a fazer músicas novas, pois todos tínhamos trabalhos paralelos com outras bandas, então apenas tocávamos as antigas nos shows e alguns covers. Depois do lançamento do ao vivo, tivemos a troca de vocalista novamente, saindo o Jean e entrando o Samuel Vargas que creio eu, ficou por dois anos na banda. Com ele não gravamos nada, temos apenas alguns vídeos no youtube. 

Devido às dificuldades de manter uma banda de metal que levamos dois anos para finalizar a gravação do "Blood of the Gods". Inclusive umas das músicas, “Rainbow in the Dark”,  foi gravada ainda pelo Marcelo, antigo baterista.


"O nome do CD (More Live Than Never) foi esse justamente por muitos acharem que não estávamos mais na ativa, mas apenas não fazíamos shows em nossa cidade."
RtM: Falando um pouco mais do retorno do “Boca”, como foi que se deu essa volta, e acredito que também tenha sido um dos fatores pra trazer um novo ânimo, reativando o núcleo criativo do início, e que culminou no novo disco? E se houveram desavenças no passado, foram superadas, e reacendendo a velha química!
RA: Certamente!!! A volta dele nos deu um grande ânimo, pois é um grande compositor. Ele não pode nos ouvir fazendo algum riff que já vem com uma letra e já começamos a compor algo novo, o que é algo natural para nós. O que acontece praticamente em todos os ensaios.  Nesse momento já estamos com algumas músicas novas prontas, que serão gravadas em breve, pois a química que rola entre nós é incrível. 

Todo ensaio rola algum esboço para uma nova música.  A entrada do novo baterista (Raphael Marini) também deu uma grande oxigenada na banda, influenciando muito nas novas composições, pois ele vem de uma escola um pouco diferente da nossa, além de ser o mais novo, trouxe muito gás à banda. E sobre desavenças do passado, nunca houveram, a amizade entre o André e a banda sempre existiu.

RtM: Outra coisa bem legal, foi ver o CD sendo lançado por um selo inglês, o Secret Service, e também pelo selo português Metal Soldiers. Como aconteceu esse contato e o que trouxe de positivo para a banda? O Metal Soldiers, inclusive, tem lançado vários CDs de bandas clássicas do Metal brasileiro.
RA: Com o selo inglês, foi através do Luiz Rizzi, um catarinense que mora na Inglaterra e já era fã da banda de longa data.  Ele lançou algumas outras bandas brasileiras também. Já com a Metal Soldiers, a conversa era mais antiga. Foi intermediada por um amigo nosso de longa data no Brasil, o Juninho. Ainda está para sair o vinil do "Blood of the Gods" pela Secret Service, e os primeiros em CD pela Metal Soldiers

De positivo veio a divulgação na Europa, que sendo lançado lá fica bem mais fácil a distribuição, certamente isso nos levou a sermos ouvidos em alguns lugares que ainda não havíamos chegado. Sem falar também que ter um CD lançado aqui, na Inglaterra e em Portugal é muito bom para os fãs que gostam de ter tudo que sai da banda, pois cada um é diferente do outro.

"A volta dele (André) nos deu um grande ânimo, pois é um grande compositor. Ele não pode nos ouvir fazendo algum riff que já vem com uma letra."
RtM: Fiz uma resenha do “Blood of the Gods”, e coloquei que foi “uma espera que valeu a pena”, porque realmente é um álbum que tem muitas músicas muito boas, daquelas que dá vontade de colocar no “repeat”, e que ficam na cabeça. Você acredita que esse tempo somente compondo e amadurecendo as músicas contribuiu para isso? Somada a vontade da banda em voltar a gravar coisas novas? 
RA: Só temos a te agradecer pela excelente resenha, super detalhada. Até nós já estávamos loucos para ter um CD novo em mãos, para podermos ouvir. Pois como disse uma vez em entrevista numa rádio, somos a nossa maior influência.  Sobre as músicas novas, na verdade compusemos acho que em questão de meses. Logo após o retorno definitivo do André à banda, já começamos a compor as músicas e a tocá-las ao vivo. 

