DREAM THEATER COMEMORA 40 ANOS DE CARREIRA COM SHOW EMOCIONANTE E NOSTÁLGICO EM SÃO PAULO
Esse que vos escreve tem uma longa história com a banda. Desses 40 anos de existência, acompanhei pelo menos 30, desde 1993, quando a banda tinha acabado de lançar o magnífico "Images & Words”, estreando o seu então novo vocalista, James LaBrie.
Nessa época via como um “sonho distante” assistir um show da banda em terras tupiniquins, pois a banda era muito pouco conhecida por aqui. Foi que, em 1997, esse sonho se tornou realidade e a banda foi anunciada para 3 shows no Brasil: 2 em Santo Andre/SP (grande São Paulo) e 1 no Rio de Janeiro. Nessa época a banda estava excursionando com a tour do disco Awake, inclusive o backdrop nos shows era com a arte do disco. A banda estava prestes a lançar o criticado e injustiçado Falling To Infinity, inclusive tocaram algumas músicas no show em sua versão DEMO. Depois disso, a banda retornou ao Brasil em 1998 para um show no Philips Monsters Of Rock ao lado de Slayer, Manowar, Megadeth, Savatage entre outros.
Infelizmente a banda teve um hiato de 7 anos de shows pela América do Sul, retornando somente no ano de 2005 na tour do disco Octavarium. Ai sim, o Brasil virou rota obrigatória para a banda nas demais tours. Todas as vezes pude estar presente, acompanhei toda a trajetória, evolução e mudanças na banda, como a maior delas a saída de um de seus mentores e fundadores: o baterista Mike Portnoy. Com toda certeza senti muita falta dele nos discos e shows que acompanhei com seu substituto, o também excelente baterista Mike Mangini.
Mangini é um excelente baterista, mas não encaixou como Portnoy na química da banda. Foram 12 anos que os fãs (me incluo nisso) aclamavam para a volta do seu baterista original. Foi então que no meio de 2024 foi anunciado a volta para uma tour mundial comemorativa de 40 anos da banda e um novo álbum de inéditas. Claro que essa tour não poderia deixar de passar pelo Brasil e logo foram anunciadas 5 datas: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
Estive presente no show em São Paulo – dia 15/12 (domingo) – para celebrar essa volta do "Portina" (como os fãs mais calorosos o chamam) nas baquetas do Dream Theater. Como de praxe, a trilha sonora que tocava antes que o show começasse foi escolhida a dedo pela banda para que o público "entrasse no clima".
Quando a “Rooster”, do Alice In Chains, começou a tocar num volume mais alto do que as demais, já dava para perceber que o início do show já estava próximo. Só não me perguntem o por que dessa escolha pela banda. Imediatamente, ao final dela, inicia a música tema do filme "Psicose" de Bernard Herrmann, e as luzes se apagam seguindo da intro de "Metropolis Pt1: The Miracle and The Sleeper".
Realmente souberam como começar a festa, pois o público entrou em êxtase coletivo. Ao ver Mike Portnoy ao lado de seus companheiros de banda novamente trazendo de volta a alma para o Dream Theater, não faltou vontade de gritar: É SOBRE ISSO QUE ESTOU FALANDO, CARA! Com um kit de bateria enorme, praticamente 2 baterias juntas, Mike estava nitidamente feliz em estar de volta a São Paulo, cidade onde já se apresentou inúmeras vez com e sem o Dream Theater.
Para acompanhar "o pacote" seguiram com a continuação da história contada da primeira parte de Metropolis, e atacaram de "Overture 1928" e "Strange Déjà Vu". Uma sequência para nenhum fã de carteirinha botar defeito.
Uma pausa para respirar e o vocalista, James LaBrie, cumprimenta o público: "Sejam bem-vindos a tour de comemoração do aniversário de 40 anos do Dream Theater." Aproveitando, anuncia a volta de Mike Portnoy, que foi aplaudido com entusiasmo e ovacionado por todos presentes em uma única voz: PORTNOY! PORTNOY! PORTNOY! Ai para não deixar toda empolgação cair, LaBrie convida todos a voltar um pouco no tempo para o disco "Awake", de 1995, e chama “The Mirror”.
