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sexta-feira, 21 de abril de 2023

Entrevista: Federica "Sister" De Boni (White Skull)



Fundado em Vicenza, Itália, no final dos anos 80, o White Skull tem mais de três décadas dedicadas ao Heavy Metal, lançando onze álbuns de estúdio, sendo o mais recente "Metal Never Rusts" (2022), que foi composto durante o período em trabalhavam em sua biografia, "The Soul of the Skull", tendo suas canções inspiradas na história da banda e no amor ao Metal. (English Version)

Para falar um pouco sobre o livro, o novo álbum e a história do White Skull, conversamos com a vocalista Federica "Sister" De Boni, que apesar de ter ficado fora da banda por um período, esteve junto com o guitarrista e fundador Tony Fontò nos primeiros anos do grupo, gravando grandes discos como "Tales From the North" (99), lançado mundialmente pela Nuclear Blast.
confira abaixo e sinta a "alma da caveira"!



RtM: Olá Federica, obrigado pela gentileza em nos conceder esta entrevista para o Brasil. Vamos começar falando do novo disco, claro, "Metal Never Rusts", que acabou sendo composto durante a pandemia e inspirado no livro sobre a banda que estava sendo escrito. Quero dizer, depois de álbuns falando sobre os povos nórdicos, Roma, Egito, este fala sobre a banda e seu amor pelo Metal.
Federica Sister
: Como você já mencionou, o álbum é inspirado no livro “The Soul of the Skull”, que é a biografia da banda publicada recentemente. Como você pode imaginar, resumimos muitos anos de música e experiências pessoais em cerca de 400 páginas. 

Ao mesmo tempo, o novo álbum estava sendo preparado. Achei que seria perfeito colocar em letras nossa história para complementar o livro e expressar em música nossos sentimentos sobre o que se tornou o condutor de nossas vidas.

No momento, o livro está disponível apenas em italiano, portanto, o álbum permite que todos os nossos fãs conheçam o White Skull e nossa história da maneira que melhor contamos: na música.

Cada música tem vários temas encadeados nela. É assim que eu gosto de escrever minhas músicas. Podemos entrar em mais detalhes mais adiante nesta entrevista.



RtM: Bem, a faixa-título já mostra que o ouvinte terá um ótimo álbum de Heavy Metal para ouvir, e com as marcas do White Skull. Uma trilha épica! Metal nunca enferruja para quem vive o estilo com alma e coração, certo? Foi isso que senti quando ouvi a música. Conte-nos mais sobre a faixa-título.
FS: Metal Never Rusts é uma confissão de coração aberto e ao mesmo tempo a celebração de passar pela vida com a mentalidade de um Metalhead. Eu queria descrever como o Metal é a fonte de energia do dia a dia, o analgésico quando preciso e a pessoa que sou.


RtM: E sobre a arte da capa? Acredito que a guerreira da capa é você, já que o álbum é inspirado na história da banda e você é a vocalista, e quando se fala em White Skull a primeira pessoa que vem na cabeça da grande maioria é você.
FS: Sim, correto. Esta arte foi realmente montada no último minuto com o artista que a criou. Assim que concordamos que minha imagem de guerreira fosse colocada na capa, solicitei que fotos individuais dos membros da minha banda também fossem adicionados ao livreto


RtM: No álbum temos arranjos de voz muito bons, ótimos refrãos, acho que as vozes receberam um cuidado extra neste álbum. Eu acredito que você teve uma de suas melhores performances.
FS: Obrigado Carlos. Desta vez decidi ser direta e talvez menos melódica do que nos álbuns anteriores. Isso está de acordo com a música e o tema geral do álbum. Trouxemos de volta alguns dos grandes refrãos que usamos em "Tales from the North" e "Public Glory, Secret Agony" porém, desta vez a voz principal mantém sua identidade e definição.

Estou feliz com o resultado geral dos arranjos de voz, embora, quando ouço o álbum, sempre possa pensar em outra coisa que poderia ter gravado. Mas acho que isso é coisa de todo músico.