Assim como já estamos tocando material novo nos shows, para que o público já vá se acostumando com essas novas músicas. Eu acho que a vontade que estávamos de gravar coisas novas nos fez trabalhar bastante nessas músicas, pois sempre vamos polindo com o tempo, acertando detalhes aqui e ali, vendo o que funciona bem, o que nos agrada. Até que decidimos que estamos todos satisfeitos, que está ok, aí não mexemos mais.

RtM: Algo que gostei muito foi a produção e a pegada do álbum, que é Metal clássico, e soa atual. Vejo muitas bandas novas que confundem isso, e acham que para ter uma sonoridade como as bandas dos anos 80, às vezes fazem uma produção “tosca” ou datada. Muitas bandas soavam mais cruas na época pelas condições de gravações, custos, e até falta de conhecimento dos próprios e produtores. Mas o que é preciso é soar “verdadeiro”, sem “mascarar” demais as coisas em estúdio, fazendo que soem plásticas. O que você acha sobre isso? 
RA: Sinceramente eu também não consigo entender isso que as bandas de Metal novas andam fazendo com relação a produção, principalmente as que querem fazer algo mais tradicional. Acredito eu que tudo tem que ter uma certa qualidade, para que possa passar maior credibilidade a quem vai ouvir.  Nós sempre curtimos muito o Metal clássico, acho que isso fará sempre parte do nosso estilo de compor, pois é a nossa veia. O Raphael , como é o mais novo da banda, veio com algumas influências  mais modernas, o que deu um tempero muito especial no "Blood of the Gods"

RtM: Aproveitando o gancho, nos conte também um pouco sobre esse processo de gravação do “Blood of the Gods”. 
RA: Sobre o processo de gravação, foi curioso, pois o estúdio em que gravamos, “Olho da Lua”, mudou 3 vezes de lugar,  por isso que demorou um pouco mais para terminarmos tudo. Sem falar que ele foi mixado e remixado umas 3 ou 4 vezes, até que o produtor, também tecladista, Daniel Dante Finardi e nós estivéssemos totalmente satisfeitos com o resultado final. Acho que por ser algo tão esperado por nós e também por quem curte nosso trabalho e estava sedento por algo novo, queríamos ter o máximo de cuidado para que ficasse com uma excelente qualidade,  desde a busca por timbres de guitarra, baixo etc.


RtM: Algo que está bem raro, parece que cada vez menos aparecem bandas que conseguem fazer músicas memoráveis, e conforme comentei, o Orquídea Negra deu uma aula nesse quesito. Gostaria que você falasse um pouco das duas que abrem o álbum, “Blood of the Gods” e “True Soldier”, que tem todos esses elementos do Metal clássico dos 80 e 70, além de trechos mais progressivos. Algumas coisas me lembraram o Uriah Heep, Purple, as partes progressivas, os Hammonds. 
RA: Nos idos dos anos 90, nós fazíamos alguns covers de Uriah Heep, Deep Purple, Pink Floyd, Queen, certamente isso influenciou um pouco nessa parte progressiva da banda. Todos os teclados do "Blood of The Gods" foram feitos pelo produtor Daniel Dante Finardi, que fez um excelente trabalho, dando uma riqueza nos arranjos. A música que abre o CD e leva o seu nome,  é sem dúvidas a mais trabalhada de todas, e nos deu um puta de um trabalho compô-la até que chegasse no resultado final. 

"True Soldier" foi mais tranquila, até parece que já nasceu pronta, sua composição foi super espontânea, nasceu de uma sequência de acordes criada pelo Vinícius Porto (guitarrista), o André ouviu a melodia, gostou e já criou a letra, assim ela nasceu. Na verdade, a maioria das músicas nascem assim, tocamos um riff, o André escuta, já cria uma letra em cima e já saímos tocando, depois vamos acrescentando outras partes à ideia principal.

