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terça-feira, 29 de julho de 2025

Cobertura de Show: Edu Falaschi – 05/07/2025 – Tokio Marine Hall/SP

Em clima de muita nostalgia, Edu Falaschi trouxe novamente a São Paulo, no último dia 5 de julho, o show da Temple of Shadows In Concert, celebrando 20 anos do aclamado Temple of Shadows, do Angra. Junto com ele, o renomado vocalista norueguês Roy Khan relembrou sua bem-sucedida passagem pelo Kamelot, tocando boa parte do incrível The Black Halo. 

O clima nostálgico estava no ar, pois seriam executados 2 dos grandes álbuns que estavam completando seus 20 anos, ano em que o Heavy Metal Progressivo estava em alta entre os fãs do estilo. Se notava isso pela enorme quantidade de faz usando camisetas do Angra e do Kamelot, antigas bandas dos dois vocalistas principais da noite. 

A abertura dessa noite mágica ficou por conta da banda baiana de metal Auro Control. O primeiro trabalho da banda, The Harp, foi lançado em maio de 2024 e contou com participações de peso, como Aquiles Priester e Jeff Scott Soto. A banda fez uma apresentação curta, com apenas cinco músicas, que foram muito bem executadas, apesar de algumas falhas técnicas, que voltariam a se repetir no show seguinte. 

Mesmo com o público ainda chegando ao Tokio Marine, eles conseguiram esquentar a galera para o que ainda estava por vir. Um show curto, direto ao ponto, que com certeza rendeu novos fãs para a banda.

Logo em seguida, tivemos o show da Noturnall, que já nos primeiros momentos demonstrou muita personalidade e experiência de palco. Infelizmente, a banda enfrentou sérios problemas técnicos, que voltaram a acontecer com mais intensidade. Logo no início, o vocalista Thiago Bianchi teve dificuldades com o microfone, chegando a precisar trocar o equipamento em alguns momentos.

Esses contratempos acabaram impactando diretamente o setlist, que precisou ser reduzido e adaptado com improvisos. Ainda assim, a banda se manteve firme, contando com o carisma e a bagagem de Thiago para manter o público conectado.

Vale também destacar o guitarrista Guilherme Torres, novo integrante da banda, que mesmo sendo jovem demonstrou grande maturidade ao lidar com os problemas que, infelizmente, recaíram sobre ele.

No final, a banda mostrou carisma e bom humor para lidar com a situação, e o público reconheceu o esforço com muitos aplausos e gritos de apoio. Apesar das dificuldades, foi uma apresentação marcante, que deixou a galera ainda mais animada para o que viria nessa noite especial em São Paulo.

Quando os músicos da ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE ARTUR NOGUEIRA começaram a se posicionar no palco, já era possível perceber que estávamos prestes a presenciar uma noite muito especial.

Eis que surge Roy Khan, abrindo o show com a poderosa “When the Lights Are Down”. Já nas primeiras estrofes, ficou claro o quanto sua voz continua impactante e como o tempo longe dos palcos parece ter feito bem ao vocalista. Vale lembrar que Edu Falaschi foi o principal responsável por essa nova fase da carreira de Roy - incentivando-o a lançar-se em carreira solo -, e São Paulo foi a cidade escolhida para esse recomeço.

Roy esteve impecável nas sete músicas escolhidas para compor o setlist, todas retiradas do aclamado álbum The Black Halo. O mais impressionante foi ouvi-las ao vivo com acompanhamento orquestral, o que deu um peso e uma grandiosidade ainda maiores ao show. A orquestra, regida pelo maestro Adriano Machado, teve papel fundamental nessa atmosfera épica. Também é preciso destacar a excelente performance da banda brasileira Maestrick, que acompanhou Roy durante todo o espetáculo, executando com maestria - fazendo jus ao nome da banda - cada canção do Kamelot. Mencionamos aqui os vocais de apoio de Juliana Rossi e do vocalista do Maestrick, Fabio Caldeira, que brilharam especialmente em diversos momentos da apresentação. 

Os arranjos orquestrais para “Moonlight”, “Soul Society” e “The Haunting (Somewhere in Time)” foram de tirar o fôlego – com destaque para essa última, que contou com a participação da versátil vocalista Adrienne Cowan, que também se apresentaria mais tarde com Edu Falaschi. Adrienne interpretou com perfeição as partes originalmente cantadas por Simone Simons (Epica).

O show seguiu com os belíssimos duetos de Adrienne e Roy em “Abandoned”, “Memento Mori” e, para fechar com chave de ouro, “March of Mephisto”. Essa última evidenciou por que Adrienne é considerada uma das vocalistas mais versáteis do heavy metal atual, executando com maestria os vocais guturais originalmente gravados por Shagrath, da banda de black metal sinfônico Dimmu Borgir. Nessa música, tivemos ainda a participação especial do guitarrista brasileiro Bill Hudson.

Roy Khan prometeu e cumpriu. Escolheu a dedo o repertório para entregar exatamente aquilo que os fãs desejavam ouvir. O show só reforçou que ele é um artista completo, pronto para desbravar sua carreira solo, assim como Edu fez em 2017 ao revisitar seu legado no Angra. Que Roy não se esqueça de nós, fãs brasileiros, nas próximas turnês que certamente virão.


