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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Cobertura de Show: Pentagram – 30/03/2025 – Fabrique Club/SP

Noite de culto e peso: Pentagram no Fabrique

O domingo, 30 de março de 2025, foi uma data histórica para os fãs de Stoner e Doom Metal em São Paulo. O Fabrique recebeu uma verdadeira celebração do gênero, com as nacionais Pesta (@pestadoom) e Weedevil (@weedevildoom) preparando o terreno para a aguardada apresentação do lendário Pentagram. Com casa cheia e um público em êxtase, a noite foi um mergulho profundo em riffs hipnóticos, atmosferas densas e a essência da música pesada em sua forma mais pura.


Uma lenda viva retorna ao Brasil

O Pentagram não é apenas uma banda — é um pilar do Doom Metal. Na ativa desde 1971, o grupo norte-americano influenciou gerações e escreveu seu nome na história da música pesada. Em março de 2025, eles retornaram ao Brasil para dois shows marcantes, um em Curitiba (29/03) e outro em São Paulo (30/03), ambos organizados pela Powerline Music & Books. A passagem pelo país integrou uma extensa turnê latino-americana realizada pela Dreamers Entertainment e Extremy Retained Booking, com paradas no México, Colômbia, Peru, Chile e Argentina.

Pioneiros do proto-doom, o Pentagram solidificou seu legado com o álbum “Day of Reckoning” (1987), que definiu o gênero com hinos pesados e uma sonoridade que remete diretamente à era de ouro do Black Sabbath. Décadas depois, sua trajetória foi resgatada pelo documentário “Last Days Here” (2011), apresentando a banda para uma nova geração de fãs. 

Junto ao lendário Bobby Liebling nos vocais, a formação atual conta com Victor Griffin na guitarra, Greg Turley no baixo e Pete Campbell na bateria.


Uma noite inesquecível em São Paulo

Desde os primeiros minutos da noite, a energia no Fabrique era elétrica. A primeira banda a subir ao palco foi a mineira Pesta, trazendo toda a força do Doom Metal de Belo Horizonte. O setlist percorreu seus dois álbuns de estúdio, alternando entre o peso arrastado e o groove do Stoner Rock. O destaque ficou para a performance magnética do vocalista, Thiago Cruz, que além da voz marcante, cativou o público com gestos teatrais e uma conexão intensa com a plateia. O som estava perfeitamente ajustado, garantindo que cada riff ressoasse com impacto máximo.

Setlist – Pesta:

Anthropophagic

Hand of God

Witches' Sabbath

Black Death

Words of a Madman




Em seguida, a paulistana Weedevil elevou ainda mais a temperatura. Com um set focado no recém-lançado “Profane Smoke Ritual” (2024), a banda apresentou uma fusão poderosa de Doom, ocultismo e psicodelia. O show foi um verdadeiro ritual sonoro, carregado de atmosfera e intensidade. Nem mesmo um contratempo técnico — a quebra da caixa da bateria durante a execução da faixa-título — conseguiu diminuir a energia do grupo ou do público, que respondeu com entusiasmo e fez da apresentação um momento memorável.

Setlist – Weedevil:

Serpent's Gaze

Chronic Abyss of Bane

Underwater

Veil of Enchanted Shadows

Profane Smoke Ritual — (Delayed because Flavio broke his snare)

Necrotic Elegy

Serenade of Baphomet

Hi I’m Lucifer!




Quando o relógio passou das 21h, a expectativa atingiu seu auge. Sob aplausos ensurdecedores, o Pentagram finalmente entrou em cena. Recentemente, Bobby Liebling virou meme na internet, o que trouxe uma curiosidade extra: como isso influenciaria a recepção da banda no Brasil? A resposta veio rapidamente — a plateia estava ali por respeito ao legado da banda, e não apenas pelo fenômeno virtual.

A apresentação começou com “Live Again”, e desde o primeiro acorde ficou claro que aquele seria um momento especial. Apesar da idade e de uma trajetória repleta de desafios, Liebling continua um frontman magnético, entregando cada música com paixão e intensidade. Suas expressões e gestos característicos deram ainda mais autenticidade ao show, e sua interação com o público foi constante.

O setlist trouxe uma seleção impecável, misturando faixas mais recentes com clássicos absolutos. “The Ghoul”, “Sign of the Wolf (Pentagram)” e “Review Your Choices” incendiaram o público, reafirmando o status da banda como uma das mais icônicas do Doom Metal. No encore, “Forever My Queen” e “20 Buck Spin” fecharam a noite com chave de ouro, reafirmando porque o Pentagram é uma lenda viva.

