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terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Cobertura de Show: Left To Die – 12/01/2025 – Fabrique Club/SP

Left to Die Mantém legado de Chuck Schuldiner vivo em início de ano destruidor na Fabrique Club 

Quarteto formado por ex-membros do Death e dois integrantes influenciados pela banda encerrou sua passagem pelo Brasil em um verdadeiro um tributo à banda e ao guitarrista fundador, falecido em 2001 

A Fabrique Club iniciou o ano de 2025 com uma apresentação que já pode entrar no rol das melhores tanto em seu simbolismo, objetivo e sonoridade, quanto pelo impacto causado ao público presente. Trata-se do Left to Die, quarteto que faz um tributo à banda estadunidense de Death Metal Death e que visa manter o legado de Chuck Schuldiner (1967-2001) vivo.

A apresentação, realizada no último dia 12 de janeiro e organizada pela Open the Road, encerrou a passagem de estreia do grupo no Brasil, em meio à turnê “Scream Bloody Leprosy Over Latin America”, que antes passou por cidades brasileiras como Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Limeira, e continuando por outras cidades da América Latina, como Montevidéu (Uruguai), Comodoro Rivadavia e Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile), Lima (Peru), Medellín e Bogotá (Colômbia), San José (Costa Rica), Cidade do Panamá (Panamá), San Pedro (Honduras), San Salvador (El Salvador) e pelas cidades mexicanas de Monterrey e Cidade do México.

Com os ex-Death Terry Butler (baixo) e Rick Rozz (guitarra), somados aos membros do Gruesome Gus Ríos (bateria) e Matt Harvey (guitarra e vocal), que têm o Death como inspiração musical, o quarteto deu foco em um setlist de 15 faixas com foco total nos dois primeiros álbuns do Death: “Scream Bloody Gore” (1987) e “Leprosy” (1988). E com uma Fabrique praticamente cheia, a certeza de uma pista caótica, com coros e moshes por parte de um público fanático pelo repertório da lendária banda do saudoso Chuck Schuldiner, foi certeira do início ao fim, a ponto de a décima quinta faixa ser um pedido uníssono do público. A banda por um todo, claro, entregou toda a técnica, sonoridade pesada e intensidade que as músicas pediam, dando a verdadeira premissa de que, de alguma forma, Chuck também estava ali para celebrar e apreciar o que ocorreu.

 

Pré-show confraternal

Chegar na Fabrique em dias (ou noites) de shows grandes é ter a certeza de que haverá um bom movimento de pessoas nos bares do início da Rua Barra Funda, em frente à casa de shows. Desta vez, este movimento foi maior em todos os estabelecimentos, com muitos grupos se encontrando, bebendo ou trocando ideias antes do início da apresentação do Left to Die. Já dentro do local, havia uma quantidade menor que a do lado de fora, sendo três fileiras concentradas na frente do palco e o restante nas laterais da Fabrique, seja na espera, seja para consumir algo no bar da casa de eventos.

 

Scream Bloody Leprosy!

Tudo já parecia pronto para começar, o que causava a tranquilidade geral. Os 30 minutos antes do horário previsto para o show foram os principais na lotação, com a entrada de quem estava nos bares do lado de fora e de quem optou por chegar perto do horário. E dentro deste tempo, os 15 minutos finais foram para uma última passagem de som por parte dos membros da banda, que apareceram aos poucos e conferiram a sonoridade em seus equipamentos; e para os testes de fumaça de gelo seco, soltas duas vezes em grande quantidade.

Com isso, na pontualidade das 19h30, o instrumental de “E5150”, do Black Sabbath, serviu de introdução para o show. Gus Rios (bateria), Rick Rozz (guitarra), Terry Butler (baixo) e Matt Harvey (vocal e guitarra) entraram definitivamente no palco da Fabrique Club para iniciar uma verdadeira experiência de repertório do Death, representado pelo quarteto do Left to Die.