22h30 em ponto, a Orquestra Sinfônica Jovem de Artur Nogueira, juntamente com seu maestro Adriano Machado, volta ao palco e se posiciona. As luzes se apagam e a introdução "Deus le Volt" anuncia o início do show e do disco Temple of Shadows.

Logo em seguida, com a empolgante "Spread Your Fire", Edu surge no palco e o Tokio Marine Hall vem abaixo. "Glorious" é cantada em uníssono por todos os fãs no refrão, como se estivessem lavando a alma. "Angels and Demons" dá sequência à catarse nostálgica e mostra que Edu está na sua melhor fase vocal – muitas críticas negativas e problemas com a voz no passado cairam por terra.


Em "Waiting Silence", Edu coloca o lugar inteiro para pular. Os excelentes arranjos para orquestra, executados sob a regência de Adriano Machado, caíram perfeitos na balada "Wishing Well".

O primeiro convidado – e um dos mais esperados da noite – sobe ao palco na apoteótica "Temple of Hate": Mr. Kai Hansen, o "inventor do Power Metal", como o próprio Edu o apresentou.


O que incomodou parte do público foi o fato de Kai ter ficado preso a um canto do palco, lendo a letra em quase toda a música. Alguns comentaram que parecia um karaokê. Como sua participação foi curta, muitos acharam que ele poderia, ao menos, ter decorado a letra. Puxões de orelha à parte, a presença de um ícone como ele numa noite tão emblemática foi a cereja do bolo.


A apresentação seguiu com a maravilhosa "Shadow Hunter", em que se notou certa dificuldade do guitarrista Victor Franco nas partes de violão: muitas notas não saíram e os dedilhados soaram atravessados e fora do tempo. Talvez pela falta de experiência com violão, nervosismo (ele está na banda há apenas quatro meses), ou ambos. Ainda assim, Edu brilha, mostrando uma voz poderosa e empolgante aos 53 anos.

"No Pain for the Dead", uma das músicas mais bonitas de toda a carreira de Edu e do Angra, contou com a participação de Adrienne Cowan, que interpretou as partes originalmente gravadas por Sabine Edelsbacher. Foi um dos momentos mais emocionantes da noite. Adrienne colocou sentimento e técnica nas partes solo, mostrando 100% de profissionalismo com toda a letra decorada. Ela permaneceu no palco para cantar as partes de Hansi Kürsch em "Winds of Destination".


Mais uma vez, "Sprouts of Time" teve problemas técnicos nas partes de violão, com notas que insistiam em não sair, mas isso não tirou o brilho dessa música incrível. A sequência continuou com "Morning Star", que teve pequenos desencontros de andamento entre os músicos, prontamente corrigidos pela competência da banda.

O disco se encerra com a emocionante "Late Redemption", em que Edu convida o público a cantar as partes originalmente gravadas por Milton Nascimento. Um lindo coro tomou conta do Tokio Marine, um grande acerto de Edu.

Temple of Shadows finalizado, Edu apresenta sua nova era com “The Ancestry”, do excelente disco solo Vera Cruz. Infelizmente, a música ainda é pouco conhecida entre os presentes, que estavam lá principalmente para celebrar o álbum lançado há 20 anos.

Um dos momentos mais surpreendentes do show foi a execução de "Bleeding Heart", música originalmente composta para o Angra, que foi regravada em português pela banda de forró Calcinha Preta. Edu cantou alguns trechos da versão nordestina em português, que foi entoada em alto e bom som pelo público.

Durante uma pausa no show, Edu agradeceu aos fãs que vieram de várias partes do mundo para assistir à apresentação – Japão, Guatemala, Chile, Estados Unidos, Argentina e Peru –, mostrando que esse foi realmente um show lendário.

Na hora de apresentar Pegasus Fantasy, Edu fez uma pegadinha com o público: “Vamos tocar uma música nova para vocês. Sempre bom tocar música nova ao vivo.” Quando a introdução começou, o público veio abaixo. Para quem não sabe, essa é a música de abertura do anime japonês Cavaleiros do Zodíaco, na qual Edu é a voz da versão brasileira.

Perto do final, não poderiam faltar os clássicos "Rebirth" e "Nova Era", hinos absolutos da fase de Edu no Angra.


A maior surpresa ficou para o encerramento: Edu chamou todos os convidados para tocar um clássico do Heavy Metal mundial: "I Want Out", do Helloween. Subiram ao palco Kai Hansen, Adrienne Cowan, Roy Khan e o próprio Edu nos vocais. Bill Hudson também retornou para dividir as guitarras com Kai, Diogo Mafra e Victor Franco.

