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quinta-feira, 17 de abril de 2025

Cobertura de Show: 13 Fest – Grunge is Dead, Psicodosy, Treze Black e Praga – 05/04/2024 – Tequila Bar, Caçapava do Sul/RS

 


Na sexta-feira, 5 de abril, Caçapava do Sul foi palco de mais uma edição do 13 Fest. O Tequila Bar recebeu um bom público, mostrando que, mesmo no corre diário, o underground do interior ainda tem sangue correndo. 

Organizado pela Treze Black, banda da cidade, o festival trouxe mais uma vez a mistura de música pesada, arte independente, tatuagem, piercings e merchandise, tudo feito no esquema DIY, sem patrocínio grande, só na força que o underground sabe.

Quem abriu a noite foi a Grunge is Dead, tributo ao grunge dos anos 90. Tocando clássicos como "Breed", "Come As You Are" e "Black Hole Sun", a banda conseguiu trazer o público para perto logo no começo. Muita gente cantava junto, aumentando o clima da casa já nas primeiras músicas.

Grunge is Dead

Na sequência veio a Psicodosy, de Santa Maria. A banda mandou um metal progressivo, mas sem deixar o peso de lado, com sons como "Depois do Limbo", "Manipulação" e "Ninguém Vai Nos Salvar", que fizeram o pessoal prestar atenção. O que podia ter virado aquele momento morno entre bandas acabou surpreendendo, tendo até roda rolando em algumas músicas mais agressivas.

Psicodosy

Quando a Treze Black subiu no palco, o 13 Fest virou de vez. A banda que mistura metalcore com nu metal não deu tempo pra respirar: riffs afiados em músicas como "Submerso", "Antivírus" e "Efeito/Caos" (música inédita, apresentada em primeira mão no Fest), vocais absurdos e aquela energia que a gente sabe. 

A resposta do público foi como sempre é com a Treze Black, com moshpit começando já nas primeiras músicas. Diandro Dymme, que iniciou usando uma máscara,  comandava o público, com muito domínio do seu espaço, não deixando que o pique caísse em momento algum. 

A formação atual, já estabilizada há algum tempo, mostra um entrosamento invejável. 



Treze Black 

A banda também aproveitou para mostrar em primeira mão novos sons, como a já citada ", Efeito/Caos" e "Mal Natural". O pessoal conhecia as letras, cantava junto e dava para sentir que muita gente ali acompanha a banda faz tempo. Ainda teve participação especial do vocalista Pedro, do Präga, em um dueto com Diandro.



Fechando a noite, a Präga entrou destruindo tudo. Hardcore rápido, sujo e direto, daquele tipo que não pede licença. Tocando pedradas como "Submissão", "Nova Ordem" e "Sem Anistia", a banda trouxe o discurso político pra dentro do pit. 

"Sem Anistia", música que manda a real sobre a tentativa de anistiar os crimes do governo Bolsonaro, virou grito coletivo em meio do caos. 

Präga

Quem já estava cansado ganhou gás e o pit voltou a abrir, com gente se empurrando até a última nota. A Praga entregou uma apresentação absurda que fechou a noite com a intensidade que o 13 Fest merecia.

O mosh não poderia faltar.

Entre uma apresentação e outra, o som ficava responsável pelas DJ’s Hammer e Spitz, que tocaram desde o emo até o metal extremo. E não vamos esquecer que enquanto tudo isso rolava, tinha um pessoal se tatuando, aplicando piercings e visitando as exposições presentes no evento. 

Foi um evento bem sucedido e plenamente aprovado pelo público, e que com certeza acontecerá mais vezes.



O Fest contou com vários expositores 

No final, ficou claro: o 13 Fest não é um grande festival cheio de estrutura, mas é verdadeiro. É feito pra quem realmente vive e apoia o underground, seja no palco, no pit ou atrás de uma banca vendendo arte independente.

Texto: Mellissa Freitas 
Edição/revisão: Caco Garcia 
Fotos: Mellissa Freitas e Fotos Oficiais do Evento

Instagram das Bandas:


Confira vídeo oficial Aqui

Setlist Grunge is Dead

1 - Breed
2 - In Bloom
3 - Aneurysm
4- Drain You
5- Floyd The Barber
6- School
7- Come as you are
8 - Would
9- Junkhead
10- We Die Young
11- Then Bones
12 - Hunger Strike
13 - Black Hole Sun


Setlist Psicodosy:

1. Depois Do Limbo 
2. Sujando Minhas Mãos
3. Enquanto Existir
4. Meus Demônios
5. Mesmo Nas Sombras 
6. Manipulação
7. Uma Dose
8. Meus Demônios 2
9. Ninguém Vai Nos Salvar


Setlist Treze Black

1- intro 13613
2- homicídio solar
3- sentidos
4- alma órfã
5- passos cegos
6- o mal natural
7- efeito/caos
8 - s.o.n.o
9- submerso
10- antivírus 
11- blind
12- psychosocial


Setlist Präga:

1- Submissão
2- Quem vai lembrar
3- Enxame de vermes
4 - Juízo final
5- Humanidade
6- Em nome do sofrimento 
8- Anseios de Libertação 
9- Nova ordem
10 - Sem anistia



segunda-feira, 14 de abril de 2025

Cobertura de Show: The Amity Affliction – 06/04/2025 – Carioca Club/SP

The Amity Affliction apresenta show enérgico em única apresentação no Brasil

Australianos trás show recheado de hits e emoção para fãs brasileiros.

A banda australiana The Amity Affliction fez sua segunda, rápida e porém marcante passagem por São Paulo no domingo, 6 de abril de 2025. Com um setlist já conhecido dos fãs brasileiros, o grupo não economizou na entrega e realizou um show memorável no Carioca Club.