“Leprosy”, faixa que abre e leva o nome do segundo álbum do Death, de 1988, foi escolhida para iniciar o show após a introdução. Não demorou muito para que a roda fosse aberta no meio da pista e, da mesma forma, viesse em uma grande intensidade com um público que ora batia cabeça, ora cantava as letras entoadas por Matt Harvey. Este, inclusive, mostrou a “carta de boas vindas” de sua entrega no palco, com ótimas linhas de guitarra, vocal impecável e ótimas impressões com o público paulistano. Da mesma forma, Rick Rozz também mostrou o que seria sua postura ao longo da maioria do show: concentrado, com foco na técnica das faixas e, em alguns momentos, até de olhos fechados - ou pouco abertos.

Em “Born Dead”, não somente o ritmo no palco se tornou mais rápido com as linhas intensas e de pedal duplo de Gus Rios, como o caos da pista se tornou mais expansivo, numa roda maior e mais agitada - até mesmo eu, que estava na parte da frente, mas colado no mosh, sofri ao tentar gravar algo via celular -. Alguém tentou subir sozinho no palco para um dive stage, porém só com a ajuda de outras pessoas ele conseguiu - e foi o único do show todo a fazer isso -, derrubando até mesmo o tripé de Matt, que reagiu com uma risada e um balanço de cabeça que indicava não acreditar no que acontecia ali. Mas ele não ficou bravo, claro, pois o próprio fã arrumou antes de pular de volta para a galera. Após muitas ovações do público, somadas a gritos em nome da banda, a sina do álbum “Leprosy” seguiu com a terceira faixa do álbum, “Forgotten Past”. Tanto Harvey quanto Rozz fizeram ótimas linhas em geral com suas guitarras, destacando seus solos técnicos e com distorções absurdas. 

O ânimo do público era imparável até mesmo após o final das faixas. Os gritos incessantes de “Left to Die” levaram até mesmo Gus Rios a “orquestrá-los” com sua bateria, de modo que tivesse um final para Matt discursar. E assim aconteceu, com o frontman do projeto a dar algumas palavras de boas-vindas e destacando o que foi aquele show: “Hoje é uma festa como nos anos 80”, disse Matt Harvey.

A pancadaria sonora logo voltou com “Infernal Death”, primeira faixa da noite a representar o disco “Scream Bloody Gore” e que também é a primeira música do álbum de 1987. Os primeiros acordes foram suficientes para aumentar e avolumar ainda mais a grande roda do meio da pista da Fabrique Club, que antes de “explodir”, acompanhou os gritos de “Die”, cantados pelo vocalista e guitarrista da banda. Na transição para a parte agitada, não havia alguém inerte, pois ou cantava, ou bangueava, ou batia cabeça no mosh aberto.

Para o início de “Sacrificial”, o público fez questão de unir o coro no ritmo das guitarras para os primeiros segundos de faixa. Os ritmos mais lentos foram alvo dos gritos de hey, tal qual as partes mais aceleradas foram o alvo do retorno do mosh. Já em “Open Casket”, que retomou o repertório de “Leprosy” e foi anunciada pelos gritos coordenados de Matt, a mesma roda se misturou entre correr em círculos e bate-cabeças no começo, assim como a técnica dos guitarristas do Left to Die voltaram à tona.

Uma pequena pausa foi usada para a apresentação dos membros do grupo. Todos foram muito ovacionados e voltaram a tocar com “Primitive Ways”, faixa com ótima condução da banda por um todo, a destacar a continuidade do potencial vocal de Matt e seus solos de guitarra alternados com Rick Rozz. As sinceras ovações do público, ao final da faixa, ainda tiveram o acompanhamento rítmico de Gus Ríos e um agradecimento recíproco de Matt: “Fuck Yeah, Alright!” - “É isso aí, muito bem!”, em tradução livre.

“Choke on It” fechou outra trinca de “Leprosy” da melhor forma: com mais insanidade do público. O início mais lento da faixa foi o momento para a roda se organizar e, após a transição para a continuação rápida da faixa e do poderoso grito de Matt, a insanidade de faixas anteriores retornou com tudo. Era possível ver ainda mais a técnica dos músicos durante toda a faixa, a destacar novamente os solos de guitarra da dupla Matt e Rick. Na finalização deste som, o frontman do Left to Die fez questão de tocar com a guitarra no alto, apontando para o público.