Edu Falaschi levou o Tokio Marine Hall de volta à era de ouro do Power Metal no Brasil. Uma noite que ficará para sempre na memória dos fãs. Foi uma verdadeira viagem no tempo até 2005, com certeza.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Live Stage / Agência Artistica 

Press: TRM Press


Edu Falaschi – setlist: 

Spread Your Fire

Angels and Demons

Waiting Silence

Wishing Well

The Temple of Hate (com Kai Hansen)

The Shadow Hunter

No Pain for the Dead (com Adrienne Cowan)

Winds of Destination (com Adrienne Cowan)

Sprouts of Time

Morning Star

Late Redemption

The Ancestry

Bleeding Heart

Pegasus Fantasy

Bis

Rebirth

Nova Era

I Want Out (com Roy Khan, Kai Hansen, Adrienne Cowan, Bill Hudson)

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Cobertura de Show: Savatage & Opeth – 21/04/2025 – Espaço Unimed/SP

Savatage e Opeth em São Paulo: uma noite histórica entre técnica, emoção e nostalgia

Na noite da última segunda-feira, 21 de abril, São Paulo recebeu mais um sideshow do Monsters of Rock — o segundo, após as apresentações solo de Judas Priest e Queensrÿche — reunindo duas bandas de peso: Opeth, responsável pela abertura, e o aguardado Savatage, em seu primeiro show solo desde 2003, em um encontro que ficou marcado tanto pela precisão musical quanto pela emoção que transbordou do palco para a plateia.


Opeth: um mergulho técnico e atmosférico pelo metal progressivo

Pontualmente às 19h30, o Opeth subiu ao palco para um público ainda em formação, mas já considerável. A abertura com" §1”, do seu trabalho mais recente The Last Will and Testament, empolgou imediatamente os fãs da banda, ainda que parte da audiência estivesse ali principalmente por conta do Savatage.

Na sequência, "Master's Apprentices", do clássico Deliverance (2002), fez o público alternar entre headbangings intensos e coros em uníssono, graças à sua combinação de vocais guturais e passagens limpas. Foi com "The Leper Affinity", do aclamado Blackwater Park (2001), que a banda conquistou até os desavisados: gritos entusiasmados ecoaram, e a plateia mergulhou de vez na apresentação.


Com uma execução impecável, o grupo — formado por Mikael Åkerfeldt (vocais e guitarra), Martin Axenrot (bateria), Martín Méndez (baixo), Fredrik Åkesson (guitarra) e Joakim Svalberg (teclados) — mostrou que não precisa de pirotecnias para prender a atenção: a técnica refinada de cada integrante é o grande espetáculo.

Mikael, como de costume, mesclou bom humor e sarcasmo entre as músicas. Após apresentar o tecladista, deu boas-vindas ao público e brincou: “Bem-vindos ao entretenimento da noite — Savatage. Mas antes, um pouco de death metal.” Também admitiu que alguns poderiam não gostar de seus gritos, arrancando risos antes de engatar "§7", outra faixa do último álbum, que teve a participação de Ian Anderson (Jethro Tull) em estúdio e que aqui foram auxiliados por um membro da equipe técnica.


Entre piadas, comparações com múmias e menções à idade da banda, Mikael chamou "In My Time of Need", pedida pelo público e entoada em coro, num dos momentos mais belos da noite. Um dos momentos mais bonitos do show veio quando a plateia cantou sozinha um dos refrões — cena de arrepiar.

O vocalista comentou sobre o Monsters of Rock, divertindo-se ao mencionar os colegas de festival como verdadeiros montros, mas que o Opeth seriam apenas os "gremlins do rock", além de mencionar sua confraternização com os membros do Europe.


Antes de "§3", mais uma do disco de 2024, Mikael alertou que o momento “estranho” no meio da faixa era intencional — avisou: “parece que estamos errando, mas é só porque mudamos a afinação no meio e depois afinamos de novo. Achamos que seria uma boa ideia...”.


A poderosa “Ghost of Perdition”, do álbum Ghost Reveries (2005), veio em seguida e foi acompanhada com empolgação pelos fãs. Após uma breve saída, a banda retornou para o bis com “Sorceress”, faixa-título do disco de 2016. O épico encerramento veio com "Deliverance", de mais de 14 minutos. Mikael, com ironia, disse nunca entender por que essa última ficou tão popular.


Mesmo com apenas nove músicas, o set foi robusto e consistente, agradando tanto os fãs devotos quanto os que aguardavam o headliner. O Opeth fez o que sabe melhor: entregou uma aula de musicalidade progressiva com carisma e personalidade.


Opeth – setlist: 

§1

Master's Apprentices

The Leper Affinity

§7

In My Time of Need

§3

Ghost of Perdition 

Bis

Sorceress

Deliverance


Savatage: o retorno triunfal de uma lenda

Às 21h30, os gritos unânimes confirmavam: Savatage estava de volta a São Paulo após décadas sem uma turnê solo. Desde 2003 a banda não fazia shows fora dos grandes festivais, e a noite prometia ser histórica para os fãs brasileiros. Com formação atual composta por Zak Stevens (vocais), Chris Caffery e Al Pitrelli (guitarras), Johnny Lee Middleton (baixo), Jeff Plate (bateria) e dois tecladistas, o colombiano Paulo Cuevas e o americano Shawn McNair (informação via site Igor Miranda), o grupo entrou em cena com tudo, dando início ao set com “The Ocean”, que incluiu um trecho de “City Beneath the Surface” — um aceno direto às origens da banda.

