Mostrando postagens com marcador Dogma. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dogma. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Cobertura de Show: Wacken Open Air – 30/07/2025 – Schleswig-Holten/GE

Cheguei ao Holy Ground com o céu carregado, botas já se afundando na lama e a chuva castigando o terreno, vale ressaltar que , além de tudo o check-in foi feito em uma nova área bem distante, ao menos para imprensa . A cada passo era como lutar contra o próprio solo, mas a energia da multidão fazia esquecer qualquer desconforto. Estava ali, no lugar certo, na hora certa: pronto para mergulhar no primeiro dia de Wacken.

A primeira banda que acompanhamos no dia foi a provocativa e ousada Dogma. Vestidas como freiras sedutoras e ao mesmo tempo sombrias, as integrantes deram início à programação com uma performance marcada por intensidade e teatralidade, injetando energia no público apesar do mau tempo. Já conhecidas pela equipe após nossa fotógrafa registrar o show da banda anteriormente esse ano no Brasil, a expectativa era alta, e o grupo não decepcionou.

Nayara Sabino

Mesmo enfrentando alguns problemas técnicos durante a execução inicial de “Forbidden Zone”, a Dogma demonstrou profissionalismo e rapidamente conquistou a plateia com sua presença de palco arrebatadora.

Na sequência, “Carnal Liberation” e “Free Yourself” destacaram o lado mais grooveado da banda, mostrando versatilidade e domínio de dinâmica. O momento mais surpreendente, entretanto, foi a ousada releitura de “Like a Prayer”, clássico da Madonna. Transformada em um hino pesado, a faixa ganhou guitarras distorcidas e uma interpretação visceral, arrancando aplausos calorosos do público.

Nayara Sabino

A segunda metade do show manteve a energia em alta. “Bare to the Bones” e “Make Us Proud” reforçaram a identidade do grupo, preparando o terreno para um dos ápices da apresentação: “The Tribute”, medley que percorreu a obra de lendas do metal, incluindo Black Sabbath, Pantera, Metallica e o eterno príncipe das trevas, Ozzy Osbourne. Recebido com entusiasmo, o número transformou-se em um verdadeiro momento de celebração coletiva.

Nayara Sabino

No fim, a Dogma provou ser mais do que apenas provocação estética. Sua apresentação equilibrou força, ousadia artística e respeito à tradição do metal, resultando em um show coeso, repleto de momentos memoráveis, e que certamente ficará marcado na memória dos presentes. 

Nayara Sabino

A lama não perdoava: cada deslocamento entre palcos era uma pequena batalha, gente escorregando, outros ajudando a levantar, e todos rindo juntos. Era cansativo, mas o lema de Wacken se provava verdadeiro a cada segundo: Rain or Shine, o show não para. 

Do folk ao caos: o Warbringer chegou com thrashdevastador. O mosh pit virou um campo enlameado, mas ninguém arredava o pé. “Firepower Kills”, “Hunter-Seeker”, “Remain Violent” e “Living Weapon” incitavam rodas furiosas, e cada queda na lama era seguida de gargalhadas e braços que levantavam o próximo guerreiro. Brutal, catártico, inesquecível.

*Wacken Press

A lendária Lita Ford provou que o hard rock também tem seu espaço sagrado. Com décadas de estrada e status de pioneira, a guitarrista e vocalista entregou um show eletrizante, recheado de clássicos de sua carreira solo e homenagens a ícones que ajudaram a moldar a história do rock.

A abertura com “Gotta Let Go” e “Larger Than Life” foi o gatilho para uma plateia que já se mostrava ansiosa. Carregadas de riffs marcantes e refrões grudentos, essas faixas estabeleceram a energia contagiante que guiaria toda a apresentação. “Relentless” reforçou esse espírito, trazendo a agressividade característica da artista.

Nayara Sabino

Em seguida, Lita surpreendeu com uma versão incendiária de “The Bitch Is Back”, clássico de Elton John, adaptado ao peso e à pegada roqueira que só ela poderia imprimir. O show seguiu em alta rotação com “Playin’ With Fire” e “Can’t Catch Me”, que contou com um solo de bateria estendido, arrancando aplausos de admiração da multidão.