O retorno às faixas de “Scream Bloody Gore” veio com a poderosa “Torn to Pieces”, seguida da potente “Regurgitated Guts”, momento em que Matt Harvey chamou o público para outro circle pit na pista. Não deu muito tempo para que o andar em círculos da galera mais animada virasse outro bate-cabeça fervoroso, inspirado no peso da faixa e no potencial vocal do frontman do Left to Die.

A dinâmica de heys feita pela banda ocorreu logo após a faixa anterior e foi prenúncio para “Left to Die”, faixa do disco “Leprosy” que leva o nome da banda tributo e que foi amplamente comemorada a partir do riff mais agudo de Rick Rozz, seguida de um coro do público que dividiu os volumes com Matt. O mosh, claro, voltou a ficar insano na Fabrique, como se os fãs fossem imunes ao cansaço.  Matt, claro, agradeceu e muito a galera, que gritou o nome da banda, após a faixa em questão. Além do semblante feliz, o vocalista e guitarrista bateu no peito e aplaudiu por um tempo considerável.

“Zombie Ritual” foi outra das faixas clássicas do Death em que não se via quase ninguém sem cantar, seja o coro lírico que acompanhou o riff inicial dos guitarristas e baixista, seja pela letra poderosa, que acompanhou um instrumental rápido e potente durante todo o restante da música em questão. Foi nessa música, inclusive, que Matt sofreu com um problema na bandoleira de sua guitarra: alguma parte se rompeu e o fez tocar o instrumento na mesma pose que um violão, apoiando nos joelhos e adaptando o microfone e recusando a ajuda de Rick Rozz para ajustar. Nada que ofuscasse a magia da faixa por um todo e que, claro, a manteve contínua, sem interrupções.

Toda a catarse ocorrida principalmente no início e final do primeiro bloco não foi o suficiente para o público da Fabrique Club. Isso porque, após a saída momentânea do quarteto, o público gritou, incessante e novamente, pelo nome da banda, somado a pedidos de faixas que não foram tocadas até aquele momento. No retorno, Gus Ríos fez questão de fazer um pequeno teste solo do seu kit e, logo depois, os demais membros do Left to Die voltaram ao palco.

Chegou, então, o momento mais técnico - por parte da banda - e mais bizarro - em termos ambientais - da noite: o Left to Die tocou a clássica “Scream Bloody Gore”, que fecha o álbum de mesmo nome, em meio a muita fumaça de gelo seco e… um balão de camisinha enchido por alguém da plateia e que foi o terror do público mais à frente do palco - incluindo Matt Harvey, que chegou a dar um chute no tal balão para que ele não chegasse no palco. A técnica da banda, com muitos dos elementos citados anteriormente, veio numa carga maior nesta faixa.

Matt fez questão de saudar o público e perguntar quem eram os “fãs old school de death metal e do Death”. A resposta altamente positiva veio com outra pergunta impactante: “Vocês sentem que Chuck Schuldiner está vivo aqui?”. Foi o suficiente para mais um coro altíssimo, desta vez em nome do saudoso guitarrista e que se converteu numa apreciação direta à técnica dos presentes no palco. Assim, “Pull the Plug” veio como a “última” faixa, num tom mais lento ao show. “Última”, entre aspas, porque os fãs de Death não deixaram a banda sair sem antes tocar uma das principais faixas do “Scream Bloody Gore”...

… e tratava-se, claro, de “Evil Dead”, cantada e apreciada por todos ali presentes e que deu o melhor gran finale possível para a noite, com toda a velocidade, técnica e habilidade dos quatro membros que, com maestria, seguem mantendo o legado de Chuck Schuldiner mais vivo do que nunca e de uma forma extremamente respeitosa. Era realmente como se, em algum lugar da Fabrique Club, ele estivesse, seja para coordenar a banda, seja para coordenar um público que, de algum modo, preencheu o vazio de nunca ter visto um show do Death em solo brasileiro.