RtM: Outras duas que gostei muito, e acho que merecem um destaque, são “Understand”, que aliás, é a que o refrão mais grudou na minha mente, inclusive hoje passei o dia cantarolando! He He! E “The Darkness”, que é uma música que ficou de fora do “Who’s Dead” por falta de espaço. Mas vocês deram uma nova roupagem. Gostaria que nos falasse mais dessas duas músicas.
RA: Ahhhh a música do Pelé há há há ha, “entende”? (ha ha ha)  "Understand" é realmente, bem, digamos, lembrável ha ha ha. Essa foi a última música a ser composta para o "Blood of the Gods". Como você disse, tem um refrão que gruda mesmo. Eu gosto dela, pois  tem um grande riff de guitarra criado pelo Vinícius.

"TheDarkness" foi uma das nossas primeiras músicas, estava numa demo que mandamos para a Rock Brigade em 1991, gravada num ensaio, juntamente com "Surrender". Fizemos até um clip bem tosco para ela no mesmo ano. Foi muito difícil deixá-la de fora do vinil, mas tivemos que escolher uma música, não lembro qual foi o critério na época, mas ela não entrou. Já no relançamento do vinil ano passado pela Since72 Records, ela finalmente entrou, na sua versão original. E no "Blood of the Gods" resolvemos regravá-la, já que ficou de fora no primeiro lançamento, achamos que isso seria uma bela homenagem, uma maneira de compensação, dar uma roupagem nova a música, uma modernizada, ela merecia isso.

"Há lugar para todos os gêneros de Metal. E acredito que um não interfere no outro, apenas somam, pois um acaba sempre influenciando outro de certa forma."

RtM: Na versão da Metal Soldiers, temos vários bônus, destacando a versão acústica para “Surrender”, uma das minhas preferidas da banda, e ficou muito bonita com esses arranjos acústicos e violino. Ela é um dos grandes “hits” do Orquídea, e acredito que muitos fãs, e vocês inclusive, a vêem como uma composição especial, já que ela figura como bônus não só nesta edição, mas também no “More Live Than Never”, e acredito ser obrigatória nos shows.
RA: A versão acústica de Surrender, nunca tocamos ao vivo, apenas a versão original. Gravamos essa versão pois sempre a tocávamos assim quando estávamos entre amigos com um violão, é uma música muito bonita e com um arranjo bem diferente da versão original, o que lhe dá um certo charme. Acredito que fizemos ao vivo apenas uma vez num teatro aqui em Lages quando reunimos a formação original do primeiro disco e o tocamos inteiro. Aí "Surrender" entrou no show com duas pessoas tocando violino. Este registro está no Youtube (assista aqui).

RtM: Além da “Surrender”, há regravações mais encorpadas de  “Hunting Devil” e “Wonderful and Lost”,  Elas foram regravadas para esse lançamento, ou você já vinham regravando algumas faixas mas ainda sem definir onde as utilizariam?
RA: Essas versões foram regravadas apenas como bônus para o “Blood of the Gods”,  lançado pela Secret Service, e acabaram entrando também no lançamento da Metal Soldiers, bem como no relançamento do “Whos Dead” pela Dies Irae, já que ambas eram da sua primeira edição. E também receberam uma nova roupagem para ser um diferencial. Pretendemos regravar algumas outras ainda do "Who's Dead".