Nayara Sabino

A nostalgia tomou conta quando Lita revisitava suas raízes com “Cherry Bomb”, imortalizada nos tempos de The Runaways, levantando coros uníssonos de milhares de fãs. O momento seguiu com a visceral “Black Leather” (cover do Sex Pistols) e a emocionante releitura de “Only Women Bleed”, balada de Alice Cooper, interpretada com emoção e respeito.

O ápice emocional veio com “Close My Eyes Forever”, dedicada ao eterno parceiro Ozzy Osbourne. A canção ecoou pelo campo de Wacken como um hino, com a plateia cantando cada verso em uníssono, em um dos momentos mais marcantes do festival.

Nayara Sabino

Para encerrar, “Kiss Me Deadly” coroou a apresentação em clima de celebração, reafirmando o status de Lita Ford como uma das grandes damas do rock.

Aí veio a festa com Wind Rose. Ver todo aquele público enlameado gritar junto refrões de músicas como “Of Ice and Blood”, “Fellows of the Hammer”, “DrunkenDwarves” e o meme eterno “Diggy Diggy Hole” foi surreal. Era impossível não sorrir, mesmo atolado até o tornozelo. O clima era de celebração, como se a lama fosse só mais um adereço da fantasia épica que eles criaram no palco.

*Wacken Press

Na sequência, o orgulho tomou conta quando o Torture Squad subiu ao palco. O peso dos riffs e a fúria dos vocais foram um soco no peito. A banda incendiou o público com “Hell Is Coming”, “Flukeman”, “Buried Alive”, “Warrior”, e fechou com a clássica “The Unholy Spell”. O cover de “Killing Yourself to Live” do Black Sabbath trouxe sorrisos cúmplices, e a participação de PrikaAmaral em “Horror and Torture” foi a cereja no bolo. Ver o nome do Brasil sendo celebrado em meio ao barro alemão foi arrebatador.

Nayara Sabino

Nayara Sabino

Nayara Sabino

Apocalyptica trouxe outro clima. Os violoncelos ecoavam pesados, criando uma atmosfera quase ritualística, e quando tocaram “Ride the Lightning” e “Enter Sandman”, parecia que cada arco rasgava junto com os trovões que rondavam o céu. Outro ponto alto do show foi quando tocaram “Master of Puppets” do Metallica onde arrancaram um coro da plateia que cantavam a letra inteira. 

Nayara Sabino

Nayara Sabino

Nayara Sabino

Outra grande recompensa do dia foi com o show da Tarja Turunen e Marco Hietala juntos, revivendo a magia do Nightwish. Quando os primeiros acordes de “Wishmaster” ecoaram, o público inteiro cantou como um só coro, e eu senti a pele arrepiar apesar da água escorrendo no rosto. Entre a chuva e as poças, Tarja ainda trouxe faixas como “I Walk Alone” e “Until My Last Breath”, e parecia que até o temporal deu uma trégua em respeito àquela voz. Foi um momento que misturou nostalgia e força, daqueles que ficam cravados na memória.

Nayara Sabino

Nayara Sabino

Nayara Sabino

E então veio o gran finale: Saltatio Mortis. Abriram com “Finsterwacht”, mergulhando o público em um clima medieval sombrio, antes de incendiar a noite com seus hinos poderosos. O público inteiro cantava junto, como se estivéssemos todos participando de um ritual coletivo. A energia foi tão intensa que parecia anunciar o que estava por vir — e, de fato, assim foi. Logo após o último acorde, raios começaram a cortar o céu, e a tempestade desabou com força.

*Wacken Press

*Wacken Press

A irreverência de Mambo Kurt foi um alívio. Seus covers e piadas cortaram o cinza do céu, transformando a lama em palco de risadas coletivas. Era o contraste perfeito no meio da tempestade.

*Wacken Press

O Holy Ground precisou ser esvaziado às pressas por segurança, e o público foi conduzido para fora enquanto os trovões iluminavam o campo enlameado. Saí dali encharcado, exausto, mas com a sensação de ter vivido um daqueles dias que definem porque Wacken é único: não importa chuva, lama ou tempestade, a música sempre vence.