Além da música, um dos pontos altos foi o reencontro entre fãs e músicos, unidos pelo amor ao Doom Metal. O Fabrique se transformou em um verdadeiro templo do gênero, onde diferentes gerações se encontraram para compartilhar essa devoção. No fim da noite, uma certeza pairava no ar: todos que estiveram ali participaram de algo único e inesquecível.








Texto: Patricia Araújo 

Fotos: Roberto Sant'Anna 

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Agencia Powerline 

Press: Tedesco Comunicação & Mídia 


Setlist – Pentagram:

Live Again

Starlady

The Ghoul

I Spoke to Death

When the Screams Come

Sign of the Wolf (Pentagram)

Might Just Wanna Be Your Fool

Solve the Puzzle

Review Your Choices

Thundercrest

Walk the Sociopath

Encore

Forever My Queen

20 Buck Spin

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Ministério da Discórdia: Inspirações no Sabbath e Letras em Português


Formado em São Paulo em 2007 por Maurício Sabbag e Inacio Nehme, e atualmente completa o trio Carlos Botelho, o Ministério da Discórdia é uma banda que traz como característica as letras em português, e nelas temáticas realistas, ideológicas, sombrias e espirituais. O grupo explora muito bem as letras na língua pátria, facilitando passar o recado nas temáticas dirigidas à nossa realidade social. E é mais uma que mostra que não é regra obrigatória cantar em inglês para fazer Heavy Metal.

A sonoridade tem base na mistura de influências dos integrantes, com riffs pesados, refrãos marcantes e letras bem elaboradas. A sonoridade tem muito da inspiração do Black Sabbath (inclusive já recebeu elogios sendo chamado de Sabbath brasileiro), e junto à sonoridade por vezes grave e sombria, há muita melodia e arranjos bem elaborados, adicionando flautas e violões acústicos.


Após alguns anos dividindo o repertório próprio com covers “lado B” do Black Sabbath, o Ministério da Discórdia gravou e lançou em 2013 seu primeiro e autointitulado álbum. A partir daí a banda começa a fazer os seus shows apenas com músicas autorais.

Em 2015, gravou seu segundo trabalho de estúdio, “Abismo”, influenciado pelas repercussões da crise nacional, adicionando mais potência e peso na mensagem. “Abismo” foi lançando por distribuição digital em 2016 e também foi disponibilizado um clipe para a faixa título.

No ano passado o grupo, durante as conturbadas eleições no Brasil, lançou “AbismoPortal”, que reúne o EP “Abismo”, que só havia sido disponibilizado em formato digital, e o EP “Portal”, com novas músicas, formando assim um álbum completo e agora em formato físico, lançado em parceria com a gravadora paulista Shinigami Records.


Em 11 faixas bem elaboradas e com letras inteligentes, destacam-se canções como "Portal",  com seus riffs marcantes e andamento cativante; o andamento mais acelerado da já obrigatória "Mensageiros da Desgraça" empolga de cara. A parte mais cadenciada lá pela metade é sensacional e arrepiante, e logo a seguir novamente ganha contornos mais acelerados, terminando de forma apoteótica.

Recomendo ainda a versão de "Fuga nº II", dos Mutantes, que traz arranjos orquestrais (feitos por Renato, do Armahda), flautas e violões acústicos. Transformou-se numa música da banda, "balada" pesada e sombria; e ainda a épica e sinistra "Supremo Concílio", que inicia com uma intro perturbadora, e logo a aura do Sabbath pode ser sentida, em andamentos mais lentos e com toneladas de peso, e a cadencia e peso da assustadora e realística "Perdidos", onde se destacam também os arranjos quase lisérgicos de teclados, e o sempre incrível som do Hammond.

A banda explica a inspiração para os títulos: “Nesses últimos anos que se passaram, muitas pessoas perderam seu emprego, sua saúde, suas expectativas. Caímos em um ABISMO. Alguns chegaram até o fundo desse abismo. Como músicos que querem realmente passar uma mensagem para reflexão, usamos essa alegoria do ‘abismo’ como algo que precisa ser superado. Queremos espalhar a semente, uma mensagem positiva, mesmo que tenhamos que ser, inicialmente, os mensageiros da desgraça. ”

“Nunca antes houve tanta mentira, incitação ao ódio e intolerância… O que nos contamina não é o que ouvimos, mas sim o que sai de nossa boca. Imagine então o que hipócritas ousam registrar, nessa era da superinformação! Entramos agora em um PORTAL, para uma nova dimensão, que será herdada pelos nossos descendentes. ”