RtM: Temos duas “covers” também, para a bem humorada “Flodoardo”, e para “Orquídea Negra”, do Zé Ramalho. Essas duas últimas eu lembro de terem figurado em gravações extra-oficiais. A “Orquídea Negra”, acredito que era uma ideia que deve ter surgido há um bom tempo, e de forma bem natural. Mas e a “Flodoardo”? Que fica bem fora de contexto, digamos.
RA: “Orquídea Negra” gravamos para o segundo CD em 94, mas por questões de direitos autorais ela não pode entrar no mesmo e era divulgada apenas em CDRs. Já "Flodoardo" do Grupo Expresso Rural, foi gravada para o “Blood of The Gods”. Certa vez participamos de uma homenagem feita pelos músicos da cidade ao nosso maior compositor e amigo Daniel Lucena. Cada banda escolheria uma música para tocar ao seu estilo no dia, nós escolhemos essa, para tocar no nosso estilo. Gostamos do resultado final e decidimos gravá-la, também como forma de homenagem a esse nosso grande amigo que tanto admiramos.


RtM: O segundo álbum também está sendo relançado (já disponível desde novembro), o que trará de novidades e atrativos nesse relançamento?
RA: Bom, será nos mesmos moldes do “Whos Dead”, com encarte de 24 páginas, muitas fotos exclusivas, continuação da biografia  e algumas músicas bônus que já são conhecidas. O CD em si, quando foi gravado em 94 tinha apenas 10 músicas, mas para o lançamento, colocamos "Miss You " e "The Darkness" do primeiro como bônus, então estarão novamente neste relançamento que trará ainda Orquídea Negra (gravada em 94 que não entrou no CD), e como este CD marcou a época do Jean nos vocais, mesmo que ele não o tenha gravado, trará "The End of Your Days" e "Surrender Acoustic Version" (gravadas por ele para o "More Live Than Ever"), ou seja, nada que já não seja conhecido.

RtM: O Orquídea é uma banda que eu vejo como um belo exemplo de “Heavy Metal Clássico”, em meio a tantos rótulos e sub-estilos. Como você vê essa questão de rótulos? Um mal necessário? Principalmente para fins comerciais? Ou é algo que acaba segmentando muito, ou até confundindo?
RA: É um mal necessário e que também, como você disse, acaba segmentando o Heavy Metal que já é um segmento do gênero Metal. Já que é para rotular, realmente nos encaixamos na vertente do Metal Clássico, oitentista. Mas essa segmentação é natural para separar o Metal em Heavy, Death, Thrash ou Black e cada uma dessas quatro divisões com suas próprias subdivisões. Para deixar todas essas vertentes do Metal nos seus devidos lugares. Tem muita gente que curte Heavy Tradicional e detesta Thrash ou outras vertentes, e assim por diante. Mas é aquela história, há lugar para todos. E acredito que uma não interfere na outra, apenas somam, pois uma acaba sempre influenciando outra de certa forma.

RtM: 30 anos de carreira, qual o sentimento por alcançar essa marca? E o que você acha que poderiam ter feito de diferente, que talvez pudesse ter sido melhor para a carreira da banda?
RA: Pois é, 30 anos não é pouca coisa lutando na independência. Estamos aí, pois somos frutos de muita teimosia, de muitos sonhos. Acredito que logo que lançamos o primeiro trabalho, se tivéssemos nos mudado para um centro maior como São Paulo, e tocado bastante por lá, muita coisa certamente teria sido diferente para nós. Mas acredito que tudo acontece ao seu tempo. Se não aconteceu nada ainda de grande para nós, ou não é para ser,  ou ainda está por vir. Vamos continuar na luta.

"30 anos não é pouca coisa lutando na independência. Estamos aí, pois somos frutos de muita teimosia, de muitos sonhos."
RtM: E daqui pra frente, vocês se sentem mais seguros e também motivados a lançarem novos trabalhos em um menor espaço de tempo? Como você vê o futuro do Orquídea Negra?
RA: Exatamente, por isso que já estamos compondo a todo vapor. Já estamos com 4 músicas prontas e já com mais algumas ideias que ainda não começamos a  trabalhar, mas que já estão registradas.  Estamos trabalhando também num documentário que está sendo produzido sobre a história da banda. Essa mesma equipe gravará o clip de "True Soldier". Isso é para acontecer ainda este ano. Nosso futuro, eu vejo da melhor forma possível, pois estamos sempre trabalhando. Claro que não fazemos tantos shows como gostaríamos, mas estamos aí, sempre fazendo o que gostamos.