Texto: Lukka Leite e Nayara Sabino

Fotos: Nayara Sabino (*exceto onde indicado)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Dogma – setlist:

Forbidden Zone

My First Peak

Made Her Mine

Carnal Liberation

Free Yourself

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

The Tribute (Ozzy Osbourne, Black Sabbath, Pantera, Iron Maiden, Metallica, Megadeth, Slayer, Lamb of God.)

Pleasure From Pain

Father I Have Sinned

The Dark Messiah


Warbringer – setlist:

Firepower Kills

Hunter-Seeker

Neuromancer

Woe to the Vanquished

The Sword and the Cross

Living Weapon

Remain Violent

Total War


Lita Ford – setlist:

Gotta Let Go

Larger Than Life

Relentless

The Bitch Is Back (Elton John cover)

Playin' With Fire

Can't Catch Me

Cherry Bomb (The Runaways cover)

Black Leather (Sex Pistols cover)

Only Women Bleed (Alice Cooper cover)

Close My Eyes Forever (dedicada a Ozzy Osbourne)

Kiss Me Deadly


Wind Rose – setlist:

Dance of the Axes

Fellows of the Hammer

Drunken Dwarves

Gates of Ekrund

Mine Mine Mine!

Rock and Stone

Together We Rise

Diggy Diggy Hole (The Yogscast cover, com pariticpação de Jörg Roth)

I Am the Mountain


Apocalyptica – setlist:

Ride the Lightning

Enter Sandman

Creeping Death

For Whom the Bell Tolls

St. Anger

The Four Horsemen

Blackened

Master of Puppets

Nothing Else Matters

Seek & Destroy (com particição de Tina Guo)

One


Tarja – setlist:

Eye of the Storm

Demons in You

Tears in Rain

Dark Star

Undertaker

I Walk Alone

Victim of Ritual

Silent Masquerade (com Marko Hietala)

Wishmaster (com Marko Hietala)

Dead Promises (com Marko Hietala)

The Phantom of the Opera

Wish I Had an Angel (com Marko Hietala)

Until My Last Breath


Saltatio Mortis – setlist:

Finsterwacht

Wo sind die Clowns

Loki

Schwarzer Strand

Feuer & Erz (participação especial de Tina Guo)

Heimdall (participação especial de Tabernis)

Odins Raben

My Mother Told Me / Valhalla Calling (participação de Miracle of Sound)

We Might Be Giants

Der Himmel muss warten

Mittelalter

Rattenfänger

Prometheus

Satans Fall

Gardyloo

Große Träume

Hypa Hypa (Electric Callboy cover)

Vogelfrei

Keine Regeln (FiNCH cover)

Für immer jung (participação especial de Deine Cousine)

Spielmannsschwur

sábado, 24 de maio de 2025

Cobertura de Show: Dogma – 24/05/2025 – Manifesto Bar/SP

Dogma encerra turnê brasileira com show explosivo em São Paulo

Após a comentada apresentação no festival Bangers Open Air e a passagem por diversas cidades e estados do país, a banda Dogma chegou a São Paulo para o encerramento da turnê brasileira, que ocorreu no Manifesto Bar no último dia 15. Com um setlist enérgico, o grupo não apenas demonstrou sua habilidade musical, como também conquistou ainda mais fãs com uma performance que mesclou uma sonoridade provocativa a elementos sensuais e transgressores. Foi uma celebração do pecado e da liberdade, em que a banda explorou temas como o desejo e a rebelião, deixando o público em êxtase.

A performance do Dogma constituiu um verdadeiro espetáculo teatral, repleto de momentos instigantes que intensificaram a atmosfera do Manifesto Bar. Formado por Lilith (voz), Lamia (guitarra), Rusalka (guitarra), Nixe (baixo) e Abrahel (bateria), o grupo iniciou a apresentação com as faixas “Forbidden Zone” e “Feel the Zeal”, que conquistaram o público de imediato com riffs pesados e uma energia arrebatadora. A balada “Be Free”, seguida de “My First Peak”, evidenciou a versatilidade da banda ao unir boas melodias a um hard rock cativante.