RtM: E sobre o livro? Já existem contatos para lançamentos em outros países?
FS: Neste momento estará disponível em inglês. Uma tradução profissional exigiria bastante orçamento e tempo que atualmente não temos.



RtM: Falando um pouco sobre as músicas, "Pay to Play" imagino que vocês já passaram e também conhecem bandas que passaram por situações onde oportunidades foram oferecidas, mas com um custo. A citação do tema principal do filme “O Poderoso Chefão” acho que mostra o que você pensa sobre essas situações.
FS: Como você notou, as letras são bem diretas e descrevem claramente qual seria a situação típica. A condenação também é muito clara. As bandas deveriam subir no palco por mérito, mas simplesmente não é assim que funciona o show business (antes conhecido como music business). Então bandas vamos apenas escrever músicas e tomar cuidado com os lobos lá fora.


RtM: "Skull on The Closet" é um Heavy Metal muito legal, rápido, com melodia e ótimos coros. Conte-nos um pouco mais sobre isso, e se às vezes é realmente melhor deixar os esqueletos no armário?
FS: "Skull in the Closet" tem vários tópicos relacionados à letra. A primeira é a CONFIANÇA. Nossa banda passou por vários desafios ao longo dos anos e a confiança desempenha um grande papel no relacionamento entre os membros. O segundo é SEGREDOS: quem não tem um? E deve ser conhecido e por quem? Novamente, às vezes os segredos devem ficar no armário!

Terceiro é CONSPIRAÇÃO por terceiros. Na verdade, esta é uma história que não incluímos no livro, mas me diverti escrevendo a história em vídeo com ela em mente. Eu também adicionei o conceito de ETERNIDADE. No vídeo, os membros da banda são roubados do mundo dos vivos para ficarem presos para sempre neste armário paranormal… para sempre!!!!


RtM: Temos um momento de mais calma com "Weathering The Storm", que pensei ser Chris Boltendahl como convidado no dueto vocal quando a ouvi pela primeira vez. Conte-nos sobre essa música e sobre o dueto.
FS: Na verdade, Chris está  cantando em dueto somente em "Scary Quiet". Em "Weathering the Storm", eu canto com Tony, Valentino e Jo. A música descreve o vínculo entre os membros da banda.



RtM: Uma das minhas favoritas é "Scary Quiet", com seu riff e refrão marcantes, incluindo coros grandiosos. Conte-nos mais sobre ela e o tema da letra.
FS: "Scary Quiet" é sobre a Pandemia e o "silêncio" que se seguiu. Enjaulados dentro das paredes de nossas casas, sentíamos falta de nossa música alta e poderosa.

Enquanto mixava o álbum Chris Boltendahl se ofereceu para participar de uma música e ele escolheu essa. Estamos muito gratos pela amizade de Chris e pela co-produção deste álbum.


RtM: Sobre a parceria com o Boltendahl, ela vem de longa data, com ele produzindo "Tales from The North", e também influenciou no fechamento do contrato com a gravadora ROAR! Conte-nos mais sobre essas parcerias, com a Boltendahl, e esta mais recente com a ROAR! que acredito ter sido muito positivo, com boa divulgação, produção de vídeos muito bacanas.
FS: Na verdade, Tony manteve um contato próximo com Chris ao longo dos anos. Ultimamente isso levou ao contrato com a gravadora ROAR. Procurávamos muito um selo com presença internacional e estamos muito satisfeitos por ver como continua a crescer e a recrutar excelentes bandas.


RtM: Conheci a banda através do álbum "Tales from The North", e ele e "Public Glory, Secret Agony" acredito que foram os trabalhos que levaram o White Skull a outro patamar e a um público maior. Conte-nos um pouco sobre a importância desses dois álbuns para você.
FS: "Tales from the North" (99) nos trouxe a Nuclear Blast. Naquela época, este era o Olimpo do Metal.
Com tamanha visibilidade nossa banda ficou conhecida em vários países. 