Sem banda de abertura, o público se concentrou em peso na casa, aguardando com ansiedade o início da apresentação, que começou pontualmente às 20h, conforme prometido. O local estava lotado, com a grade disputada e uma plateia fervorosa — foi esse o cenário que Joel Birch (vocal), Dan Brown (guitarra), Joe Longobardi (bateria) e Johnathan Reeves (baixo) encontraram ao subir no palco. Logo no início, o vocalista recebeu e posicionou no palco uma bandeira do Brasil com o nome da banda, preparada pelos fãs — um gesto que já demonstrava o carinho mútuo entre artista e plateia.

A abertura ficou por conta de “Pittsburgh” (Let the Ocean Take Me, 2014), o hino mais conhecido da banda, que incendiou a casa e deu o tom da noite. Na sequência, “Drag the Lake” (Misery, 2018) emocionou e fez o público cantar em uníssono. Desde os primeiros acordes, dava pra sentir que aquela noite seria especial.

A conexão entre banda e público foi intensa: cartazes, sorrisos, olhares e gestos de carinho dominaram o ambiente, suavizando a atmosfera pesada das guitarras e dos vocais guturais. Joel, sempre atento, interagia com os fãs o tempo todo e, entre uma música e outra, pedia para abrirem espaço para o mosh, que era atendido de imediato, com a pista se abrindo como um mar em meio ao caos.

Clássicos como “Chasing Ghosts” (Chasing Ghosts, 2012) agitaram ainda mais a plateia, e um dos pontos altos da apresentação foi a execução da nova “All That I Remember”, que mostra que a banda segue firme, evoluindo sem perder a carga emocional característica das suas melodias. “Death’s Hand” (Let the Ocean Take Me, 2014) foi entoada como um verdadeiro hino, com o público — em sua maioria jovem — matando a saudade da banda, que havia se apresentado no Brasil pela primeira vez em 2017.

Já às 21h05, o show se encaminhava para o fim. No encore, a banda voltou ao palco com “Soak Me in Bleach”, encerrando com chave de ouro sua passagem pelo país. Joel agradeceu ao público em português, em mais um momento de afeto genuíno, e deixou claro o quanto a banda valoriza os fãs brasileiros. Ao fim da apresentação, enquanto tocava “Girls Just Want to Have Fun”, de Cyndi Lauper, os integrantes ainda interagiram com o pessoal próximo à grade, dando atenção e sorrisos — o tipo de detalhe que fica na memória de quem esteve lá.

Foi uma noite incrível. Tomara que voltem logo!


Texto & Fotos: Raíssa Campos 

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: GIG Music

Press: Tedesco Comunicação & Mídia


The Amity Affliction – setlist: 

Pittsburgh

Drag the Lake

The Weigh Down

Like Love

Don't Lean on Me

Open Letter

All My Friends Are Dead

Chasing Ghosts

All That I Remember

Death's Hand

I See Dead People

My Father's Son

It's Hell Down Here

Give It All

Bis 

Soak Me in Bleach

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Cobertura de Show: Slaughter To Prevail – 29/03/2025 – VIP Station/SP

A estreia da banda russa Slaughter To Prevail no Brasil foi nada menos que apoteótica. Em uma noite marcada por brutalidade sonora e energia insana, o grupo liderado pelo carismático vocalista Alex Terrible incendiou o palco da VIP Station, em São Paulo, diante de uma casa completamente lotada. O evento, realizado em 29 de março de 2025, representou não apenas um marco para os fãs brasileiros de metal extremo, mas também um capítulo importante na trajetória da banda, que há anos era aguardada com ansiedade no país. O evento ainda contou com a participação dos brasileiros do Axty.

A noite foi aberta com um show eletrizante da banda brasileira Axty, que soube aquecer o público com maestria. Iniciando com a pesada "Take Me Down", a banda logo mostrou seu poderoso e moderno metalcore, fazendo com que a plateia se entregasse ao seu som. "Fragile" trouxe uma dinâmica diferente, com momentos melodias vocais mais leves que contrastavam com a agressividade das guitarras, preparando o terreno para a explosão de "Fade Away", que levou os fãs ao delírio. O clímax do set veio com "You'll Find Me", quando Axty incitou o público a formar um wall of death, transformando a pista em um verdadeiro campo de batalha. Encerrando com "Six Feet Under", a banda deixou o palco com a certeza de que havia preparado o terreno para a brutalidade que viria a seguir e demonstrando ser um nome promissor do estilo. 




Formada em 2014, o Slaughter To Prevail rapidamente ganhou notoriedade na cena extrema com sua sonoridade agressiva, breakdowns avassaladores e a impressionante capacidade vocal de Alex, cujos guturais se tornaram febre nas redes sociais. Acompanhado por Jack Simmons e Dmitry "Dima" Mamodov nas guitarras, Mikhail "Mike" Petrov no baixo e Evgeny Nokilav na bateria, os russos entregaram tudo o que o público esperava em uma apresentação memorável.

A introdução foi uma música eletrônica que parecia não ter fim. Foram quase 10 minutos até que, finalmente, o show começou. O público gritava por Alex. A banda subiu ao palco e o guitarrista Jack Simmons surgiu erguendo a bandeira do Brasil. Iniciaram com "Bonebreaker", e o nome da faixa não poderia ser mais apropriado para a abertura. As luzes vermelhas e o som ensurdecedor já anunciaram o que estava por vir. O público, tomado de euforia, abriu rodas desde o primeiro riff. Em seguida, "Baba Yaga", um dos maiores sucessos da banda, levou os fãs à loucura. A performance vocal de Alex foi monstruosa, literalmente — com sua máscara dourada icônica, ele parecia uma entidade saída de um pesadelo eslavo.