Canções como “Made Her Mine” e “Banned” foram executadas com tamanha intensidade que fizeram o público vibrar, provando que o Dogma não se destaca apenas pela estética performática, mas também pela inegável qualidade musical. O breve solo de bateria de Abrahel surgiu em momento oportuno, proporcionando um respiro ao público diante da apresentação intensa. Em seguida, a banda executou “Carnal Liberation”, que culminou em um ápice teatral no qual foram incorporados elementos visuais que reforçavam a temática do pecado. O cover de “Like a Prayer”, de Madonna, foi uma grata surpresa, adaptado com arranjos pesados que mantiveram o caráter provocativo da canção original.

É inegável que o Dogma sabe como oferecer um grande espetáculo. Durante a faixa “The Tribute” — um medley instrumental com trechos de “Walk” (Pantera), “The Trooper” (Iron Maiden), “Master of Puppets” (Metallica), “Symphony of Destruction” (Megadeth), “South of Heaven” (Slayer) e “Laid to Rest” (Lamb of God) —, a banda demonstrou habilidade técnica e energia contagiante. Cada nota foi executada com precisão, elevando as músicas a um patamar de excelência que impressionou até os fãs mais exigentes do metal. Na sequência, “Bare to the Bones” manteve a intensidade, enquanto “Make Us Proud” revelou um lado mais sombrio da banda, com influências que remetem ao Black Sabbath.

Durante uma das músicas, a vocalista e a guitarrista se beijaram, criando uma atmosfera carregada de tensão sexual e rebeldia, em consonância com a temática de pecado presente em faixas como “Pleasure from Pain”. Elas dançaram de forma provocativa, com movimentos coreografados e sensuais que transformaram o show em uma experiência quase ritualística. Essa ousadia não se tratava de mera exibição, mas de uma extensão das letras da banda, que exploram a libertação carnal e a transgressão, tornando cada momento do espetáculo uma declaração artística ousada e memorável.

No encerramento da apresentação, tornou-se evidente que o Dogma está consolidando uma base de fãs cada vez mais fiel. O público do Manifesto Bar respondeu com entusiasmo, cantando junto as faixas “Father I Have Sinned” e “The Dark Messiah”, demonstrando verdadeira devoção às suas “santidades”. Esses momentos finais, carregados de emoção e provocação, reforçaram o vínculo entre a banda e seus seguidores, muitos dos quais presenciaram pela primeira vez o fim dessa jornada iniciada no Bangers Open Air. É impressionante observar como o grupo transforma seus shows em experiências pessoais, conquistando novos admiradores a cada parada.

Com uma performance teatral que provoca e instiga, aliada a composições de qualidade, o Dogma não apenas encerrou sua turnê brasileira com excelência, como também solidificou sua presença na cena da música pesada, consolidando-se como um dos nomes mais promissores do gênero. 


Texto: Marcelo Gomes


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Dogma – setlist:

Forbidden Zone

Feel the Zeal

Be Free

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Carnal Liberation

Free Yourself

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

The Tribute (Metallica, Iron Maiden, Pantera, Slayer, Megadeth, Lamb Of God)

Pleasure From Pain

Bis

Father I Have Sinned

The Dark Messiah

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Cobertura de Show: Fabio Lione – 18/05/2025 – Teatro APCD/SP

Fabio Lione encerra turnê com casa cheia e entrega noite de nostalgia e potência vocal

Encerrando a primeira etapa da turnê Symphony of Enchanted Lands, o vocalista italiano Fabio Lione passou por São Paulo com três apresentações no Teatro APCD, na zona norte da cidade. Foram dois shows no sábado, 17, e o terceiro e último no domingo, 18 de maio. Com ingressos esgotados em todas as sessões, o espetáculo celebrou um dos álbuns mais marcantes do power metal sinfônico, executado na íntegra, além de incluir outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers. A realização foi da Estética Torta.


Dogma: visual provocativo, presença morna

Não conhecia a Dogma até o barulho recente nas redes após sua apresentação no Bangers Open Air, no início de maio. Foi justamente esse buzz que despertou a curiosidade para ver o que a banda formada por cinco mulheres que se apresentam com figurinos de freiras e corpse paint tinha a oferecer no palco. A proposta visual é clara: provocar, romper com códigos religiosos, causar estranhamento. Mas ali, no palco do Teatro APCD, no último show da turnê de Fabio Lione em São Paulo, essa estética ousada não encontrou a mesma força na performance.