Logo depois lançamos "Public Glory Secret Agony" (00), mas dessa vez pelo selo do Udo Dirkschneider. Esses foram de fato os anos em que o White Skull atingiu o maior sucesso.


RtM: Acredito que esse período foi bastante marcante para você em termos de reconhecimento, oportunidades de shows e festivais. Conte-nos sobre esse período e quais fatos você considera mais marcantes.
FS: Estávamos constantemente ensaiando, tocando e escrevendo novas músicas. Fizemos turnês com o Grave Digger e participamos de grandes festivais. Não durou muito para mim, pois decidi sair logo após o lançamento do PGSA. Na verdade, a banda aproveitou o sucesso desses álbuns por um bom tempo. Bem, para dizer a verdade, acho que o White Skull ainda é reconhecido e comparado a esses álbuns até hoje.



RtM: Você teve que se separar do White Skull em 2000, deve ter sido difícil deixar a banda, numa época em que vinha de dois álbuns muito elogiados. A banda continuou, mas muitos fãs sentiram falta de sua voz e presença a frente do White Skull.
FS: Chegou a um ponto em que eu não conseguia acompanhar tudo. Trabalho, família e banda. Todas essas coisas me exigiam demais. Tínhamos dois ótimos álbuns, mas os resultados não corresponderam às minhas expectativas ou onde eu gostaria de ter chegado. 

Alguns desentendimentos com a banda criaram certa distância entre nós e ajudaram na minha decisão. Eu gostei da voz de Gus e do estilo dele cantar, mas eu entendo o sentimento de um fã.


RtM: Como foi a vida nos EUA, você morou na Geórgia, não é? Foi difícil se adaptar? Quais as coisas que você mais sentiu falta?
FS: Sim, morei na Geórgia, EUA, por quase sete anos. A vida era diferente, mas boa. Mas não há muita cena Heavy Metal! Eu morava no sul do país com muito espaço ao meu redor. Eu amava a natureza, mas a longo prazo eu realmente senti a solidão e sentia falta de escrever música.


RtM: Alguns anos depois você voltou para a Itália e para a banda. Conte-nos como foi essa retomada, e sobre a composição do álbum "Under This Flag". Acho que com a parceria de anos com Tony Fontò, deve ter fluido naturalmente o seu retorno às atividades com a Banda.
FS: Eu estava planejando meu retorno à Itália quando recebi um e-mail informando que o vocalista do White Skull os havia deixado. A banda estava procurando por um novo vocalista e levaria muitos meses até que eu realmente voltasse para a Itália.

Tony e eu conversamos e descobrimos uma maneira de trabalhar no novo álbum à distância. Então escrevemos as músicas e as letras de "Under this Flag". Ao retornar, estávamos prontos para gravar e eu estava de volta ao microfone.



RtM: Como foi o retorno aos palcos? Durante o período nos EUA, você conseguiu fazer algo relacionado à música?
FS: Enquanto estava nos Estados Unidos, não tive nenhum projeto musical. Depois de dez anos, pensei que seria difícil estar no palco, mas não foi tão ruim quanto pensei. Com certeza eu precisei praticar para ter minha voz de volta a forma. Esses gritos não são tão fáceis quanto parecem (risos).


RtM: E falando mais sobre suas preferências pessoais, conte-nos como foi seu início na música, quem foram suas principais influências e incentivadores. Como foi sua primeira experiência com uma banda e no palco?
FS: Comecei a tocar em uma banda quando tinha quinze anos. Tocávamos covers e escrevemos algumas músicas próprias. Meus primeiros ídolos foram Blackie Lawless, Alice Cooper, Ronnie James Dio e Dee Snider.

O palco é sempre assustador. Bem, pelo menos a primeira música é, até a adrenalina começar a bater. Fiz meu primeiro show na frente do pessoal da minha cidade. Muitos amigos lá e, na verdade, foi quando um membro do White Skull me viu e mais tarde me pediu para fazer um teste com eles.