Texto: Tiago Pereira

Fotos: Carlos Pupo (Headbangers News)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Estética Torta / Open The Road

Mídia Press: Lex Metalis Assessoria 


Left To Die – setlist: 

E5150/Leprosy

Born Dead

Forgotten Past

Infernal Death

Sacrificial

Open Casket

Primitive Ways

Choke on It

Torn to Pieces

Regurgitated Guts

Left to Die

Zombie Ritual

Encore

Scream Bloody Gore

Pull the Plug

Evil Dead (faixa pedida pelo público após a faixa anterior)

sábado, 18 de janeiro de 2025

Cobertura de Show: Left To Die – 08/01/2025 – Gravador Pub/POA-RS

Por: Renato Sanson

Fotos: Vinny Vanoni

O show do Left To Die não foi apenas mais um show, mas em caráter especial para minha pessoa, já que, foi o primeiro show de Metal da minha filha! Algo inimaginável e uma emoção e tanto!

Não poderia começar melhor, com um time estelar de músicos saudando o nosso gênio Chuck Schuldiner.

A ideia do Left To Die é justamente homenagear os primeiros anos da banda Death, mais precisamente os lançamentos iniciais: “Scream Bloody Gore” (87) e “Leprosy” (88). Os embriões do que viria a se tornar o Death Metal.

Para essa missão nada fácil o projeto conta com os lideres Rick Rozz que gravou as guitarras de “Leprosy” e esteve com Chuck nos anos iniciais do Death quando ainda se chamava Mantas e Terry Butler que apesar de não ter gravado os dois primeiros álbuns, esteve com o Death em diversas oportunidades ao vivo entre 87 e 90. 

Mas deixou também sua contribuição em estúdio gravado algumas faixas do álbum “Spiritual Healing” (90).

Para o trabalho árduo de fazer o papel de Chuck nos shows foi recrutado o monstro Matt Harvey do Exhumed e o baterista Gus Rios ex-Malevolent Creation.


Human Plague mostra a força do Metal Extremo Gaúcho 

Mas para o aquece desta noite épica e brutal, tivemos os gaúchos de Santa Maria da Human Plague. 

Destilando seu Death Metal brutal e técnico. Ainda que o público estive meio tímido, já se encontrava uma galera de peso dentro do Gravador Pub e puderam prestigiar este grande nome do Metal extremo nacional.

Pois o que nos foi apresentado, foi algo de gente grande e com doses cavalares de peso e violência. Com o som bem equalizado e potente. Esse é um dos grandes trunfos do Gravador Pub, por ter uma aparelhagem própria de alto nível.

Algo que gostei bastante também foi à banda ter levado o seu merchan para venda e anunciar em palco para apoiarem e consumirem material físico. 

Além do Debut álbum também tinha uma variedade interessante de camisetas. Algo cada vez mais raro hoje em dia, mas o material físico não morrera se depender de nós aficionados!

A banda também está já com novo álbum pronto para ser lançado este ano. Aguardemos.


Left to Die despeja chuva de clássicos do Metal Extremo 

Passado das 21h30min a casa já se encontrava lotada e todos estavam à espera do massacre sonoro que viria e não demora muito para os músicos irem entrando e fazendo pequenos ajustes no som, deixando todos eufóricos para em seguida as luzes baixarem, a intro ecoar nos PA’s e a chuva de riffs iniciar com “Leprosy”, seguida de “Born Dead” e “Infernal Death”.

Uma trinca matadora e uma banda coesa e extremamente bem entrosada e é impossível não dizer que Matt é o destaque, além de cuidar dos vocais e se aproximar o máximo possível do que Chuck fazia nessa época, é também um guitarrista notável e assumindo o problema que é replicar os solos doentios e técnicos da lenda.

Seguindo a destruição com poucas palavras, mas muito carisma envolvido a enxurrada “Sacrificial”, “Forgotten Past” e “Open Casket” geram rodas e mais rodas e aí começa a chuva de moshs! De fato o pessoal não se conteve e o clima era anos 80 no talo, Death Metal old school do mais alto gabarito.

O show seguiu com um set tocando na integra o clássico “Leprosy”, com a adição de mais seis musicas do Debut. Sendo uma delas após o clássico “final fake” e muito pedida pelos fãs: “Evil Dead”, levando a casa abaixo!

