Um dos mais tradicionais Fests do interior do RS, o Garganta do Diabo, fechou o mês de novembro trazendo shows de ótimo nível. O nome do festival é em alusão ao antigo nome do extenso e altissimo vale, hoje denominado Vale do Menino Deus, na região de Santa Maria.
A oitava edição do Fest, realizado no Gárgula Bar - hoje a mais tradicional casa de eventos direcionada ao público alternativo e Rock/Metal no interior do RS - teve como Headliner o grande Torture Squad, com suas mais de três décadas de estrada, e como bandas convidadas as bandas gaúchas Soulless e Phornax.
Da nova geração do Death gaúcho, o Soulless abre a festa
Abrindo a noite no palco do primeiro piso, a Soulless de Passo Fundo (RS), mostrou seu Death Metal tradicional ao bom público já presente.
Com uma apresentação consistente e mostrando bom entrosamento, o grupo apresentou suas composições próprias as quais estão no álbum "War and Destruction" (2024), como "Embrace The Death", que abre o play e também foi a abertura do set no Garganta do Diabo Festival, já dando o recado do que vinha pela frente, Death Metal tradicional, mesclando trechos cadenciados e marcantes a intervenções velozes. Destacaram-se também a faixa título e a nova "Innocence Killer".
Mostraram a que vier e deixaram uma boa impressão.
Phornax mostra ainda mais entrosamento desde o retorno ano passado.
Formada em 2009 em Porto Alegre, a Phornax surgiu como nome promissor e vinha se firmando no cenário, lançando em 2011 o EP "Silent War", porém, devido à várias questões de cunho pessoal, a banda entrou em um hiato, retornando em 2023 para, felizmente, prosseguir a história inacabada.
Os fundadores Cristiano Poschi (vocais) e Maurício Dariva (bateria), se uniram a Deivid Moraes (guitarra) e Uésti Papee (baixo), e já vem se apresentando em shows pelo estado e trabalhando no primeiro full-lenght da Phornax.
Mostrando segurança e um line-up já bem entrosado o quarteto mostrou técnica e peso, com seu Metal com nuances de Thrash e até Prog, desfilando com competência o set composto por músicas do EP e também mostrando novidades.
A abertura ficou por conta da intro "Smell of Death", seguida por "Silent War", faixas que também abrem o EP. Veloz e carregada de riffs marcantes, já chamou a atenção do público, inclusive pelos trechos mais intrincados, mostrando a qualidade dos músicos.
Além das demais faixas do EP, como a marcante "Final Beat" e seu forte refrão, o Phornax também mostrou algumas novas composições que estarão no vindouro full-lenght, como "A Matter of Time" e "Between Fear and Hope" e "Hells Paradise", nos dando uma amostra do que é o Phornax 2024 e deixando uma expectativa muito boa para o que vem pela frente.
Fica o registro também para a equipe do Phornax, que auxiliou em muito no evento, e para a presença do grande Eduardo Martinez, guitarrista que passou por bandas como Panic, Hangar, Leviaethan e Lápide, e está acompanhando o Phornax, agora atuando nos bastidores.
Torture Squad encerra a noite em alto nível e com promessa de retorno
São quase 35 anos de carreira, e a atual formação já soma 10 anos junta, e essa década serviu para transformar o quarteto em uma das mais coesas e competentes máquinas de Thrash/Death do Metal brasileiro.
A cozinha curtida pelos anos de experiência formada pela dupla de fundadores, Castor e Amílcar, traz uma mistura de peso e técnica invejáveis, somados a qualidade de Renê Simionato na guitarra e o carisma e poder vocal de Mayara Puertas - que hoje é uma das melhores e mais seguras frontwomans do Metal brasileiro - impressionam pela qualidade de nível internacional.
Conforme prometido, o grupo apresentou um set mesclando músicas de todos os àlbuns, fazendo um show bem especial, lembrando que o evento foi adiado devido às tragedias das chuvas no RS, então já vinha sendo muito esperado pelos fãs.
O show do Torture Squad foi no segundo piso da casa, onde há um espaço e palco maiores, e reuniu um bom público, não lotando o local, apesar da expectativa de um show sold-out.
O quarteto entrou em cena já ovacionado pelos presentes quando iniciou-se a intro que anunciava "Hell is Coming", a pedrada que abre o mais recente álbum, "Devillish" (2023), e em seguida, após outras breve intro, emendam com mais uma desse álbum, "Flukeman".
Mayara interagia a todo momento com o público, que até certo ponto assistia mais atento e batia cabeça moderadamente, mas foi só a vocalista começar a fazer gestos em círculos com a mão, intimando a galera a partir para o mosh, que foi prontamente atendida.
E conforme prometido, a banda foi mandando sons de várias fases, intercalados com mais algumas do "Devillish". "Hellbound" foi uma das mais festejadas, assim como "Horror and Torture" e "Unholy Spell".
Público e banda curtiram muito o show inteiro, com a galera a todo momento indo para o Mosh ou batendo cabeça e assistindo um pouco afastado da área do mosh. As rodas eram uma festa, inclusive várias mulheres participaram, com a galera respeitando.
Pudemos ver inclusive integrantes de bandas da cena local e das que abriram o Fest se divertindo e curtindo. Realmente, uma grande performance do Torture.
Ao final, a banda agradeceu ao público pela noite memorável, e deixou o recado de que quer logo voltar a Santa Maria.
O quarteto ainda ficou tirando fotos e conversando com os presentes, até praticamente todos se dispensarem, mostrando muita simplicidade e simpatia, coisa que falta a muitas bandas por aí.
Fica também o registro para o local do show, o Gárgula Bar, hoje com certeza o ponto do underground e do público "alternativo". O bar tem uma decoração muito legal, mesclando temas de horror, Metal e Rock. Tem uma máquina de fliperama e pebolim, que dá aquele ar nostálgico. Local organizado, banheiros limpos, bebida gelada e preços justos.
Que venham mais eventos com nomes de nível nacional e internacional (lembrando que na semana anterior, tivemos Eskröta e Ratos de Porão no Gárgula), e que o público compareça e apoie, a fim de viabilizar esses fests e shows no interior do estado.
Texto: Carlos Garcia
Realização: MAD prod, com apoio do Gárgula Bar e Road to Metal
😸🐶Também foram arrecadadas rações para animais, doadas para ONGS locais, e o Road doou um saco de 10kg.
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