RtM: Além do Metal, existe algum outro estilo musical que você goste de ouvir? Algumas músicas e artistas que podem surpreender-nos?
FS: Eu tenho um amplo espectro de preferências musicais. Vai do Black Metal ao Metal Industrial. De Michael Jackson a Andrea Bocelli. Mas no fundo eu aprecio grandes vozes e boas canções.
A música não deve ser objeto de preconceito
.



RtM: Federica, obrigado pela entrevista, mais uma vez parabéns pelo álbum, esperamos te ver na estrada!
FS: Obrigado a todos pela boa conversa e aproveitem nosso novo álbum "Metal never Rusts"!

Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: White Skull archives


White Skull is:
Federica "Sister" De Boni - Vocals
Tony "Mad" Fontò - Guitars

Valentino Francavilla – Lead Guitar

Alexandros Muscio – Keyboards

Jo Raddi – Bass

Alex Mantiero – Drums


White Skull Linktree





sábado, 11 de março de 2023

White Skull: Renovado e Autobiográfico

 


Fundado em 1988, a banda italiana White Skull tem em sua dupla central Tony Fontò e Federica De Boni a sua grande força motriz, com o grupo tendo excelente repercussão com seus terceiro e quarto álbuns, "Tales From The North" e "Público Glory, Secret Agony", lançados em 1999 e 2000 respectivamente.

Por questões pessoais Federica teve que mudar-se para os EUA em 2001, deixando o WS, que seguiu lançando bons álbuns, tendo nesse período de 2001 até final de 2010 o Argentino Gus Gabarrò (2001 a 2007) e a italiana Elisa de Palma (2007 a 2010) nos vocais.

Apesar dos bons trabalhos sem Federica, com ela parece que a energia é outra, e o White Skull lançou 3 álbuns desde seu retorno, tendo um hiato relativamente grande entre os muito bons "Under This Flag" (2012) e "Will of The Strong" (2017). 

O terceiro álbum após o retorno de Federica foi lançado ano passado, "Metal Never Rusts",o primeiro pelo selo ROAR. O disco foi sendo concebido durante o período em que a banda estava trabalhando no livro sobre a sua história, o que inspirou-lhes a compor as músicas.

Portanto, após álbuns conceituais falando sobre os vikings, império romano, santa inquisição e outras lendas e fatos históricos, "Metal Never Rusts" tem como conceito a história da banda e devoção pelo Metal, e o título é muito adequado, demonstrando esse amor que eles possuem pelo Heavy Metal.

Na capa uma bela homenagem a frontwoman da banda, trazendo-a personificada como uma shield-maiden, afinal é uma guerreira do Metal e a figura central do White Skull, pois sem a voz dela a banda perde muita identidade.

"Metal Never Rusts" traz uma banda com energia renovada, e coloco o álbum logo abaixo dos seus dois melhores discos, o "Tales..." e o "Públic Glory...". A sonoridade traz as características que mais agradam aos fãs do grupo, e acredito que também agrade aos aficionados pelo Heavy Metal naquele estilo dos álbuns mais épicos do Grave Digger, por exemplo 

Liderado pela voz marcante, por vezes áspera, mas que também sabe andar por caminhos mais limpos, e cheia de energia de Federica, o White Skull nos apresenta um Heavy Metal com nuances épicas e sinfônicas e doses de Power Metal, tendo um uso bem dosado dos teclados, que neste álbum aparecem bem mais, e claro, o que não pode faltar num disco de Metal, um bom trabalho das guitarras, com riffs marcantes e bons solos, tendo boas doses de virtuose quando necessário. 

Nota-se o cuidado de ter riffs, melodias e refrãos marcantes, além de corais de vozes que dão aquele ar épico em várias passagens, juntamente com as melodias do teclado, que em alguns momentos traz uma característica mais sinfônica. 