Claro que os clássicos imortais “Zombie Ritual” e “Pull the Plug” foram cantados a plenos pulmões e a energia era de estarmos em algum beco da Florida curtindo o melhor que o Metal já produziu.

Além de Matt, vale a menção ao carismático Rick Rozz segurando a base com todo o peso e seus riffs intrincados, Terry sendo o motor da cozinha e não desperdiçando uma nota e Gus massacrando o seu kit por cada musica. Músicos excelentes em um desempenho avassalador.

Antes do encerramento Matt saúda o Death Metal old school, agradece Porto Alegre por tanta energia e enaltece o legado de Schuldiner se não fosse o mesmo nada daquilo seria possível ou existiria. Levando a galera a gritar em uníssono “Chuck, Chuck, Chuck...”.

Por fim, uma noite épica e destruidora e fazendo nós fãs carentes da banda Death termos a oportunidade de vermos um pouquinho de como seria se Chuck ainda estivesse vivo.

Os músicos ao final recolhendo seus equipamentos, desceram do palco, distribuíram autógrafos e tiraram muitas fotos com os fãs. Mais perfeito impossível!

Fica o nosso agradecimento a MAD Produtora por mais um excelente show e uma ótima produção. Que venham os próximos...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Clássicos: “Individual Thought Patterns” A Evolução da Obra de Schuldiner

Lendário disco da banda Death é relançado


No dia 13 de dezembro de 2011 completou-se uma década que ficamos órfãos de toda a genialidade de Chuck  Schuldiner. Difícil dizer a importância de sua banda o Death para toda a cena Metal mundial, mas basta saber que hoje 99% dos grupos de Death Metal pagam tributo a esse verdadeiro mestre.

Ouvindo a discografia da banda é possível ver que ela foi, na realidade, passando por um processo de evolução, sendo o álbum “Leprosy” de 1988  o  início do amadurecimento do grupo, pois as bases do Death Metal tradicional continuavam todas ali, mas eram associadas ao senso de melodia do Heavy Metal principalmente do NWBOHM.

Mas em minha opinião o ápice do processo criativo veio com “Individual Thought Patterns” (1993).

Mas o que torna esse álbum tão especial? Primeiramente o time formado para a gravação desse CD, pois ao lado de Chuck você tinha nas guitarras Andy La Rocque (King Diamond), que hoje é um consagrado produtor musical, já a cozinha da banda é simplesmente um dream team com o baixista Steve DiGiorgio (atualmente no Charred Walls of the Damned, junto com outro ex-Death) já conhecido na cena por ser membro do Sadus e Gene Hoglan do Dark Angel na bateria.

5º disco da banda é mais uma obra-prima com o toque de Chuck Schuldiner

O que poderia ser uma verdadeira guerra de egos na realidade criou um dos melhores álbuns do Death e quiçá do Metal extremo. A evolução esta presente até mesmo na parte lírica que deixa para trás o gore simples de álbuns como “Scream Blood Gore” de 87  e investe em criticas ácidas a sociedade que mesmo hoje possui um grande impacto, veja a letra de “ The Philosopher” e comprove.

Complexidade é a palavra chave desse trabalho. Difícil apontar destaques em uma obra prima, mas não tem como não se impressionar com as quebras de ritmo em “In Human Form”. O fato de dois músicos DiGiorgio e Gene Hoglan terem vindo de duas bandas de  Thrash Metal influenciou muito esse trabalho enriquecendo ainda mais a sonoridade do Death como, por exemplo, em “Trapped I A Coner” onde os dedilhados são típicos da Bay Area.

Death no início dos anos 90

Algumas músicas ganharam um espaço no coração dos fãs, entre elas podemos citar a faixa titulo desse que é o quinto trabalho da banda que possui uma das melhores composições de  Schuldiner e, é claro, “ The Philosopher” que consegue a proeza de definir todas as características da banda em apenas uma só composição. O duelo de guitarras no final da faixa é de tirar o fôlego e essa musica ganhou um vídeo clipe conhecidíssimo por aqui na época que a MTV prestava.