Logo na sequência, “Welcome” aqueceu os ânimos, seguida de “Jesus Saves”, recebida com entusiasmo. Zak saudou os fãs com um simpático “Olá, como vai? Faz barulho aí!” em português, arrancando aplausos e risos. Na introdução da próxima faixa, o vocalista acabou se atrapalhando ao anunciar “The Wake of Magellan”, mas a banda acabou tocando “Sirens” — clássico absoluto do primeiro álbum, que fez a plateia vibrar ainda mais.

O show seguiu com a rara “Another Way”, do álbum The Wake of Magellan, uma pérola para os fãs mais devotos, já que a música não vinha sendo executada ao vivo desde 2015. Após ela, aí sim veio “The Wake of Magellan”, dessa vez anunciada por Zak “Aqui está uma música que prometi a vocês há muito tempo!” e tocada corretamente — uma retificação bem-humorada e bem recebida.

Com tudo nos eixos, veio a sequência matadora com “Strange Wings” e “Taunting Cobras”, ambas com ótima resposta do público. Zak parecia surpreso com a energia da plateia, especialmente na segunda, e sorria visivelmente satisfeito. A intensidade aumentou com “Turns to Me”, mantendo o nível lá no alto.

A emocionante “Dead Winter Dead” veio na sequência, criando um clima mais contemplativo antes de dar espaço à instrumental “The Storm” (com solo de guitarra estendido), que funcionou como uma ponte para a linda “Handful of Rain” — cantada em coro pelo público do início ao fim, num dos momentos mais tocantes do show. O instrumental é um destaque à parte. Não apenas tudo parecia estar sendo executado perfeitamente como também os músicos estavam realmente se divertindo.

Logo depois, veio a épica “Chance”, com projeções de diversas bandeiras e relógios, até culminar na bandeira do Brasil estampada com o logo da banda no telão, arrancando aplausos e gritos da plateia. É muito satisfatorio ver os integrantes interagindo entre si, brincando e sorrindo. Mostra que eles estão felizes em estar de volta aos palcos e, sortudos são os brasileiros por receberem os primeiros shows do retorno. “Aqui vai algo legal…” antecedeu “This is the Time (1990)”, seguida por “Gutter Ballet”, que teve inclusive seus arranjos instrumentais entoados por fãs emocionados.

Quando “Edge of Thorns” começou, muitos já percebiam que o final se aproximava. Mas ainda havia mais. A densa e poderosa “The Hourglass”, também do The Wake of Magellan, preparou o público para o momento mais emocionante da noite: “Believe” foi apresentada como um tributo com a participação de Jon Oliva no telão — apesar de um pequeno atraso na exibição da imagem. 

Durante a música, a banda e Jon se alternaram, com o grupo entrando após o primeiro refrão e culminando em um ápice emocionante, onde todos tocavam e cantavam juntos. A performance também serviu como uma homenagem a Criss Oliva, falecido em 1993, que recebeu aplausos calorosos do público enquanto fotos suas eram exibidas no telão.

Sem pausa longa, o encore veio com “Power of the Night”, que levantou ainda mais os ânimos, culminando no grandioso encerramento com “Hall of the Mountain King”, clássico incontestável que pôs fim a uma noite inesquecível para todos os presentes.

Se no show do Monsters a banda já entregou um grande show, parece que a atmosfera mais intimista os deixou ainda mais à vontade. Acredito que a conexão de um público que está (em sua maioria) exclusivamente para ver a banda, faz toda a diferença na entrega. Poder presenciar a execução de músicas que não eram tocadas há 10, 20 anos é realmente um privilégio.

Após uma noite intensa e memorável, ficou claro que tanto o Opeth quanto o Savatage entregaram performances à altura de suas trajetórias. O encontro dessas duas potências do metal em uma mesma noite foi um presente para os fãs brasileiros — especialmente para aqueles que ainda estavam em clima de euforia após o Monsters of Rock.

Ambas as bandas seguem agora com apresentações em outros países da América Latina, levando seus shows para públicos igualmente apaixonados. No meio do ano, partem para a aguardada turnê europeia, que inclui participações em alguns dos maiores festivais do continente. Um momento especial na carreira de duas bandas que, mesmo com estilos distintos, compartilham a mesma devoção pela música e pelos fãs.