RtM: Finalizando, fale de você, como você descobriu o Metal, o que te motivou a ser um músico e formar uma banda?
RA: Descobri o Metal através do meu irmão Francisco Anadon, que já foi baixista da Orquídea Negra entre 88 e 89 e baterista entre 90 e 91. Nos idos de 1985 comecei a fazer aulas de violão com um amigo do meu irmão, Marcos Cesar, que mais tarde viria a tocar na Orquídea Negra entre 88 e 89 também. Aprendi com ele a introdução de "The Phanton of the Opera" do Iron Maiden, aí achei aquilo o máximo e comecei a ouvir os discos que meu irmão tinha em casa. Eu já tocava baixo e guitarra em algumas bandas na cidade antes de entrar para a Orquídea, mas foi depois da minha entrada em 1990 que me aprofundei mais nos conhecimentos metálicos.

RtM: Robson, novamente, foi um prazer, espero termos passado um pouco da história do Orquídea ao fãs mais novos, e antigos também, além de um pouco mais sobre o “Blood of the Gods”. Fica o espaço para sua mensagem final, lembrando que esta entrevista também está disponível em inglês, para os headbangers do planeta! 
RA: Grande Carlos,  foi um imenso prazer poder passar um pouco da nossa história através dessas respostas ao Road to Metal, que é um grande canal de informação para quem curte Heavy Metal. Gostaria de te agradecer em nome da família Orquídea Negra pela oportunidade de nos divulgar em seu site. Espero que mais pessoas se interessem pela nossa música após lerem tanto a resenha quanto a entrevista. Valeu mesmo \o/.


Por: Carlos Garcia
Fotos: Arquivo da banda



Orquídea Negra é:
André "Boca" Graebin: Vocais
Robson Anadon: Baixo e Vocais
Vinícius Porto: Guitarras
Raphael Marini: Bateria

Orquídea Negra Contacts and info:
Official website
Facebook
Youtube
Downloads 

Discografia:
"Who's Dead?"
"Orquídea Negra"
"More Live Than Never"
"Blood of the Gods"

Leias as resenhas:
"Who's Dead?"
"Blood of the Gods"







terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Orquídea Negra: Clássico "Who's Dead" pela Primeira Vez em CD


Fundada em Santa Catarina no ano de 1986, o Orquídea Negra carrega em sua essência o Metal Tradicional oitentista, como Picture, Metal Church, principalmente da NWOBHM (e é inevitável não citar o Iron Maiden dos primeiros álbuns), e em 1992 gravou em São Paulo seu primeiro LP (contendo 9 faixas), "Who's Dead", que já nascia com status de clássico, sendo o primeiro álbum de Metal de uma banda catarinense.  (English Version)

Lançado pela gravadora gaúcha Acit, e vendendo mais de 5 mil cópias, "Who's Dead" recebeu vários elogios e excelente repercussão, principalmente com faixas como a já clássica "Surrender", Hard/Heavy de melodias e refrão marcantes, além de faixas carregadas dos melhores elementos do Metal Tradicional dos anos 80, como guitarras dobradas, grandes riffs e muita pegada, como em "Wonderful and Lost" e "Hunting Devil". A balada "Heavy"  "Miss You" também teve destaque.

Apesar de ser o primeiro álbum do grupo, e a primeira experiência em estúdio, o Orquídea superou as adversidades colocando muita garra, pegada e honestidade nas gravações, onde contaram com a produção dos irmãos Garcia, da banda argentina Garcia e Garcia (que contava com Ricardo Confessori na formação), no estúdio Macan, em SP.