A sequência com "Conflict" e "Koschei" manteve o clima intenso, com destaque para a habilidade técnica dos guitarristas Jack Simmons e Dmitry "Dima" Mamodov, cujos riffs pesados e precisos mantiveram a energia em alta. Esta última, anunciada como uma faixa nova que será lançada no próximo trabalho da banda em julho de 2025, trouxe todo o peso característico do grupo. Antes de "Viking", Alex foi ovacionado novamente. A atmosfera ganhou tons ainda mais sombrios com "Viking" e trouxe um dos momentos mais esperados da noite, quando Alex cantou fora do microfone para deleite dos fãs. "Bratva" veio na sequência e evocou o peso da ancestralidade e da violência histórica, temas recorrentes na estética do grupo. No ar, doses cavalares de testosterona e adrenalina instigavam a plateia transformar a pista em um verdadeiro pandemônio com um wall of death violentíssimo.

Na reta final, a tríade "Grizzly", "Hell" e "1984" trouxe momentos de pura catarse. "Hell" teve um dos breakdowns mais pesados da noite, levando o público ao delírio. "I Killed a Man" e "Behelit" mostraram o lado mais técnico e experimental da banda, mesclando velocidade e atmosferas densas. Com o público nas mãos, Alex pediu para que todos se abaixassem antes de "Kid of Darkness". Prontamente atendidos, os fãs se abaixaram e, ao iniciar a música, culminaram numa explosão de pulos em uma comunhão brutal. Se tivessem parado por aí, já teriam proporcionado uma noite inesquecível, mas os fãs estavam sedentos por mais.

O encore, com o devastador hino "Demolisher", coroou a noite. O guitarrista Jack Simmons se jogou na galera no meio da música, e o breakdown final arrancou as últimas gotas de suor do público, que deixou o local ensopado, exausto, mas com a alma lavada com tamanha entrega e brutalidade. Foi uma noite histórica na qual o Slaughter To Prevail não apenas entregou um show impecável, mas proporcionou uma troca de energia absurda como há tempos não presenciava. Saíram do palco maiores do que entraram, e agora nos resta torcer para que esse seja apenas o primeiro de muitos encontros com os fãs brasileiros. 



Texto: Marcelo Gomes

Fotos: Gabriel Eustáquio (Sonoridade Underground)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Xaninho Discos



Axty – setlist: 

Take Me Down

Fragile

Relaxing Nature Sounds

Fade Away

Fall Again

Dismay

Flowers and Butterflies Lullaby

You'll Find Me

Six Feet Under


Slaughter To Prevail – setlist:

Bonebreaker

Baba Yaga

Conflict

Koschei

Viking

Bratva

Grizzly

Hell

1984

I Killed a Man

Behelit

Kid of Darkness

Bis

Demolisher

terça-feira, 25 de março de 2025

Cobertura de Show: Atreyu – 20/03/2025 – Carioca Club/SP

 Atreyu em São Paulo: Um show que valeu 25 anos de espera (com suor e donuts!)

Se você estava no Carioca Club na última quinta-feira, 20 de março, sabe que o Atreyu não veio ao Brasil apenas para tocar — veio para fazer história. E, cá entre nós, eles fizeram isso com direito a suor escorrendo “rego abaixo”, donuts voando pelo ar, e uma energia que deixou claro: o metalcore ainda tem muito fôlego (e fãs apaixonados).

A noite começou com um “pré-show” inusitado. Enquanto o público ainda chegava, Brandon Saller, o vocalista que parece ter sido feito para liderar multidões, subiu ao palco e anunciou que, como não havia banda de abertura, a equipe técnica da banda faria um “esquenta” com alguns covers. E não foram covers qualquer: Pantera e Metallica deram o tom, com um fã sortudo cantando “Sad But True” no palco. Para fechar com chave de ouro, Brandon mandou um “I Believe In A Thing Called Love”, do The Darkness, porque, claro, por que não?

Às 21h, com o Carioca Club ainda longe de lotar (culpa da quinta-feira e da agenda cheia de shows em março), o Atreyu entrou no palco ao som de “Sandstorm”, do Darude. Sim, aquela música que todo mundo já ouviu em algum meme ou festa aleatória. E, de repente, o clima de “Summer Eletrohits” deu lugar a um tsunami de metalcore com “Drowning”. A galera já estava cantando no topo dos pulmões, e a energia só aumentou com “Becoming the Bull”, um clássico que fez todo mundo reviver os anos 2000, quando a gente ainda usava MySpace e achava que emo hair era o ápice da moda.

Brandon, que parece ter sido abençoado por algum deus do rock com carisma infinito, não perdeu tempo. Em “The Time Is Now”, ele desceu para a pista, cantou no meio da galera, deu uma passadinha no bar para tomar um drink (sim, isso aconteceu) e ainda voltou para o palco como se nada tivesse acontecido. O cara é um show à parte.

Um dos momentos mais nostálgicos da noite foi quando Brandon reassumiu seu antigo posto na bateria para “Bleeding Mascara”, enquanto o baixista Marc “Porter” assumiu os vocais. A troca de papéis foi tão natural que deu até vontade de pedir bis só para ver mais dessa dinâmica. E falando em nostalgia, o cover de “Like a Stone”, do Audioslave, foi um dos pontos altos da noite. Simples, emocionante e com um ar de despedida, a música fez todo mundo cantar junto, mesmo que com um nó na garganta.

Mas não pense que o show foi só emoção e lágrimas (de suor, claro). O Atreyu mostrou que sabe brincar com o público. Brandon tentou aprender a falar “filha da p***” em português (e quase conseguiu), Travis Miguel mostrou que seu português está afiado (ou pelo menos suficiente para elogiar a galera), e ainda teve parabéns para uma fã aniversariante, que subiu no palco para tirar foto com a banda. Ah, e não podemos esquecer dos donuts que foram arremessados para a plateia — porque, aparentemente, metalcore e donuts são uma combinação perfeita.

O setlist foi uma viagem no tempo, com clássicos como “Ex’s and Oh’s”, “The Crimson” (minha favorita) e “Lip Gloss and Black”, que fechou o encore com chave de ouro. A banda prometeu que não vai demorar 25 anos para voltar ao Brasil, e, depois de um show desses, a gente só pode torcer para que eles cumpram a promessa.