A Dogma passou a integrar a turnê de Fabio Lione na semana seguinte ao Bangers, acompanhando o vocalista em várias datas pelo Brasil até a reta final, em São Paulo. No show de domingo, a impressão foi de que a banda ainda buscava firmar sua presença ao vivo dentro desse novo contexto. A estética chamou atenção, mas não sustentou sozinha a conexão com a plateia, que parecia mais curiosa do que empolgada.

Num primeiro momento, a apresentação soou morna. A presença de palco era calculada, quase ensaiada demais, o que tirava parte da espontaneidade que esse tipo de show demanda. Musicalmente, a Dogma aposta em um hard rock com elementos góticos e melódicos. Embora tecnicamente bem executadas, as faixas carecem de impacto ao vivo, especialmente diante da promessa visual transgressora.

A produção da banda, que mistura elementos teatrais com simbologias religiosas e provocação sexual, chama mais atenção que o som em si. E isso acaba jogando contra, porque se cria uma expectativa de intensidade que não se cumpre plenamente no repertório nem na performance.

Ainda assim, houve evolução ao longo da apresentação. Aos poucos, o público foi entrando no clima, reagindo melhor às últimas faixas e aplaudindo com mais entusiasmo. Para quem viu a banda pela primeira vez, como eu, ficou a impressão de que ainda há um caminho a ser trilhado entre a proposta imagética e a entrega musical, algo que pode amadurecer nos próximos shows, especialmente se a banda souber usar o interesse que vem crescendo desde o festival.


Dogma – setlist:

Forbidden Zone

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Carnal Liberation

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

Pleasure From Pain

Father I Have Sinned

The Dark Messiah


Fabio Lione – Symphony of Enchanted Lands em São Paulo

O espetáculo com lotação esgotada nos dois dias em que tocou em São Paulo — dois shows no sábado, 17, e o terceiro no domingo, 18 — trouxe a turnê do álbum Symphony of Enchanted Lands cantado na íntegra, além de outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers.

Em conversas com amigos, comentamos que, embora a voz do Fabio Lione no Angra não fosse ruim, muitas vezes faltava aquele alcance e potência que ele demonstra no Rhapsody of Fire. Nesta turnê, fica claro que a voz de Lione continua impressionante. Eu, fã desde os meus 12 anos, me senti várias vezes transportada para aquelas sessões de RPG e encontros com amigos embalados por músicas de dragões e terras médias.

Fabio Lione, um front man muito simpático e comunicativo, usou todo o seu bom português durante a apresentação que durou quase duas horas. A empolgação do público foi constante do início ao fim, sem queda de ritmo ou desânimo, demonstrando a força do repertório e a conexão entre artista e fãs. Em diversos momentos, Lione interagiu e pediu ajuda do público em refrões e palmas, até desceu ao meio da plateia para cantar e interagir diretamente com os fãs, fortalecendo essa troca que deixou a noite ainda mais especial.

A banda de apoio estava afiada e empolgada, acompanhando com precisão e energia cada música, o que só elevou o nível da apresentação. O entrosamento entre os músicos era evidente, o que garantiu uma performance técnica e cheia de vigor do começo ao fim.

No entanto, uma questão que merece reflexão foi a escolha do teatro como palco para a apresentação e o estímulo, em alguns momentos, do Fabio Lione para que o público se levantasse. Muitos atendiam ao convite, mas logo se sentavam novamente. Na segunda parte do show, ficou evidente que essa empolgação vinha dos fãs, mas que infelizmente não condiz com o formato do espetáculo proposto para um teatro. Quando compramos um ingresso para um show nesse tipo de espaço, há uma expectativa por um formato que permita a todos aproveitar o espetáculo da melhor forma possível. Além disso, muitas pessoas frequentam esses locais por questões de acessibilidade ou mobilidade, o que torna essa situação ainda mais importante para reflexão.