Sem dúvidas esse foi um divisor de águas na carreira da banda e principalmente para seu  mentor, os seus álbuns sucessores “Symbolic” de 95 e “The Sound of Perseverance” de 98 e até mesmo seu projeto paralelo Control Denied são uma evolução natural de “Individual Thought Patterns”.

Chuck Schuldiner não conseguiu derrotar o câncer e morreu há exatos 10 anos

Prova cabal disso é que esse trabalho ganhou uma nova edição extremamente luxuosa com uma remixagem feita por Alan Douches (para quem não conhece ele é o cara que fez a produção dos últimos discos do Nile), além de  ser um CD triplo onde estão como bônus um show gravado na Alemanha e uma faixa inédita até então “The Exorcist”, além de materiais provenientes de jams entre Chuck e Gene com uma química que dá gosto de ouvir.

Clássico é um adjetivo muito pequeno para definir esse álbum da mesma forma que gênio é pouco para definir a importância de  Schuldiner, mais que um músico, mas um ídolo de uma geração.

Texto: Harley
Revisão/Edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Death
Álbum: Individual Thought Patterns
Ano: 1993
País: EUA
Tipo: Death Metal/Prog Metal

Formação
Chuck  Schuldiner (Guitarra e Vocal)
Andy La Rocque (Guitarras)
Steve DiGiorgio (Baixo)
Gene Hoglan (Bateria)

Confira o track list completo dessa nova edição

Disco 1
01. Overactive Imagination
02. In Human Form
03. Jealousy
04. Trapped In A Corner
05. Nothing Is Everything
06. Mentally Blind
07. Individual Thought Patterns
08. Destiny
09. Out Of Touch
10.
The Philosopher


Disco 2: Ao Vivo na Alemanha – 13 de abril de 1993
01. Leprosy
02. Suicide Machine
03. Living Monstrosity
04. Overactive Imagination
05. Flattening Of Emotions
06. Within The Mind
07. In Human Form
08. Lack Of Comprehension
09. Trapped In A Corner
10.
Zombie Ritual


Sobra de estúdio de “Individual Thought Patterns”
11. The Exorcist

Disco 3
Demos – Chuck & Gene – Dezembro de 1992
01. Overactive Imagination
02. In Human Form
03. The Philosopher
04. Trapped In A Corner
05. Individual Thought Patterns
06. Jealousy
07. Nothing Is Everything
08. Destiny
09. Mentally Blind
10. Out Of Touch



Fita de Riffs do Chuck – 1992
11. In Human Form
12. The Philosopher
13. Trapped in a Corner



Assista ao vídeo "The Philosopher"




Compre o CD pela Die Hard aqui

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Clássicos: The Fragile Art of Existence - A Derradeira Obra Prima de Chuck Schuldiner



Qualquer trabalho associado a Chuck Schunilder, tanto no Death quanto no Control Denied, já tem o mérito de ter sido concebido a partir de uma das mentes mais geniais da história do Metal.

A exaltação que vemos ao nome do guitarrista/vocalista do Death, banda responsável pelo estabelecimento de um estilo de Metal, não é apenas devido a sua trágica morte por câncer. Da sua mente e experiência, brotaram grandes e clássicos discos de Metal Extremo.

O Mestre empunhando sua guitarra: riffs e letras cortantes!

Mas talvez nenhuma obra assinada por ele seja tão especial quanto o primeiro e único disco do Control Denied, sua última banda.

Composto e gravado após Chuck descobrir que estava com câncer, “The Fragile Art of Existence” (1999) é sua última obra completa lançada (confira aqui no Road a volta do Control Denied neste ano) e, não a toa, sua masterpiece (peça máxima, mestre).

No extremo da união do Death Metal com o Metal Progressivo, aliado a música clássica, esse álbum contou com Tim Aymar (vocal, Pharaoh), Richard Christy (bateria, Death, Iced Earth, Charred Walls of the Damned), Steve DiGiorgio (baixo, Death, Iced Earth, Charred Walls of the Damned, Testament) e Shannon Hamm (guitarra, Death).

A sonoridade está bem menos agressiva e pesada que na sua banda anterior. Podemos considerar o álbum um trabalho de Prog Metal, mas que flerta nos riffs característicos do Death Metal em certos momentos

Além de uma das mais belas e intrigantes capas já feitas, um dos elementos essenciais e que são até mesmo o ponto alto do disco são as letras.