No final das contas, o Atreyu não só fez sua estreia no Brasil, mas também deixou claro por que ainda é uma das bandas mais relevantes do metalcore, que apresentou um dos shows mais divertidos do ano. Com energia, carisma e um setlist que misturou nostalgia e modernidade, eles provaram que, mesmo depois de 25 anos de carreira, ainda sabem como fazer um show inesquecível. E, cá entre nós, a gente já está contando os dias para a volta deles. Atreyu, por favor, não nos façam esperar tanto dessa vez! 



Fotos: Gustavo Diakov (Sonoridade Underground)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Overload



Atreyu – setlist:

Drowning

Becoming the Bull

Right Side of the Bed

Save Us

The Time is Now

When Two Are One

(i)

Bleeding Mascara

Gone

Ex’s and Oh’s

Like a Stone (Audioslave cover)

Battles Drums

Falling Down

The Crimson

Blow

Encore

Lip Gloss and Black

sábado, 15 de março de 2025

ATREYU: A JORNADA DE UMA DAS MAIORES BANDAS DO METALCORE - O INÍCIO, O AUGE, A PAUSA E O RETORNO TRIUNFAL

Por Guilmer Costa da Silva

O Atreyu é uma das bandas mais icônicas e influentes do metalcore, gênero que combina a agressividade do metal com a intensidade emocional do hardcore. Desde sua formação em 1998, na Califórnia, o Atreyu ajudou a moldar o cenário do metal moderno, influenciando uma geração de bandas como Bring Me The Horizon, A Day to Remember e Asking Alexandria. Com uma carreira repleta de altos e baixos, experimentações sonoras e um retorno triunfante, o Atreyu se consolidou como uma das bandas mais importantes do gênero. Vamos mergulhar na história dessa formação lendária, desde seus primórdios até os dias atuais.


O INÍCIO: OS PRIMEIROS PASSOS E A DEFINIÇÃO DO SOM - Visions E Suicide Notes and Butterfly Kisses 

Tudo começou em 1998, em Orange County, Califórnia, quando o vocalista Alex Varkatzas, o guitarrista Dan Jacobs, o baixista Marc McKnight, o baterista Brandon Saller e o guitarrista Travis Miguel se uniram para formar o Atreyu. Inspirados por bandas como Metallica, Pantera e The Misfits, eles buscaram criar um som que misturasse a agressividade do metal com a energia crua do hardcore.

Seu primeiro álbum, Suicide Notes and Butterfly Kisses (2002), lançado pela Victory Records, foi um marco inicial para o metalcore. Com faixas como "Ain't Love Grand" e "Lip Gloss and Black", o álbum trouxe uma combinação única de vocais guturais, melodias cativantes e letras emocionalmente carregadas. A dualidade entre os vocais agressivos de Alex e os vocais limpos de Brandon Saller se tornou uma das marcas registradas da banda.

Curiosidade: O nome "Atreyu" foi inspirado no personagem de A História Sem Fim, um clássico da literatura e do cinema. A escolha reflete a conexão da banda com temas de fantasia e superação, que permeiam suas letras.


O AUGE: A CONSOLIDAÇÃO NO METALCORE - The Curse E A Death-Grip on Yesterday


Com o lançamento de The Curse (2004), o Atreyu alcançou o sucesso mainstream. O álbum trouxe hits como "Right Side of the Bed" e "The Crimson", que se tornaram hinos do metalcore. A combinação de riffs pesados, solos melódicos e letras introspectivas conquistou fãs ao redor do mundo. O videoclipe de "The Crimson" foi amplamente exibido na MTV, ajudando a banda a ganhar visibilidade.

Em 2006, veio A Death-Grip on Yesterday, outro marco na carreira da banda. Com faixas como "Ex's and Oh's" e "Creature", o álbum mostrou uma evolução sonora, com uma produção mais polida e uma abordagem mais melódica. "Ex's and Oh's" se tornou um dos maiores sucessos do Atreyu, sendo tocada incessantemente em rádios e programas de TV.

Curiosidade: O Atreyu foi uma das primeiras bandas do metalcore a incorporar elementos visuais e estéticos mais elaborados em seus shows, como pirotecnia e iluminação dramática, elevando a experiência ao vivo do gênero.



O APOGEU: A DOMINAÇÃO DO MAINSTREAM - Lead Sails Paper Anchor E Congregation of the Damned


Em 2007, o Atreyu lançou Lead Sails Paper Anchor, um álbum que marcou uma guinada mais acessível e experimental. Com influências de rock clássico e metal alternativo, o disco trouxe faixas como "Becoming the Bull" e "Falling Down", que alcançaram grande sucesso comercial. A banda explorou novos territórios sonoros, incorporando elementos de rock sinfônico e até mesmo country, o que dividiu a opinião dos fãs, mas ampliou seu público.

Em 2009, veio Congregation of the Damned, que retomou um som mais pesado, sem abrir mão da abordagem melódica. Com músicas como "Storm to Pass" e "Gallows", o álbum consolidou o Atreyu como uma das bandas mais versáteis do metal moderno. No entanto, após anos de turnês intensas e mudanças no cenário musical, a banda decidiu fazer uma pausa em 2011.



A PAUSA E O RETORNO TRIUNFAL - Long Live E In Our Wake


Após um hiato de dois anos, o Atreyu anunciou seu retorno em 2014, para a alegria dos fãs. Em 2015, lançaram Long Live, um álbum que marcou o renascimento da banda. Com faixas como "Do You Know Who You Are?" e "So Others May Live", o disco mostrou que o Atreyu ainda tinha muito a oferecer, mantendo sua essência enquanto explorava novas sonoridades.