São 11 faixas de som pesado, com arranjos e refrãos cativantes, e claro, letras inteligentes, que em diversos momentos conecta a ficção com a dura realidade atual. O Ministério da Discórdia (nome mais atual do que nunca) nos brindou com um dos melhores lançamentos do Metal nacional em 2018, e com certeza um dos melhores cantados em português nos últimos anos.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Assessoria: Metal Media
Selo: Shinigami Records

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Adquira o álbum na Shinigami
Spotify

Tracklist:
1. Portal
2. Mensageiros da Desgraça
3. Espelho
4. Motim Elétrico
5. Fuga nº II (Original por Os Mutantes)
6. O que teria acontecido à Baby Jane?  (Original po Troll Porrada Sonora)
7. Abrace a Discórdia
8. Abismo
9. Supremo concílio
10. Orquídea Negra

11. Perdidos



       

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Bad Bebop: composições diretas e ao mesmo tempo trabalhadas


Resenha: Renato Sanson


Um pouco mais de três anos de atividade e já temos o primeiro full dos curitibanos do Bad Bebop, que investem em uma pegada alternativa passando por momentos mais sujos do Stoner ao Thrash Metal, trazendo um mix de influencias que tornam “Prime Time Murder” (17) um disco diversificado e de audição agradável.

Mesmo que não mantenha uma linha as faixas apresentam a mesma essência e é essas alternâncias que tornam a música do Bad Bebop interessante, pois vamos de momentos mais enérgicos como em “D.O.A” à nuances mais calmas e belas em “River” e momentos totalmente alternativos em “Gone Wrong”, mas sem soar descaracterizadas.

Tanto a produção como a parte gráfica (belíssimo Digipack em três abas) casam com a sonoridade e mostram todo o profissionalismo e preocupação com sua musicalidade, que transborda feeling e bom gosto.

Composições diretas e ao mesmo tempo trabalhadas, nada de complexidade exagerada, mas também nada somente pelo feeling, um bom equilíbrio que transforma “Prime Time Murder” em um álbum de fácil assimilação e muito gostoso de se ouvir.

Links de acesso:

Tracklist:
1. D.O.A.
2. Deceiver
3. Vicious
4. Gone Wrong
5. 22
6. Trouble
7. Greed
8. River

Formação:
Juliano Ribeiro - Vocais, baixo
Henrique Bertol - Guitarras
Celso Costa - Bateria

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Misconducters: Simples e Objetivo


A simplicidade por fazer música tem se tornado cada vez mais abrangente para buscar um espaço no cenário. Com tão pouco, em termos de arranjos musicais, uma banda consegue funcionar bem em alguns sentidos. Não, não estou me referindo ao “Faça Você Mesmo”, e sim a maneira de como uma música deve ser, de forma natural e conforme ela vai pedindo. E é exatamente isso que o Misconducters (que tem em sua formação o britânico Den, vocalista/guitarrista) mostram no seu 4º disco, “Boundless”.

O trio consegue muito bem mesclar o peso do Heavy Metal com a energia do Punk Rock, juntando também dosagens de Hard Rock e Rock N’ Roll, puxado mais pro lado setentista, que quem for chegado em Motörhead, Orange Globin e Corrosion Of Conformity, vai entender do que “Boundless” se trata. E as músicas são de rápida ação (sem desvios), proporcionada por arranjos radicais e ríspidos, que em determinado momento, se difere com várias técnicas bem distribuídas por parte dos músicos.

Sobre a produção, podemos dizer que é bem natural e suja, não esperando algo super grandioso ou relevante, mas a qualidade de gravação, tanto nas partes de mixagem e masterização, são bem nítidas e alvejantes. Resumidamente, a logística sonora se difere ao lado esporrento do trio, que dispõem arranjos crus e sujos. A capa é bem compreensível e espontânea, expondo de forma esclarecedora a postura da banda. 


Dentre os destaques, “The Game” inicia o petardo de forma bem pra cima e enérgica, flertando a união entre Heavy Metal e Punk, com riffs de guitarras diretos e simples; “Class Of ‘84” percorre num andamento mais lento, mas que não deixa empolgar em nenhum momento, com baixo e bateria mantendo o seu devido ritmo; o lado mais Punk da banda aparece em “Pave The Way”, que já é mais trabalhada, principalmente nas guitarras, tendo algumas partes melódicas pra dar um toque sublime.