Agora finalmente o álbum é relançado e recebe sua primeira versão em CD, trazendo 15 faixas, sendo as 9 originais com som remasterizado, e como bônus tracks 03 regravações, destacando a ótima "The Darkness, composição da época que ganhou uma roupagem mais atualizada, e versões para "Heaven and Hell" do Black Sabbath e para a Marcha Fúnebre - 3º movimento da Sonata nº2 de Chopin,  "Who's Dead". O CD vem envolto num belo slipcase e também traz um booklet com 24 páginas, com muitas informações e fotos inéditas.

A tiragem é de apenas 1.000 cópias, e o selo responsável por este importante lançamento é o Dies Irae, portanto, ótima oportunidade para os fãs da banda, além de admiradores do Metal Tradicional e do Metal nacional em geral, adquirirem esta pequena pérola.

Vale lembrar que a banda também segue divulgando o novo álbum, "Blood of the Gods", que saiu no exterior, pelos selos Secret Service (Inglaterra) e Metal Soldiers (Portugal).

Texto: Carlos Garcia


Line Up (da época da gravação track-list original)
Andre Graebin: Vocais
Fernando Tavares: Baixo
Vinicius Porto: Guitarras
Robson Anadon: Guitarras e Teclados
Marcelo Menegotto: Bateria



Track-List
01. Surrender
02. Christmas Night
03. I'm Calling For Your Soul
04.Wonderful And Lost
05. It's Easy To Remember
06. Run To The Hell
07. Mr. Powerful
08. Hunting Devil
09. Miss You
Bônus Tracks
10. The Darkness (original)
11. Wonderful and Lost (regravação 2014)
12. Hunting Devil (regravação 2014)
13. The Darkness (2013)
14. Heaven and Hell
15. Who's Dead?


Orquídea Negra (Black Orchid): First Album Re-Released - Brazilian Classic Heavy Metal!


Founded in Santa Catarina (south of Brazil) in 1986, the band ORQUÍDEA NEGRA (Black Orchid) carries in its essence the Traditional Metal, of bands like Picture and Metal Church, mainly NWOBHM (and it is inevitable not to mention the Iron Maiden of the first albums), and in 1992 recorded in São Paulo their first LP (containing 9 tracks), "Who's Dead", which was already born with classic status, being the first Metal album of a band from the state of Santa Catarina (Brazil). (Versão em Português)

Released by the label Acit, and selling more than 5,000 copies, "Who's Dead" received several good reviews and excellent repercussion, especially with tracks such as the classic "Surrender", a catchy Hard/ Heavy with awspme melodies and chorus,  and we found some of the best elements of 80's Traditional Metal, like high vocals, twin guitars, great riffs and a lots of weight in anthems like "Wonderful and Lost" and "Hunting Devil". The "Heavy" ballad "Miss You" was another highlight playin in many Rock Radios.

Despite being the group's first album, and the first studio experience, Orquídea Negra overcame the adversities, putting a lot of feeling, footprint and honesty in the recordings, where they had the production of brothers Garcia, of the Argentine band Garcia and Garcia (Ricardo Confessori, Angra's former drummer was in their line up), at the Macan studio in SP.


Now finally the album is re-released and receives its first CD version, bringing 15 tracks, the original 9 with remastered sound, and various bonus tracks, including 03 re-recordings, highlighting the great "The Darkness", composition of that time that won a new version, and versions for "Heaven and Hell" (Black Sabbath) and for the Funeral March - 3rd movement of Chopin's # 2 Sonata, "Who's Dead". The CD comes wrapped in a beautiful slipcase and also features a 24 page booklet with lots of information and previsiouly unreleased photos.

The re-release is only 1,000 copies, and the label responsible for this important release is the Dies Irae, therefore, great opportunity for fans and admirers of Traditional Metal, to know this little pearl of brazilian Heavy Metal.

It is worth remembering that the band also continue to release the new album, "Blood of the Gods", which was released overseas by the labels Secret Service (England) and Metal Soldiers (Portugal).