Em 2018, veio In Our Wake, outro álbum aclamado pela crítica e pelos fãs. Com músicas como "The Time Is Now" e "Super Hero", o disco trouxe uma abordagem mais madura e emocional, refletindo as experiências pessoais dos integrantes. A turnê de In Our Wake consolidou o retorno do Atreyu ao topo, com shows lotados e performances energéticas.



A SAÍDA DE ALEX VARKATZAS: UMA MUDANÇA DE CAPÍTULO


A saída de Alex Varkatzas, vocalista e um dos fundadores do Atreyu, em setembro de 2020, marcou um momento significativo na história da banda. Alex foi uma peça fundamental na identidade do Atreyu, contribuindo não apenas com seus vocais guturais característicos, mas também com suas letras emocionalmente carregadas e profundamente pessoais. Sua presença no palco e sua conexão com os fãs eram inegáveis, o que tornou sua saída um choque para muitos.

Em um comunicado oficial, Alex explicou que sua decisão de deixar a banda foi motivada por uma combinação de fatores pessoais e profissionais. Ele mencionou que, após mais de duas décadas de turnês intensas, gravações e dedicação quase integral ao Atreyu, sentiu a necessidade de priorizar sua saúde mental, sua família e outros projetos pessoais. Alex também destacou que sua paixão pela música e pela arte permanecia intacta, mas que ele precisava de um novo rumo para expressar sua criatividade.

Por outro lado, os membros restantes do Atreyu respeitaram a decisão de Alex e expressaram gratidão por sua contribuição ao longo dos anos. Em entrevistas, Brandon Saller, que assumiu os vocais principais após a saída de Alex, mencionou que a mudança foi desafiadora, mas também uma oportunidade para a banda se reinventar. Ele ressaltou que o Atreyu sempre foi uma entidade em evolução, e a saída de Alex foi mais um capítulo nessa jornada.

Curiosidade: Apesar da saída, Alex e os membros do Atreyu mantiveram um relacionamento amigável. Em várias ocasiões, Alex expressou apoio à banda e ao álbum Baptize (2021), o primeiro sem sua participação. Ele também continuou envolvido em projetos musicais e artísticos, explorando novas formas de expressão criativa.

A saída de Alex Varkatzas representou o fim de uma era, mas também o início de uma nova fase para o Atreyu. A banda provou que, mesmo sem um de seus pilares originais, poderia continuar evoluindo e mantendo sua relevância no cenário do metalcore. Para os fãs, Alex sempre será lembrado como uma voz icônica que ajudou a definir o som e a identidade do Atreyu durante seus anos mais influentes.



O QUE ESPERAR DO FUTURO?

O Atreyu continua ativo, com uma formação que inclui Brandon Saller (vocais e bateria), Dan Jacobs (guitarra), Travis Miguel (guitarra), Marc McKnight (baixo) e Kyle Rosa (bateria). A banda segue tocando em festivais e turnês ao redor do mundo, levando sua música a novas gerações de fãs.

Com mais de duas décadas de carreira, o Atreyu é uma das bandas mais importantes do metalcore. Sua influência é sentida em todas as gerações do gênero, e sua música continua a inspirar milhões de fãs. Enquanto estiverem no palco, o espírito do Atreyu viverá, provando que o metalcore é, de fato, eterno.

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SOBRE O SHOW

Os californianos do Atreyu finalmente desembarcam no Brasil para um show único e imperdível! A banda, que mescla metalcore e hard rock, se apresenta no Carioca Club, em São Paulo, no dia 20 de março de 2025.

A turnê “25 Years in the Making” celebra os 25 anos de estrada do grupo e também marcará sua estreia em países como Argentina, México, Colômbia e Chile.

Com uma carreira sólida, o Atreyu já passou pelos maiores festivais do mundo, dividiu palco com nomes como Slipknot, Avenged Sevenfold e Linkin Park, e continua inovando sem medo de soar pesado demais ou acessível demais.

O último álbum da banda, “The Beautiful Dark of Life”, foi lançado de maneira inovadora em três EPs antes de ser reunido em um disco completo.

Agora, os fãs brasileiros terão a chance de conferir essa potência sonora ao vivo.

Serviço:
Data: 20 de Março de 2025 (quinta-feira)
Abertura da casa: 19h
Local: Carioca Club Pinheiros
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros – São Paulo, SP
Ingressos: https://www.clubedoingresso.com/evento/atreyu-sp
Classificação: 18 anos

sábado, 30 de novembro de 2024

Cobertura de Show: Bring Me The Horizon – 28/11/2024 – Audio/SP

A banda de metalcore britânica, Bring Me the Horizon, voltou ao Brasil para duas apresentações, promovendo seu mais recente trabalho “POST HUMAN: NeX GEn”, lançado em maio desse ano. A primeira das apresentações aconteceu na quinta-feira, dia 28 de novembro, na Audio em São Paulo. Com uma proposta mais intimista, o show foi anunciado há cerca de um mês e teve todos seus ingressos vendidos em menos de dois dias. Isso mostra o quanto a banda é querida pelo público brasileiro.

Sem banda de abertura e com fãs que acamparam desde a noite anterior, a fila da Audio percorria quarteirões. O tempo oscilatório de São Paulo, que pela tarde estava ensolarado e extremamente seco e abafado, teve pancadas de chuva ao final do dia, mas isso não desanimou o público, que aguardava ansiosamente para entrar na casa.

Com um atraso insignificante, por volta das 21 horas as luzes se apagaram e a animação temática no “nex gen” foi exibida no telão. Essa talvez foi uma das maiores intros que já presenciei, cerca de 7 minutos… Na imagem, víamos um menu de jogo de videogame, aqueles onde você ao iniciar o jogo precisa clicar em “press start”. O público, que estava mega ansioso, tentou de tudo: bater palma, gritar START, gritar o nome da banda… Em seguida, uma animação que mostra a personagem E.V.E (que participa dos shows e faz parte da Genxsis, uma igreja ou culto formada pelos seguidores de NexGen) nos pergunta: “vocês estão preparados para a melhor noite de suas vidas?”.