O quinteto responsável por um dos discos mais marcantes do Metal

Como dito, Schunilder enfrentava um câncer. A situação iminente de morte (já que câncer não é totalmente curável), aliado ao interesse pela temática “morte” (afinal, o nome da sua lendária banda é Death), fizeram com que o debut do Control Denied trouxesse reflexões acerca da vida e da morte, de forma bem existencialista e com passagens que remetem ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche (século XIX).

Chuck escreveu em “Expect the Unexpected”:

“E quando a vida parece completa,

Ele vem e nos derruba,

O elemento surpresa

O vingativo ataque!

Por trás de você o colocará,

Em um estado de deja-vu

Aqui vem ele mais uma vez

Mostrando sua terrível face”.



Tamanha genialidade em poucas palavras só poderia vir de alguém que vive na arte da vida e está passando pela morte iminente. Chuck conseguiu, com esse disco, mais do que nunca, criar ordem a partir do caos, já que sua vida desmoronava diante do câncer, mas ao mesmo tempo se descobria humano e potente.


Como forma de celebrar o retorno da banda (para realizar o sonho de Chuck de terminar o segundo álbum) e os 12 anos do trabalho inicial, o disco foi relançado em uma versão tripla.


No primeiro CD, temos o álbum como já o conhecemos. No CD 2 e 3 temos gravações demos das canções do álbum, ora em verso diferenciadas, sem vocais, ou com arranjos distintos, o que deixa claro com que esmero o último trabalho em vida de Chuck foi criado.


A luxuosa edição é o mínimo que essa mente revolucionária do Metal merece. Se ele possui uma consciência após a morte ou não, pouco importa. Afinal, é por aquilo que fez em vida que para sempre será lembrado.


O vocalista Tim Aymar (esquerda) com Chuck Schulnider


Munido de companheiros de grande habilidade e criatividade, Chuck nos brindou com apenas oito faixas, mas que, ao longo dos menos de 45 minutos ao total, nos fazem refletir sobre a morte, a vida, enquanto curtimos riffs empolgadíssimos, vocais singulares, bateria com quebra de ritmos muito longe do clichê e baixo destacado.


Músicas como a já citada “Expect the Unexpected”, “The Fragile Art of Existence”, “When the Link Becomes Missing” e “Consumed” (que abre o disco) fazem da obra algo sem precedentes na história do Metal.

Pesquisando sobre o disco há alguns meses atrás, percebi que, embora um grande trabalho, muitos são os que criticam o disco, sobretudo por este apresentar um som menos pesado e agressivo, voltado ao Metal Progressivo.


Aí me questiono: qual o sentido de Chuck ter montado esse projeto e dado um tempo no Death, se o objetivo fosse fazer um som semelhante? Particularmente respeito muito a sonoridade do Death, mas diante de uma obra-prima como “The Fragile Art of Existence” (perfeita em tudo, nas letras, música, arte, filosofia, etc), fica difícil não adora-lo como o maior e mais completo álbum da carreira do guitarrista, bem como um dos melhores discos da década de 90, entre todos os gêneros.


Como já noticiado, o restante da banda pretende dar continuidade ao trabalho do Control denied, finalizando composições deixadas por Schulnider, encerrando definitivamente e, esperamos, à altura, o valor artístico e revolucionário do Mestre Chuck!


Stay on the Road


Texto: Eduardo “EddieHead” Cadore

Fotos: Divulgação


Ficha Técnica

Banda: Control Denied

Álbum: The Fragile Art of Existence

Ano: 1999 (relançado em 2011)

País: EUA

Tipo: Metal Progressivo/Death


Formação

Chuck Schuldiner (Guitarra)

Tim Aymar (Vocal)
Shannon Hamm (Guitarra)
Steve DiGiorgio (Baixo)
Richard Christy (Bateria)


A nova edição em formato digipak triplo: limitada a 1000 cópias apenas!