A parte rítmica ganha destaque novamente em “Hunters And Prey”, que é bem ganchuda, apresentado cadenciada e peso nas 4 cordas, além das mudanças de andamentos na bateria e os refrães acessíveis. E por falar de mudanças, “Boundless”, a instrumental do disco, segue com variações inteligíveis, com cada um mostrando o que sabe nos seus respectivos instrumentos. Chegando aos momentos finais, “Plain Conditioning”, ganha força pelo jeitão "SABBATHICO", prevalecendo nuances não tão rápidas, que também é conduzida pra "Lurch”, que encerra o disco espontaneamente, puxando mais para o lado do Rock N’ Roll.

Em breve, a banda estará lançando o seu novo disco, “Circadian”, que promete ser ainda melhor que este. No aguardo pelas novidades...


Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Ténica
Banda: Misconducters
Álbum: Boundless
Ano: 2015
Gravadora: Denfire Music

Formação
Den (Vocal/Guitarra) 
Brisa (Baixo) 
Vitão (Bateria)

Track-List
1. The Game 
2. Classof '84 
3. Pavethe Way 
4. Hunter and Prey 
5. Boundless 
6. PlainConditioning 
7. Lurch 

Contato

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Panzer: Resistência em Nome do Metal



São 25 anos de carreira já, muitas conquistas, alcançadas com muito trabalho e superando adversidades, e a cada nova etapa o Panzer parece voltar ainda melhor e mais forte, e após as mudanças na formação vindas depois do lançamento do DVD "Louder Day After Day" ano passado, André Pars (guitarras) e Edson Graseffi (bateria), encontraram em Sérgio Ogrês um vocalista perfeito para a proposta de voltar a fazer um som mais calcado no Stoner e Metal dos anos 90, como o Pantera e BLS, e claro, ouvindo o álbum você vai perceber muito do Black Sabbath, logicamente.

Produzido por Henrique Baboom e pelo André, que também acabou gravando, além das guitarras, as linhas de baixo, já que Fabiano Menon, que havia entrado na banda (inclusive aparece na capa do CD), acabou deixando o posto por razões pessoais, "Resistance"realmente, como anunciado por André e Edson, traz uma sonoridade bem Stoner, mesclando-se aos elementos Thrash e Metal Old School.

O excelente trabalho nos riffs e cozinha pesada e trabalhada, com a habilidade de Ogrês em variar os vocais, apresentando linhas agressivas, limpas e rasgadas, lembrando bastante Phil Anselmo em vários momentos (bom, o cara cantava na banda tributo ao Pantera, Unscarred), mostrou perfeito encaixe, e temos em "Resistance" um álbum forte, inspirado, orgânico e com variações dinâmicas e empolgantes pelas 12 faixas.


Após o dedilhado da intro "96", "The Price" entra mostrando de cara esse lado mais Old School, em nuances bem Black Sabbath (lembrou-me também algo dos primeiros solos de Ozzy), riffs empolgantes, batera com pegada fenomenal, e Sérgio passeando por vocais limpos e agressivos. Destaque para o solo de André, nesta abertura perfeita. A sonoridade mais anos 90, já aparece com vigor em "Impunity", com andamento mais arrastado, e mais um grande trabalho de Ogrês nos vocais; "No Fear" é bem na linha do Thrash mais contemporâneo, com Edson sentando a mão, a cozinha aqui ficou com um peso absurdo!

"To Scream in Vain" já joga de cara seus riffs Stoner, convidando a bater cabeça. A veia Pantera aparece com força novamente; "Alone" é mais arrastada, embora tenha variações, onde podemos ouvir trechos mais limpos, inclusive nos vocais, e transpira Sabbath em seu riff principal; "Attitude" traz contrastes bem legais, com um riff mais direto e tradicional, para em seguida soar mais Stoner, com vocais numa linha bem Hardcore de Ogrês; "Do It!" é Thrash direto e bem na cara.

"The Old and the Drugs For Soul" tem cadência e doses de groove, aliadas a passagens mais rápidas; "The Resistance" apresenta muito peso e agressividade, com a batera sendo espancada sem dó e vocais raivosos; e fechando o álbum a curta e melancólica balada "You Don't Have Tomorrow" e  "Actitud", uma versão em espanhol para "Attitude".

Um álbum, que desde os primeiros momentos faz você sentir que é mais um grande trabalho do Panzer, temperado com muito Stoner, Thrash e Metal Old School, e acima de tudo, soa orgânico e verdadeiro. O tanque continua cada dia mais alto e mais forte!