Ainda assim, isso não diminuiu a magnitude do show, que foi magnífico e cumpriu com excelência o que prometia: uma celebração da obra do Rhapsody of Fire em uma apresentação técnica, emocionante e cheia de significado para os fãs que acompanharam o vocalista nessa turnê especial. Foi uma noite para se elogiar.

Fabio Lione encerrou a apresentação com agradecimentos calorosos e a promessa de novas turnês trazendo outros clássicos do Rhapsody of Fire cantados na íntegra. Fica a expectativa para que em breve possamos reviver essas jornadas épicas ao som da banda, em mais uma celebração da música e da fantasia.

Aguardaremos ansiosos por esses próximos encontros e novas oportunidades de mergulhar nesse universo tão particular e cativante criado por Fabio Lione e seus músicos.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Estética Torta



Fabio Lione – setlist:

Epicus Furor (Rhapsody of Fire)

Emerald Sword (Rhapsody of Fire)

Wisdom of the Kings (Rhapsody of Fire)

Heroes of the Lost Valley (Rhapsody of Fire)

Eternal Glory (Rhapsody of Fire)

Beyond the Gates of Infinity (Rhapsody of Fire)

Wings of Destiny (Rhapsody of Fire)

The Dark Tower of Abyss (Rhapsody of Fire)

Riding the Winds of Eternity (Rhapsody of Fire)

Symphony of Enchanted Lands (Rhapsody of Fire)



Set 2
In Tenebris (Rhapsody of Fire)

Knightrider of Doom (Rhapsody of Fire)

Land of Immortals (Rhapsody of Fire)

The Wizard's Last Rhymes (Rhapsody of Fire)

Rain of a Thousand Flames (Rhapsody of Fire)

Lamento Eroico (Rhapsody of Fire)

Holy Thunderforce (Rhapsody of Fire)

We Are the Champions (Queen cover)

Dawn of Victory (Rhapsody of Fire)


domingo, 11 de maio de 2025

Cobertura de Show: Bangers Open Air – 02/05/2025 – Memorial da América Latina/SP

Após o feriado do Dia do Trabalhador, o Memorial da América Latina foi palco de mais uma edição do festival de música pesada mais importante do Brasil e da América Latina. Se você pensou no Summer Breeze, é compreensível. No entanto, devido ao fim da parceria com os organizadores alemães, o festival agora atende por outro nome: Bangers Open Air. Apesar da mudança, a proposta continua a mesma: quatro palcos, mais de 50 atrações e uma variedade de atividades que abrangem desde gastronomia, tatuagem, cultura geek, entre outras coisas. Tudo isso ao longo de três dias intensos, não deixando nada a desejar em comparação aos grandes eventos europeus.

Para não dizer que não houve mudanças em relação às edições passadas, as únicas que pude notar foram na entrada do lounge, agora controlada por QR Code e reconhecimento facial por meio de catracas, a fim de evitar a entrada de penetras e fraudes. Outra novidade, que achei a mais legal, foi a liberação gratuita para crianças de até 10 anos. Em todos os dias, vi várias curtindo as diversas atrações ao lado dos pais, tios e avós, sob um calor escaldante, assim como no ano passado. Apesar dessas pequenas mudanças, o padrão geral do festival permaneceu o mesmo, com algumas melhorias pontuais aqui e ali.

Com os palcos Sun e Waves desativados, o primeiro dia contou shows apenas nos palcos Ice e Hot Stage, um contraste em relação ao ano passado, que teve uma programação mais extensa, mas com público reduzido por ser um dia útil. Neste ano, a organização manteve uma escala menor, provavelmente ciente de que muitos headbangers ainda estariam cumprindo seus compromissos profissionais. Mesmo com a primeira apresentação marcada para as 15h10, o público começou a chegar em peso após o fim do expediente. Quem teve a sorte e a proeza de comparecer ao chamado "Warm-Up", uma espécie de aquecimento para os outros dois dias de festival, pôde assistir a shows acima da média.

Infelizmente, não consegui ver o Kissin' Dynamite, banda pela qual eu estava ansioso para ver. Segundo comentários e relatos de amigos que assistiram, os alemães entregaram um ótimo show, como já era de se esperar tratando-se de uma das melhores bandas de Hard Rock da atualidade. Fica aqui o pedido para que voltem em uma futura edição, desta vez com tempo suficiente para poder vê-lo.