Texto: Jessica Tahnne Valentim


Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts

Press: Catto Comunicação


Savatage – setlist: 

The Ocean (com snippet de "City Beneath the Surface")

Welcome

Jesus Saves

Sirens

Another Way (primeira vez desde 2015)

The Wake of Magellan

Strange Wings (primeira vez desde 2002)

Taunting Cobras (primeira vez desde 1998)

Turns to Me (primeira vez desde 2015)

Dead Winter Dead

The Storm (introdução estendida de solo de guitarra; primeira vez desde 2015)

Handful of Rain

Chance

This Is the Time (1990) (primeira vez desde 2002)

Gutter Ballet

Edge of Thorns

The Hourglass (primeira vez desde 2002)

Believe 

Bis

Power of the Night (primeira vez desde 2003)

Hall of the Mountain King

Cobertura de Show: Judas Priest & Queensrÿche – 20/04/2025 – Vibra/SP

Judas Priest e Queensrÿche no Vibra São Paulo: Uma noite histórica de Heavy Metal

No dia seguinte ao Monsters of Rock, São Paulo foi novamente palco de um encontro épico de titãs do heavy metal. No Vibra São Paulo, a Mercury Concerts apresentou duas potências do gênero: Queensrÿche e Judas Priest, em performances que, mesmo após o intenso festival, provaram que o metal nunca descansa — e o público também não.


Queensrÿche: técnica, carisma e uma voz que impressiona

Pontualmente às 19h, com “The Mob Rules”, do Black Sabbath, tocando no som mecânico, o Queensrÿche subiu ao palco abrindo com a clássica “Queen of the Reich”, repetindo a escolha da noite anterior no festival. Em seguida, a faixa-título do aclamado Operation: Mindcrime foi recebida com entusiasmo, com o público cantando em uníssono.

Sem pausas, a sequência seguiu com “Walk in the Shadows”, com a banda — formada por Todd La Torre (vocais), Michael Wilton e Mike Stone (guitarras), Casey Grillo (bateria) e Eddie Jackson (baixo) — demonstrando entrosamento absoluto.

“Breaking the Silence” surgiu como grata surpresa no set, já que não havia sido tocada no Monsters. Aqui, cabe um destaque especial: Todd La Torre entregou uma performance vocal irrepreensível, com potência e precisão.

Em “I Don’t Believe in Love”, no entanto, o grito inicial soou um tanto artificial, com indícios de playback. Ainda assim, a recepção foi calorosa — é um dos maiores sucessos da banda. Em um momento de interação, Todd pediu que as luzes fossem acesas para ver o público e perguntou quem estava vendo o Queensrÿche ao vivo pela primeira vez. Saudou os fãs e também prestou respeito ao “poderoso Judas Priest”, atração principal da noite.

Na sequência, “Warning” manteve o ritmo elevado e “The Lady Wore Black”, que também não estava presente no set do Monsters, trouxe uma chuva de celulares em gravação, marcando um dos pontos altos da apresentação. A semelhança do timbre de Todd com o de Geoff Tate em sua juventude é realmente impressionante.

“The Needle Lies” trouxe de volta o peso do Operation: Mindcrime. A esperada sequência “The Mission” e “Nightrider” foi substituída por um momento intimista em que Todd convidou o guitarrista ao centro do palco e puxou o público para cantar “Take Hold of the Flame”.

Com “Empire”, a banda encaminhou-se para a reta final. Durante a faixa, Todd apresentou os membros da formação. “Screaming in Digital” (do Rage for Order) e a poderosa “Eyes of a Stranger” fecharam a impecável apresentação, deixando um gostinho de quero mais. O Queensrÿche segue em turnê na América Latina com shows no Chile e na Argentina, e torcemos por um retorno breve ao Brasil.


Queensrÿche – setlist:

Queen of the Reich

Operation: Mindcrime

Walk in the Shadows

Breaking the Silence

I Don't Believe in Love

Warning

The Lady Wore Black

The Needle Lies

Take Hold of the Flame

Empire

Screaming in Digital

Eyes of a Stranger





Judas Priest: uma aula de Heavy Metal ao vivo

Quando os primeiros acordes de “War Pigs” do Black Sabbath ecoaram no som ambiente, era claro que o momento do Judas Priest se aproximava. Após a introdução da tour “Clarionissa” tocar, o hino “Panic Attack”, do último trabalho da banda, Invincible Shield, deu início ao espetáculo com impacto: o pano caiu e a banda já estava a postos, sendo recebida por gritos eufóricos.

Sem dar respiro, emendaram com o clássico “You’ve Got Another Thing Comin’”, que levou o público ao delírio com pulos e coros. Rob Halford aplaudiu o público e, após saudar a plateia com um “Vocês estão prontos?”, puxou “Rapid Fire”, que abriu uma roda que permaneceu acesa por boa parte do show.

Na sequência, veio a inevitável “Breaking the Law”, que provocou um dos momentos mais emocionantes da noite: o público cantando as linhas de guitarra durante os trechos instrumentais. Um verdadeiro espetáculo de devoção.

A dobradinha “Riding on the Wind” e “Love Bites” manteve o nível lá no alto, com direito a trechos da letra e imagens do filme Nosferatu nos telões. “Devil’s Child” manteve a performance afiada da banda, que impressiona pela entrega e vitalidade após décadas de estrada.

Uma grata surpresa foi “Saints in Hell”, ausente do set no festival. Com visuais infernais e iluminação vermelha, o clima foi perfeito. Ainda que parte do público demonstrasse cansaço, possivelmente reflexo do dia anterior, a força dos clássicos reenergizava os presentes. Vale destacar: é sempre louvável ver fãs casuais comparecendo e, quem sabe, se tornando novos seguidores fiéis da banda.