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Panzer
Álbum: "Resistance" 2016
País: Brasil
Estilo: Thrash/Stoner/Heavy Metal
Produção: André Pars e Henrique Baboom
Arte de Capa: Edson Graseffi
Selo: Shinigami Records 


Track List:
1. 96
2. The Price
3. Impunity
4. No fear
5. To Scream in Vain
6. Alone
7. Attitude
8. Do It!
9. The Old and the Drugs for Soul
10. The Resistance
11. You may not have tomorrow
12. Actitud
 
Canais Oficiais:

sábado, 5 de março de 2016

High Fighter: Energia Criativa e Sem Regras Para a Música!

                           

Hamburgo, verão de 2014, a partir de duas formações que estavam incompletas e juntaram-se para uma jam, essa fusão deu resultado imediato, resultando então no High Fighter,  que apesar do pouco tempo de existência, já vem colecionando conquistas relevantes, arrancando muitos elogios à sua música e performance.
Tornando-se muito rapidamente em uma unidade criativa, o quinteto lançou o EP "The Goat Ritual" poucos meses após a formação da banda. Gravado em um final de semana, e praticamente "ao vivo",  o trabalho serviu para o High Fighter registrar e mostrar o peso, melodia e energia do seu som.  (ENGLISH VERSION HERE)

Uma das definições mais interessantes que li sobre a sonoridade do High Fighter foi: "Em algum lugar entre Black Sabbath e Kyuss". Realmente, essa afirmação dá uma ideia do som da banda, mas é difícil rotulá-los, e essa mescla das influências, preferências e bagagem musical dos membros resulta em uma sonoridade pesada, dark e melódica, onde podemos sentir elementos do Stoner, Doom e Sludge ao Heavy Blues, Desert Rock e Metal, ou seja, uma energia criativa e sem regras para a música. 

Confira entrevista com a vocalista Mona Miluski, onde você poderá saber um pouco mais desta ótima banda.

Mona Miluski: Lots of energy live! (photo Sven Ceder)

RtM: Olá Mona, obrigado por reservar um tempo para nos responder a esta entrevista!Para começar esta entrevista, você poderia nos contar um pouco mais sobre o início da banda? Vocês acabaram formando o High Fighter devido à inatividade ou final de suas bandas antigas, e também a necessidade de buscar algo novo? Foi mais ou menos por aí?
Mona Miluski: No final, sim, quase isso. O High Fighter foi formado no verão de 2014 por mim e o guitarrista Christian, nós dois tocamos juntos mais de 5 anos na nossa banda anterior, A Million Miles, que separou-se no início de 2013. Depois disso levamos um tempo até colocarmos os pés no chão, estávamos procurando começar um novo projeto de banda quando Ingwer se juntou a nós para ser o guitarrista solo. Sua banda até então, Buffalo Hump, não  tinha conseguido um cantor, então Ingwer surgiu com a ideia de trazer o seu baterista Thomas, bem como o baixista Constantin para uma jam. Ele fez, e acabou sendo uma perfeita fusão da metade de duas bandas, que acabaram se tornando o High Fighter... 

RtM: Complementando, para aqueles que estão conhecendo a banda agora, como você definiria o som do High Fighter? Posso garantir que não é fácil rotular! (risos) 

Mona: Não é fácil definir o som ou nos encaixar em um gênero específico, e não encaixamos. Nós deixamos muitas influências e sons fluirem no High Fighter, não existem regras para nós quando se trata de nossa composição. Eu gosto de me referir como Heavy ​​Stoner Bluescore. Nós misturamos um monte, do Desert Rock, ao Blues, Doom, Sludge, e com pitada de Core e Metal.Nós quase que curtimos isso, e nos divertimos, toda hora as pessoas estão tentando e tentando encaixar-nos em um gênero, mas eles não conseguem, logo, não vão entender a música que tocamos, uma vez que abrange mais do que apenas 1 ou 2 gêneros. Muitas pessoas precisam de categorizar. Isso é legal e apenas humano. Mas, tentamos nos manter mente aberta, e se você está procurando algo pesado,  melódico, mas dark, que vai do Desert Rock para o Sludge Metal, então você provavelmente encontrará algo do seu gosto no High Fighter.