Às 21:10 a banda, formada por Oliver Sykes (vocal - e praticamente brasileiro), Lee Malia (guitarra), Matt Kean (baixo) e Matt Nicholls (bateria) sobe ao palco, ovacionados pelo público. A primeira música, “DArkSide’, do último álbum, foi cantada em uníssono. Oliver, que é casado com a modelo e artista brasileira Alissa Salls, interage o tempo todo em português, sempre ressaltando o quanto ama o Brasil e suas pessoas.

Sem tempo para respirar, o hit “Mantra” foi executado. Esse é um daqueles shows que só reuniu fãs, então não houve nenhum momento de calmaria ou que grande parte das pessoas não conhece alguma música. A energia foi a mesma do início ao fim. “Happy Song” e “Teardrops” vieram na sequência e Oliver pediu o primeiro mosh pit da noite. Apesar da casa estar cheia, é óbvio que ele teve seu pedido atendido.

“AmEN!” e “Kool-Aid”, ambas do “NeX GeN”, mostraram que os presentes realmente fizeram a lição de casa e ouviram o último trabalho da banda (que inclusive está indicado a álbum do ano em diversas premiações).

Seguindo com “Shadow Moses”, o set estava bem equilibrado, com músicas dos álbuns mais apreciados pela maioria. Então a banda tocou “n/A” pela primeira vez ao vivo. Oliver, sempre em português, demonstrava o quanto estava impressionado com o público.

“Sleepwalking”, “Kingslayer” (que conta com a participação do Baby Metal na gravação - aqui representada pelo próprio público que, cantava mais alto que a banda nas partes em que elas cantam) e “Parasite Eve” mantiveram a energia lá em cima.

Em “Antivist”, como de costume, Oliver escolheu alguém do público para dividir os vocais. O escolhido impressionou com seu gutural. Mais tarde descobrimos que ele é conhecido como Mister Chuck (Kauê Ferraz) e realmente faz parte de uma banda, a Overbrain. Em entrevista à rádio 89FM, o vocalista e tatuador contou que esperou por esse momento por 11 anos.

O set continuou com “Follow You”, “LosT” e o super hit “Can You Feel My Heart”, que encerrou a primeira parte.

Durante a semana os fãs manifestaram nas redes sociais as músicas que queriam ver no setlist, apresentando opiniões dividias. Muitos gostariam de ver um show apenas de músicas lado B, já outros esperavam hits. Sem dúvidas, o show agradou por mesclar diversas fases. Para os fãs dos álbuns mais antigos, o encore foi um presente.

“Doomed”, “Drown” e “Throne”, todas presentes no álbum “That’s the Spirit” (lançado em 2015), encerraram com chave de ouro a apresentação.

Embora ainda existam fãs mais tradicionais do metal que torcem o nariz, o Bring Me The Horizon segue firme na estrada há mais de 20 anos, com uma legião de admiradores ao redor do mundo, sendo o Brasil provavelmente o país com a maior base de fãs. A qualidade e o talento de sua discografia são inegáveis, e a apresentação na Audio confirmou que a banda entrega tudo ao vivo, seja para um público de 3 mil ou 50 mil pessoas.

Além disso, a banda movimentou a cidade com o lançamento de uma pop-up store, em parceria com a marca Lobo Bobo, instalada no Hangar 110, que funcionou exclusivamente nas quinta e sexta-feira, dias 28 e 29 de novembro.

Considerada uma das maiores bandas de metal da atualidade – se não, a maior –, o Bring Me The Horizon se prepara para o maior show de sua carreira, marcado para sábado, 30 de novembro, no Allianz Parque, ao lado de outras grandes atrações do metalcore, como Motionless In White, Spiritbox e The Plot in You.

“Brasil, eu amo vocês demais.”, disse Oli durante o show. E pode ter certeza, Oli, que os fãs brasileiros retribuem esse carinho com a mesma intensidade.


Texto: Jessica Tahnne Valentim 

Fotos: Flashbang Co.

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: 30ebr

Mídia Press: Trovoa Comunicação


Bring Me The Horizon – setlist:

DarkSide

MANTRA

Happy Song

Teardrops

AmEN!

Kool-Aid

Shadow Moses

n/A (primeira vez ao vivo)

Sleepwalking

Kingslayer

Parasite Eve

Antivist (com um fã)

Follow You

LosT

Can You Feel My Heart

Bis

Doomed

Drown

Throne

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Cobertura de Show – 46 Fest III: Project46, Ponto Nulo do Céu, Trayce, No Trauma e Tonelada (03/12/2017 – Tropical Butantã – SP)


A equipe do Road, no dia 26 de novembro de 2017, esteve no Angra Fest, primeiro festival organizado pela veterana banda com o intuito de fortalecer e elevar a cena Metal nacional. Na semana seguinte, mais precisamente no dia 03/12, apreciamos a mesma formula, só que numa atmosfera infernal e devastadora. Seguindo a experiência e a ideologia do número “3”, o Project46, depois de 3 anos, retomou o 46fest na sua 3º edição para comemorar o lançamento do seu terceiro disco, “TR3S”, no Tropical Butantã, chamando bandas do underground pra celebrar mais um momento importante na carreira da banda.
Previsto pras 16hrs, a abertura da casa teve um atraso de apenas uma hora, mas que não interferiu no cronograma das bandas, ocorrendo mínimas alterações para o inicio de cada atração. Poucos minutos das portas se abrirem, a fila (ampla) não parava de aumentar com a chegada das pessoas, dando a entender que o dia seria de casa cheia. O grau de volume foi atingindo horas antes de a atração principal entrar em cena, mas tal preferencia não tirou a moral das bandas participantes, tendo um público bem respeitado para prestigiar o festival do começo ao fim.

