Satyricon no Brasil: uma noite épica de Black Metal no Carioca Club
Após sete anos de espera, a icônica banda norueguesa de Black Metal Satyricon retornou ao Brasil para uma apresentação arrebatadora em São Paulo. Com um setlist que transitou entre clássicos de sua carreira e momentos mais recentes, Satyr, Frost e companhia entregaram um espetáculo memorável, repleto de energia, interação com o público e uma produção impecável.
Quer saber como foi essa noite histórica e quais músicas fizeram o Carioca Club tremer? Confira nossa resenha completa e mergulhe na experiência única que marcou o retorno do Satyricon ao Brasil!
Após sete anos, a lendária banda norueguesa de Black Metal SATYRICON finalmente retornou ao Brasil para dois shows. Em São Paulo, o tão aguardado evento ocorreu no dia 13/11/2024 no Carioca Club. Apesar de ser uma quarta-feira, a casa estava bem cheia.
As portas da casa se abriram às 19h30, e o público continuou chegando até o início do show, que começou por volta das 20h35.
Sob uma intro sombria, Satyr e Frost subiram no palco com muita euforia pelo público, acompanhados dos músicos de apoio Anders Hunstad (teclados), Steinar "Azarak" Gundersen e Ben Ash (guitarras) e do baixista Phil Pieters. No fundo do palco havia uma imagem com corvos em volta, parecida com a capa do EP My Skin Is Cold, mas com um toque visual remetendo à capa do Deep Calleth Upon Deep, seu álbum mais recente de 2017.
Abriram com “To Your Brethren in the Dark”, do “Deep Calleth Upon Deep”. Apesar de ser uma música mais cadenciada, encantou o público, e a bateria de Frost soava poderosa como um tanque de guerra.
Daí então partiram para a destruição sonora, com o clássico “Nemesis Divina”, faixa título de 1996, empolgando os fãs old school na plateia. Nesse momento a pista já estava bem cheia, e o jogo de luzes do palco estava sensacional, contribuindo para a intensidade da apresentação.
Frost faz um pequeno drum solo carregado de ritmo e groove na introdução de “Now, Diabolical”, faixa título de 2006. Esse som mescla elementos do Black Metal e Rock’n roll, o qual virou sua marca registrada, e que tem sido muito prestigiado pelos fãs, levando a galera à loucura logo nos primeiros acordes.
Logo após, Satyr – visivelmente alegre – faz um discurso cativante, chamando todos da plateia de amigos e falando sobre quando perguntam sobre qual é o seu país e cidade favorita da América Latina nas turnês, ele diz que “nunca é sobre restaurantes ou natureza, e sim o encontro com as pessoas”, arrancando aplausos e gritos da plateia. Ainda diz: “então, na verdade, eu não posso dizer a vocês qual vai ser o melhor show nesta tour latino-americana, porém o que eu posso prometer é que toda noite quando entramos no palco nós damos o nosso melhor, é o que nós fazemos sempre! E isso cabe a vocês a julgar, mas quando nós voltarmos para o outro lado do mundo, a impressão que nós levaremos conosco é o que acontece aqui e agora, então este é o meu pequeno desafio amigável a vocês! Nós já tocamos em Bogotá, Santiago, amanhã Brasília e em 2 dias tocaremos no México, então este é o meu desafio a vocês, vamos fazer desta noite a melhor da tour. E vocês entendem que uma grande parte disso vem do palco, mas a maior parte vem de vocês, então nós podemos fazer nosso melhor, se vocês fizerem o seu melhor.” E então tocam impecavelmente o clássico “Black Crow on a Tombstone”, do álbum “The Age Of Nero”, de 2008, com um público mega animado que respondia prontamente e cantava junto.
Ao final da música, Satyr diz que essa intensidade do público era exatamente o que ele procurava, e agradeceu a todos. E então o pessoal “corta” ele batendo palmas e gritando “Ole, ole ole ole, Satyricon”, o que deixa os músicos extremamente satisfeitos. E ele continua a falar que a cada álbum que eles fazem, são conquistas importantes na vida dele. Quando ele pensa na vida dele, ele não pode deixar de pensar nesses álbuns, e que essa “jornada” que envia eles ao redor do mundo também está conectada a estágios importantes de suas vidas que são os álbuns, e na última vez que estiveram aqui, em 2017, promoveram o álbum “Deep Calleth Upon Deep”. E então executaram essa faixa-título. Ao fim da música, Satyr agradece – visivelmente feliz – com a interação do público.