RtM: E falando um pouco mais dessas influências e elementos que compõem o som High Fighter? Eu, quando ouvi, senti elementos de Stoner e Doom, e Desert Rock e Blues pesado. Eu acho que entre as influências estão bandas como Black Sabbath (bem, todo mundo tem influências de Sabbath, hehehe), Kyuss e Cathedral.
Mona: Ouvimos todos os tipos de música. Claro Sabbath é um deles. Entre muitos mais. é Kyuss,  Pantera, Blues antigo, Rock e Metal, ou novas bandas Doom e Sludge. Mas eu não definiria o High Fighter como parte dos elementos dessas bandas ou quaisquer gêneros, como um todo, todos nós somos apenas influenciados pela história e presença de sons que descobrimos, a música sai naturalmente e o resultado final é o que você vai ouvir no High Fighter. Nós apenas deixamos que isso aconteça, sem pensar em encaixar neste ou naquele estilo específico. O High Fighter somos nós, nós combinamos as nossas próprias e muito individuais influências, e tentamos criar o nosso próprio som e visão delas. 

RtM: E como é que vocês batizaram a banda, e o que "High Fighter" significa para vocês?
Mona: Antes de tornar a banda pública, ainda estávamos pensando sobre o nome perfeito, Thomas - nosso baterista - uma vez veio com algo que ele curtia,  "Tie Fighter", de Star Wars, como um possível nome da banda, todos nós estávamos de acordo, já que nós somos grandes fãs de Star Wars. Mas então ele veio com High Fighter em destaque, e que foi abraçado por nós 100%! É um nome muito forte e poderoso, e não muito habitual para uma banda com este tipo de som .... Na verdade, eu não posso te dizer quem esse cara ou garota é esse "High Fighter", ele pode ser criado pela sua própria imaginação.Nós gostamos de dar espaço suficiente para todos que ouvem a nossa música. Se é alguém que se esforça e se levanta de novo, ou se é apenas muito chapado ou "alto" pelas coisas na vida, você cria, o que é o High Fighter e o que ele ou ela significa para você. Talvez sejamos todos algum tipo de High Fighter de tempos em tempos e na vida ....

Live! (Pic by Agata Frelik)
RtM: Podemos sentir o entusiasmo de todos os membros com a banda, e isso reflete no EP de estreia, que também foi lançado muito cedo, alguns meses após a formação da banda. A que você atribui estes fatos? 
Mona: se não haveria entusiasmo em uma banda, por que fazê-lo? Eu acho que, tendo uma fusão de duas meia bandas, perdidas, que juntaram-se em uma primeira jam e imediatamente me senti em chamas, como se tivéssemos tocado juntos há anos. O High Fighter tornou-se uma unidade muito criativa desde o início. "Black Waters", por exemplo, foi feita em cerca de 30 minutos! Eu saí para buscar mais cerveja, voltei e a música estava pronta. Temos uma grande quantidade de energia criativa nessa banda.

Nós  ensaiamos fortemente ao longo dos meses, no verão de 2014, quando escrevemos nossas primeiras canções, sempre foi claro para nós, que precisávamos apresentar o nosso primeiro registro ao vivo, e que precisamos manter sempre a diversão dentro da banda, que tínhamos de ser entusiastas, mas, naturalmente. Aconteceu, porque nós sentimos amor uns pelos outros e por esta banda desde o início. O que mais tarde se tornou mais do que apenas uma banda entusiasta, que se tornou família para nós. Estamos entusiasmados por nós mesmos, não pela busca de alguma  fama, mas só porque nós amamos o que fazemos.

RtM: Podemos ver hoje em dia há uma certa retomada, com muitas bandas, alguns mais experientes e outros mais jovens, trazendo um som influenciado por grandes bandas dos anos 70, incluindo os seloss e gravadoras lançando muito material no mercado. Eu gostaria que você comentasse sobre isso, e também o que o artista deve apresentar de diferencial se deseja se sobressair nesse cenário competitivo? 

Mona: Eu só posso falar por mim, mas as pessoas podem ter cansado desses sons mais polidos que ouvimos ao longo dos últimos anos, por isso eles gostam de voltar às raízes. Pelo menos eu me sinto assim. Como gravações analógicas e ao vivo, a forma como as bandas faziam na década de 70, ainda oferecem a verdadeira alma da música em meus olhos e ouvidos. E eu acho que, a alma e a vida dos sons é o que bandas, fãs e também gravadoras precisam atualmente, está tudo voltando às raízes, mas com uma nova energia e vibrações modernas. Eu não sou um fã de saltar sobre qualquer trem que está em evidência, como a palavra Stoner, que se tornou muito popular nos últimos anos, ou estar em uma banda Doom. Pode ser legal para alguns e, em seguida, eles serão uma cópia de uma cópia, mas como um fã, você sempre vai ouvir e perceber quando uma banda possui significado, e é autêntica suficiente para entregar o seu verdadeiro som.