Kissin' Dynamite – setlist: 

Back With a Bang

DNA

No One Dies a Virgin

I've Got the Fire

My Monster

The Devil Is a Woman

Not the End of the Road

You're Not Alone

Raise Your Glass



Logo em seguida, foi a vez das meninas da Dogma, banda que rapidamente caiu nas graças dos brasileiros, subirem ao palco. Como muitos já sabem, as integrantes mantêm suas identidades em segredo, apostando em um visual enigmático: todas vestidas como freiras, com um toque sensual, que certamente provoca reações intensas, inclusive de católicos e até mesmo evangélicos mais conservadores.

Assim como no ano passado, a banda entregou um show sensacional, mostrando que sua performance cresce ainda mais em um palco amplo e bem produzido. Embora alguns tenham reclamado da qualidade do som, muitos ficaram encantados com o hard n’ heavy praticado pelo grupo e com as faixas do, até agora, único disco lançado em 2023, como “Bare to the Bones”, “Make Us Proud”, a pesada “Pleasure From Pain” e a já clássica “Father I Haven Sinned”. As novidades ficaram por conta do cover de “Like a Prayer”, da rainha do pop Madonna, e da nova faixa “Banned”.

Dogma – setlist:

Forbidden Zone

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

Pleasure From Pain

Father I Have Sinned

The Dark Messiah



Depois, no palco vizinho, era a vez de conferir os veteranos do Armored Saint, uma das bandas mais subestimadas da história do Heavy Metal e que merecia muito mais reconhecimento. Diferente do show anterior, a banda teve uma recepção mais discreta, com o público sendo em sua maioria composto pelos fãs fiéis. Outro detalhe importante é que o Armored Saint não tem o hábito de visitar o Brasil com frequência. Inclusive, esse foi o primeiro de apenas dois shows que a banda realizou neste ano, já que eles vão focar na gravação do novo álbum. Isso foi o que o baterista Gonzo Sandoval explicou em uma entrevista que nos concedeu.

Quem estava ansioso para vê-los acabou se decepcionando um pouco não pela performance – por sinal, muito boa –, e sim pela qualidade do som, que não melhorou em nenhum momento. Independentemente desse problema técnico, John Bush (vocal), os irmãos Gonzo e Phil Sandoval (bateria e guitarra, respectivamente), Joey Vera (baixo) e Jeff Duncan (guitarra) entregaram o melhor de si em pérolas como “March Of The Saint”, “Last Train Home”, “Can U Believer” – com John descendo do palco e cantando perto da galera – e “Reign Of Fire”, que fizeram a alegria dos fãs.

Armored Saint – setlist: 

March of the Saint

End of the Attention Span

Raising Fear

Long Before I Die

The Pillar

Last Train Home

Left Hook From Right Field

Standing on the Shoulders of Giants

Win Hands Down

Can U Deliver

Reign of Fire



Após a Signing Session com as meninas do Dogma, corri para conferir os dinamarqueses do Pretty Maids, que finalmente fizeram sua estreia no Brasil após 40 anos. 

Durante toda a apresentação, dava para perceber a alegria de Ronnie Atkins (vocal), Ken Hammer (guitarra), Rene Shades (baixo), Allan Tschicaja (bateria) e Chris Laney (teclado/guitarra) por finalmente tocarem no país. Ronnie, em especial, chamava a atenção. Mesmo após anos enfrentando um tratamento contra o câncer, o vocalista continua com uma potência vocal impressionante, além de demonstrar muita interação entre as músicas.

Infelizmente, não consegui ver as três primeiras músicas, mas cheguei a tempo de ver e ouvir “Red, Hot and Heavy”, uma das faixas mais conhecidas da banda, a qual resume bem sua proposta musical, que é um hard n’ heavy contagiante. Me surpreendeu positivamente a sequência de músicas do álbum Pandemonium com “I.N.V.U.” – com Ronnie brincando com o público fazendo os “ô ô ô” e “yeah, yeah” –, “Little Drops of Heaven” e a própria “Pandemonium”, que agitaram a noite de forma impactante.