Seguiram com “Our World, It Rumbles Tonight”, uma das mais emocionantes do álbum “Satyricon” de 2013.
Logo após tocaram a energética “Repined Bastard Nation”, do álbum Volcano (2002), atiçando a galera que interagia espontaneamente, principalmente nas partes mais rápidas.
Ouvimos agora uma nova intro, que nos prepara para a vigorosa “Black Wings and Withering Gloom”, do Deep Calleth Upon Deep (2017). Destaque para os blasts e bumbos matadores de Frost. A partir desta música, Satyr começou a tocar guitarra em alguns momentos, contribuindo para a intensidade sonora. Devo dizer que o som vindo do palco estava realmente impecável.
Nesse momento rolou um pequeno bloco nostálgico, começando com a intensa “Hvite Krists Død”, do The Shadowthrone (1994), agradando os fãs desta fase em que tocavam um Black Metal mais tradicional. Inclusive alguém ao meu lado gritou “Isso é que é Satyricon car*lho!!”
Em seguida rolou “Walk the Path of Sorrow”, do “Dark Medieval Times” (1994), que começa com uma intro arrepiante. O público parecia em transe, prestando mais atenção e agitando menos.
Então rolou “Filthgrinder”, do Rebel Extravaganza (1999), em que Satyr introduziu essa música contando uma história sobre como eles fizeram uma sonoridade mais direta e agressiva desse álbum, indo ao contrário de muitas bandas da época no fim dos anos 90, em que o Black Metal era feito com excesso de teclados, afirmando que aquilo soava muito gótico e que odeia esse tipo de som gótico, falando que o Black Metal de verdade não é sobre besteiras de vampirinhos e tecladinhos – claramente se referindo a uma certa banda inglesa que sempre flertou com o Gothic e o Black Metal.
Seguiram então com a intensa “Die by My Hand”, do The Age Of Nero (2008). Saíram do palco e retornaram rapidamente para tocar o clássico “To The Mountains”, do “Now, Diabolical”. Satyr também fez a terceira guitarra nessa. “The Pentagram Burns”, ainda com Satyr na terceira guitarra, foi outra paulada do mesmo álbum. O público não parava de interagir com gritos e palmas. Ao fim, pessoal gritou sem parar “Ole, ole ole ole, Satyricon!” enquanto Frost acompanhava no ritmo com a bateria.
Satyr segue tocando guitarra e fala que se divertiram muito em Bogotá, Santiago e agora em São Paulo, mas que nunca imaginou que teria duas noites seguidas sem um mosh pit decente e que ele espera que role o mesmo nesta terceira noite. E ele continua: “se vocês não estiverem afim de fazer mosh pit, talvez seja a hora de irem se refrescar no bar ou ver o merchan no fundo ou algo do tipo, mas vamos fazer isso!”. E então rolou uma das mais conhecidas e animadas, “Fuel For Hatred”, do Volcano (2002). Ao final o público gritava e aplaudia muito.
Satyr diz que isso foi tão bom quanto o samba que ele gosta, arrancando risos da plateia. Continua: “Ok, houve um mosh pit, mas agora vocês conseguem cantar?”. E o pessoal responde gritando “Yeahh!” Então começa “Mother North”, um clássico absoluto do álbum Nemesis Divina (1996). Sem dúvidas um hit que fez a banda despontar em sua carreira nos anos 90 com o icônico clipe na MTV e um dos pontos altos da noite, com o público fazendo um grande coro emocionante.
O público estava em êxtase completo ao final, gritando novamente “Satyricon” sem parar, enquanto Satyr chega a se sentar no PA, assistindo com extrema satisfação e até manda beijo para os fãs.
E fala: “Lembrem-se, há muitas bandas no mundo todo com certeza, mas a porcentagem de bandas que vem pro Brasil da Noruega é muito pequena, e nós temos feito isso por um longo tempo, então a minha respeitosidade por fazer parte deste pequeno grupo privilegiado é sem fim.“ E ele diz que vai continuar a fazer isso por mais alguns anos, enquanto estiverem fazendo isso de forma bem feita. Então ele não sabe ao certo quando virão novamente, mas ele afirma que virão novamente ao Brasil, e diz ainda: “queremos voltar no ano que vem...eu espero que sim”. Então agradece e anuncia a última música do show, “K.I.N.G.”, mais um clássico do Now, Diabolical (1996), encerrando este espetáculo com chave de ouro às 22h35.
Portanto vamos aguardar e torcer para que voltem mais uma vez em breve, e com mais um novo álbum!
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