(Pic by Peter Stñcker)


RtM: Falando sobre o EP "The Goat Ritual", foi gravado ao vivo na sala de ensaio da banda, então eu gostaria que você comentasse mais sobre a gravação e produção do EP, e por que vocês escolheram fazer dessa forma?
Mona: Como mencionado acima, quando começamos a ensaiar pesadamente nossas primeiras músicas, foi muito claro para nós que também tínhamos de apresentar este som ao vivo, como o High Fighter soa realmente, nu e cru em um registro. Assim fizemos, e nos trancamos em nossa sala de ensaio e gravamos "The Goat Ritual" ao vivo e em um fim de semana. Sem edição, sem produção de estúdio highclass, tudo em um take. Esta estreia foi gravada, mixada e masterizada pelo nosso bom amigo Benjamin Kapidzic (Skythen), que fez um trabalho incrível para um live-demo gravada em nossa sala de ensaios fodida, gastando até 14 horas com a gente todos os dias e até o meio da noite. Então escolhemos gravar deste modo porque nos representa, e mostra quem somos. Gravaremos também o nosso próximo álbum ao vivo, não em nossa sala de ensaios - desta vez em um estúdio real para obter mais espaço, mas sentimos que é o caminho certo e mais confortável, gravar nossas músicas ao vivo. Ele ainda tem o acima mencionado, a verdadeira alma do High Fighter que queremos compartilhar.


RtM: Eu gostaria que você comentasse sobre o tema mencionado no título do EP "The Goat Ritual", e também os temas que a banda aborda em suas letras. 

Mona: 'The Goat Ritual' é um trabalho com temática bem dark, nós jogamos com o tema céu e inferno, embora nenhum de nós na banda seja religioso, mas lidamos com os demônios que todos tem na vida, lutando com eles e convivendo com um lado escuro, dentro de todos nós. Você tem isso também. Do ponto de vista do som, eu vejo este EP como um ritual - você precisa ouvi-lo desde o início até o fim, como uma imagem inteira e cada faixa pertence à outra. É um ritual de músicas, lhe dá uma perspectiva quase esquizofrênica em muitos gêneros que combinamos, seja a parte de rock mais cativante ou partes mais melódicas ou, peças com andamento meio tempo e muito agressivas, é bem um passeio lírico através do céu e do inferno ... Nós estamos tentando dar espaço suficiente para o que você vai ouvir ou sentir com a nossa música e letras, não vamos estar dizendo o que você deve sentir ou ouvir, eu nunca escrevo minhas letras de uma forma muito clara, preto no branco - você pode apenas absorver, e imaginar qualquer coisa que você encaixe em sua própria vida e pensamentos. 

High Fighter (pic by Frau Siemers)

RtM: O EP teve uma recepção muito boa do público e da imprensa. Quais eram suas expectativas quando do lançamento? Você está satisfeita com os resultados alcançados até agora? 
Mona: Nós ficamos mais que excitados e muito surpresos de como as pessoas reagiram em nosso debut, por favor, lembre-se que ainda é uma demo! Mas, em seguida, ele foi tocado em várias estações de rádio, recebemos ótimas críticas e somos gratos que as pessoas parecem buscar nosso som muito áspero e puro.

Em um ano de história da banda única, temos feito muitos novos amigos e fãs,  recepção de imprensa incrível e a sorte de já ter tocado ter toneladas de shows! Em 2015 tocamos como apoio de bandas como Corrosion of Conformity, The Midnight Ghost Train, Mammoth Mammoth e Greenleaf, tocado em festivais tais como Stoned from the Underground, Sonic Blast em Portugal, Red Smoke na Polônia,  um showcase ao vivo no Wacken Open Air de 2015, e para 2016 continuam aparecendo oportunidades. 

RtM: Sim, isso é ótimo, muitos shows e oportunidades para mostrar o som da banda para mais pessoas!
Mona: Ao final do ano voltamos para casa de uma turnê europeia com AHAB e MAMMOTH STORM, no outono, que foi  uma verdadeira explosão para nós. Então, sim, ter tocado cerca de 60 shows no primeiro ano de banda, e as pessoas nos conhecendo, nos mostrando seu apoio de maneiras positivas, torna isso ainda irreal, às vezes, e estamos mais do que satisfeitos com o nosso primeiro ano juntos como uma banda.