A trinca final ficou por conta da balada “Please Don't Leave Me”, originalmente composta pelo saudoso John Sykes e que trouxe um momento de respiro antes das indispensáveis “Future World” e “Love Games”, que colocaram o ponto final nessa estreia memorável, com o público vibrando a cada verso e riff. Torcemos para que essa visita não tenha sido única, pois ficou claro o quanto os brasileiros gostam da banda e ansiavam por essa vinda.

Pretty Maids – setlist: 

Mother of All Lies

Kingmaker

Rodeo

Back to Back

Red, Hot and Heavy

Pandemonium

I.N.V.U.

Little Drops of Heaven

Please Don't Leave Me

Future World

Love Games



O penúltimo show do primeiro dia ficou por conta de ninguém menos que Doro Pesch. Com uma carreira que ultrapassa quatro décadas, a vocalista alemã continua mantendo uma presença firme e uma dedicação incondicional ao Heavy Metal. Ao subir ao palco com “Rule the Ruins” e “Earthshaker Rock” – sucessos de sua época de Warlock –, Doro prova que a coroa de Rainha do Metal não lhe foi dada por acaso. Ao lado de sua banda, ela ainda empolgou o público com faixas de sua fase solo, como “Time for Justice” e “Raise Your Fist in the Air”.

Os pontos altos da apresentação ficaram por conta de “Für Immer”, momento em que Doro se cobriu com a bandeira do Brasil, e de “Fire in the Sky”, onde o guitarrista brasileiro Bill Hudson saudou seus compatriotas antes de iniciar a música, composta por ele especialmente para Doro.

No encerramento, a cantora prestou uma homenagem ao Judas Priest com “Breaking the Law”, que começou de uma maneira mais melódica, mas logo retomou seu formato clássico, fazendo com que rodas se formassem próximas ao palco. “All We Are”, considerada um verdadeiro hino pelos fãs e por todo headbanger que se preze, encerrou a participação da majestade do metal em clima de celebração, resultando, sem dúvidas, no melhor show do dia.

Doro – setlist:

I Rule the Ruins

Earthshaker Rock

Burning the Witches

Hellbound

Fight for Rock

Time for Justice

Raise Your Fist in the Air

Metal Racer

Für immer

Fire in the Sky

Breaking the Law (Judas Priest cover)

All We Are



Para encerrar este maravilhoso dia de aquecimento, o Hot Stage recebeu Glenn Hughes, uma lenda do rock que dispensa apresentações. Seus trabalhos icônicos ao longo da carreira falam por si. O vocalista, considerado por muitos como “the voice of rock”, tem um carinho especial pelo Brasil, tendo se apresentado aqui diversas vezes, embora poucas em festivais. Sua estreia em festivais brasileiros ocorreu no Monsters of Rock de 1998. E agora, após tantos anos, ele retorna a um festival de mesma magnitude no Brasil.

Apesar dos 73 anos e dos desafios que enfrentou no passado com drogas e álcool, o músico inglês continua com a voz em excelente forma. É perceptível alguma mudança de tom em certos momentos, mas um artista de sua idade ainda interpretar canções da fase em que integrou o Deep Purple ao lado de David Coverdale é impressionante.

O repertório da noite focou nas fases MK III e MK IV do Deep Purple, com apenas oito músicas, provavelmente devido ao tempo de encerramento do festival. Clássicos como "Stormbringer", "Mistreated", "Sail Away" e "You Fool No One" incendiaram o público, com solos de guitarra, bateria e improvisos que remetiam à atmosfera do lendário California Jam, realizado em 6 de abril de 1974. As músicas mais aguardadas ficaram para o final: a envolvente “You Keep On Moving” e a radiofônica “Burn”, encerrando esse belo dia de aquecimento e pronto para encarar a vasta maratona do dia de seguinte. 




Texto: Gabriel Arruda

Fotos: Edu Lawless

Edição/Revisão: Gabriel Arruda  


Realização: Consulado do Rock

Press: Agência Taga 


Glenn Hughes – setlist:

Stormbringer

Might Just Take Your Life

Sail Away

You Fool No One 

Mistreated

Gettin' Tighter

You Keep On Moving

Burn