Como ressaltei antes, "Metal Never Rusts" me remeteu aos melhores álbuns da banda, com um Metal que dosa muito bem velocidade, melodia e trechos épicos, com aqueles refrãos que ficam na mente. Bom, e a letra, assim como em todo o álbum, é de declarações de amor ao Metal, e de situações que a banda passou nesses anos de estrada. E o que Federica prega nesta letra é a pura verdade, quando tudo está uma porcaria, basta apertar o play e colocar um bom heavy metal pra rodar que a mente alivia.

"Skull in The Closet" é veloz, com os teclados aparecendo bastante e trazendo um ar bem sinfônico; "Black Ship", alterna peso e melodia entre passagens mais velozes e outras mais cadenciadas, com nuances épicas e medievais, e um refrão bem melódico e com aqueles coros de vozes, estilo Accept.

"Pay to Play" é um Metal direto e que dá uma cutucada num fato corriqueiro, que muitas bandas iniciantes ou que buscam se colocar melhor no cenário, se deparam, que é ter de pagar pra tocar abrindo algum show ou tour de bandas maiores. Tem até uma citação ao tema principal de "O Poderoso Chefão".

"Scary Quiet", alternando velocidade e melodia, traz a participação de Chris Boltendahl, que se tornou um grande parceiro da banda, inclusive produzindo e participando do "Tales From The North". Aqui ele e Federicam bradam que a vida no Metal é sempre alta e nos faz sentir completos. E fechando, a balada pesada e épica "Weathering The Storm".

O autobiográfico "Metal Never Rusts" traz o White Skull em uma excelente forma, tendo como leve diferença uma presença maior dos teclados, e traz ótimos momentos em um álbum carregado de energia metálica, com muito bom trabalho nos riffs e refrãos, e claro, e os vocais marcantes de Federica, que trazem muito do estilo de Boltendahl. Particularmente, amei o álbum, tendo o colocado na minha lista de melhores de 2022.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação e arquivo da banda

Banda: White Skull
Álbum: "Metal Never Rusts" (2022)
Estilo: Heavy Metal, Epic Metal, Power Metal
País: Itália
Selo: Rock of Angels Records

Tracklist

"Hammer On Thin Ice”

“Metal Never Rusts”

“Skull In The Closet”

“Black Ship”

“Heavily Mental”

“Scary Quiet”

“Ad Maiora Semper”

“Jingle Hell”

“Pay To Play”

“Weathering The Storm” 


White Skull é:

Federica Sister De Boni – Vocals

Tony Mad Fontò – Rhythm Guitar

Valentino Francavilla – Lead Guitar

Alexandros Muscio – Keyboards

Jo Raddi – Bass

Alex Mantiero – Drums


Convidados no Álbum:

Chris Boltendahl (Grave Digger) – Special Guest vocal em “Scary Quiet”

Marzia Fontana, Francesca Battistini, Irene Trinca, Fabio Simonato, Rossano “Ross” Casarin, Dario Cisotto, Edoardo “Dodo” Fusaro (background vocals)











segunda-feira, 27 de julho de 2020

Entrevista: Secret Rule - "Continuamos a Fazer Música, Como Sempre Fizemos"


O Secret Rule foi fundado na Itália, em 2013, e faz um Metal moderno, mixando riffs pesados e melódicos, incursões de elementos sinfônicos e eletrônicos, aliados aos vocais de Angela Di Vicenzo, construíram uma identidade musical forte.   (English Version)

A banda também possui um planejamento bem elaborado, que a permite lançar praticamente um álbum por ano, apesar de todas as dificuldades do mercado atual, e início desta ano lançou "Against", via Pride & Joy Music.

A pandemia mundial, em que a área de shows e entretenimento foi bastante afetada, modificou um pouco e postergou alguns planos. Mas o Secret Rule não parou, e nesse tempo de isolamento e quarentena, seguiram planejando e divulgando seu trabalho, inclusive até lançando mais um álbum! "Quarantine Sessions - The Other Side of Us", com versões de músicas de artistas que os integrantes gostam.