RtM: E o que você pode nos adiantar sobre o futuro Full-Lenght? Vocês já tem composições suficientes e têm uma data de lançamento em mente? 

Mona: Está ficando cada vez mais perto. Acabamos de voltar de uma excursão com o Ahab, agora estamos focando finalizar nossas canções para o álbum. Nós tocamos muitas delas ao vivo. Nós planejamos entrar em estúdio em fevereiro de 2016, para gravar o nosso primeiro álbum completo. Ele não vai estar indo para uma direção muito diferente do que você sabe de nós já, algumas faixas serão mais Doom, algumas não. Ele vai ficar uma mistura e fusão de muitas músicas e estilos combinados no som do High Fighter. Mas vamos definitivamente fazer a gravação ao vivo novamente. Nós esperamos lançá-lo até o início do verão de 2016 (*julho/agosto, verão Europeu), esperamos que até à Primavera.

(photo by Sven Ceder)

RtM: Houve contatos com gravadoras ou vocês desejam lançar de forma independente? 
Mona: Existem algumas conversas interessantes sobre possível selo/gravadora, mas vamos ver como vai ser e onde vamos encontrar um lar para o nosso primeiro álbum. No momento e até agora, temos tido prazer em ser uma banda do-it-yourself  - por isso, não iria morrer se lançá-lo no nosso próprio selo novamente. Esta banda tem mão de obra própria suficiente, entendemos o nosso 'negócio'. Mas vamos ver onde a estrada e essas conversas com selos nos levarão, certamente seria um passo enorme e uma oportunidade, de ter o apoio de um selo no outro lado das coisas, especialmente quando se trata de uma boa distribuição.

RtM: E quanto a você Mona, conte-nos um pouco de como você começou na música e no Metal, e também sobre suas influências pessoais? 

Mona: Bem, por onde começar .... Na verdade, eu cresci em uma família muito musical de entusiasmo, meu pai é um guitarrista profissional, e eu tenho a sorte que ele me deixou alguns de seus bons genes em minhas veias. Comecei a cantar em coros muito cedo quando eu era uma criança, mas foi a era grunge que mudou minhas influências pessoais e direção. Com 13 me juntei a minha primeira banda grunge, quando eu tinha 15 anos eu comecei em minha primeira banda de Metal real. Eu cantei em bandas de Metal metade da minha vida, e me senti mais em casa no Sludge, Doom, e músicas Stoner Metal.

RtM: Lembro que você mencionou Pantera, e vi realmente influências do Phil Anselmo no seu estilo.

Mona: Minha maior influência é Phil Anselmo e tudo que fez no Pantera, Down e outras bandas que ele esteve envolvido, estou certa, mas entre muitos mais, como bandas como Kyuss, Alice in Chains, Faith No More, Eyehategod. Muitos para listar aqui. Há também muitas bandas "novas" que adoro, especialmente da cena Desert Rock e Doom. Muito ansiosa para os novos álbuns do Conan, Greenleaf, Radio Moscow e muitos mais, as coisas estão brilhantes para estes gêneros, que costumavam ser underground, mas ganharam mais visibilidade ao longo dos últimos anos, o que é ótimo para as bandas, terem suas músicas sendo ouvidas. Felizmente, ao lado da minha própria música e estar no palco, nos bastidores eu trabalho também na indústria da música, e tenho o prazer de estar trabalhando com muita música e muitos artistas incríveis todo o dia. Tem sido um longo caminho, cheio de trabalho duro e paixão por aquilo que eu amo ... que é a música.

RtM: Mona, obrigado pela sua atenção, estamos esperando o comprimento completo, e temos certeza de que o High Fighter nos trará muitas canções grandes e poderosas. Fica o espaço para sua mensagem aos leitores!

Mona: Road to Metal, muito obrigado pela entrevista! Esperamos, e seria um sonho tornado realidade, experiência que espero ser capaz de desempenhar um dia. Obrigado por seu apoio, stay HIGH!


Entrevista: Carlos Garcia

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www.facebook.com/highfighter
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'2Steps Blueskill' Official Video:
www.youtube.com/watch?v=YEr35ihG4Gc

'High in Summer 2015' Tour documentary:
www.youtube.com/watch?v=NNN1mEFNhq4



'A Silver Heart' live ( taken from High Fighter's upcoming first, full length album! )
www.youtube.com/watch?v=S4nuaRZ1Uas


Live at Stoned from the Underground 2015:

www.youtube.com/watch?v=ZD0DPIEyje8



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