Text: Carlos Garcia



Line Up (1992)
Andre Graebin: Vocals
Fernando Tavares: Bass
Vinicius Porto: Guitars
Robson Anadon: Guitars and Keyboards
Marcelo Menegotto: Drums



Track-List
01. Surrender
02. Christmas Night
03. I'm Calling For Your Soul
04.Wonderful And Lost
05. It's Easy To Remember
06. Run To The Hell
07. Mr. Powerful
08. Hunting Devil
09. Miss You
Bônus Tracks
10. The Darkness (original)
11. Wonderful and Lost (2014)
12. Hunting Devil (2014)
13. The Darkness (2013)
14. Heaven and Hell
15. Who's Dead?




quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Orquídea Negra: "Blood of the Gods", Uma Espera Que Valeu A Pena


Já são três décadas de estrada dedicadas ao Heavy Metal, que corre solto nas veias da banda Catarinense Orquídea Negra, e nem o longo tempo sem lançar novo material esfriou os ânimos, pelo contrário, "Blood of the Gods", além de novamente ter André "Boca" Graebin de volta aos vocais (André só não gravou o terceiro álbum, o ao vivo "More Live Than Never" de 1996) é um trabalho que traz ótimas novas músicas para o catálogo do grupo, e pelo menos um par de canções fadadas a alcançarem status de clássico do Metal nacional, assim como "Surrender", do seu primeiro álbum (que foi relançado pela primeira vez em CD, e a resenha você vai ler aqui no Road também), e entrega para o ouvinte uma sonoridade de essência clássica, um Heavy Metal incrustado de todas as características que um headbanger aprecia, principalmente os aficcionados pela sonoridade mais tradicional do Metal. Então, altamente recomendado para fãs de Black Sabbath, Rainbow, Judas, Dio e Iron Maiden.

Por sonoridade mais tradicional e clássica, entenda-se o Metal oitentista, a NWOBHM, e somado a isso, também elementos do Classic Rock e Hard Rock dos anos 70, e o Orquídea Negra, que começou em 1986, possui essas características naturalmente, não é nenhuma banda que começou alguns meses atrás e quis fazer um som mais vintage, seja para tentar seguir alguma tendência, ou por influência mesmo.


O álbum, que teve edições lançadas na Europa pelo selo inglês Secret Service, agora tem tiragem também pela Metal Soldiers de Portugal, e vem com vários bônus, somando um total de 14 faixas. Produzido por Daniel Finardi, que também colocou os teclados, e pela própria banda, e arte da capa criada pelo Neto Santos (grande batalhador do Metal, que pude trabalhar junto no site All the Bangers), "Blood of the Gods" apresenta ótima qualidade gráfica e sonora.

Aos primeiros segundos da intro, que precede a faixa título "Blood of the Gods", que é um dos grandes destaques do álbum, já dá sinais que o que vem é uma excelente faixa de um Heavy Metal com peso e melodia, Metal clássico, mas sempre soando atual. Podemos sentir alguns toques setentistas, principalmente pelos teclados, remetendo a bandas como Uriah Heep, que tinha aquela veia meio progressiva em alguns momentos, além daquelas faixas épicas que Dio fazia tão bem, quando mesclava Hard/Heavy e utilizava teclados. Excelente abertura, e mal você se recupera e outra grande música já se apresenta, "True Soldier", de características semelhantes, porém com mais teclados ao fundo, destacando o refrão espetacular, e "épica" foi a melhor palavra que encontrei para descreve-la no momento. Início arrebatador, aquele tipo de música que acabou e você já coloca pra ouvir de novo.

A veia da NWOBHM e do Iron Maiden clássico que a banda sempre carregou, aparecem fortes em faixas como "Idea 136", com seus riffs e andamentos bem tradicionais, tem até uns overdubs, dando aquela sensação de "ao vivo", algo que era bastante usado nos 80 ("We Rock", do Dio, por exemplo), trazendo também novamente a mente Dio, assim como a seguinte, "Understand", com seu andamento cadenciado e excelente refrão.