Pequenos deslizes de Faulkner na guitarra passaram quase despercebidos — e, na verdade, reforçam a autenticidade de uma banda que ainda toca “na raça”, sem cliques ou backing tracks excessivos. Há, talvez, algum uso pontual de delay nos vocais de Halford, mas nada que comprometesse.

“Crown of Horns” trouxe mais um destaque do novo álbum, com Scott Travis literalmente “brincando” com as baquetas entre as batidas. A clássica “Sinner” reacendeu a roda entre os fãs old school.

“Turbo Lover” foi acompanhada por um verdadeiro mar de celulares e por um coro impressionante do público. Em seguida, Halford sentou-se em um banquinho improvisado e, em tom de conversa, agradeceu pela presença de todos e celebrou a longevidade da banda. Ao mencionar os álbuns do Judas - com exceção daqueles que contam com Ripper Owens nos vocais -, foi saudado com entusiasmo a cada nome citado, culminando na execução de “Invincible Shield”, com o icônico tridente da banda descendo do alto do palco.

“Victim of Changes” manteve a intensidade, com Scott Travis brilhando em cada virada. Em um momento lúdico, Halford brincou com o público, em um “duelo” vocal à la Freddie Mercury. Após agradecer, o grupo executou “The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)”, cover do Fleetwood Mac que há muito já ganhou identidade própria com o Priest.

Ao se encaminhar para o fim, veio o momento mais esperado: Scott Travis saudou o público e perguntou o que todos queriam ouvir. A resposta foi unânime: “Painkiller”. Com uma introdução explosiva, foi o ápice da noite, um dos momentos mais intensos do heavy metal ao vivo.

Para o bis, a introdução de “The Hellion” já entregava o que seguiria: “Electric Eye”, mais um clássico absoluto. O som de motores antecipava “Hell Bent for Leather”, com Halford em sua tradicional Harley no palco.

A noite foi encerrada com “Living After Midnight”, colocando um ponto final em uma aula de heavy metal, com presença de palco, técnica, e, acima de tudo, paixão pelo que fazem. O Judas Priest mostrou que continua no topo — e que ali deve permanecer por muito tempo. A imagem final dos telões trazia a frase: “The Priest Will be Back” (O Priest retornará), e assim esperamos ansiosamente.









Texto: Jessica Tahnne Valentim

Fotos: Ricardo Matsukawa

Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts

Press: Catto Comunicação


Judas Priest – setlist:

Clarionissa (Tour Intro) - *no som mecânico

Panic Attack

You've Got Another Thing Comin'

Rapid Fire

Breaking the Law

Riding on the Wind

Love Bites

Devil's Child

Saints in Hell

Crown of Horns

Sinner

Turbo Lover

Invincible Shield

Victim of Changes

The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac cover)

Painkiller 

Bis

The Hellion

Electric Eye

Hell Bent for Leather

Living After Midnight

quarta-feira, 19 de março de 2025

Cobertura de Show: Leprous – 13/03/2025 – Vip Station/SP

Não é novidade que 2025 começou sendo um prato cheio pros fãs de plantão. Inicialmente com uma predominância forte de metal extremo, hardcore e punk, o mês de março chegou pra mudar um pouco essa cena, e a gente deve ver essa balança se equilibrando mais.

Um bom exemplo disso é o metal progressivo, que somente este ano contará com nomes como Tool, Opeth, Haken e Maestrick. No entanto, a primeira banda desse gênero a desembarcar no verde e amarelo foram os noruegueses do Leprous, que, em turnê pela América Latina, encerraram sua passagem pelo Brasil ontem (13/03), em São Paulo, em promoção ao seu último álbum de estúdio, Melodies of Atonement, lançado em 2024.

Formada no início dos anos 2000 em Notodden, na Noruega, a banda sempre mostrou sua forte inclinação ao progressivo, indo na contramão dos grandes nomes da cena do país para a época. Ganhando maior visibilidade após serem banda de apoio de Ihsahn (ex-Emperor), o Leprous foi consistente em sua evolução ao longo dos anos, com oito álbuns de estúdio lançados e uma sonoridade que passou a incorporar também elementos mais atmosféricos, alternativos e até eletrônicos.

Realizando o “Come to Brazil” desde 2019 com seu álbum Pitfalls, a terceira passagem do Leprous se deu na VIP Station, em São Paulo, em plena quarta-feira à noite. Porém, com diversos nomes preenchendo as lacunas e horários das casas noturnas essa semana, acaba sendo inevitável se deparar com shows em meio à semana como a única alternativa para uma banda conseguir efetivamente realizar sua passagem pelo país. Ainda assim, pode parecer uma surpresa (ou não) que, já próximos ao horário da abertura das portas da casa, se formava uma considerável fila onde a maior característica em comum entre os presentes era a clara animação para o show.


O início da expiação

Marcada para a subida aos palcos ocorrer uma hora após a abertura, dito e feito: poucos minutos passados das 20h30, a atmosfera se instaurava com o apagar das luzes e o silêncio vindo das músicas do P.A. Aos poucos, entrava o grupo formado por Einar Solberg (vocal/teclados) e Tor Oddmund Suhrke (guitarra), únicos membros fundadores a compor a banda, com Baard Kolstad na bateria, Simen Børven no baixo, Robin Ognedal na guitarra e Harrison White nos teclados.