Conversamos com Angela Di Vicenzo, que nos contou um pouco mais sobre os novos álbuns, a maneira que a banda trabalha, cuidando de vários detalhes além da composição e produção, como mídias sociais, agendamentos de shows e etc, comentou também sobre o mercado musical, e claro, como foi ou está sendo esse período de pandemia na Itália, país que foi bastante atingido, tendo sido necessário medidas como um Lock Down. Confira a seguir:


RtM: Falando sobre o trabalho mais recente, "Against", a cada álbum a banda mostra novidades. Para você, quais são as principais mudanças em "Against"? Pessoalmente, senti que há mais peso nas músicas, os teclados também estão mais presentes.
Angela: Oi Carlos, sim, "Against" é a evolução natural do nosso som. Certamente, é um pouco mais pesado e agressivo e há mais sons industriais nele. A verdadeira novidade é que cuidamos de toda a produção deste CD por nós mesmos. Pensamos, escrevemos, gravamos, mixamos e masterizamos tudo nós mesmos. Criamos os gráficos, preparamos as fotos, cada detalhe foi tratado por nós. Foi um grande desafio, mas agora estamos totalmente satisfeitos com isso.

"Achamos limitante quando nos descrevem como Metal Sinfônico"
RtM: O primeiro single foi "Purgatory", que também ganhou um vídeo. Comente mais sobre essa música e por que vocês a escolheram para o primeiro single?
Angela: Queríamos algo diferente. Muitas vezes, nos últimos anos, as pessoas que descrevem nosso som nos descrevem como metal sinfônico. Achamos um pouco limitante, certamente há muitas atmosferas sinfônicas em nossa música, mas não apenas essas. O riffing é mais agressivo e totalmente diferente das bandas sinfônicas, usamos muitos loops eletrônicos e sons industriais ... estes não é exatamente o que você encontra na música sinfônica. Então, o "Purgatory" foi a música certa para marcar que algo havia mudado. Esta mensagem foi principalmente para outras pessoas, não para nós ... porque continuamos a fazer música como sempre fizemos.


RtM: Duas das minhas favoritas no álbum são "Against" e "Deep Solitude", que tem belas melodias e um refrão cativante. Eu gostaria que você nos contasse um pouco mais sobre eles e a inspiração para as letras.
Angela: "Against" também é uma das minhas favoritas. O novo álbum começou a partir dessa música e conceito, na verdade, também é o título do álbum. Eu sofro com este mundo, esta sociedade. Não consigo entender como é possível ver tanta violência, racismo e injustiça e como tudo é sempre guiado por dinheiro e poder. Voltando à questão da manipulação da sociedade, tudo é filtrado por todas as formas de mídia e, pior ainda, pelas redes sociais. Então essa música é o meu grito, convidando as pessoas a serem mais fortes, para que possam encarar essa vida todos os dias e lutar pela liberdade.

"Deep Solitude", é sobre a dificuldade que temos em entender nossos sentimentos. Por isso, muitas vezes acabamos machucando as pessoas que mais amamos. Nós somos complicados. Muitas vezes caímos em nossa solidão, incompreendidos, incapazes de formar e manter relacionamentos, mas nosso silêncio é o grito mais alto quando precisamos pedir atenção.

RtM: A mudança de selo parece ter aberto novas portas, a banda tendo um tratamento melhor, vários vídeos, lançando álbuns regularmente, até tivemos uma edição limitada especial de "Against". Eu gostaria que você comentasse sobre isso e a viabilidade das bandas continuarem lançando novos álbuns, porque elas nem sempre têm retorno quando se autofinanciam ou não têm o apoio adequado de uma gravadora.
Angela: Hoje, se você quer ser músico, tem que vir de uma família rica! (risos)
Essa é a realidade das coisas. Tudo o que fazemos, fazemos sozinhos. Como eu disse, cuidamos de tudo e pagamos por tudo. Os selos hoje oferecem pouca ajuda para distribuição, nada mais.