Mais uma vez souberam como começar uma festa como poucos. E por falar no vocalista, que ultimamente tem sido muito criticado pela sua performance vocal, realmente ele estava desempenhando muito bem o seu papel aquela noite, chegando nas notas altas e muito bem colocado nas partes lentas de várias músicas, como "Panic Attack", "Barstool Warrior" e a linda balada "Hollow Years", que sucederam o show. Essa última foi tocada na sua versão DEMO de 1996, com letras adicionais e maiores solos de guitarra e teclados, para o delírio de inúmeros instrumentistas presentes na plateia.
O show seguiu com "Constant Motion” e “As I Am”, uma verdadeira aula de técnica, caso você toque algum instrumento.
Final do primeiro Ato. Sim, foi assim que eles dividiram, como num concerto: Ato I e Ato II.
Um pequeno intervalo para que público possa ir ao banheiro e talvez pegar uma bebida, e logo se inicia o segundo Ato. Uma introdução orquestral contemplando temas de todos os álbuns do Dream Theater, seguida do "novo Dream Theater” com o novo single “Night Terror”, recém lançado e mostrando a nova fase da banda com a volta do Portnoy também nas composições.
A nostalgia tomou conta do público quando a introdução de "Under a Glass Moon” foi iniciada. Fãs mais fervorosos "cantavam” em uníssono a harmonia que abre a música, acompanhando as guitarras de John Petrucci e os teclados de Jordan Rudness.
Outro momento que podíamos ver a colocação perfeita do vocal do LaBrie foi na maravilhosa "This is the Life". Música da fase Mangini na banda, que o Portnoy tocou brilhantemente e ainda fez todos os backings vocals. Achei extremamente humilde da parte do baterista tocar músicas de fases que ele não fazia parte da banda, assim como ele fez com a "Barstool Warrior", do albúm "Distance Over Time".
Depois de ter apresentado no Ato anterior o seu momento técnico, a banda entrou num momento “viagem”: "Vacant", a instrumental “Stream of Consciousness” e a ÉPICA "Octavarium”. Essa última nos faz sentir num show do Pink Floyd por seus climas atmosféricos de teclado e guitarra. Realmente uma viagem musical. Nessa música pude ver que realmente o LaBrie estava numa de suas melhores performances nessa tour, pois cantar essa música depois de mais de 2 horas de show não é pra qualquer um. Tiro meu chapéu para você, James.
Em clima apoteótico com o final da faixa título do oitavo disco de estúdio da banda, eles se despedem do público pela primeira vez.
Então que começa no telão um vídeo retirado do clássico "O Magico de Oz”, onde termina com a Dorothy falando: "There's No Place Like Home". Eis que inicia a poderosa "Home” do álbum Scenes From A Memory, de 1999. Ver o público inteiro pulando, cantando e lavando a alma depois de quase 3 horas de show realmente mostra a força do Dream Theater no Brasil.
Para acalmar um pouco o público e preparar para "os finalmentes" veio a genial e reflexiva “The Spirit Carries on”, com o Vibra São Paulo inteiro com as luzes dos seus celulares acesas que tirou elogios da banda: “Que bonito, São Paulo", falou no microfone James LaBrie.
Sem muita enrolação, John Petrucci inicia a introdução do sucesso “Pull Me Under”, primeiro grande hit da banda do disco “Images & Words", de 1993. Assim se encerrou a festa.
Resumindo: todos saindo do local com um sorriso no rosto, satisfeitos e com a sensação da banda ter feito valer a pena ao salgado preço que foi cobrado pelos ingressos. Mais de 3 horas de show, apanhado de toda a carreira da banda, um set list coeso e muito bem estruturado, James LaBrie numa grande performance e uma aula de boa MÚSICA AO VIVO DE VERDADE, sem playbacks e qualquer tipo falcatrua tecnológica muito utilizada em apresentação nos dias de hoje.
Bem-vindo de volta Mike Portnoy e vida longa aos gigantes do PROG METAL chamado DREAM THEATER.
Que festa, que celebração!
Nenhum comentário:
Postar um comentário