Tracklist

1. Consumed
2. Breaking the Broken
3. Expect the Unexpected
4. What if.?
5. When the Link Becomes Missing
6. Believe
7. Cut Down
8. The Fragile Art of Existence


Site em Memória ao guitarrista

http://www.emptywords.org/

Ouça a música “Expect the Unexpected”

http://www.youtube.com/watch?v=anczqsRxgik

Veja o vocalista cantando músicas da banda

“Consumed” http://www.youtube.com/watch?v=_Ch5-GGX1Jw

“Expect the Unexpected” http://www.youtube.com/watch?v=6eKMywQF5xM&feature=fvsr

Saiba mais sobre o relançamento

http://www.metalized.ca/content/controldenied-thefragileartofexistence-3cd-remastereddigipak-2010-amrc

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Para Fechar o Legado de Chuck Schuldiner: Control Denied Volta e Ressuscita a Mente do Death

Uma das maiores mentes da história do Metal, criadora do estilo Death Metal e que infelizmente foi levada daqui pelo câncer, será novamente honrada. Mas não será apenas mais um tributo a Chuck Schuldiner, guitarrista que fez história com o Death e que dedicou seus últimos trabalhos à banda Control Denied. O restante da banda, exatos 9 anos após a morte de Chuck, anunciou que voltará com novo álbum para este ano de 2011!

Tudo bem, você pode até pensar “de que adianta, se Chuck está morto?!”. Concordaria com tal pensamento se não soubesse que o segundo e provavelmente último disco da banda trará composições originais de Chuck! Isso mesmo, 9 anos após sua trágica morte, a lendária mente estará presente nesta última grande homenagem para encerrar seu legado.

Me diga algum nome além de Chuck, Dio, Dimmebag que poderia ter composições suas, nunca antes vistas, ressuscitadas em pleno 2011? Algo sem tamanho para os fãs do músico.

O debut album da banda (precedido apenas por uma demo) foi o simplesmente perfeito e revolucionário “The Fragile Art of Existence” (sobre o qual você conferirá uma resenha especial aqui em breve). Lançado em 1999, o disco foi o último trabalho de Chuck, que viria a falecer dois anos depois, após uma longa luta contra um tumor no cérebro.

Os integrantes remanescentes Tim Aymar (vocal, Pharaoh), Richard Christy (bateria, Death, Iced Earth, Charred Walls of the Damned), Steve DiGiorgio (baixo, Death, Iced Earth, Charred Walls of the Damned, Testament) e Shannon Hamm (guitarra, Death) darão vida ao álbum “When Machine and Man Collide”, ainda este ano.

A banda contou que cerca de 75% do material já havia sido criado por Chuck e que a gravação e o lançamento deste trabalho teria sido um de seus últimos desejos, tendo ele já consciência da tamanha maestria que estava compondo.

O guitarrista havia assinado contrato com a gravadora da época para lançar o álbum. Porém, após sua morte, a família do músico entrou, em 2004, com ação proibindo o lançamento do material (ameaçando disponibilizar gratuitamente na net as versões demo) e que seria chamado “Zero Tolerance”. Entretanto, no mesmo ano, seus parentes voltaram atrás e resolveram “liberar” o material para que o último desejo do artista fosse respeitado, mas desde que a banda terminasse o álbum e que este levasse o nome que fora escolhido pelo guitarrista: “When Machine and Man Collide”.

No entanto, levou alguns anos ainda para que os demais membros pudessem ficar livres para finalizarem e gravarem o novo disco. Segundo entrevistas e comunicados dos integrantes, a hora é essa, embora ainda sem data definida.

Outro fator que serviu para que se pensasse seriamente em gravar o álbum foi a volta do batera Christy à música, já que o cara desde 2004 se dedicava exclusivamente à comédia no famoso programa norte-americano “Howard Stern Show”.

Como os demais integrantes possuem suas bandas (Christy, por exemplo, finalmente toca numa banda em que compõe), provavelmente “When Machine and Man Collide” seja o derradeiro álbum do Control Denied e fechará com chave de ouro a passagem de Chuck Schuldiner pelo planeta Terra.


Stay on the Road

Texto: EddieHead

Revisão do texto: Yuri Simões

Fotos: Divulgação