"The Secret of Life", é uma ode ao amor pelo Rock and Roll, com refrão e riffs contagiantes, com direito a um trecho "cavalgado" e um coro daqueles pra chamar a galera; "Annie's Song" tem riffs bem Sabbath, com um andamento arrastado e vocais altos, portanto, não se engane pelo título, que não é nenhuma balada contando uma história de amor, mas sim um Heavy Blues picante.

"The Darkness", gravada originalmente em 1992, mas ficou fora do primeiro álbum devido ao espaço, ganhou nova roupagem, e é mais um petardo de Metal clássico na veia, aqui trazendo mais evidente a influência setentista, com sopros de Rainbow e Uriah Heep, e um ar épico novamente, destaque para as linhas de baixo e os Hammonds, que abrilhantam ainda mais esta faixa; os Hammonds também estão muito bem encaixados em  "They Call Me Insane", que alterna trechos mais rápidos com outros meio tempo, sendo mais uma bela mescla de elementos dos 70 e 80; "Rainbow in the Dark", fecha com Metal direto, de riffs secos e mais um ótimo refrão, em que um trecho da melodia lembra a música homônima do Dio, e assim como o título, parece uma referência ao grande Ronnie.

E para valorizar ainda mais a aquisição deste ótimo álbum, ainda há 5 bônus muito legais, sendo três regravações do "Who's Dead", onde era bem marcante a influência da NWOBHM e Iron clássico, assim como Judas, então temos a épica "Hunting Devil", com seus riffs cavalgados, e a inspiração latente no Iron Maiden clássico (observe o finalzinho dela). "Wonderful and Lost", com sua intro marcante das guitarras, tendo diversas mudanças de andamento e alguns efeitos especiais; "Surrender", em versão acústica, tendo Jean Varela nos vocais (Jean gravou o álbum ao vivo), onde também ganhou alguns arranjos de violino, ficando muito bonita, e ainda a bem humorada "Flodoardo", originalmente gravada por um grupo regional chamado Expresso Rural, em 83, e chegou a ser censurada na época; e a última bônus, temos a versão para "Orquídea Negra", de Zé Ramalho, numa roupagem Metal. Essa versão já havia chegado a sair em um CD-R anos atrás.


Sabemos como não é nada fácil manter uma banda de Metal, ainda mais difícil seguir lançando material inédito e físico aqui no Brasil, tanto que este álbum saiu somente em edições por gravadoras estrangeiras, mas felizmente pode ser adquirido direto com a banda, e só temos a agradecer e parabenizar o Orquídea Negra por todos esses anos de estrada, e acima de tudo pelo ótimo trabalho de Heavy Metal. Altamente indicado a qualquer Headbanger que se preze, e também curta a sonoridade lapidada por mestres como Judas, Iron, Dio e a revolução que foi a NWOBHM! Compre já!

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Arquivo da banda

Adquira o álbum diretamente com a banda
Site Oficial
Youtube

Ficha Técnica:
Banda: Orquídea Negra
Álbum: "Blood of the Gods"
País: Brasil (Lages - Santa Catarina)
Estilo: Heavy Metal Tradicional
Produção: Orquídea Negra e Daniel Finardi
Mixagem/Masterização e Teclados: Daniel Finardi
Selo: Metal Soldiers (Portugal), Secret Service (Inglaterra)


O Orquídea é:
Róbson Anadon: Baixo
André Boca Graebin: Vocais
Vinícius Porto: Guitarras
Raphael Marini: Bateria

Track List:
01. Blood Of The Gods

02. True Soldier

03. Idea 136

04. Understand

05. Secret Of Life
06. Anne' s Song
07. The Darkness
08. They Call Me Insane
09. Raibow In The Dark

Bônus:
10. Hunting Devil
11.Wonderful and Lost
12. Surrender (acústica)
13. Flodoardo (Original por Expresso Rural)
14. Orquídea Negra (Original por Zé Ramalho)