Infelizmente, não conseguimos pegar toda a apresentação dos mato-grossenses do Tonelada devido ao apetite deste que vos escreve. Espero que a banda me perdoe por esta falta de responsabilidade, mas para quem estava gripado e com dor de garganta, a boa alimentação e o entornar de medicações foi importante pra aguentar a maratona de shows, que não ia ser nada mole, ainda mais para a principiada banda e com as demais. Sob todos os cuidados possíveis, os sintomas de melhora não apareciam, restando somente à força do Metal como principal remédio pra encarar a bruta missão.



Deixando essa parte de lado e estabelecido no local, o quarteto, formado por Jaum Queiroz (Vocal), Luan Mendes (Guitarra), Renan Gobi (Baixo), Paulinho Torrontegui (Bateria), vulga exatamente o seu som pelo nome, que é uma verdadeira Tonelada de peso e violência. No pouco tempo que pude apreciar o show, a banda conquistou o pequeno público com sua atitude rustica e agressiva, fazendo por merecer os votos de ser uma das bandas vencedoras do concurso Bandas Independes. Os destaques ficam para as músicas novas “Quero ver Quem Vai Pagar”, “Inimputáveis” e a sangrenta “Medalha de Sangue”, além das acessíveis “Realidade Nua e Crua”, “Cria Sua” e “Maria da Penha”, presentes no EP “Grosso”.

Rapidamente, às 18h08min, os cariocas do No Trauma (escolhida pelo Project46 através da plataforma Bandas Independentes) incumbiu de mostrar suas qualidades em um ágil set de meia hora. Com um estimo público, Hosmany Bandeira (Vocal), Tuninho Silva (Guitarra), João de Paula (Baixo) e Marvin Freitas (Bateria), demonstrou uma alta proporção entre o Heavy Metal e Hardcore carregados de bons grooves. Evidenciando as músicas “Fuga”, “Quimera”, “MMA” e “Igualdade”, que estão no mais recente trabalho, “Viva Forte Até o Seu Leito de Morte”.



Lembrando-se da curta turnê pela América do Sul que o quarteto prosseguiu com a árdua “Viva Forte”, encerrando com a congruência fúria de “Massa de Manobra”, possuindo backings-vocals marchantes semelhantes ao grito de guerra do comando do BOPE.
Era chegada à vez das bandas escolhidas pelos donos da festa tomarem conta do palco, sendo dois nomes da cena paulistana a mostrarem todo o potencial. E a primeira a abrir terceira etapa do festival foi o Trayce, às 18h51min, executando músicas do seu novo álbum, “Miragem” — o primeiro inteiramente cantado em português.

Formado por Raphael Castejon (Vocal), Alex Gizzi e Fabricio Modesto (Guitarras), Rafa Palmisciano (Baixo) e Cadu Gomes (Bateria), o quinteto sintetizou a boa fase num show incandescido de energia, demolindo tudo com “Corpo Fechado”, “Queda Livre” e “Réus”, mantendo o bom som nas climáticas “O Culto” e “Miragem” (essa última ganhou vídeo clip poucos dias antes do show).



Pedindo pra que todos cantem a faixa seguinte, Raphael compartilhava seu ânimo e disposição com toda galera através da sua atitude na carregada “Superfície do Ego”, que logo chamou o vocalista Dijjy, do Ponto Nulo do Céu, para fazer participação em “Sem Roteiro”, sugando às últimas cargas de energia com “Domadores”.

O segundo nome, que antecedeu a vez da atração principal pavimentou diversos elementos da música, abrangidos de peso e emoção, o Ponto Nulo do Céu, às 19h58min, surpreendeu todo mundo com sua ideologia poética e social, provando que hoje é um dos nomes mais importantes do underground nacional. E nessa onda que Dijjy (Vocal), Felipe (Guitarra), Fau (Baixo) e Lucas (Bateria) iniciou a segunda etapa do festival com a atmosférica “Horizontal”, convocando poder e reproduções de efeitos em “Por Entre os Dedos”.

A climática “Overviem Effect” não deixou o barulho de lado, destacando a boa performance rítmica em “Sob o Mesmo Sol” e a magnética “Norte”. “Telas” uniram múltiplos elementos, passeando por ritmos funkeados, eletrônicos e de Hip Hop, onde mais uma vez o Fau roubou a cena com sua técnica nas 5 cordas do seu baixo.



Fora do fluxo “Pintando Quadros do Invisível”, último trabalho da banda, o quarteto reviveu uma música do sucessor álbum, “Brilho Cego”. E a escolhida foi a pulsante “Clarão”, chamando o baterista Biel Astolfi, do Carro Bomba, para cantar junto com o grupo. O delírio tomou conta em “De São Paulo a Xangai”, recebendo a inesperada participação do vocalista Caio Macbessera, do Project46, que aproveitou a deixa para aquecer a potencialidade que iria vir em seguida, ultimando o show com a explosiva “Fluxo Natural”, onde a maioria cantava sem errar uma parte da letra.

Passava 30, 20 e 10 minutos e nada da Project46 aparecer no palco. De tanta impaciência e nervosismo, os fãs começavam a cantar o refrão da música “Violência Gratuita” (Abre a roda ou sai fora!). Depois da saudação do pequeno Max, filho do baixista Baffo Neto, a voz de Caio Macbessera surgiu nos falantes, lembrando que três anos se passaram para o lançamento do álbum, mas que, enfim, foi lançado graças a todos que apoiaram a banda. Continuando o discurso, o vocalista pedia pra tirar todo o mal olhado e toda “bosta” que aconteceu durante aquela semana, pois era hora de tirar tudo de ruim pra fora.



E às 21h33 uma introdução mitológica ecoava nos PA’s, penetrados do tradicional “Olê, Olê, Olê” com o nome da banda no final. Sem mais esperas, Caio Macbessera (vocal), Vini Castellari e Jean Patton (guitarras), Baffo Neto (baixo) e Betto Cardoso (bateria) tacaram o “foda-se” em tudo com 5 faixas do mais novo álbum: “Terra de Ninguém”, “Corre”, “Pânico”, “Rédeas” e “Realidade Urbana”. O legal nesses primeiros momentos do show é que o novo álbum recebeu uma forte recepção, percebendo várias pessoas cantando essas primeiras músicas sem nenhum escorregão.