Por exemplo, a promoção nos webzines e revistas não é tão importante hoje em dia, porque na maioria das situações, os escritores são jovens que trabalham de graça ou com pouco dinheiro, sem formação musical, sem cultura musical e seu álbum termina sendo analisado por pessoas com dezoito anos e que, em um bom número de casos, ouvem um gênero musical diferente do que você toca. Felizmente, também existem escritores profissionais, mas ficou difícil para eles também trabalharem. 

Hoje, uma banda antes de ser uma banda deve ser um gerente de mídia social especialista, um gerente de música especialista, um promotor especialista e um booker, então você pode ser um músico. O mundo está indo nessa direção e aqueles que não estão preparados para isso terão uma vida difícil.

"Hoje, uma banda antes de ser uma banda deve ser um gerente de mídia social especialista, um gerente de música especialista, um promotor especialista e um booker..."
RtM: É uma realidade totalmente diferente daquele tempo em que gravadoras investiam muito dinheiro.
Angela: Nós fazemos um álbum por ano porque queremos fazer isso. Com ou sem gravadora. Nos últimos anos, encontramos uma boa pessoa como a proprietária da Pride & Joy Music, ela é uma das poucas pessoas corretas nesse mercado de música, certamente é muito importante ... mas só com isso, você não pode sobreviver neste mundo. Não é o suficiente.

Planejamos nossa atividade ano após ano ... sabemos exatamente o que faremos nos próximos 12 meses. Esse é o nosso segredo. Planejamento, programação, trabalhando duro todos os dias, a cada hora.

RtM: Vocês lançaram recentemente o álbum "Quarantine Sessions - The Other Side of Us", com versões de músicas de artistas que você gosta. Conte-nos um pouco sobre como surgiu a idéia e como foi o processo de gravação.
Angela: Durante a quarentena, planejamos lançar alguns vídeos com alguns covers. Quando lançamos a cover do Ozzy ("Gets me Through") e "The Bitter End" do Placebo, recebemos muitos pedidos de nossos fãs que nos pediram para lançar um álbum inteiro de covers. Por isso, pensávamos que só o faríamos se conseguíssemos em duas semanas ... antes que a quarentena terminasse, caso contrário, não faria sentido.

Então, escolhemos as outras músicas e começamos a trabalhar imediatamente na produção ... e em duas semanas estávamos prontos para lançar o álbum. Foi auto-produzido e auto-lançado. Sobre a produção, foi bastante fácil para nós, porque cada um de nós tem seu próprio estúdio e no final das sessões o Andy mixou e masterizou tudo. Então, tudo foi muito divertido.

RtM: E nesse álbum, quais músicas você mais curtiu cantar e por quê?
Angela: É difícil escolher, porque todas as músicas são muito diferentes. Certamente eu gosto de "Not Afraid" porque gosto de sua energia e foi um desafio para mim cantá-la. Eu não sou uma rapper! (risos) Eu amo "Back to Black" porque amo muito essa música! "I Think I'm Paranoid" é tão enérgica e rock, como "The Bitter End" também! "The Swan Song" porque eu amo a voz de Sharon (Within Temptation), e me diverti cantando essa música com uma abordagem diferente em relação à versão original. Mas no final, eu gosto de todas as músicas!

"Lançamos alguns vídeos de covers na quarentena, e os fãs começaram a pedir mais, então fizemos um álbum inteiro."
RtM: Bem, é impossível não perguntar como você se sente ao passar por esse "clima de guerra" na Itália. Conte-nos um pouco sobre como foram esses dias e a rotina por aí.
Angela: Não diria um clima de guerra, há muito silêncio. Todo mundo está vivendo sua vida trancado em casa, com sua família, passando o tempo com todas as coisas que não tiveram tempo de fazer durante a vida cotidiana. Eu fiz o mesmo. Estou passando mais tempo com meus gatos Posi & Nega, comecei a cozinhar muitos bolos diferentes e trabalhei muito mais na Secret Rule.