A atmosfera escura, porém nada silenciosa devido aos mais ávidos fãs que já se colocavam a gritar tamanha animação, pouco a pouco deu lugar às primeiras batidas de “Silently Walking Alone”, estreando a primeira de Melodies of Atonement, com a batida eletrônica extremamente presente que, com muita paixão, chamou a atenção para um dos elementos que com certeza se fez um dos grandes destaques da noite: o envolvente jogo de luzes que agiu de forma extremamente complementar a cada nota e emoção evocada nas palavras de Solberg.

Outro elemento que se fez presente desde o início foi a movimentação de palco extremamente coordenada e ainda assim orgânica, performada pelo sexteto que, de forma tão fluida, se movimentava pelo palco, de lá para cá, subindo nas plataformas da parte de trás, onde ficam a bateria e o teclado, ou nas da frente, ao lado dos microfones, para se projetar para o público. Se na primeira alguns fãs se encontravam mais acanhados, “The Price” entrava na sequência, puxando todos os “AaAah’s” que você possa imaginar em um coro que tomava a VIP Station. Faixa do quarto e aclamado álbum The Congregation, a música trouxe os elementos mais marcantes do prog característico do Leprous, além de já destacar toda a versatilidade de Einar ao assumir também os teclados, conforme as luzes piscantes elevavam ainda mais todo o drama e o peso da música.

“Illuminate” veio a seguir, mantendo as fortes raízes do prog, com toques eletrônicos mais marcantes, aquecendo cada vez mais o público que dançava e cantava ao som do refrão, totalmente cativo pelo carisma da banda como um todo, que, entre acenos, olhadas, sinais e sorrisos, parecia energizada pela conexão com o público. Mas arriscaria dizer que foi com “I Hear the Sirens” que o primeiro grande impacto da noite realmente chegou.

Isso porque, nesta música, a cena foi completamente roubada por Solberg e toda a sua capacidade vocal, indo de sua já bela voz limpa até o mais alto, agudo e dramático momento, no qual a plateia restava apenas ficar ali, parada, observando e totalmente hipnotizada pelo “canto da sereia” — mas que, diferentemente da mitologia, parecia nos afogar nas profundezas de um deleite acústico. Acredito que, independentemente de ser a primeira vez ou não assistindo a uma performance do Leprous, foi naquele momento que a magia fora lançada e a todos nós restava cada vez mais emergir naquela experiência.

Em uma dobradinha do Melodies of Atonement, tivemos na sequência “Like a Sunken Ship”, outra favorita dos fãs do mais recente álbum, que, mesclando as vozes de backing vocals e toda a atmosfera criada pela música, com os “Lá, lá, lá, lá’s” misturados ao refrão, rapidamente entra na mente, até a grande virada da música, com um Solberg agressivo com poderosos drives vocais e o mais forte agudo.


A escolha é de vocês…

A segunda metade do show teve como início uma fala mais longa de Einar para com a audiência, com os devidos agradecimentos pelo suporte e todo o amor pelo Brasil e São Paulo. Brincando com o público a todo momento, o músico questionou sobre o tempo em que o público acompanhava a banda, realmente ouvindo as respostas e interagindo com elas em um descontraído momento que culminou na necessidade de uma decisão: trazendo elementos interativos ao show, a banda deu ao público a possibilidade de escolha entre duas músicas: “Forced Entry”, do álbum de 2011, Bilateral, ou “Passing”, do Tall Poppy Syndrome, o primeiro álbum, de 2009.

Com uma vitória esmagadora por aqueles que gostariam de ouvir algo o mais antigo possível, iniciou-se a música que nos conduziu novamente para uma fase mais prog, com escalas, quebras e harmonias mais complexas e, é claro, um gutural visceral de Solberg. Com todo o arranjo agressivo e mais pesado da música, somado aos diferentes ranges vocais de Einar ao longo da faixa, a grande estrela do drama nesta, mais uma vez, foi a iluminação, que se apagava em completo escuro até a luz quente iluminar novamente a cada grito do vocalista.

Depois de todo o fôlego roubado de nossos pulmões e transferido para Einar, um lindo solo de teclado deu lugar ao início de “Distant Bells”, do álbum Pitfalls, de 2019. Uma música que serviu de perfeito contraponto e recuperação para todos os presentes, onde, àquela altura, o calor principalmente era notável aos noruegueses, que pingavam de suor pelo palco. Outros momentos marcantes deste segundo bloco da apresentação se deram após “Nighttime Disguise”, com “Unfree My Soul”, onde o peso da música se dividiu entre os integrantes, à medida que as dedilhadas iniciais e constantes da guitarra se contrastavam com as intensas batidas na percussão; somados a Baard, White, o tecladista, se unia ao mesmo para literalmente sentar a mão, deixando clara a intensidade da música, ainda somada à harmonia vocal de Einar.