Pedindo pra jogar a luz na galera, Caio deu certeza que a próxima seria “Capa de Jornal”, presente no álbum “Doa a Quem Doer”. E foi incrível ver o público cantando em plena exaustão, que chegou até fazer eco de tantos que cantavam a música. Se isso já era demais, precisava ver o absurdo em “Violência Gratuita”, alargando eletricamente a raivosa roda, culminado no clamoroso refrão citado a cima.

Os celulares foram tirados nos bolsos pra iluminar a tempestade que estava por vir em “Na Vala”, do que “Que Seja Feita Vossa Vontade”, onde o Caio contou toda a história (dramática) no ponto mais alto do PA, descendo rapidamente pra expor todo erro que acontece no nosso país na repulsiva “Erro + 55”, calcetando todo o ânimo para a frenética “Empedrado”, retomando o foco ao “TR3S” com “Marginal”.



Perguntado se todos queriam mais, Caio agradeceu a todos que coloram na grade. Sob um instigante discurso, o mesmo recordou das mensagens de força da galera durante a campanha Experiência Três, que foi um período onde a banda estava passando por uma fase mais desequilibrada, alegando que todos fizeram isso pra levantar a banda.

“Foi pensando em vocês, que tem o 46 tatuado, identifica com as músicas e entendendo o legado, que a banda quis passar isso pra frente, porque quando uma pessoa está no chão, basta levantar a cabeça e deixar todas as coisas no chão, porque se não fizer isso ninguém vai fazer por você”, testemunhou Caio. “Eu acredito que cada um de nós tem uma força interna que tira qualquer um no chão, então pode pá que não da outra! Pode pá que você tem a força! Pode pá que você é muito maior do que você imagina!” E nessa divisão que o quinteto emocionou todo mundo com “Pode Pá”, tendo um fã na grade que chorava feito criança, onde o Caio desceu do palco pra sentir o sentimento dele e de cada um que estavam ali na frente.

“O Project46 representa a nossa expressão! Os caras conseguem falar para o mundo o que a gente não consegue falar, e eles põem pra fora o que a gente não consegue por pra fora! É isso que o Project46 representa pra nós”, declarou Ricardo Colombera.



Sobre o motivo do choro, o mesmo explica: “Eu tenho muita identificação com as letras e das guerras que os caras passam. Eu acompanho os caras desde o começo, então eu sei qual é que é. Eu sou amigo do Vini, do Jean e do Caio. Então acompanho os caras desde começo e sei o que os caras passam. E é muito parecido a minha história com a história deles, então toda vez que eles põem pra fora, eu procuro por pra fora também, porque é a melhor maneira de você sentir a arte é quando se põem pra fora o que tem preso dentro de você. E da mesma maneira que os caras põem pra fora no palco, eu ponho pra fora assistindo os caras. É uma forma excelente de a gente conseguir expressar o nosso sentimento”, conclui.

Continuando, Caio afirmou que nunca perdeu sua voz em show, mas a energia era tão forte que ele teve que ir além da conta, não sentindo, em nenhum momento, o que estava acontecendo naquela noite. E olha que não era Rock In Rio, Monsters Of Rock e Makinaria Fest, porque o que fãs estavam fazendo não tem preço! E pra berrar até o final da noite, o vocalista de um recado pra quem impune o sistema em “Anônimo”, havendo o corriqueiro ‘Oh, Oh, Oh’ nas melodias finais.

“Quando a pessoa se levanta, ela nunca mais vai andar pra trás”. E nesse raciocínio que foi chegada à vez de “Um Passo a Frente”, contendo aplausos e mais aplausos durante a execução da música, encerrando com chave de outro com a faixa-título do recente disco, “TR3S”, soltando todos os demônios e raivas pra fora, que foi o principal lema durante o show.

Espera... não acabou ainda! Pra encerrar com chave de ouro mesmo, Caio chamou os que têm o 46 na pele pra subir no palco pra cantar a próxima faixa, terminando a apresentação (abarrotados de fãs no palco) com a destrutiva “Foda-se”.



Cada um de volta aos seus lugares, à banda resolveu tocar mais uma. E dessa vez foi a saideira mesmo, que ficou para “Acorda Pra Vida”.

Não é pra qualquer banda o que esses caras fazem. E depois de show o meu respeito só aumentou cada vez mais.
Vida longa ao Project46!

Texto: Gabriel Arruda
Fotos: Dener Ariani, Tuninho Silva,
Edição/Revisão: Renato Sanson

No Trauma
1.    Fuga
2.    Quimera
3.    MMA
4.    Igualdade
5.    Viva Forte
6.    Massa de Manobras

Trayce
1.    Eterno Retorno
2.    Corpo Fechado
3.    Queda Livre
4.    Réus
5.    O Culto
6.    Miragem
7.    Superfície do Ego
8.    Sem Roteiro
9.    Domadores

Ponto Nulo do Céu
1.    Horizontal
2.    Por Entre os Dedos
3.    Overview Effect
4.    Sob o Mesmo Sol
5.    Norte
6.    Telas
7.    Clarão (feat. Biel Astolfi)
8.    De São Paulo a Xangai (feat. Caio Macbeserra)
9.    Fluxo Natural

Project46
1.    Terra de Ninguém
2.    Corre
3.    Pânico
4.    Rédeas
5.    Realidade Urbana
6.    Capa de Jornal
7.    Violência Gratuita
8.    Na Vala
9.    Erro +55
10. Empedrado
11. Marginal
12. Pode Pá
13. Anônimo
14. Um Passo à Frente
15. TR3S
***Encore***
16. Foda-se
17. Acorda Pra Vida