Não sei se esse vírus foi criado ou se realmente foi um acidente, nem é difícil acreditar em nenhuma explicação. Mas esse foi outro grande desafio que a humanidade foi chamada a enfrentar. Houve pessoas estúpidas (vi pessoas cuspirem em outras para aterrorizá-las, ameaçando infecções e ameaçando aquelas que não queriam seguir todas as regras), mas também muita solidariedade e, certamente, quero ver o lado positivo da situação. A pandemia, aquela que levou as pessoas a cuidar de si mesmas. Neste momento, estamos voltando à normalidade e esperamos retornar completamente à normalidade para sempre.

RtM: E o que você fez para passar o tempo, para manter a sanidade física e mental?
Angela: Eu me sinto bem em casa. Eu assisti filmes, brinquei com meus gatos e trabalhei com a banda em novas estratégias. Como sempre temos pressa, aproveitamos todo esse tempo para planejar os próximos passos da melhor maneira possível. Comecei a me exercitar todos os dias para me manter em forma e me sinto muito melhor!

RtM: E como você vê a situação de bandas e músicos em geral agora com essa parada, sem fazer shows. E acho que ainda não há perspectiva de retorno nos próximos meses.
Angela: Certamente é um momento difícil. Para nós, é difícil porque perdemos o palco e o contato com nossos fãs. A troca de energia é o melhor lado de ser músico. Tivemos que adiar nossas turnês e esperamos poder fazê-las em setembro e dezembro. No início da pandemia, eu vi muitas bandas expressando suas dificuldades financeiras, mas depois de um tempo, todas começaram a transmitir shows e encontraram outras maneiras de se conectar com seus fãs.

A chance de encontrar outra maneira de se expressar também se mostrou uma forma de arte, seja streaming de shows, atividades on-line, inventando um novo emprego etc.). Como em qualquer mercado e empresa, uma banda precisa aceitar o risco do negócio e encontrar outras maneiras de sobreviver. Eu acho que é normal.

RtM: Você assistiu muitos filmes e séries durante a quarentena? Qual você recomenda?
Angela: Eu me apaixonei por "La casa de Papel", é claro, e "Vis a Vis", que eu assisti durante toda a pandemia. Gostei muito da atriz "Najwa Nimri" presente nas duas séries. Então eu assisti "Glitch", mas acho que é apenas para certas pessoas. Enfim, gostei. Então, se você não viu "Vis a Vis", comece logo! (risos)
"A Pandemia é um momento difícil para nós músicos... perdemos o palco e a troca de energia com nossos fãs."
RtM: Hahaha, ok, eu vi alguns episódios, mas prometo que vou retomar. Você assistiu o filme "Rocket Man"? Um momento muito legal é quando Wilson diz ao jovem Elton John que "você precisa matar a pessoa em que nasceu para se tornar a pessoa que deseja ser". o que você pensa a respeito? O que a música mudou em você?
Angela: Uau! Isso é verdade! Quando comecei a cantar, por volta dos quinze anos, lembro-me de que era muuuuito tímida. Antes de subir ao palco, eu tinha que correr para o banheiro ... às vezes eu também vomitava antes. No palco, eu ficava quase bloqueada. Mas eu queria ser diferente porque adorava cantar. Então, dia após dia, eu tive que matar meus "limites" e me forçar a vencer minha timidez, meus medos. Quando olhava para grandes cantoras como Cristina Scabbia ou Sharon Den Adel, ficava muito encantada com sua naturalidade e espontaneidade. Foi um processo longo e eu sempre continuo trabalhando isso.

RtM: Obrigado pela entrevista, sempre um prazer falar com você. Tome cuidado e espero que em breve superemos essa pandemia e que boas coisas virão depois de tudo isso.
Angela: Obrigada Carlos, é o mesmo para mim. Obrigado por este espaço e a todos os leitores que nos apoiam.

Entrevista: Carlos Garcia

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