“Below”, outro hit de sucesso da banda, não deixou a desejar, com o público cantando desde suas primeiras frases ao envolvimento magnético e atmosférico dos solos. Mas foi em “Faceless” que tivemos outro — e talvez o maior — ponto alto da noite. Isso porque, antes do início da música, Einar dialogou mais uma vez por um tempo com o público, comentando brevemente sobre o processo de criação e o desafio da gravação da música, que tem como característica ter sido gravada utilizando quase 200 vozes de fãs que participaram de um processo seletivo para terem suas vozes eternizadas.


Até aí tudo bem… Mas como isso se traduziu para a apresentação ao vivo? 

Simplesmente com a aparição de mais de 10 fãs da plateia, selecionados, que subiram ao palco para vivenciar este momento inesquecível junto à banda, no emocionante coro de “Never go alone / Never the unknown”. Foi extremamente emocionante observar tanto o carinho e respeito dos artistas para com o público em geral, mas também a felicidade no rosto dos escolhidos, que ali representavam também os fãs com muito amor e dedicação, de forma ainda a incrivelmente soar tão belamente enquanto um coro, para algo combinado na hora.

De quebra, a banda ganhou ainda uma capivara de pelúcia, marcando praticamente o reconhecimento e a sinalização de que os noruegueses já podem entrar com o pedido de sua dupla cidadania.


Povo do gelo, com calor nas veias

O terceiro e último bloco do show do Leprous serviu como um giro pela discografia da banda, iniciando com “Castaway Angels”, diretamente do álbum Aphelion, música que viaja em uma veia mais pop-rock e mantém a energia mais tranquila tida em “Faceless”, com foco nos belos falsetes de Einar. Veio então “From the Flame”, talvez uma das músicas mais aguardadas da noite, que já elevou a energia e trouxe toda a intensidade performática do show para o alto novamente.

Com destaque para a dupla Tor e Einar, juntamente a um público em coro, os outros integrantes não ficavam para trás, com Baard mostrando toda a paixão em cada batida e virada, Simen chegando próximo ao limite do palco apenas para se projetar o máximo possível para o público, White em um completo transe conforme se dispunha nos teclados e Robin servindo como base, mas sem perder seu brilho.

Retornando às raízes mais progressivas, “Slave” entregou tudo e mais um pouco, com sua tensão inicial através dos teclados que davam aquele peso no peito e sua crescente ao longo da música através dos riffs e das batidas frenéticas da bateria, culminando nos potentes guturais de Einar que marcaram a música até o seu fim, onde, após uma breve despedida, os músicos se retiraram do palco naquele velho protocolo do “estamos indo, talvez voltemos”, que sabemos que sempre voltam.

E não bastou muito! Aos gritos de “Olê, olê, olê, olê, Leprous, Leprous”, tínhamos um breve retorno com direito a cumprimentos da banda para com o público e um Einar tentando puxar um “Olê, olê, olê, olê”, misturado com algumas brincadeiras; a banda entrava em seu encore com “Atonement”, outro dos grandes hits do último álbum, que serviu ainda perfeitamente para esta parte final, ao comando da voz de Einar, juntamente ao backing vocal do restante da banda que, junto ao público cantando o refrão a plenos pulmões, todo o melódico e a força da música dava energia para os músicos irem de um lado para o outro, batendo cabeça, entregando uma performance totalmente intensa.

Fechando com chaves leprosas de ouro, “The Sky Is Red” foi tocada em sua intensidade junto ao jogo de luzes, mas, infelizmente, não em sua totalidade, servindo como uma sobremesa que te sacia, mas deixa com aquele gostinho de quero mais deste grande épico que em alguns momentos parece até flertar com o sinfônico, em uma das músicas que talvez melhor incorpore tanto os elementos progressivos quanto os mais característicos à fórmula atual da banda.

Algo que, de nem de longe, foi motivo para narizes torcidos, afinal, o público aparentava completa alma lavada ao final desta épica noite, que impressionou do começo ao fim pela experiência sonora e de palco, mas, acima de tudo, mostrou que o Leprous, apesar de vir dos países nórdicos, tem um sangue extremamente quente fluindo em suas veias, tamanha a demonstração das emoções no palco e do carinho com o público que se despediu pela terceira vez do sexteto, mas com certeza já desejando um breve retorno.

Com um setlist marcado pela mescla das fases da banda, a apresentação como um todo se mostrou extremamente impactante e nem um pouco enjoativa, mantendo as características clássicas, mas mostrando também sua evolução através do tempo. Com a clara e esperada predominância de Melodies of Atonement, a passagem do Leprous pelo Brasil foi extremamente envolvente, dinâmica e emocionante.


Texto: Pedro Delgado

Fotos: Gabriel Eustáquio

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Estética Torta

Press: Acesso Music


Leprous – setlist: 

Silently Walking Alone

The Price

Illuminate

I Hear the Sirens

Like a Sunken Ship

Passing

Distant Bells

Nighttime Disguise

Unfree My Soul

Below

Faceless

Castaway Angels

From the Flame

Slave

Bis

Atonement

The Sky Is Red